Manga: produção e comercialização de 2020 a 2024


A manga é uma planta originária do sul e sudeste da Ásia, especialmente da Índia. Ela é considerada a fruta nacional do Paquistão, da Índia e das Filipinas. É também a árvore nacional de Bangladesh. As mangueiras cresceram primeiro na Ásia, mas hoje estão presentes em todo o mundo. A mangueira encontrou seu caminho para as colônias portuguesas e espanholas da América no século XVII. Atualmente, as mangas são comuns em todo o Caribe, no Brasil e até nos cantos mais quentes das nações andinas como o Peru2. É uma fruta muito apreciada pelo seu sabor, valor nutricional3 e pela sua versatilidade, podendo ser usada tanto em receitas doces e como em salgadas.

Existem muitas variedades da manga a nível regional. Algumas têm texturas menos fibrosas, enquanto outras possuem sabores mais doces, cítricos e até picantes. As mangas crescem rapidamente, têm tamanho e cor palatáveis para o consumidor, são resistentes a muitos tipos de fungos e bastante duráveis nas prateleiras. Estas características acabaram favorecendo a sua exportação para todo o mundo4.

O principal país produtor de manga em 2022 foi a Índia, com produção de 26,3 milhões de toneladas, o que corresponde a 44,5% da produção mundial (Tabela 1). Em seguida vem a Indonésia, com 4,1 milhões de toneladas; China com 3,8 milhões de toneladas e Paquistão com 2,8 milhões toneladas, o que corresponde a 7,0%, 6,4% e 4,7% da produção mundial, respectivamente. Esses países foram responsáveis por 62,6% da produção com 37 milhões de toneladas. Apesar da manga ter sido importante para Bangladesh e Filipinas, como já mencionado, atualmente não figuram como principais produtores mundiais, respondendo, em 2022 por 2,5 e 1,2% da produção mundial (Tabela 1).

  

 

O Brasil em 2022 produziu 2,1 milhões de toneladas de manga, o que correspondeu a 3,6% da produção mundial, ocupando a sexta posição entre os países produtores (Tabela 1). Diante dessas informações, o objetivo desse artigo é quantificar o cenário nacional da fruta e, posteriormente, apresentar informações a respeito do Estado de São Paulo com respeito à produção, preços médios recebidos pelo produtor rural, dentre outros.

Em 2024 o Brasil importou o ínfimo volume de 1,4 toneladas de manga, tendo por principais países Burkina Faso (África) com volume de 900kg atingindo valor FOB de US$ 7.844,00 e China (Ásia) com volume de 500kg e valor FOB de US$2.712,00 o que indica que o Brasil é praticamente autossuficiente na produção para abastecer o mercado interno e inclusive gerar acréscimos na balança comercial, pois, exportou para vários países de diferentes continentes um total de 258,3 mil toneladas, com valor FOB de US$ 349,9 milhões. O continente europeu foi o principal destino das exportações brasileiras do produto, atingindo o volume de 200,9 mil toneladas, representando 77,8% do total, com valor FOB de US$267,0 milhões. Na sequência, América do Norte (17,6%), Ásia (1,3%) e América do Sul (2,7%) (Tabela 2)5.

Este volume comercializado ocorreu principalmente por via marítima, cujos principais países de destino da fruta são do continente europeu. Esse meio de transporte não prejudica a manga, pois é uma fruta que pode ser colhida antes de atingir a maturação completa, que será alcançada antes do ponto de consumo. Isso favorece um maior intervalo de tempo entre a colheita e o consumo (Figura 1).

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, no Brasil, em 2023 foram produzidas 1.758,1 mil toneladas de manga (Tabela 3).  Contribuíram para isso 23 estados e o Distrito Federal. Bahia foi o principal produtor, responsável por 40,1% da produção, com 704 mil toneladas. Em seguida destacam-se Pernambuco, com 34,2% (601,5 mil toneladas), e São Paulo, que ocupou a terceira posição, com 12,1% da produção. Esses três estados juntos foram responsáveis por 86,3% da produção nacional da fruta.

O estado com maior produtividade foi Pernambuco, com 33,1 t/ha, seguido por Sergipe, com 21,5 t/ha. A Bahia, embora tenha sido o maior produtor, registrou uma produtividade de 21,1 t/ha (Tabela 3). 

 


No estado de São Paulo, as informações sobre os pés plantados (novos e em produção) e a produção de manga foram obtidas a partir dos levantamentos sistemáticos de Previsões e Estimativas de Safras Paulistas, realizados em conjunto pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgãos vinculados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA)6.

Ao analisar os dados de 2020 a 2024 observou-se que a evolução do número de plantas novas de manga em São Paulo apresentou taxa negativa de 6,4%. A maioria das Regiões Administrativas (RA) registrou taxas negativas, com exceção da RA de São José do Rio Preto, que cresceu 8,6% no período. A principal RA foi a Central, com 136 mil pés novos, o que correspondeu a 56,4% do total no estado (Tabela 4).

 

 

Os dados sobre pés em produção desse período apresentaram uma taxa decrescente de 1,9%. Assim como ocorreu com os pés novos, praticamente todas as RAs registraram redução no número total de pés em produção, com exceção da RA Central, que apresentou um crescimento de 2,0%. A principal RA em 2024 foi Ribeirão Preto, com 687,4 mil pés, representando 32,8% do total. Em seguida, destacaram-se as RAs Central, com 650,6 mil pés (31,1%), Barretos com 278,3 mil pés (13,3%) e São José do Rio Preto com 157,3 mil pés (7,5%) (Tabela 5).


 

Em 2024 constatou-se que 75,0% das RAs cultivaram plantas de manga. As RAs de Registro, São José dos Campos, São Paulo e Santos não registraram produção de manga nesse ano. Contudo, a maior concentração dos pomares deu-se nas RAs Central, que totalizou produção de 2,4 milhões de toneladas, de Ribeirão Preto, com 2,1 milhões de toneladas, de São José do Rio Preto, com 750,7 mil toneladas, e de Barretos, com 655,5 mil toneladas. Essas RAs juntas foram responsáveis por 82,8% do total, com uma produção de 5,9 milhões de toneladas. A produção de manga nesse período apresentou uma queda de 7,7%. (Tabela 6).



De todo o panorama apresentado por RAs faz-se o destaque para a RA Central, como uma região resiliente na cultura da manga, pois apesar do declínio desta cultura em nível estadual, nesta RA a produção de manga apresenta taxa de crescimento positiva além de ser a principal região produtora do estado. E, mesmo com uma taxa negativa para o período de 2020 a 2024 para pés novos, os anos de 2023 e 2024 indicam recuperação no plantio da manga.

Segundo o levantamento de preços realizado pelo IEA, os preços médios recebidos pelos produtores de manga no estado de São Paulo nos últimos nove anos apresentaram uma taxa de crescimento de 1,6%, indicando uma pequena valorização do produto no período. Os preços foram calculados com base nos valores praticados ao longo dos 12 meses do ano (Figura 3).

 

No ranking dos 50 principais produtos no valor da produção agropecuária do estado de São Paulo, em 2023, a manga ocupou a 25ª posição, com valor de R$489,0 milhões. No grupo de frutas frescas, do qual faz parte, a manga ficou na 6ª posição no mesmo ano, atrás da laranja para mesa, banana, limão, uva para mesa e tangerina7.

O cultivo da manga se espalha por muitas RAs do estado. Naturalmente, no decorrer do processo produtivo exige-se cuidados e atenção dos que a produzem, mas é a partir da etapa de colheita e pós-colheita que a ocupação de mão de obra é mais expressiva. Os trabalhadores rurais estão presentes desde a colheita manual até o transporte do fruto até as casas de embalagem. Além disso, o trabalho especializado garante a qualidade da fruta, aspecto crucial para a comercialização da fruta8. Enfim, o cultivo da manga tem demonstrado sua importância econômica e social nas regiões onde são produzidas.

A manga tem importância socioeconômica regional, conforme observou-se pela RA Central e expressivos números da balança comercial brasileira. Ressalta-se que o estado de São Paulo possui uma diversidade de frutas frescas, conforme exposto, e a cultura da manga integra esse rol de frutas. Por isso, incentivar sua produção e comercialização fortalece a fruticultura paulista. 

 

 

1Os autores agradecem a Josilene Ferreira Coelho pelas contribuições auferidas no texto.

 

2CAMARGO FILHO, W. P. et al. Mercado de manga no Brasil: contexto mundial, variedades e estacionalidade. Informações Econômicas, São Paulo, v. 34, n. 5, p. 60-68, maio 2004. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/ie/2004/tec4-0504.pdf. Acesso em: 8 maio 2025.

 

3TODA FRUTA. Manga. Jundiaí: Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL, 2024. Disponível em: https://www.todafruta.com.br/manga/#:~:text=Minerais%20%E2%80%93%20C%C3%A1lcio%20%E2%80%93%208%20a%2012,R.P.%20Valor%20nutricional%20de%20frutas. Acesso em: 30 ago. 2024.

 

4TODA FRUTA. Manga-espada, manga-rosa, manga-tommy, manga-palmer: adaptação e importância cultural. Jundiaí: Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL, 2024. Disponível em: https://www.google.com/search?q=Toda+Fruta+-+Manga. Acesso em: 30 ago. 2024.

 

5BRASIL. Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema Comex Stat. Brasília: ME: SECEX, 2024. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br. Acesso em: 1 abr. 2025.

 

6Esses levantamentos são chamados de municipais ou subjetivos, pois consistem da coleta de dados em 645 municípios do estado, segundo o conhecimento regional do técnico da CATI.

 

7MONTEIRO, A. V. V. M. et al. Valor da produção agropecuária paulista: resultado final 2023. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 19, n. 6, p. 1-9, jun. 2024. Disponível em: http://iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16214. Acesso em: 24 abr. 2025.

 

8CHOUDHURY, M. M. Colheita e manuseio pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, [199-?]. Cap. 6. Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/131784/1/ColheitaeManuseioPosColheita.pdf. Acesso em: 5 fev. 2025.

 

 

Palavras-chave: manga, estado de São Paulo, comercialização, produção.

 


 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

COELHO, P. J. et al. Manga: produção e comercialização de 2020 a 2024. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 20, n. 5, p. 1-10, maio 2025. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 13/05/2025

Autor(es): Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Thiago Brena Consulte outros textos deste autor