Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Trimestre de 2025


 

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro trimestre de 2025, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$15,34 bilhões (19,8% do total nacional) e as importações2 US$21,92 bilhões (32,6% do total nacional), registrando déficit comercial de US$6,58 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2024, houve queda nas exportações (-7,1%) e aumento nas importações (+25,0%); essa conjunção de desempenhos resultou no acréscimo do déficit (+551,5%) no saldo da balança comercial paulista.

 

1.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, no primeiro trimestre de 2025, na comparação com igual período do ano anterior, o setor paulista apresentou redução nas exportações (-14,6%), alcançando US$6,40 bilhões, e aumento nas importações (+9,5%), totalizando US$1,50 bilhão; com esses resultados, o saldo da balança comercial obteve um superávit de US$4,90 bilhões, 19,9% inferior em relação ao primeiro trimestre de 2024 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado no primeiro trimestre de 2025 ficou em 41,7%, enquanto a participação das importações setoriais foi de 6,8% (Figura 1). Em relação ao primeiro trimestre de 2024, as participações recuaram 3,6 pontos percentuais nas exportações, e 1,0 p.p. nas importações.

Há que se destacar que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$8,94 bilhões, e as importações, US$20,42 bilhões, gerando um déficit externo desse agregado de US$11,48 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Dessa forma, conclui-se que o déficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$4,90 bilhões).

 

1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no primeiro trimestre 2025 foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,65bilhão, sendo que desse total o açúcar representou 88,7%, e o álcool etílico – etanol, 11,3%), setor de carnes (US$887,91 milhões, em que a carne bovina respondeu por 82,5%), o grupo de sucos (US$863,07 milhões, dos quais 98,2% referentes a suco de laranja), produtos florestais (US$758,98 milhões, com participações de 55,1% de celulose e 35,5% de papel) e o grupo complexo soja, com vendas de US$507,27 milhões (81,7% referentes a soja em grão e 13,4% de farelo de soja). Esses cinco agregados representaram 73,0% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Destaque para o grupo de café (tradicional nas exportações paulistas), que se encontra na sexta posição com vendas de US$465,75 milhões (73,4% referentes ao café verde e 23,1% de café solúvel).

Ainda de acordo com a tabela 1, nos três primeiros meses de 2025 na comparação com igual período de 2024, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de café (+67,2%), sucos (+37,5%), setor de carnes (+25,0%) e produtos florestais (+6,0%), e quedas nos grupos de complexo sucroalcooleiro (-50,5%) e complexo soja (-17,9%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista no primeiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.


Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,8%) nas exportações paulistas. No total, o grupo apresentou quedas de 50,5% em valores e 45,9% em volumes exportados, acompanhando as menores vendas externas do açúcar (-51,9% em valores e -46,5% em volume), principal produto do grupo, com desvalorizações nos preços médios dessas commodities de 9,6% para açúcar em bruto e 14,5% para o refinado, quando comparados com o primeiro trimestre de 2024. Para o álcool, os embarques apresentaram variações negativas de 37,9% em volume e de 35,0% em valores. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação em valores dos países, e os resultados apresentam como principais compradores: Bangladesh (10,7%), Índia (6,9%), Nigéria (6,3%), Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita (6,0%, cada), Egito (5,8%), Coreia do Sul e Indonésia (5,3%, cada), China (4,6%), Argélia (4,5%), Malásia (4,4%), Estados Unidos (3,9%) e demais países (30,3%).

O grupo dos de carnes ocupa a segunda posição na pauta paulista com 13,9% de representatividade e apresentou altas em valores (+25,0%) e em volumes embarcados (+17,7%) em relação aos três primeiros meses de 2024. A carne bovina, principal produto com 82,5% de contribuição no grupo, registrou aumentos de 22,8% em valores e de 13,0% no volume exportado. Para a carne de frango, segundo produto com 14,1% de participação no grupo, o desempenho obtido foi positivo nas vendas em valores (+24,5%) e em volumes (+23,0%). A carne suína (1,6% de participação) apresentou resultados de recuperação em valores (+1329,9%) e na quantidade embarcada (+810,4%). Os principais destinos em participação são China (39,6%), Estados Unidos (16,9%), União Europeia (7,6%) e Hong Kong (3,9%), Filipinas (3,3%), Arábia Saudita (3,2%), México (2,3%) e Chile (2,1%); enquanto os demais países compradores somam 21,1% de participação.

O grupo de sucos se apresenta na terceira posição com 13,5% de representatividade na pauta paulista: o suco de laranja (FCOJ concentrado e congelado) registrou aumento de 27,0% no valor e redução de 35,5% no volume exportado. Para o suco NFC (não congelado, valor brix <=20), as vendas externas ganharam em valores (+28,6%) e queda em volumes
(-23,5%). Já os outros sucos de laranja não fermentados obtiveram alta em valores de 64,7% e redução de 2,8% em volumes. A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva em valores (+37,5%), puxados pela valorização dos preços dos sucos no período analisado (FCOJ 97,1%, NFC 68,0% e outros sucos de laranja não fermentados 69,4%), uma vez que houve diminuição nos volumes embarcados do grupo (-22,7%).
Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (46,1%), Estados Unidos (45,5%), Japão e China (3,1%, cada um); os demais compradores têm 2,2% de participação.

Na quarta posição no primeiro trimestre de 2025, aparece o grupo produtos florestais com 11,9% de participação, e seu desempenho foi de aumentos em valores (+6,0%) e queda na quantidade embarcada (-2,1%) em relação a igual período do ano anterior. As exportações dos produtos de celulose, principal item do grupo, apresentou incrementos em valores (+9,5%) e diminuição nos embarques (-5,3%). Já o papel obteve variações negativas para os valores
(-6,1%) e volume (-1,9%).
O principal destino em participação de valores exportados é a China (37,5%), seguida de União Europeia (14,7%), Estados Unidos (11,8%), Argentina (4,5%), Peru (4,0%), Reino Unido (3,9%) e Colômbia (3,2%); outros países somam 20,4% de participação.

Para o grupo composto pelo complexo soja (5ª posição e 7,9% de participação), os dados apontam reduções no acumulado do primeiro trimestre de 2025, nos embarques
(-9,7%) e em valores (-17,9%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresenta quedas nos volumes (-15,3%) e em valores (-22,9%), e a exportação do farelo de soja apresentou queda em valor (-4,1%) e ganhos no volume (29,2%), quando comparados ao mesmo período de 2024.
A China aparece como principal destino em termos de participação de valores (71,1%), seguida de União Europeia (5,6%) Tailândia (5,5%), Índia (3,5%); Bangladesh (3,1%), Indonésia (2,9%), e Iraque (1,8%); os demais importadores somam 6,5%.

Para o grupo do café, que representa 7,3% de participação na pauta paulista, os resultados apontaram crescimentos de 67,2% nos valores e queda de 2,5% no volume das exportações paulistas. O principal produto deste grupo é o café verde, que registrou aumentos nas vendas externas de 66,0% em valores e perdas de 3,6% em quantidades exportadas pelo estado, e a alta de 72,2% no preço médio internacional justifica o desempenho positivo. Já o café solúvel obteve incrementos de 65,1% em valores e 3,2% em volume comercializado. Esse aumento é resultado da majoração do café torrado e moído que tem promovido uma migração para o solúvel. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 38,4% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (18,7%), Japão (6,3%), Canadá (4,2%), Argentina (3,8%), Chile e Rússia (3,0%, cada um), Coreia do Sul (2,8%) e Arábia Saudita (2,3%); os demais países participam com 17,5%.


1.4 - Destinos das Exportações do Agronegócio Paulista    

Em relação aos destinos das exportações do agronegócio paulista no primeiro trimestre de 2025, a China se apresenta como o principal destino das exportações do estado de São Paulo com US$1,24 bilhão e detém 19,3% de participação no total do agro paulista. Contudo, registrou variação negativa de 12,6% em relação ao valor do primeiro trimestre de 2024, por conta das reduções das compras de soja e de algodão pelos chineses. Na segunda posição aparece a União Europeia (US$1,05 bilhão, 16,4% de participação e variação positiva de 34,4% no período analisado), seguida dos Estados Unidos (US$1,02 bilhão, participação de 15,9% e variação positiva 27,7%). Na sequência, completando os dez principais destinos em termos de participação, aparecem Bangladesh (3,4%), Índia (2,4%), Ará-bia Saudita (2,3%), Egito (1,9%), Emirados Árabes Unidos (1,9%), Indonésia (1,8%) e Coreia do Sul (1,8%). A tabela 3 apresenta os 20 principais destinos das exportações paulistas no primeiro trimestre de 2025, que somados representam 80,7% do total, e as respectivas pautas (em %) por grupos de produtos.

Ainda de acordo com a tabela 3, observa-se uma diferenciação na composição das pautas dos principais parceiros comerciais do agronegócio paulista. A China importou principalmente produtos dos grupos complexo soja (29,1%), carnes (28,4%), produtos florestais (23,0%) e sucroalcooleiro (6,1%), enquanto na União Europeia, entre os principais produtos da pauta de importações paulista, predominam os produtos do grupo de sucos (37,3%, basicamente suco de laranja), com destaques para café (17,0%) e produtos florestais (10,6%). Já os Estados Unidos têm uma pauta mais diversificada, composta principalmente pelos sucos (39,2%), grupo das carnes (14,8%), produtos florestais (8,8%), café (8,6%), sucroalcooleiro (6,3%) e demais grupos (22,4%). Ainda em relação aos Estados Unidos, a majoração de 10% nas tarifas de importações aplicadas pelo governo americano no início do mês de abril poderá diminuir o fluxo do comércio dos produtos do agro para aquele mercado e, consequentemente, ter um decréscimo nas exportações.

A sequência do 4º ao 11º principais importadores tem elevada concentração de suas importações no complexo sucroalcooleiro, todos com mais de 65% de representatividade.

 

 

1.5 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista no primeiro trimestre de 2025 foram: salmões (US$124,02 milhões), papel (US$103,61 milhões) e trigo (US$91,26 milhões). Das mercadorias da pauta do estado de São Paulo, destaca-se a borracha natural, com aumentos em valores e quantidades importadas no período analisado. Isso pode configurar abastecimento de estoques pelas indústrias, uma vez que a produção doméstica não atende a demanda nacional e há queda na produção global do produto. A figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 46,2% (US$691,79 milhões) do total importado (US$1,50 bilhão).


2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$9,98 bilhões no primeiro trimestre de 2025, com exportações de US$77,31 bilhões e importações de US$67,33 bilhões. Esse resultado apresenta queda de 46,1% no superávit em relação ao mesmo período de 2024, quando alcançou US$18,50 bilhões (Figura 3).

 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro no acumulado dos três primeiros meses de 2025 (Figura 3) cresceram 2,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando o valor de US$37,83 bilhões (48,9% do total nacional). As importações subiram 11,9% no período, registrando US$5,18 bilhões (7,7% do total nacional).

O saldo da balança comercial dos agronegócios registrou superávit de US$32,65 bilhões no primeiro trimestre de 2025, sendo 0,7% maior na comparação com o mesmo período de 2024 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$39,48 bilhões e importações de US$62,15 bilhões, produziram um déficit de US$22,67 bilhões no primeiro trimestre de 2025.

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2025 foram: complexo soja (US$11,00 bilhões, tendo a soja em grão com 79,3% de participação e 16,9% do farelo de soja), carnes (US$6,67 bilhões, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 48,1%, 38,0% e 11,7%), produtos florestais (US$4,38 bilhões, com participações de 63,3% de celulose e 23,0% de madeira), grupo de café (US$4,09 bilhões, com 92,5% referentes ao café verde e 6,8% de café solúvel), grupo sucroalcooleiro (US$3,01 bilhões, sendo que desse total o açúcar representou 90,6%, e o álcool etílico – etanol, 9,3%). Esses cinco grupos agregados representaram 77,1% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 4). Na sexta posição aparece o grupo de cereais, farinhas e preparações (US$1,93 bilhão, dos quais o milho em grão representou 68,0% do grupo).


 

Ainda conforme a tabela 4, na comparação com o primeiro trimestre de 2024, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque positivo para os grupos café (+68,9%), carnes (+22,4%) e florestais (+14,2%), enquanto os grupos de complexo sucroalcooleiro (-39,9%), cereais, farinhas e preparações (-16,8%) e do complexo soja (-11,0%) apresentaram reduções. Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 5 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o período em 2024.

Desses grupos relevantes, aparece na primeira posição na pauta brasileira está o grupo complexo soja (29,1% de participação) nas exportações brasileiras. No período em análise, as vendas externas recuaram 11,0% em valores e maior 1,6% em volumes exportados. A soja em grão apresentou perdas de 10,4% nos valores e ganhos de 0,5% nas quantidades exportadas. Para o óleo de soja, os embarques registraram ganhos em receitas de 85,1% e de 73,2% em volumes, enquanto o farelo de soja teve variação negativa de 22,3% em valores e positivas de 3,2% em volume. A China representa 60,8% das compras em valores desse grupo, seguida por União Europeia (12,6%), Tailândia (4,2%), Indonésia (3,1%), Índia (2,4%), Bangladesh (2,3%) e Vietnã (2,2%); os demais países importadores somam 12,4%.

O grupo de carnes, na segunda posição (17,6% de participação), apresentou ganhos de 22,4% em valores e 13,3% em volume em relação aos três primeiros meses de 2024. A carne bovina teve aumentos em valores (+21,8%) e no volume exportado (+12,0%). Para a carne de frango, foram registradas altas em valores (+20,6%) e nos embarques (+13,5%), e para carne suína, crescimentos em valores (+32,6%) e na quantidade (+17,9%). Neste grupo, a China se destacou como principal destino, com 27,1% das compras de carnes; na sequência aparecem Estados Unidos (7,4%), União Europeia (5,6%), Arábia Saudita (4,8%), Chile (4,3%), Emirados Árabes Unidos (4,1%), Japão e Filipinas (3,9%, cada um), Hong Kong (3,6%), enquanto os demais países somam 35,3% de participação.

Na terceira posição aparece o grupo produtos florestais (11,6% de participação) que, no primeiro trimestre de 2025, registrou aumentos para valores (+14,2%) e no volume exportado (+9,2%). As variações de valores e volume foram de, respectivamente, +24,4% e +17,3% para a celulose (principal item do grupo), de 0,1% e -7,4% para a madeira, e -1,0% e +1,8% para o papel. Os principais países importadores deste grupo são China (31,2%), Estados Unidos (19,7%), União Europeia (19,3%), Argentina (2,6%), México (2,5%), Coreia do Sul (1,9%) Reino Unido e Turquia (1,8%, cada um) e Peru (1,5%); os demais países participam com 17,7%.

O grupo do café, na quarta posição (10,8% de participação), apresentou aumento em valores (+68,9%) e queda nas quantidades (-1,5%), puxado pelo café verde, principal produto do grupo, com variações positivas de 69,8% em valores, e recuo de -1,9% em quantidades exportadas pelo país. Quanto às participações dos países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 44,0% desse grupo, seguida por Estados Unidos (15,2%), Japão (6,5%), Turquia (4,7%), Rússia (3,7%), Coreia do Sul (2,6%), China (2,3%), Reino Unido (2,2%) e Canadá (2,0%); os demais países somam 16,8% de participação.

Na quinta posição e 8,0% de participação, aparece o grupo sucroalcooleiro, que nos primeiros três meses de 2025 registrou quedas de 39,9% em valores e 34,4% em volumes exportados, devido às menores exportações do açúcar (-41,7% em valores e -35,1% em volume). Para o álcool, os embarques tiveram reduções de valores (-15,6%) e em volumes
(-21,8%), quando comparados com o mesmo período do ano anterior.
Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam a sequência composta por Bangladesh (10,4%), Argélia (6,2%), Emirados Árabes Unidos (5,7%), Nigéria (5,7%), Índia e Coreia do Sul (5,5%, cada um), Indonésia (5,2%), Malásia (4,8%), China e Estados Unidos (4,4%, cada um) e Arábia Saudita (3,9%); os demais países importadores somam 38,3% de participação.

O grupo de cereais, farinhas e preparações obteve resultados negativos em valores (-16,8%) e em quantidades embarcadas (-17,0%). O milho em grão, principal item do grupo com 68,0% de representatividade, registrou quedas em volume (-15,9%) e em valores
(-17,4%). Os principais destinos são Irã (24,1%), Egito (14,9%), Vietnã (14,7%), Arábia Saudita (5,9%), Argélia (4,1%), Turquia (3,8%), Bangladesh (3,7%), Indonésia (2,5%), Marrocos (2,0%), Venezuela (1,8%) e Taiwan (1,7%), restando 20,8% de participação para os demais países.


2.4 - Destinos das Exportações do Agronegócio Brasileiro 

Em relação aos destinos das exportações do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre de 2025, a China (US$10,90 bilhões, 28,8% de participação e variação negativa de 5,0% em relação ao ano anterior) é o principal destino das exportações do Brasil, seguida da União Europeia (US$5,69 bilhões, 15,0% de participação no primeiro trimestre de 2025 e variação positiva de 19,0%) e dos Estados Unidos (US$3,24 bilhões, participação de 8,5% e variação positiva de 17,0%). A tabela 6 apresenta os 20 principais destinos das exportações brasileiras no primeiro trimestre de 2025, que somados representam 82,4% do total, e as respectivas pautas (em %) por grupos de produtos. A China importou principalmente produtos do complexo soja (61,3%), carnes (16,6%) e produtos florestais (12,5%), enquanto na União Europeia, entre os principais produtos da pauta de importações, predominam os produtos do grupo café (31,7%), com destaques também para complexo soja (24,3%) e produtos florestais (14,9%). Já os Estados Unidos apresentam em sua pauta principalmente os grupos produtos florestais (26,6%), café (19,2%), carnes (15,2%) e demais grupos (34,2%). Contudo, o salto nas importações estadunidenses poderá sofrer revezes diante da majoração das taxas aplicadas unilateralmente aos produtos brasileiros.


2.5 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no primeiro trimestre 2025 foram: trigo (US$452,04 milhões, contabilizando 2 milhões de toneladas, 18,0% superior ao volume importado em relação ao trimestre de 2024), cacau inteiro ou partido (US$283,63 milhões), salmões (US$252,17 milhões) e papel (US$247,87 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos que representam 42,5% (US$2,20 bilhões) do total importado (US$5,1 bilhões).

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) no primeiro trimestre de 2025, registrou queda de 1,5 ponto percentual nas exportações, enquanto as importações aumentaram em 3,0p.p., apontando valores de 19,8% nas exportações e de 32,6% de representatividade para as importações (Figura 5).

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo nos três primeiros meses de 2025, representaram 16,9% em relação ao agronegócio brasileiro, 3,3 p.p. menor ante a igual período do ano anterior e as importações, caíram 0,6 p.p., passando de 29,6% para 29,0% (Figura 5).

A participação dos grupos do agronegócio paulista no agronegócio nacional no primeiro trimestre de 2025 se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassa 50% do total nacional: sucos (87,2%), produtos alimentícios diversos (69,8%), demais produtos de origem vegetal (65,8%) e complexo sucroalcooleiro (54,8%) (Tabela 7).


Em relação aos principais estados exportadores em valores, São Paulo aparece na primeira posição com 16,9% de participação, seguido de Mato Grosso (15,7%), Minas Gerais (11,9%), Paraná (10,9%), Rio Grande do Sul (8,5%) e Mato Grosso do Sul (6,4%) (Figura 6). Esses seis estados somados representam 70,3% das exportações totais do agro brasileiro no primeiro trimestre de 2025.

 

Em razão do disparo da guerra comercial, é provável que haja alterações nesse ranqueamento, com ganhos e perdas em razão das especializações de cada estado. No caso, os estados exportadores de grãos (soja e milho) devem apresentar aumentos nas exportações, principalmente com destino à China, e retração para produtos industrializados como sucos de laranja e de produtos florestais (celulose), do qual os Estados Unidos é um grande consumidor.

1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2025.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: abr. 2025.

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos, superávit, saldo.



COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Primeiro Trimestre de 2025. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 1-18, abr. 2025. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 24/04/2025

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor