Há algum tempo boa parte da produção paulista de amendoim vem sendo realizada em áreas de renovação de canaviais e se fortalecendo como ótima opção; não só por conta dos resultados obtidos na recuperação do solo, mas também como uma alternativa viável economicamente para a produção do grão.

            Essa relação tem possibilitado atender aos novos padrões de qualidade e ao aumento da demanda do segmento confeiteiro brasileiro, além da conquista do mercado externo. Isso reflete as mudanças tecnológicas e organizacionais, ocorridas nos últimos anos, nos vários elos da cadeia de produção do amendoim.

            O Estado de São Paulo é o principal produtor de amendoim brasileiro, responde por cerca de 80% da produção nacional e em torno de 70% do total de área plantada no Brasil¹. Destes percentuais, 87% da produção é proveniente da safra das águas, cujo período de plantio e colheita coincide com a época de renovação dos canaviais (setembro a março), especialmente na região paulista da Alta Mogiana. A cultura mostra-se adequada, também, para renovação de áreas de outras gramíneas, tendo em vista o sistema de produção presente na região da Alta Paulista, onde parte da produção é realizada em áreas de renovação de pastagens.

            Outros Estados brasileiros, como Mato Grosso e Goiás, recentemente iniciaram o plantio de amendoim, mas o volume de produção e a área destinada ao plantio são bastante inferiores aos do Estado de São Paulo que, juntos, plantaram na safra 2007/08 cerca de 6 mil hectares, bem próxima da área plantada na Bahia (7,3 mil/ha) e de outros Estados produtores como Minas Gerais (4 mil/ha), Paraná (5,8 mil/ha) e Rio Grande do Sul (5,4 mil/ha)².

            No Estado de São Paulo, as estimativas da safra 2007/08³ para o amendoim das águas apontam aumento de 7% na área plantada e de 21% na produção, quando comparada à safra anterior. Esses resultados foram em parte determinados pelas condições climáticas. A falta de chuva atrasou o início de plantio e acabou por estabelecer o recuo do plantio em algumas áreas de renovação de canaviais, por conta do ciclo de produção do amendoim e da cana. Por outro lado, as chuvas regulares do final do ciclo de produção favoreceram o desenvolvimento das vagens, dos grãos e da colheita, colaborando para o aumento da produtividade e por conseqüência do volume de produção do amendoim. Quanto à safra da seca ou safrinha, de fevereiro a junho, as estimativas apontam redução de 6,6% na área plantada e de 7,3% na produção, mantendo a tendência registrada nos últimos anos.

            A redução no volume de produção registrado na safra 2006/07, principalmente no Estado de São Paulo, tem em parte determinado o ritmo das exportações, pois o estado responde por cerca de 98% das exportações brasileiras⁴, assim, as informações tratadas a seguir são referentes a esse estado.

            Além da redução na oferta de amendoim, outros fatores contribuíram para a queda nos volumes exportados, como valorização do real frente ao dólar e o aumento da demanda interna e, como conseqüência, preços algumas vezes mais convidativos que os praticados no mercado externo. Por outro lado, a manutenção do espaço conquistado no mercado externo tornou-se importante para a expansão da atividade e interessante para a manutenção dos preços internos.

            O ano de 2007, quando comparado a 2006, traz redução de cerca de 38% no volume exportado das principais mercadorias⁵ da cadeia de produção do amendoim, sendo que de 2006 para 2005, a queda ficou em torno de 14%. Os anos anteriores apontam aumento no volume exportado, o ano de 2004 em relação a 2003 foram 223%, eram então, 15 mil toneladas e em 2005 foram 81 mil toneladas. Quando considerados valores em US$ (FOB), o percentual de redução de 2006 para 2007 cai para 11,5% (Figura 1).

            Dentre as mercadorias da cadeia de produção do amendoim, o destaque fica para o amendoim descascado que, em 2007, respondeu por 63% do volume total exportado e nos quatro anos anteriores sua participação variou entre 53% e 63% desse total, quando considerados valores os percentuais apresentam pouca variação.

            Em 2007 foram exportadas 32 mil toneladas de amendoim descascado, cerca de 32% a menos que em 2006, em valores (US$ FOB) houve pouca variação, porém mostra recuperação no preço médio negociado (Figura 2).

            A outra ponta da balança comercial, as importações, geralmente, ocorrem nos meses que antecedem o plantio e a colheita do amendoim das águas e se concentraram nos meses de setembro a novembro e de janeiro a março. Em 2007, somaram US$ (FOB) 765 mil em amendoim descascado, proveniente da Argentina, um dos maiores produtores mundiais.

            No primeiro trimestre de 2008, as exportações de amendoim descascado somaram 5,4 mil toneladas, em 2007, para o mesmo período, o volume atingiu 7,3 mil toneladas, bem abaixo das exportações registradas em 2006 (18 mil t), e em 2005 (10,5 mil t). Quanto aos valores o comportamento é semelhante, porém pode-se observar que em 2008 a relação entre valor e volume exportado aponta valorização do produto, principalmente em comparação ao ano de 2006 (Tabela 1).

Tabela 1 - Exportação de Amendoim Descascado, Estado de São Paulo, Período de Janeiro a Março de 2005 a 2008