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Consumo Aparente, Cotação e Valor da Produção de Madeira de Florestas Plantadas no Estado de São Paulo:uma visão das últimas décadas
                                 Uma 
das características e também deficiências do setor florestal brasileiro, bem 
como mundial, é a falta de estatísticas confiáveis principalmente sobre 
produção/consumo e preços, inclusive os relativos a florestas 
plantadas. 
             Este 
trabalho é uma tentativa de organizar o que existe para o Estado de São Paulo 
dentro dos termos do protocolo de cooperação técnica assinado entre o Instituto 
de Economia Agrícola (IEA-APTA), a Fundação Florestal (FF) e o Florestar São 
Paulo. 
             O 
primeiro passo foi compilar as informações disponíveis das quais grande parte já 
vinha sendo reunida pelas edições do Florestar Estatístico (FE) desde 
1993. 
             Para 
algumas informações foi possível fazer a recuperação a partir de 1989. Para 
outras só se conseguiu de 1990-1992 para cá, outras desde 1995, caso das 
cotações. Assim, as comparações entre séries foram feitas para o período 
1995-2007 sempre que possível e optou-se por publicar as séries mais extensas de 
modo a recuperar essas informações, mesmo com as suas imperfeições, para um 
registro documental. 
             A 
primeira marca desses dados é a heterogeneidade, tanto pela metodologia de 
coleta e apresentação, como pela multiplicidade de entidades que os 
produzem. 
             Após 
a reunião dos dados encontrados foi efetuada uma homogeneização das unidades 
para poder compará-los, e, montadas as séries, verificou-se se havia coerência 
nas séries obtidas. 
             
Alguns intervalos de tempo que não possuíam todas as informações foram 
preenchidos por interpolações que procuraram respeitar as tendências observadas 
através de outros indicadores, presentes em publicações setoriais e no próprio 
FE. 
             Em 
resumo foram utilizados os seguintes dados e procedimentos 
metodológicos: 
             1) 
Para as cotações: 
 Nos últimos 16 anos, o consumo aparente 
passou de um patamar de 25 milhões de estéreos por ano para outro, superior a 45 
milhões (Tabela 1).             O 
parque florestal implantado e fornecedor de matéria-prima não cresceu na mesma 
proporção o que permite supor um aumento significativo de produtividade durante 
o período (Figura 1). Atualmente, essa produtividade seria da ordem de 39 
st/ha/ano, perfeitamente compatível com o grau de tecnologia 
existente.              As 
reduções de área que se observaram no período foram conseqüência basicamente da 
diminuição da área de pinus. 
             
Interessante notar também o vigor do consumo aparente industrial (celulose e 
chapas) cujo volume passou de 10 para 25 milhões crescendo à taxa de 3,9% a.a. 
no período, perdendo em termos incrementais apenas para o setor de madeira 
serrada que quase triplicou sua demanda (taxa de crescimento de 5,6% a.a.), 
representando cerca de 15% do total. 
  
  
Tabela 1 - Evolução do Consumo Aparente 
de Madeira Plantada para Usos Industrial, Energético e Serraria, Estado de São 
Paulo, 1992 a 2007 
(em 
milhão de éstereos)
| Item | 
       1992  | 
    
       1993  | 
    
       1994  | 
    
       1995  | 
    
       1996  | 
    
       1997  | 
    
       1998  | 
    
       1999  | 
| Processo1 | 
       9,85  | 
    
       10,27  | 
    
       11,37  | 
    
       11,57  | 
    
       11,53  | 
    
       12,77  | 
    
       13,14  | 
    
       13,88  | 
| Serraria | 
       2,8  | 
    
       2,96  | 
    
       3,13  | 
    
       3,31  | 
    
       3,51  | 
    
       3,71  | 
    
       3,92  | 
    
       4,15  | 
| Energia | 
       12,89  | 
    
       12,41  | 
    
       11,5  | 
    
       11,04  | 
    
       10,43  | 
    
       10,04  | 
    
       9,78  | 
    
       11,85  | 
| Total | 
       25,54  | 
    
       25,64  | 
    
       26,00  | 
    
       25,92  | 
    
       25,47  | 
    
       26,52  | 
    
       26,84  | 
    
       29,88  | 
| Item | 
       2000  | 
    
       2001  | 
    
       2002  | 
    
       2003  | 
    
       2004  | 
    
       2005  | 
    
       2006  | 
    
       20072  | 
| Processo1 | 
       14,46  | 
    
       14,38  | 
    
       14,99  | 
    
       17,86  | 
    
       18,78  | 
    
       21,62  | 
    
       23,66  | 
    
       24,84  | 
| Serraria | 
       4,39  | 
    
       4,65  | 
    
       4,92  | 
    
       5,2  | 
    
       5,5  | 
    
       5,82  | 
    
       6,16  | 
    
       6,52  | 
| Energia | 
       12,14  | 
    
       12,16  | 
    
       12,25  | 
    
       12,12  | 
    
       12,27  | 
    
       12,5  | 
    
       12,70  | 
    
       12,89  | 
| Total | 
       30,99  | 
    
       31,19  | 
    
       32,16  | 
    
       35,18  | 
    
       36,55  | 
    
       39,94  | 
    
       42,52  | 
    
       44,25  | 
¹Celulose e 
chapas. 
²Estimativas. 
Fonte: Elaborada pelo autor. 
  
  
Figura 1 - Evolução da Área Reflorestada, 
Estado de São Paulo, 1989 a 2006. 
 
  
Fonte: Instituto de Economia Agrícola.
Os reflexos nos preços foram evidentes: a partir de 2004 e 2005 quando passaram a se situar num patamar 100% maior conferindo, inclusive ao produtor rural, outro status de rentabilidade à atividade (Tabela 2).
Tabela 2 - Evolução dos Preços Médios de 
Madeira Plantada para Processo Industrial, Energia e Serraria, Estado de São 
Paulo, 1995-2007 
(R$ 
deflacionado) 1
¹IGP-M médio - Fundação Getúlio 
Vargas. 
²Cotação média de processo industrial e 
energia. 
Fonte: Elaborada pelo autor.
As cotações da madeira para serraria, apesar de mais precárias, mostraram a mesma tendência e têm se situado num patamar de 2,5 a 3 vezes maior que as cotações da madeira industrial (processo e energia).
A figura 2 mostra de modo evidente a relação entre aumento da demanda e elevação das cotações dos produtos florestais oriundos de florestas plantadas ocorrida nos últimos 16 anos. A partir de 2002 e 2003 houve um acréscimo significativo no consumo que se manifesta pela aceleração das cotações a partir de 2004 levando-as a situarem-se num novo patamar de cotações.
Figura 2 - Evolução do Consumo Aparente e 
dos Preços de Madeira, Estado de São Paulo, 1995 a 
2007. 
 
Fonte: Elaborada pelo 
autor.
De posse desses dados foi possível fazer uma primeira aproximação da magnitude do valor da produção gerado pelas atividades referentes às florestas plantadas, no segmento do produtor rural, para o Estado de São Paulo (Tabela 3).
Tabela 3 - Valor da Produção das Florestas 
Plantadas, Estado de São Paulo,1995 a 2007 
(em R$ milhão)
| Floresta | 
       1995  | 
    
       1996  | 
    
       1997  | 
    
       1998  | 
    
       1999  | 
    
       2000  | 
    
       2001  | 
    
       2002  | 
    
       2003  | 
    
       2004  | 
    
       2005  | 
    
       2006  | 
    
       2007  | 
| Industrial e energético | 
       349  | 
    
       300  | 
    
       313  | 
    
       344  | 
    
       413  | 
    
       432  | 
    
       443  | 
    
       451  | 
    
       553  | 
    
       681,2  | 
    
       1048  | 
    
       1160  | 
    
       1333  | 
| Serraria | 
       144  | 
    
       193  | 
    
       167  | 
    
       198  | 
    
       230  | 
    
       252  | 
    
       282  | 
    
       302  | 
    
       299  | 
    
       325,6  | 
    
       363  | 
    
       397  | 
    
       469  | 
| Total | 
       492  | 
    
       493  | 
    
       480  | 
    
       542  | 
    
       643  | 
    
       684  | 
    
       725  | 
    
       753  | 
    
       853  | 
    
       1007  | 
    
       1411  | 
    
       1557  | 
    
       1802  | 
Fonte: Elaborada pelo autor.
Comparando-se esses dados com o valor total da produção calculado pelo IEA verifica-se a crescente importância que a atividade florestal ganhou ao longo dos anos, passando de 1,7% em 1995 para 4,5% em 2006 sendo um dos produtos que mais cresceu em participação relativa no conjunto da produção. Comparando-se com os principais produtos vegetais, que compõem o valor da produção da agropecuária paulista, observa-se também o crescimento do valor da produção florestal que, a partir de 2005, tem um desempenho superior ao do milho passando a ser o terceiro produto (Figura 3).
Figura 3 - Valor da Produção 
Agropecuária, Estado de São Paulo, 1995 a 2006. 
 
Fonte: Elaborada pelo 
autor.
Apesar da precariedade dos dados existentes relativos às atividades concernentes ao agronegócio de florestas plantadas no Estado de São Paulo foi possível traçar um panorama evolutivo para as últimas décadas.
            Uma 
avaliação crítica dessas informações sem dúvidas permitirá um aperfeiçoamento 
tanto da coleta como das análises e interpretações que podem ser realizadas 
visando definições de políticas públicas mais eficientes e 
eficazes. 
__________________________________________________________________ 
1Grupo constituído pelas 
empresas do setor florestal que se reuniam periodicamente para análise de 
mercados, custos, tecnologias, etc., do qual participava um engenheiro agrônomo 
da Fundação Florestal. 
2FUNDAÇÃO FLORESTAL. Plano de desenvolvimento florestal 
sustentável. São Paulo, 1993. 
Palavras-chave: floresta, consumo aparente, cotações, valor da produção, área plantada.
Data de Publicação: 05/05/2008
Autor(es): Eduardo Pires Castanho Filho (castanho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor

                    
                        