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Recorde na Geração de Empregos Formais no Setor Agropecuário Paulista em 2006
                                 Com 
base nas informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)1 
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de 2006, o Estado de São Paulo gerou 
mais de 500 mil novos postos de trabalho distribuídos entre todos os setores 
econômicos. Em termos de variações absolutas, o segmento industrial e o de 
serviços foram os que tiveram melhor desempenho (Tabela 1). 
             A 
defasagem temporal de quase um ano entre os dados divulgados e o ano atual de 
2008, corresponde ao período total que engloba a entrega das declarações dos 
estabelecimentos e o processamento das informações, levando cerca de onze meses 
para os dados estarem disponíveis aos usuários. 
             A 
importância da RAIS está em disponibilizar informações que corresponde ao censo 
de vagas formais em todos os setores econômicos, principalmente o do setor 
agropecuário onde há escassez de informações disponíveis para 
análises. 
             O 
setor agropecuário contabilizou 361.289 postos de trabalho com carteira assinada 
em 2006. Isso significou uma variação positiva de 7,6% (+25.691 vagas) em 
relação a 2005, que teve um desempenho fraco2. Este último ano da 
RAIS apresentou o maior número de postos formais em doze anos de série. Isso não 
apenas reflete o resultado de uma fiscalização eficiente no combate à 
informalidade, mas também o crescente desempenho econômico do setor agropecuário 
paulista. 
 
 Fonte: Elaborada pelos autores com base 
na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego. 
             As 
atividades de cultivo de cana-de-açúcar, a pecuária e cultivo de laranja foram 
aquelas com mais pesos no valor da produção da safra 2005/06 no Estado, 
respectivamente, com 44,9%, 11,5% e 6,5% do total (IEA, 2006)3. Isso 
contribuiu no desempenho do mercado de trabalho rural, pois essas atividades 
juntas representaram 55,0% do total de contratações em 2006 (Tabela 
2). 
             As 
atenções recaem especialmente sobre a cana-de-açúcar que criou 20 mil novas 
vagas e assim foi a grande responsável pelo êxito na geração de empregos em 
2006, o que já vem acontecendo há alguns anos, onde a expansão desse segmento 
dinamiza as contratações no setor agropecuário. 
             
Porém, esperam-se mudanças no setor sucroalcooleiro para os próximos anos, 
conseqüência da Lei 11.241/20024 e do Protocolo 
Agroambiental5 de julho de 2007, que estabelecem prazos para a 
erradicação da queima da cana com adoção crescente de máquinas e conseqüente 
redução do emprego no período da colheita. 
 
 CNAE 2.0 01628 
       01636 Atividades de apoio à 
      pecuária8 
       Atividades de 
      pós-colheita9 - 
       - 
       48.421 5.520 
       275 
       41.045 Fonte: Elaborada pelos autores com base 
na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego. 
             Um 
ponto curioso foi a redução de 1.515 postos de trabalho em atividades de apoio a 
agricultura, pecuária e pós-colheita que correspondem à terceirização da 
mão-de-obra. Isso pode significar que as contratações estão sendo feitas 
diretamente pelos estabelecimentos, diminuindo a dependência de 
intermediação. 
             O 
aumento de 41% na produção de café entre 2005 e 2006, também contribuiu na 
criação de novos empregos nesta atividade, um aumento de 4.703 vagas. A 
floricultura de tradição tipicamente familiar vem se reestruturando para uma 
atividade empreendedora e geradora de empregos. Entre 2005 e 2006 foram 1.608 
novos postos de trabalho.  Perfil Sócioeconômico dos 
Trabalhadores 
             Uma 
das qualidades da RAIS é reunir uma série de variáveis como gênero, faixa etária 
e grau de instrução dos trabalhadores, que potencializam seu uso e permitem 
elaborar análises sobre o perfil sócioeconômico dos ocupados em quaisquer 
setores econômicos. 
             No 
que diz respeito ao gênero houve um pequeno acréscimo na participação das 
mulheres nos postos de trabalho agropecuários de forma a recuperar parcela do 
espaço perdido em 2005. Nesse ano, sua participação era de 17,6%, e em 2006 este 
percentual subiu para 18,3% (Figura 1). 
  
  
     
  Setores 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  
       
    
       
     
  Indústria 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Construção civil 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Comércio 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Serviços 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Agropecuária 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Outros/ignorado 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     Total 
    
       
    
       
    
       
    
       
    
       
  
  
     
  Código 
       
    Atividades econômicas 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01130 
    Cultivo de 
      cana-de-açúcar 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01318 
    Cultivo de 
      laranja6 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01512 
    Criação de 
      bovinos 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01610 
       
    Atividades 
      de apoio à agricultura7 
       
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01555 
    Criação de 
      aves 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01342 
    Cultivo de 
      café 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  01229 
    Floricultura10 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  - 
    Outras 
      atividades 
    
       
    
       
    
       
    
       
       
    Total 
    
       
    
       
    
       
    
       
  
            A 
partir desse ano (2006), foi incorporada a versão 2.0 da Classificação Nacional 
de Atividades Econômicas (CNAE) que é necessária para agregar o número de 
estabelecimentos e postos de trabalho por setores econômicos, substituindo assim 
a versão de 1995. Na declaração da RAIS, os informantes devem escolher uma das 
675 categorias11 que melhor caracterize a principal atividade 
econômica praticada em seu estabelecimento. A principal finalidade dessa revisão 
da CNAE foi torná-la mais aderente com a realidade dos setores econômicos, 
inclusive o agropecuário, onde neste algumas atividades foram suprimidas e 
outras criadas, como por exemplo, florestais. Existiam 28 atividades 
agropecuárias, e agora totalizam 34. 
Figura 1 - Distribuição dos Postos de Trabalho Formais por Gênero no Setor Agropecuário, Estado de São Paulo, 2005/06.

Fonte: Elaborada pelos autores com base na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego.
Quanto ao grau de instrução há uma tendência desses empregados migrarem para níveis de instrução mais elevados. Os níveis de instrução como 4ª séries incompletas ou completas diminuíram sua participação de 48,5% em 2005, para 46,3% em 2006, para dar espaço para 8ª série incompleta, completa, 2º grau incompleto ou completo (Figura 2).
Ultimamente, empresas têm investido em programas de treinamento e qualificação para seus empregados e, portanto, o setor agropecuário a cada ano exige melhoria no grau de instrução por parte dos empregados, apresentando assim, melhoria no grau de instrução para vagas formais.
Figura 2 - Distribuição dos Postos de Trabalho Formais por Grau de Instrução no Setor Agropecuário, Estado de São Paulo, 2005/06.

Fonte: Elaborada pelos autores com base na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego.
O número de postos de trabalho criados em 2006 se dividiu de forma mais homogênea entre todas as faixas etárias (Figura 3).
Em relação às Regiões Administrativas (RAs) paulistas que mais contrataram, destacam-se Campinas e Sorocaba que absorveram 34,1% do total de mão-de-obra ocupada. Em Campinas, há uma diversificação em atividades que demandaram empregados, como a cana-de-açúcar, laranja e café, enquanto Sorocaba apresentou a pecuária como a atividade que mais demandou mão-de-obra. Os dados da RAIS apontam que esta RA concentra 14,3% do total de empregados na pecuária do Estado de São Paulo (Figura 4).
Figura 3 - Distribuição dos Postos de Trabalho Formais por Faixa Etária no Setor Agropecuário, Estado de São Paulo, 2005/06.

Fonte: Elaborada pelos autores com base na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego.

Figura 4 - Número de Postos de Trabalho Formais por Regiões Administrativas, Estado de São Paulo, 2006.
Fonte: Elaborada pelos autores com base na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego.
Sobre a remuneração média há uma certa preocupação. Houve aumento de trabalhadores ganhando de 0,51 a 1,5 salários mínimos, diminuindo a participação entre todas as outras faixas salariais mais elevadas. Apesar do setor agropecuário ter gerado mais emprego e com carteira assinada, a renda para o trabalhador não acompanhou essa evolução. Deve-se levar em conta que outros indicadores melhoraram, como gênero e grau de instrução e que não se refletiram em maiores ganhos para os trabalhadores (Figura 5).
Figura 5 - Distribuição dos Postos de Trabalho Formais por Faixa de Remuneração Média em Salários Mínimos, Estado de São Paulo, 2005/06.

Fonte: Elaborada pelos autores com base na RAIS, Ministério do Trabalho e Emprego.
Os dados da RAIS subsidiam análises consistentes nos setores econômicos sobre empregos com carteira assinada. Assim, o que se observou em 2006, no setor agropecuário foi que além de uma recuperação das vagas perdidas no ano anterior conseguiu ainda criar novos postos de trabalho, especialmente no cultivo da cana-de-açúcar.
Os dados também ressaltam maior nível de exigência para ocupar as vagas, principalmente em relação à escolaridade. Mas que, no entanto, apesar da necessidade de melhor capacitação, a proporção de trabalhadores que recebem melhores salários, de um modo geral, vem diminuindo, enquanto os salários mais baixos têm aumentado.
Assim, apesar do dinamismo do setor, o 
salário médio auferido não refletiu em melhores ganhos para os 
trabalhadores. 
___________________________________________________________________- 
1Relação Anual de Informações 
Sociais (RAIS). Disponível em: <http://www.mte.gov.br/rais/default.asp>. 
Cadastro prévio deve ser efetuado para ter acesso aos dados. 
2TRABALHO formal na 
agropecuária paulista cai 1,9% em 2005. Disponível em: <https://iea.agricultura.sp.gov.br/ 
out/verTexto.php?codTexto=8562>. Acesso em :12 dez. 
2007. 
3Banco 
de Dados IEA. Disponível em:<http://www.iea.sp.gov.br>. Acesso em: 27 
dez. 2007. 
4Erradicação da queima da cana-de-açúcar para 2021 em áreas 
mecanizáveis e 2031 para áreas não-mecanizáveis. 
5Erradicação da queima da cana-de-açúcar 
para 2014 em áreas mecanizáveis e 2017 para áreas 
não-mecanizáveis. 
6Correspondência na CNAE95 - Cultivo de Frutas 
Cítricas. 
7Correspondência na CNAE95 - Atividades de Serviços 
Relacionados à Agricultura. 
8Correspondência na CNAE95 - Atividades de Serviços 
Relacionados com a Pecuária. 
9Correspondência na CNAE95 - Atividades de Serviços 
Relacionados à Agricultura. 
10Correspondência na CNAE95 - Cultivo de Flores e Plantas 
Ornamentais. 
11Por 
seguir esta metodologia é comum se questionar se o total de postos de trabalho 
apresentado corresponde apenas aos trabalhadores rurais. Ao analisar 
cuidadosamente a base de dados, descobre-se que 81,6% são os trabalhadores 
ligados diretamente a ocupações agrícolas, enquanto o restante das ocupações 
está indiretamente ligado à atividade, como transporte, atividades 
administrativas etc. Disponível em: 
<http://www.cnae.ibge.gov.br>. 
Palavras-chave: emprego formal agropecuário, mercado de trabalho rural, RAIS.
Data de Publicação: 07/02/2008
                Autor(es): 
                Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        