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Diminui a produção paulista de goiaba para indústria em 2006
                                 No 
último qüinqüênio, os produtores paulistas de goiaba para indústria e, mais 
especificamente, da região de Taquaritinga - principal produtora da fruta 
destinada à industrialização no estado - tiveram muita dificuldade para 
colocação da fruta no mercado. Isto ocorreu em decorrência, basicamente, da fuga 
das grandes indústrias de processamento, até então localizadas na região, para 
outros estados, estimuladas por incentivos fiscais, como o ICMS. 
 Tabela 1- Número de pés e produção de 
goiaba para indústria no Estado de São Paulo, 2004 a 2006 
             
Também o menor plantio, tanto da variedade comum quanto da Paluma, observado em 
2004 e 2005, aliado aos menores dispêndios na condução dos pomares, já sinalizou 
para uma redução significativa da produção em 2006 
(gráfico1). 

            Esse 
fato provocou, de início, a substituição dos pomares mais antigos, compostos de 
variedades comuns, pelo cultivar Paluma, que, além de maior produtividade, 
possui ainda a capacidade de produzir em períodos variados, desde que seja 
conduzida poda em épocas diferentes, o que contribuiu para que a produção 
estadual, no agregado das duas variedades, não sofresse queda ao longo do 
período 2000-2005. Em 2005, a produção estadual atingiu cerca de 75,5 mil 
toneladas da fruta, volume 19,8% maior que o obtido em 2000 
1. 
            A 
absorção da fruta por parte do mercado só foi possível pelo surgimento de 
pequenas indústrias, localizadas regionalmente, e pelo desvio de parte da 
produção para o mercado da fruta de mesa. 
            
Entretanto, o aumento continuado da oferta, vis à vis uma demanda com capacidade 
limitada de expansão, teve como resultado a manutenção de preços desestimulantes 
para os produtores. Isto deverá refletir-se numa sensível queda da produção 
estadual, em 2006, que está sendo estimada em 59,7 mil toneladas, nível 
semelhante ao de 1999, quando atingiu 59,2 mil toneladas (tabela 
1). 
  
  
Fonte: IEA 
     
  Ano 
    
       
    
       
    Goiaba Para Indústria 
     
  . 
    Nº 
      pés Novos 
    Nº pés em Produção 
    Produção em t (1) 
    Nº 
      pés Novos 
    Nº pés em Produção 
    Produção em t (2) 
    Total da Produção em t (1)+ (2) 
     
  2004 
    8.120 
    250.340 
    22,74 
    90.120 
    382.150 
    50,997 
    73,64 
     
  2005 
    6.520 
    210.011 
    18,40 
    78.930 
    450.390 
    57,07 
    75,47 
     2006 
    17.810 
    145.071 
    13,75 
    83.030 
    421.700 
    45,90 
    59,67 

            
Convém ressaltar que, na região de Taquaritinga, não há registro, em 2006, de 
plantio da variedade comum, para um total estadual estimado em 17.810 pés novos. 
Isto sinaliza que, nessa região, o processo de substituição da variedade comum 
por outra mais produtiva já se esgotou. 
            Neste 
contexto, os preços pagos nessa região aos produtores de goiaba para indústria 
em 2006 demonstraram uma pequena recuperação. Situaram-se em torno de R$ 0,15/kg 
da comum e R$0,16/kg da Paluma, em média, no auge da safra (janeiro-março), 
quando é comercializada cerca de 80% da produção, atingindo até R$0,25/kg da 
Paluma no segundo semestre do ano. 
            
Considerando os preços médios alcançados no pico da safra, os custos de 
manutenção de um hectare plantado com goiaba foram de R$ 0,114/kg para a comum e 
de R$0,109/kg para a Paluma. Estes valores asseguram uma remuneração 
satisfatória para os produtores que, através da poda dirigida, comercializaram 
sua produção fora do pico de safra (tabelas 2 e 3). 


Quanto aos custos de produção, vale destacar que a ocorrência de acréscimo da ordem de 100% no preço da mão-de-obra de colheita (por empreita), em relação à safra passada, foi compensada parcialmente pela queda de preços nos principais insumos utilizados na formação e manutenção da cultura. Essa queda nos preços dos insumos explica ainda, em parte, o aumento no plantio de pés novos da fruta verificado em 2006 (gráfico 1)2
____________________________ 
1 Levantamento de previsão e 
estimativas de safras realizados em parceria pelo Instituto de Economia Agrícola 
e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (IEA/CATI) 
2 Artigo registrado no CCTC-IEA 
sob número 114/2006.
Data de Publicação: 14/12/2006
                Autor(es): 
                Marina Brasil Rocha (mabrasil@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paul Frans Bemelmans Consulte outros textos deste autor              

                    
                        