Artigos
Balança comercial do agronegócio paulista de Janeiro a Setembro de 2005
                                 De janeiro a setembro de 2005, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 27,99 bilhões (32,3% do total nacional), e as importações2 US$ 22,27 bilhões (41,2% do total nacional), registrando superávit de US$ 5,72 bilhões. Esse resultado mostra a realidade superavitária com tendência crescentes da balança comercial paulista (gráfico 1). Em relação aos primeiros nove meses de 2004, o valor das exportações paulistas aumentou 23,7% e o das importações 11,6%. O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+23,7%), na comparação entre os nove primeiros meses de 2004 e de 2005, foi superior à média brasileira (+23,4). Nas importações ocorre a mesma tendência, com menor incremento em São Paulo (+11,6%) do que no Brasil (+19,6%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o percentual de aumento do saldo da balança comercial paulista (+114,2%) foi mais que o triplo da brasileira (+30,2%) (tabela 4).  Gráfico 1- Balança Comercial, Total da Economia e Agronegócio, Estado de São Paulo, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005 
 
Fonte: IEA/APTA/SAA, dados básicos da SECEX/MDIC.
            O agronegócio paulista também apresentou exportações crescentes (+18,8%), atingindo US$ 8,90 bilhões, enquanto as importações aumentaram 1,9%, somando cerca de US$ 2,70 bilhões, com saldo de US$ 6,20 bilhões3, 28,1% maior do que o dos primeiros nove meses de 2004. As aquisições de produtos estrangeiros relacionados ao agronegócio, realizadas a partir de São Paulo, tiveram crescimento menor (+1,9%) que as importações totais estaduais (+11,6%). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive o agronegócio - somaram US$ 19,57 bilhões, gerando um déficit externo, desse agregado, de US$ 0,48 bilhão de janeiro a setembro de 2005. Disso conclui-se que os superávits do comércio exterior paulista continuam a depender do desempenho do agronegócio estadual. 
            A participação das exportações do agronegócio paulista no total do Estado diminuiu 1,3 ponto percentual, enquanto a participação das importações decresceu 1,2 ponto percentual (gráfico 2). 
Gráfico 2- Participação do Agronegócio na Exportação e na Importação, Estado de São Paulo, Janeiro a 
Setembro de 2005 
 Fonte: IEA/APTA/SAA, dados básicos da SECEX/MDIC.
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 32,66 bilhões de janeiro a setembro de 2005, com exportações de US$ 86,72 bilhões e importações de US$ 54,06 bilhões. Esse superávit, 30,2% maior do que o do mesmo período em 2004, resultou de aumento nas exportações (+23,4%) superior ao das importações (+19,6%). As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 9,0% em relação aos primeiros nove meses ano anterior, atingindo US$ 34,51 bilhões (39,8% do total). Já as importações do setor mantiveram-se no mesmo patamar em comparação com janeiro a setembro de 2004, somando US$ 7,33 bilhões (13,6% do total). O superávit do agronegócio de janeiro a setembro de 2005 foi de US$ 27,18 bilhões4, 11,7% superior ao do mesmo período do ano anterior (gráfico 3).
Gráfico 3- Balança Comercial, Total da Economia e Agronegócio, Brasil, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005
 
Fonte: IEA/APTA/SAA, dados básicos da SECEX/MDIC.
As participações do agronegócio brasileiro nos totais do País diminuíram tanto em termos de exportação (-5,3%) como de importações (-2,6%) (gráfico 4), em decorrência do avanço das transações externas de outros setores.
Gráfico 4- Participação do Agronegócio na Exportação e na Importação, Brasil, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005

Fonte: IEA/APTA/SAA, dados básicos da SECEX/MDIC.
Em relação ao agronegócio brasileiro, as exportações de São Paulo nos nove primeiros meses de 2005 representaram cerca de 25,8%, cerca de 2,1 pontos percentuais a mais do que de janeiro a setembro de 2004, enquanto as importações representaram 36,8%, com 0,6 ponto percentual a mais do que no ano anterior (gráfico 5).
Gráfico 5- Participação do Estado de São Paulo no Brasil e do Agronegócio Paulista no Agronegócio Brasileiro, Exportação e Importação, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005 Fonte: IEA/APTA/SAA, dados básicos da SECEX/MDIC.
 
            Os principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio paulista, de janeiro a setembro de 2005, foram: cana e sacarídeas (US$ 2,49 bilhões); bovídeos (US$ 2,04 bilhões), produtos florestais (US$ 1,04 bilhão), frutas (US$ 0,88 bilhão); bens de capital e insumos (US$ 0,61 bilhão) e cereais/leguminosas /oleaginosas (US$ 0,49 bilhão). 
            Em âmbito nacional, os principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio foram: cereais / leguminosas / oleaginosas (US$ 7,83 bilhões); produtos florestais (US$ 5,53 bilhões); bovídeos (US$ 4,85 bilhões); suínos e aves (US$ 3,63 bilhões); cana e sacarídeas (US$ 3,48 bihões) e café e estimulantes (US$ 2,47 bilhões). 
            A quantidade exportada5 de produtos do agronegócio brasileiro cresceu 1,8% de janeiro a setembro de 2005, quando comparada com a do mesmo período de 2004, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo aumentou 3,8%. Os preços dos produtos exportados pelo agronegócio subiram 7,1% em nível nacional e 14,1% no âmbito de São Paulo, revelando variações de preços inferiores à variação cambial do período. 
            Entre os produtos que apresentaram crescimento de quantidades exportadas, destacaram-se no agronegócio, em nível nacional: açúcar (23,1%), carnes (22,8%), laranja (10,1%), fumo (4,5%) e café (3,1%). 
            Esse avanço das vendas externas de carnes pode estar sendo comprometido no curto prazo, com a recente ocorrência de foco de febre aftosa no Estado de Mato Grosso do Sul, levando diversos países a suspenderem as importações de carne bovina brasileira. Conquanto essa suspensão distinga com a proibição regiões brasileiras específicas, o fato da União Européia, principal importador, ter incluído o Estado de São Paulo - principal exportador brasileiro de carne bovina- nessa medida indica que, se não equacionada rapidamente, a questão pode atingir contornos dramáticos para esse agronegócio. 
            Cerca de 52,1% do valor das exportações do agronegócio de janeiro a setembro de 2005 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados). No Estado de São Paulo, a participação de produtos do agronegócio industrializados foi bem maior (75,9% do total), evidenciando índices superiores de agregação de valor. 
            Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de janeiro a junho de 2005, representando 57,3% do valor total de exportações nacionais de mercadorias do agronegócio. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo correspondeu a 47,6% e o de bens de consumo a 47,8% do valor total. 
            Os agregados da balança comercial do Brasil e de São Paulo, para o total e para o agronegócio, são apresentados nas tabelas 1 a 4. 
Tabela 1 - Brasil - Balança Comercial, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005 
(US$ bilhão) 
| Ano |        |            |            | |||||
|        Exportação  |            Importação  |            Saldo  |            Exportação  |            Importação   |            Saldo  |            Exportação  |            Importação  | |
| 2004 |        70,28  |            45,20  |            25,08  |            31,67  |            7,33  |            24,34  |            45,1  |            16,2  | 
| 2005 |        86,72  |            54,06  |            32,66  |            34,51  |            7,33  |            27,18  |            39,8  |            13,6  | 
Tabela 2. - Estado de São Paulo - Balança Comercial, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005 
( US$ bilhão) 
| Ano |        |            |            | |||||
|        Exportação  |            Importação  |            Saldo  |            Exportação  |            Importação   |            Saldo  |            Exportação  |            Importação  | |
| 2004 |        22,63  |            19,96  |            2,67  |            7,49  |            2,65  |            4,84  |            33,1  |            13,3  | 
| 2005 |        27,99  |            22,27  |            5,72  |            8,90  |            2,70  |            6,20  |            31,8  |            12,1  | 
Tabela 3. - Participação da Balança Comercial do Estado de São Paulo no Brasileiro, Total e Agronegócio, Janeiro a Setembro, 2004 e 2005 
(%) 
| Ano |        |            | ||
|        Exportação  |            Importação  |            Exportação  |            Importação   | |
| 2004 |        32,2  |            44,2  |            23,7  |            36,2  | 
| 2005 |        32,3  |            41,2  |            25,8  |            36,8  | 
Tabela 4. - Balança Comercial do Brasil e de São Paulo, Variação Percentual,Janeiro a Setembro, 2005 / 2004
| Ano |        |            | ||||
|        Exportação  |            Importação  |            Saldo  |            Exportação  |            Importação   |            Saldo  | |
| Brasil |        23,4  |            19,6  |            30,2  |            9,0  |            0,0  |            11,7  | 
| São Paulo |        23,7  |            11,6  |            114,2  |            18,8  |            1,9  |            28,1  | 
_________________________________________
1 Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final. 
2 Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador. 
3 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit do agronegócio paulista foi de US$ 8,29 bilhões. 
4 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit do agronegócio brasileiro foi de US$ 32,93 bilhões. 
5 As discussões sobre quantidades e preços baseiam-se em resultados provenientes do cálculo de índices pela fórmula de Fisher. 
  
Data de Publicação: 20/10/2005
                Autor(es): 
                José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor              

  
                    
                        