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Balança comercial dos agronegócios paulista e brasileiro no primeiro trimestre de 2006
                                 No primeiro trimestre de 2006, as exportações do Estado de São Paulo1 somaram US$ 9,58 bilhões (32,6% do total nacional), e as importações2 US$ 8,07 bilhões (40,2% do total nacional), registrando superávit de US$ 1,51 bilhão. Esse resultado consolida a tendência de superávits consecutivos e crescentes que interromperam a seqüência de déficits observados na balança comercial paulista no passado recente. Em relação ao primeiro trimestre de 2005, o valor das exportações paulistas aumentou 19,9% e o das importações 18,5% (gráfico 1 e Tabela 1). O desempenho paulista de crescimento nas exportações (+19,9%), comparando-se os primeiros trimestres de 2005 e de 2006, ficou próximo da média brasileira (+20,2%). Nas importações ocorreu menor incremento em São Paulo (+18,5%) do que no Brasil (+24,1%). Assim, na conjunção das performances das exportações e importações, o aumento do saldo da balança comercial paulista foi maior que o da brasileira. 
                                                             

O agronegócio paulista também apresentou exportações crescentes (+8,9%), atingindo US$ 2,68 bilhões, enquanto as importações aumentaram 6,9%, somando cerca de US$ 0,93 bilhão, com saldo de US$ 1,75 bilhão3, 10,1% maior do que o do primeiro trimestre de 2005. As aquisições de produtos estrangeiros relacionados ao agronegócio, realizadas a partir de São Paulo, tiveram crescimento menor (+6,9%) que as importações totais estaduais (+18,5%). Em função disso, há que se destacar que as importações paulistas nos demais setores - exclusive o agronegócio – somaram US$ 7,14 bilhões, gerando um déficit externo, desse agregado, de US$ 0,24 bilhão no primeiro trimestre de 2006 (gráfico 2, tabelas 1 e 2). Disso conclui-se que os superávits do comércio exterior paulista continuam a depender do desempenho do agronegócio estadual.

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do Estado diminuiu 2,8 pontos percentuais, enquanto a participação das importações diminuiu 1,3 ponto percentual (gráfico 3 e tabela 1).

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,34 bilhões no primeiro trimestre de 2006, com exportações de US$ 29,39 bilhões e importações de US$ 20,05 bilhões. Esse superávit, 12,5% maior do que o do mesmo período em 2005, aconteceu apesar de aumento nas exportações (+20,2%) inferior ao das importações (+24,1%) (gráfico 4 e tabela 3). Isso mostra que, até o momento, a valorização da moeda brasileira não afetou os indicadores do comércio exterior nacional a ponto de reverter tendências.

As exportações do agronegócio brasileiro cresceram 10,2% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior, atingindo US$ 10,37 bilhões (35,3% do total). Já as importações do setor aumentaram 11,3%, também em comparação com janeiro a março de 2005, somando US$ 2,46 bilhões (12,3% do total). O superávit do agronegócio no primeiro trimestre de 2006 foi de US$ 7,91 bilhões4, 9,9% superior ao do mesmo período do ano anterior (gráfico 5, tabelas 3 e 4).

As participações do agronegócio nos totais do País diminuíram significativamente, tanto em termos das exportações (-3,2 pontos percentuais) como das importações (-1,4 ponto percentual) (gráfico 6, tabelas 3 e 4), em decorrência do avanço das transações externas de outros setores.

Em relação ao agronegócio brasileiro, as exportações de São Paulo nos três primeiros meses de 2006 representaram cerca de 25,8%, 0,3 ponto percentual a menos que no primeiro trimestre de 2005, enquanto as importações representaram 37,8%, sendo 1,6 ponto percentual a inferior do que no ano anterior (gráfico 7 e tabela 4).

            Os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro trimestre de 2006, foram: cana e sacarídeas (US$ 0,66 bilhão), bovídeos (US$ 0,61 bilhão); produtos florestais (US$ 0,36 bilhão), frutas (US$ 0,33 bilhão) e bens de capital e insumos (US$ 0,18 bilhão), que juntos perfazem 80,1% das exportações setoriais paulistas (tabela 5). 
            Em âmbito nacional, os cinco principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio foram: produtos florestais (US$ 1,91 bilhão); cereais / leguminosas / oleaginosas (US$ 1,91 bilhão); bovídeos (US$ 1,64 bilhão); cana e sacarídeas (US$ 1,14 bilhão) e suínos e aves (US$ 1,04 bilhão), que no conjunto totalizam 73,7% das vendas externas do agronegócio (tabela 6). 
            A quantidade exportada6 de produtos do agronegócio brasileiro aumentou 1,9% no primeiro trimestre de 2006, quando comparada com a do mesmo período de 2005, enquanto a quantidade exportada pelo Estado de São Paulo teve queda de 8,4%. Os preços dos produtos exportados pelo agronegócio subiram 8,1% em nível nacional e 19,0% no âmbito de São Paulo. 
            Cerca de 58,1% do valor das exportações do agronegócio no primeiro trimestre de 2006 corresponderam, em nível nacional, a produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados). No Estado de São Paulo, a participação de produtos do agronegócio industrializados foi bem maior (79,6% do total), evidenciando índices superiores de agregação de valor. 
            Entre as categorias de uso, observa-se que matérias-primas e produtos intermediários foi o grupo predominante no período de janeiro a março de 2006, representando 59,3% do valor total de exportações nacionais de mercadorias do agronegócio. No caso do Estado de São Paulo, esse grupo também foi o principal (49,6% do valor total). 
Tabela 1 - Estado de São Paulo - Balança Comercial, Janeiro a Março, 2005 e 2006 
( US$ bilhão) 
| Ano |        |            |     Partic. do Agronegócio(%) | |||||
| Exportação | Importação | Saldo | Exportação | Importação | Saldo | Exportação |        Importação  | |
| 2005 |        7,99  |            6,81  |            1,18  |            2,46  |            0,87  |            1,59  |            30,8  |            12,8  | 
| 2006 |        9,58  |            8,07  |            1,51  |            2,68  |            0,93  |            1,75  |            28,0  |            11,5  | 
Tabela 2 - Participação da Balança Comercial do Estado de São Paulo na Brasileira, Total e Agronegócio, Janeiro a Março, 2005 e 2006
| Ano |        |            | |||
| Exportação | Importação | Exportação | Importação | ||
| 2005 |        32,7  |            42,2  |            26,1  |            39,4  | |
| 2006 |        32,6  |            40,2  |            25,8  |            37,8  | |
Tabela 3 - Brasil – Balança Comercial , Janeiro a Março, 2005 e 2006 
(US$ bilhão) 
| Ano |        |            |     Partic. do Agronegócio(%) | |||||
| Exportação | Importação | Saldo | Exportação | Importação | Saldo | Exportação |        Importação  | |
| 2005 |        24,45  |            16,15  |            8,30  |            9,41  |            2,21  |            7,20  |            38,5  |            13,7  | 
| 2006 |        29,39  |            20,05  |            9,34  |            10,37  |            2,46  |            7,91  |            35,3  |            12,3  | 
Tabela 4 Balança Comercial, Brasil e São Paulo, Variação Percentual, Janeiro a Março, 2006 / 2005
| Ano |        |            | ||||
| Exportação | Importação | Saldo | Exportação | Importação | Saldo | |
| Brasil |        20,2  |            24,1  |            12,5  |            10,2  |            11,3  |            9,9  | 
| São Paulo |        19,9  |            18,5  |            28,0  |            8,9  |            6,9  |            10,1  | 
TABELA 5 - Exportações por Grupo de Mercadorias, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006.
| Grupo de Mercadorias |        (mil       US$)  |            %  | 
| Cana e sacarídeas |        664.866  |            24,82  | 
| Bovídeos - bovinos |        610.992  |            22,81  | 
| Produtos florestais |        362.769  |            13,54  | 
| Frutas |        329.241  |            12,29  | 
| Bens de capital / insumos |        176.905  |            6,60  | 
| Agronegócios especiais |        153.603  |            5,73  | 
| Café e estimulantes |        120.366  |            4,49  | 
| Cereais/leguminosas/oleaginosas |        110.720  |            4,13  | 
| Têxteis |        74.174  |            2,77  | 
| Suínos e aves |        60.501  |            2,26  | 
| Pescado |        5.335  |            0,20  | 
| Flores e ornamentais |        5.066  |            0,19  | 
| Olerícolas |        3.366  |            0,13  | 
| Fumo |        1.067  |            0,04  | 
| AGRONEGÓCIOS |        2.678.971  |            100,00  | 
TABELA 6 - Exportações por Grupo de Mercadorias , Brasil, Janeiro a Março de 2006.
| Grupo de mercadorias |        (mil       US$)  |            %  | 
| Produtos florestais |        1.913.705  |            18,45  | 
| Cereais/leguminosas/oleaginosas |        1.905.056  |            18,37  | 
| Bovídeos - bovinos |        1.640.650  |            15,82  | 
| Cana e sacarídeas |        1.135.947  |            10,95  | 
| Suínos e aves |        1.044.462  |            10,07  | 
| Café e estimulantes |        819.146  |            7,90  | 
| Frutas |        466.094  |            4,49  | 
| Têxteis |        438.119  |            4,22  | 
| Bens de capital / insumos |        437.876  |            4,22  | 
| Agronegócios especiais |        316.303  |            3,05  | 
| Fumo |        151.322  |            1,46  | 
| Pescado |        69.025  |            0,67  | 
| Olerícolas |        26.241  |            0,25  | 
| Flores e ornamentais |        7.442  |            0,07  | 
| AGRONEGÓCIOS |        10.371.388  |            100,00  | 
_____________________________ 
1 Estado produtor (Unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a Unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final. 
2 Estado importador (Unidade da Federação importadora) é definido como a Unidade da Federação do domicílio fiscal do importador. 
3 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit do agronegócio paulista foi de US$ 1,81 bilhão. 
4 Excluindo-se bens de capital e insumos provenientes dos Demais Setores, o superávit do agronegócio brasileiro foi de US$ 8,29 bilhões. 
5 As discussões sobre quantidades e preços baseiam-se em resultados provenientes do cálculo de índices pela fórmula de Fisher. 
__________________________ 
Para download das tabelas: 
..Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Brasil, Janeiro a Março de 2006 
..Principais Mercadorias Exportadas pelo Agronegócio, Estado de São Paulo, Janeiro a Março de 2006 
..Relação de Mercadorias dos Agronegócios, Janeiro a Dezembro, de 2005 
Data de Publicação: 26/04/2006
                Autor(es): 
                José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Sueli Alves Moreira Souza Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        