Artigos
Área Cultivada com Trigo em 2012 Ainda Pode Aumentar
                                   A 
partir de fevereiro desse ano, o real iniciou um movimento de desvalorização, 
intensificado no mês de maio que se finda, indo de encontro às expectativas da 
indústria brasileira que vem sofrendo com o ingresso de produtos importados de 
outros países. O movimento é tênue, mas é um alento. Devido à instabilidade 
provocada pela crise da economia internacional, notadamente na Europa, ainda é 
cedo para o fato poder ser encarado como uma tendência. Da mesma forma que na 
indústria, alguns segmentos da agricultura podem ser beneficiados com a 
desvalorização do real (Figura 1).                A 
elevação do dólar, que no mês de maio registra variação de 9,0%, pode favorecer 
a competitividade do trigo nacional. A produção brasileira de trigo vem sofrendo 
sucessivas frustrações no momento de comercializar o produto, em virtude da 
indústria preferir o produto importado, devido à valorização do 
real.              Além 
da questão do câmbio, outro fator que tem dificultado a comercialização do trigo 
nacional é o da qualidade. Mesmo não sendo autossuficiente no abastecimento 
interno, nos últimos três anos o Brasil tem exportado quantidades significativas 
do produto, o que foi possível em função de quebra de safra em alguns países 
grandes produtores e exportadores nesse período, como Austrália, Rússia e 
Ucrânia. Entretanto, essa situação não é sustentável, uma vez que, normalizada a 
produção desses países, fica dificultada a colocação dos estoques remanescentes 
que foram preteridos pelo mercado.              O 
zoneamento agrícola feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(EMBRAPA) em suas recomendações de época de semeadura de trigo para as 
principais regiões produtoras do Brasil aponta como mais tardias algumas áreas 
nos três Estados da região Sul. No Paraná, o limite é 1º de julho; no Rio Grande 
do Sul e em Santa Catarina, a data limite é 21 de junho. Nos outros Estados com 
alguma expressão na produção de trigo, a data limite recomendada ocorre bem mais 
cedo: 20 de fevereiro para Goiás, 28 de fevereiro para Minas Gerais, 10 de março 
para Mato Grosso, 10 de maio para Mato Grosso do Sul e 20 de maio para São 
Paulo. Para esses Estados, a desvalorização do real chegou tarde. 
             Em 
São Paulo, contudo, de acordo com recomendações do Instituto Agronômico de 
Campinas, na região sul, que concentra a maior área de cultivo de trigo do 
Estado, a semeadura deve ser feita entre 15 de março e 31 de maio, sendo 
tolerada até 15 de junho. Portanto, o triticultor paulista dessa região ainda 
tem duas semanas para expandir a área, caso se sinta estimulado pela elevação da 
taxa de câmbio, de forma que a queda esperada na área de cultivo ainda poderá 
ser parcialmente revertida.              Com 
relação à qualidade, é bom lembrar que nessa safra entra em vigência o novo 
sistema de classificação do trigo, a fim de fomentar a produção de cultivares 
que melhor atendam a demanda da indústria brasileira. A Instrução Normativa n. 
38 de 2010 entra em vigor a partir de 1º de julho de 2012. As classes existentes 
até agora, conforme constam em relatório semanal de conjuntura da CONAB, 
relativo ao período de 23 a 27 de abril de 2012, são: trigo melhorador, trigo 
pão, trigo brando, trigo para outros usos e trigo durum. A partir de 1º de 
julho, as classes serão: melhorador, pão, uso doméstico, básico e outros usos. 
Com exceção da classe de trigo melhorador, cujas exigências permanecem as 
mesmas, ou seja, o valor mínimo da força do glúten (W) continua sendo de 300 
(10-4 J) e o valor mínimo do número de queda (falling number) de 250 
segundos, as exigências para as outras classes foram alteradas. Assim, para a 
classe pão, o valor mínimo do W passa de 180 para 220, e o valor mínimo para o 
número de queda de 200 para 220; para a classe uso doméstico, o W mínimo será de 
160 e o número de queda de 220; para a classe básico, o W será de 100 e o número 
de queda de 200; e para a classe outros usos, não haverá exigência com relação a 
esses parâmetros.              Os 
diversos segmentos da cadeia produtiva do trigo estão cientes dessas mudanças 
desde o ano passado. Já para a atual safra, cujo plantio está em andamento, os 
triticultores deveriam, e devem, amparados pelas instituições de pesquisa, 
procurar os materiais de plantio que satisfaçam esses parâmetros. 
 Palavras-chave: trigo, área cultivada, classificação de trigo. 
  
  

Figura 1 – Taxa de Câmbio, Brasil, 2007 a 2012. 
Fonte: Dados da pesquisa. 
  
  
  
  
  
  
  
  
Data de Publicação: 01/06/2012
Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor

                    
                        