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Exportações dos Agronegócios Paulistas e Brasileiros: detalhamento das evoluções de quantidades e de preços na comparação 2010-2011
                                   A 
análise das exportações dos agronegócios paulistas e brasileiros na comparação 
dos índices de quantidades e preços mostra que o incremento nas exportações 
setoriais brasileiras, que saltaram de US$79,95 bilhões, em 2010, para US$98,94 
bilhões em 2011 (+23,8%), deu-se pelo substantivo incremento dos preços 
internacionais (+23,8%), já que a quantidade embarcada apresenta quase 
manutenção (–0,1%). Quando se verifica a realidade dos agronegócios paulistas, 
com sua estrutura agroindustrial-exportadora, uma vez que 81,0% das vendas 
externas setoriais consistem de produtos processados, o aumento de US$20,20 
bilhões, em 2010, para US$23,11 bilhões em 2011 (+14,4%) deveu-se principalmente 
a acréscimos de preços (+26,9%), dado que as quantidades exportadas mostraram 
significativa queda (–9,8%) (Tabela 1).1 Fica nítido que o desempenho 
externo dos agronegócios, ampliando a geração de divisas, decorre da conjuntura 
favorável de preços internacionais mais elevados. Focando nos preços, tanto no 
nível nacional quanto no paulista, as altas dos mesmos foram muito maiores que a 
variação da taxa média de câmbio, que recuou 10,82% em valores médios de 2010 e 
2011 quando tomada em valores constantes médios de dezembro de 2011.2 
Com isso, a valorização cambial produziu um amortecimento da internalização dos 
maiores preços internacionais na economia interna.              Nos 
agronegócios brasileiros, verifica-se que apenas os produtos básicos mostram 
quantidades crescentes na comparação de 2011 com o ano anterior (+4,8%), tendo o 
maior incremento de preços (+25,9%). À medida que se verifica uma maior 
agregação de valor, as quantidades embarcadas recuam, movimento observado para 
os semimanufaturados (–1,0%) e os manufaturados (+9,7%). E não se trata de uma 
questão somente de preços, dados os aumentos muito superiores à valorização 
cambial (–10,82%) para os preços obtidos nas vendas de semimanufaturados 
(+20,8%) e de manufaturados (+22,1%) (Tabela 1). Esses indicadores revelam de 
forma nítida não apenas que o incremento das exportações nacionais resulta de 
preços substancialmente superiores para quantidades estagnadas ou cadentes, mas 
que há visível melhor condição no mercado internacional de produtos básicos, 
fazendo os embarques dos agronegócios brasileiros se elevarem, enquanto os 
produtos processados (semimanufaturados e manufaturados) mostraram recuos das 
quantidades exportadas.  Tabela 1 - Variações 
Percentuais de Quantidade e Preço das Exportações dos Agronegócios, Brasil e 
Estado de São Paulo, Janeiro a Dezembro de 20111 
             Nos 
agronegócios paulistas verifica-se que todos os perfis de agregação de valor 
mostram redução das quantidades exportadas e elevados aumentos de preços. 
Entretanto, os produtos básicos apresentam a menor queda (–5,4%) e o maior 
incremento de preços (+29,6%), e para perfis de crescente processamento 
agroindustrial aprofunda-se a queda de quantidade, e o crescimento dos preços é 
menor, ainda que muito elevado. Para os semimanufaturados os preços elevaram-se 
em 25,6%, mas as quantidades embarcadas diminuíram em 12,5% e, para os 
manufaturados, os preços cresceram 26,8% e para quantidades menores, 9,6% 
(Tabela 1).              Não 
há diferenças significativas tanto para São Paulo como para o Brasil quando se 
consideram apenas as cadeias de produção, excluindo os bens de capital e 
insumos. Nesse caso, as diferenças ocorrem nos produtos manufaturados, para os 
quais as quedas das quantidades exportadas são maiores (–11,8% no Brasil e 
–11,2% em São Paulo), embora os aumentos dos preços sejam mais significativos 
(+24,0% no Brasil e +29,1% em São Paulo) (Tabela 1). De qualquer maneira, a 
principal conclusão desta análise é que as elevações das exportações setoriais 
decorrem de maiores preços para quantidades em queda (reduzida no caso 
brasileiro), e que os produtos básicos tiveram crescimento de quantidade no caso 
brasileiro e menor queda em São Paulo, quando comparados com os desempenhos dos 
produtos processados.              No 
Brasil, os grupos de mercadorias que apresentaram os maiores incrementos de 
quantidade exportada foram cereais/leguminosas/oleaginosas (+11,50%), têxteis 
(+11,20%), fumo (+9,80%), olerícolas (+5,40%), bens de capital e insumos 
(+5,40%), suínos e aves (+1,30%) e café e estimulantes (+0,20%). As maiores 
quedas foram das flores e ornamentais (–16,70%), bovídeos–bovinos (–13,00%), 
agronegócios especiais (–9,30%), cana e sacarídeas (–9,20%), frutas (–7,00%), 
produtos florestais (–2,50%) e pescado (–2,30%) (Tabela 2). Destacam-se 
nitidamente, no caso brasileiro, os grupos de produtos que concentram as 
principais commodities agropecuárias, como a soja 
(cereais/leguminosas/oleaginosas) e algodão em pluma (têxteis), que formam as 
principais lavouras dos cerrados brasileiros.              Nos 
agronegócios brasileiros, praticamente todos os grupos de produtos tiveram 
incrementos de preços, quais sejam café e estimulantes (+47,30%), olerícolas 
(+45,80%), frutas (+33,20%), cana e sacarídeas (+31,30%), 
cereais/leguminosas/oleaginosas (+27,90%), têxteis (+27,30%), flores e 
ornamentais (+25,10%), bovídeos–bovinos (+20,70%), agronegócios especiais 
(+20,50%), suínos e aves (+16,60%), bens de capital e insumos (+10,40%), 
produtos florestais (+7,00%) e pescado (+4,40%). Apenas o fumo mostrou recuo nos 
preços (–3,30%) (Tabela 2). Ressaltam-se, nesse caso, os preços internacionais 
do café que atingiram patamares recordes na média do ano de 2011. 
             No 
caso paulista, os grupos com incremento de quantidade exportada foram: fumo 
(+103,00%), olerícolas (+25,00%), suínos e aves (+11,30%), bens de capital e 
insumos (+7,70%), produtos florestais (+0,80%) e cereais/leguminosas/oleaginosas 
(+0,30%). Tiveram queda os grupos: têxteis (–22,80%), bovídeos–bovinos 
(–15,00%), cana e sacarídeas (–15,00%), pescado (–13,70%), agronegócios 
especiais (–11,10%), flores e ornamentais (–7,40%), frutas (–5,60%) e café e 
estimulantes (–4,40%) (Tabela 2). Comparando os agronegócios paulistas com os 
brasileiros, em termos de quantidades exportadas dos diferentes grupos de 
mercadorias, verifica-se uma nítida diferença de comportamento derivada de 
razões estruturais, como no caso dos têxteis que crescem no Brasil (+11,20%) e 
recuam em São Paulo (–22,80%), exatamente em função de que as exportações 
nacionais se concentram em produtos primários (algodão em pluma) e as paulistas 
em produtos processados (tecidos e roupas prontas). Isto deriva diretamente do 
fato de no mercado internacional haver incrementos expressivos de processos das 
commodities (o que também estimulou a soja e o café em grão). Enquanto 
isso, o câmbio valorizado barateia a importação de produtos finais (em especial 
têxteis chineses).  Tabela 2 - Variações 
Percentuais de Quantidade e Preço dos Produtos da Pauta de Exportações dos 
Agronegócios, Brasil e Estado de São Paulo, Janeiro a Dezembro de 
20111 
  
  
(%) 
  
  
1Variações em relação a 
igual período do ano anterior, baseadas em índices calculados pela fórmula de 
Fisher. 
     
  
     
       
    
       
     
  Setor 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Agronegócios 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Produtos básicos 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Produtos semimanufaturados 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Produtos manufaturados 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Agronegócios  
       
    
(Exceto bens de 
      capital/insumos)2
       
    
       
    
       
    
       
     
  Produtos básicos 
    
       
    
       
    
       
    
       
     
  Produtos semimanufaturados 
    
       
    
       
    
       
    
       
     Produtos manufaturados 
    
       
    
       
    
       
    
       
2Bens de capital e 
insumos comercializados com os demais setores. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a 
partir de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise das 
informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: 
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: jan. 2012. 
  
  
  
  
  
  
(%) 
| 
       | 
    
       | |||
| Produtos | 
       Quantidade  | 
    
       Preço  | 
    
       Quantidade  | 
    
       Preço  | 
| Têxteis | 
       11,2  | 
    
       27,3  | 
    
       –22,8  | 
    
       20,4  | 
| Têxteis de fibras vegetais | 
       12,7  | 
    
       27,1  | 
    
       –22,1  | 
    
       19,8  | 
| Têxteis de fibras animais | 
       –9,4  | 
    
       28,8  | 
    
       –26,2  | 
    
       23,6  | 
| Bovídeos-bovinos | 
       –13,0  | 
    
       20,7  | 
    
       –15,0  | 
    
       22,1  | 
| Carne bovina | 
       –11,4  | 
    
       25,6  | 
    
       –12,7  | 
    
       25,4  | 
| Pescado | 
       –2,3  | 
    
       4,4  | 
    
       –13,7  | 
    
       17,9  | 
| Peixes | 
       7,3  | 
    
       9,6  | 
    
       –25,7  | 
    
       13,3  | 
| Café e estimulantes | 
       0,2  | 
    
       47,3  | 
    
       –4,4  | 
    
       40,9  | 
| Café | 
       0,3  | 
    
       51,1  | 
    
       –4,5  | 
    
       43,0  | 
| Cana e sacarídeas | 
       –9,2  | 
    
       31,3  | 
    
       –15,0  | 
    
       30,9  | 
| Cana | 
       –9,2  | 
    
       31,3  | 
    
       –15,0  | 
    
       30,9  | 
| Álcool | 
       9,6  | 
    
       33,4  | 
    
       30,3  | 
    
       34,8  | 
| Açúcar | 
       –10,8  | 
    
       31,1  | 
    
       –18,6  | 
    
       30,6  | 
| Frutas | 
       –7,0  | 
    
       33,2  | 
    
       –5,6  | 
    
       38,5  | 
| Frutas processadas | 
       –3,5  | 
    
       37,4  | 
    
       –5,6  | 
    
       39,3  | 
| Laranja | 
       –4,0  | 
    
       40,1  | 
    
       –5,8  | 
    
       40,6  | 
| Frutas frescas | 
       –15,8  | 
    
       22,3  | 
    
       –4,8  | 
    
       19,2  | 
| Olerícolas | 
       5,4  | 
    
       45,8  | 
    
       25,0  | 
    
       29,9  | 
| Flores e ornamentais | 
       –16,7  | 
    
       25,1  | 
    
       –7,4  | 
    
       11,4  | 
| Cereais/leguminosas/oleaginosas | 
       11,5  | 
    
       27,9  | 
    
       0,3  | 
    
       31,5  | 
| Grãos/farinhas/farelos | 
       8,9  | 
    
       27,9  | 
    
       –1,4  | 
    
       31,0  | 
| Gorduras vegetais | 
       12,9  | 
    
       38,8  | 
    
       5,2  | 
    
       36,5  | 
| Grãos para consumo direto | 
       290,3  | 
    
       –4,5  | 
    
       69,3  | 
    
       9,5  | 
| Produtos florestais | 
       –2,5  | 
    
       7,0  | 
    
       0,8  | 
    
       10,2  | 
| Celulose | 
       –1,5  | 
    
       11,7  | 
    
       –2,2  | 
    
       13,5  | 
| Madeira | 
       –2,8  | 
    
       5,0  | 
    
       7,4  | 
    
       0,7  | 
| Borracha | 
       5,2  | 
    
       25,3  | 
    
       –0,9  | 
    
       36,7  | 
| Suínos e aves | 
       1,3  | 
    
       16,6  | 
    
       11,3  | 
    
       16,5  | 
| Aves | 
       2,3  | 
    
       17,4  | 
    
       11,9  | 
    
       16,3  | 
| Suínos | 
       –4,3  | 
    
       12,1  | 
    
       –9,8  | 
    
       23,6  | 
| Fumo | 
       9,8  | 
    
       -3,3  | 
    
       103,0  | 
    
       9,3  | 
| Agronegócios especiais | 
       –9,3  | 
    
       20,5  | 
    
       –11,1  | 
    
       29,9  | 
| Nichos da produção animal | 
       4,7  | 
    
       10,6  | 
    
       –1,9  | 
    
       10,0  | 
| Nichos da produção vegetal | 
       –21,2  | 
    
       31,1  | 
    
       –15,8  | 
    
       42,4  | 
| Bens de capital/insumos2 | 
       5,4  | 
    
       10,4  | 
    
       7,7  | 
    
       6,6  | 
| Fertilizantes e corretivos | 
       –5,4  | 
    
       33,0  | 
    
       40,7  | 
    
       0,3  | 
| Químicos p/ defesa da agricultura | 
       –0,8  | 
    
       4,5  | 
    
       11,0  | 
    
       -4,1  | 
| Maquinaria e peças | 
       9,1  | 
    
       7,2  | 
    
       8,3  | 
    
       7,7  | 
| Agentes ut. ind. têxtil/papel/couro | 
       –13,0  | 
    
       14,1  | 
    
       –13,1  | 
    
       18,9  | 
1Variações 
em relação a igual período do ano anterior, baseadas em índices calculados pela 
fórmula de Fisher. 
2Bens 
de capital e insumos comercializados com os demais setores. 
Fonte: Elaborada pelo Instituto de Economia Agrícola a 
partir de dados básicos de: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO 
EXTERIOR. Secretaria de Comércio Exterior - MDIC/SECEX. Sistema de análise das 
informações de comércio exterior (ALICE). Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: 
<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: jan. 2012. 
  
Os preços médios dos grupos de produtos dos agronegócios paulistas tiveram crescimento expressivo: café e estimulantes (+40,90%), frutas (+38,50%), cereais/leguminosas/oleaginosas (+31,50%), cana e sacarídeas (+30,90%), olerícolas (+29,90%), agronegócios especiais (+29,90%), bovídeos–bovinos (+22,10%), têxteis (+20,40%), pescado (+17,90%), suínos e aves (+16,50%), flores e ornamentais (+11,40%), produtos florestais (+10,20%), fumo (+9,30%), bens de capital e insumos (+6,60%) (Tabela 2). Interessante verificar que nem sempre maiores preços internacionais configuram maiores exportações, como mostra o comportamento de um produto em que os agronegócios paulistas lideram, o suco de laranja, uma vez que com preços muito superiores em moeda norte-americana (+40,60%) as quantidades exportadas recuam (–5,80%). Esse fato se mostra presente principalmente em economias agroindustriais, sendo menos presentes em estruturas primário-exportadoras.
_______________________
1Sobre a balança comercial paulista brasileira, ver GONÇALVES, J. S.; VICENTE, J. R. Balança comercial dos agronegócios paulista e brasileiro no ano de 2011. São Paulo: IEA, 2012. Disponível em: <https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=12272>. Acesso em: jan. 2012.
2A taxa de câmbio média anual consiste na média das cotações do câmbio comercial para venda (real (R$)/dólar americano (US$)) do Banco Central do Brasil disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br>. A transformação em valores constantes médios de dezembro de 2011 deu-se com o uso, como deflator, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Palavras-chave: preços de exportação, preços agropecuários, agregação de valor, quantidades exportadas.
Data de Publicação: 10/02/2012
                Autor(es): 
                José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Roberto Vicente (jrvicente@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        