Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, tanto o IqPR como o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) tem quedas maiores e encerram negativamente em 2,26% e 1,52%, respectivamente (Tabela 1).
 

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: café (14,57%), feijão (8,72%), banana nanica (8,54%), soja (4,77%) e arroz (3,49%) (Tabela 2).
 

            Para o café, os preços em alta decorrem da pressão da demanda interna e da reação do câmbio, em função da desvalorização da moeda brasileira nas últimas semanas que catapultaram os preços recebidos pelos cafeicultores.
 

            A entrada de feijão da safra de inverno, em volume inferior ao esperado por quebras localizadas, numa realidade de demanda firme oriunda da nova classe média, produziu viés de alta para os preços desse alimento, tendência que se manterá até a entrada das primeiras colheitas da safra das águas.
 

            Os preços da banana atingiram níveis elevados em função da redução da oferta provocada pelas enchentes de agosto e da maior procura pelos consumidores, proporcionada pelo clima mais ameno de setembro.
 

            Na soja, os preços refletem diretamente a nova realidade cambial, dada pela abrupta desvalorização da moeda brasileira, levando a incrementos nos preços internos ainda que os preços internacionais tivessem queda.
 

            Para a cultura do arroz, partindo de uma posição de preços muito baixos, os movimentos dos principais centros produtores com as intervenções governamentais permitiram a recomposição dos preços desse alimento nas terras paulistas.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na terceira quadrissemana de setembro foram: laranja para indústria (14,21%), carne suína (12,56%), batata (10,43%), tomate para mesa (6,37%), ovos (5,22%) e trigo (3,24%) (Tabela 2).
 

            A queda dos preços da laranja para indústria decorre da magnitude da safra colhida, com as agroindústrias operando em plena colheita no limite da sua capacidade de moagem e numa realidade de demanda interna plenamente abastecida, conduzindo a queda expressiva dos preços, atingindo patamares críticos para os produtores.
 

            Para a carne suína, a continuidade das incertezas derivadas do endurecimento das regras sanitárias impostas pela Rússia, associada ao fato de que importadores haviam se adiantado, prevenindo-se assim para a entrada em vigor do embargo, produziu maior oferta de animais para o abate e empurrou para baixo as cotações no período.
 

            Na batata verifica-se a tradicional gangorra de preços desta olerícola perecível, importante na alimentação humana. Uma vez que sucedendo conjuntura de alta pela reduzida oferta, entra uma fase de preços cadentes pela regularização da colheita. Similar comportamento tem o tomate, também solanácea muito perecível, agora com preços em queda.
 

            Nos ovos o incremento substancial da oferta nas últimas semanas que finalizou o ciclo de alta dos preços, abriu espaço para o reposicionamento das cotações internas levando a recuo dos preços recebidos pelos granjeiros.
 

            No trigo, as compras anteriores ao câmbio sobrevalorizado que baratearam as importações, numa conjuntura de aumento da oferta pela colheita do trigo nacional, produziu a realidade de preços recebidos em baixa no período crítico da venda da safra que vem sendo colhida.
 

            No período analisado, 9 produtos apresentaram alta de preços (8 origem vegetal e 1 de origem animal) e 11 apresentaram queda (6 origem vegetal e 5 de origem animal).

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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 24/08/2011 a 23/09/2011 e base = 24/07/2011 a 23/08/2011.
 

² Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573