Artigos
Efeito cana ancora alta de 1,51% nos preços agropecuários na segunda quadrissemana de junho
                    
               
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista 
(IqPR)1,2 registrou alta de 1,51% na segunda quadrissemana de junho. 
O IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou com variação positiva de 3,95% e o 
IqPR-A (produtos de origem animal) apresentou queda de 4,56% (Tabela 1). 
             
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua 
importância na ponderação dos produtos) se tem outro cenário, com 
os índices IqPR e IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) 
fechando negativamente em 4,18% e 3,82%, respectivamente (Tabela 1). O 
efeito cana, pela participação no índice, explica sozinho a manutenção de 
variações positivas dos índices calculados. 
  
  
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, segunda quadrissemana de junho de 2011
| 
       São Paulo  | 
    
       São Paulo s/cana  | |
| 
       IqPR  | 
    
       1,51  | 
    
       -4,18  | 
| 
       IqPR-V  | 
    
       3,95  | 
    
       -3,82  | 
| 
       IqPR-A  | 
    
       -4,56  | 
    
       -  | 
            
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: 
tomate para mesa (34,06%), cana de açúcar (9,66%), leite B (7,20%) e o leite C 
(5,19%) e feijão (4,48%) (Tabela 2). 
  
            
Para o tomate de mesa, a menor oferta decorrente das chuvas e temperaturas acima 
da média na primeira metade de maio provocou perdas de produto, que numa 
conjuntura de demanda aquecida gerou a elevação dos preços. 
  
            
Para a cana-de-açúcar, o reposicionamento dos preços da matéria prima 
sucroalcooleira na entrada da nova safra acontece uma vez que na entressafra os 
preços do açúcar e principalmente do álcool (tanto anidro como hidratado) 
tiveram majorações expressivas. Os novos preços dos produtos finais redefiniram 
o novo patamar de preços da matéria prima na entrada da nova safra, o que 
explica o expressivo aumento verificado. Passada essa fase de ajuste as 
variações devem voltar à normalidade. 
  
            
No leite B e C, a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na 
menor oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima. O 
aumento maior para o leite B em relação ao C, o que não é comum para este 
período do ano, deve-se ao fato do aumento do custo das rações. Os produtores de 
leite B são mais dependentes de insumos como o milho e a soja, que tiveram altas 
significativas nos últimos 12 meses. 
  
            
O feijão, dada a perspectiva de oferta menor que a demanda nos próximos meses, 
consolida-se tendência de alta já precificando a ocorrência de escassez que 
vigorará até a entrada da colheita dos primeiros plantios de inverno. 
  
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, na segunda quadrissemana de junho de 2011
| 
       Origem  | 
    
       Produto  | 
    
       Unidade  | 
    
       Cotações (R$)  | 
    
       Variação quadrissemanal (%)  | |
| 
       2ª Maio/11  | 
    
       2ª Junho/11  | ||||
| 
       VEGETAL  | 
    
       Algodão  | 
    
       15 kg  | 
    
       99,75  | 
    
       75,55  | 
    
       - 
      24,26   | 
| 
       Amendoim  | 
    
       sc.25 kg  | 
    
       32,11  | 
    
       30,79  | 
    
       - 
      4,11   | |
| 
       Arroz  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       27,00  | 
    
       28,09  | 
    
       4,05   | |
| 
       Banana nanica  | 
    
       cx.21 kg  | 
    
       10,45  | 
    
       9,81  | 
    
       - 
      6,16   | |
| 
       Batata  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       54,47  | 
    
       35,01  | 
    
       - 
      35,73   | |
| 
       Café  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       506,27  | 
    
       490,29  | 
    
       - 
      3,16   | |
| 
       Cana-de-açúcar  | 
    
       kg de ATR  | 
    
       0,4974  | 
    
       0,5455  | 
    
       9,66   | |
| 
       Feijão  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       103,54  | 
    
       108,17  | 
    
       4,48   | |
| 
       Laranja p/indústria  | 
    
       cx.40,8 kg kg  | 
    
       13,76  | 
    
       13,60  | 
    
       - 
      1,23   | |
| 
       Laranja p/Mesa  | 
    
       cx.40,8 kg  | 
    
       18,03  | 
    
       15,76  | 
    
       - 
      12,62   | |
| 
       Milho  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       25,07  | 
    
       24,98  | 
    
       - 
      0,38   | |
| 
       Soja  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       40,57  | 
    
       41,77  | 
    
       2,95   | |
| 
       Tomate p/ Mesa  | 
    
       cx.22 kg  | 
    
       34,47  | 
    
       46,22  | 
    
       34,06   | |
| 
       Trigo  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       30,09  | 
    
       30,26  | 
    
       0,57   | |
| 
       ANIMAL  | 
    
       Carne Bovina  | 
    
       15 kg  | 
    
       99,55  | 
    
       96,10  | 
    
       - 
      3,47   | 
| 
       Carne de Frango  | 
    
       Kg  | 
    
       1,72  | 
    
       1,57  | 
    
       - 
      8,57   | |
| 
       Carne Suína  | 
    
       15 kg  | 
    
       49,50  | 
    
       42,21  | 
    
       - 
      14,74   | |
| 
       Leite B  | 
    
       Litro  | 
    
       0,82  | 
    
       0,88  | 
    
       7,20   | |
| 
       Leite C  | 
    
       Litro  | 
    
       0,73  | 
    
       0,77  | 
    
       5,19   | |
| 
       Ovos  | 
    
       30 dz  | 
    
       49,24  | 
    
       44,96  | 
    
       - 
      8,69   | |
            
Os produtos que apresentaram as maiores quedas na primeira quadrissemana de 
junho foram: batata (35,73%), algodão (24,26%), carne suína (14,74%), laranja 
para mesa (12,62%), ovos (8,69%), carne de frango (8,57%) e banana (6,16%) 
(Tabela 2). 
  
            
O pico da safra das secas de batata, neste mês de junho, colocou no mercado uma 
enorme quantidade desse produto de perecibilidade elevada, que exacerbando os 
efeitos da sazonalidade diminuiu os preços recebidos pelos seus 
produtores. 
  
            
O algodão apresentou queda conjuntural em função do movimento de redução dos 
preços internacionais. No Brasil, além disso, os preços da pluma sofrem o efeito 
das importações de têxteis chineses feitos pela agroindústria nacional de 
vestuário e confecções, e as possibilidades de ganhos financeiros nas 
importações de pluma, a prazos largos e juros baixos, numa realidade de juros 
internos crescentes. 
  
            
No caso da carne suína, mesmo com a não existência de uma grande oferta de 
cevados, o consumo reduzido pela queda do preço da carne de frango e a 
concorrência da produção de outros estados e do Mercosul tem dificultado a 
colocação do produto paulista no mercado e balizado negativamente os preços 
recebidos pelos suinocultores. 
  
            
Apresentando os melhores preços dos últimos anos, a entrada da safra paulista da 
laranja aumentou a oferta de frutas, diminuindo o preço recebido pelos seus 
produtores (os quais ainda se mostram muito elevados). No caso da laranja para 
indústria, além dos patamares inferiores, as quedas foram menores, dados os 
contratos de integração firmados. 
  
            
Mesmo com a antecipação de descartes, o baixo consumo de ovos não absorveu o 
volume de produção ofertado no mercado, reduzindo os preços recebidos pelos 
produtores de ovos paulistas. 
  
            
Para a carne de frango, a boa oferta frente à demanda estabilizada reflete queda 
nas cotações das aves. Além de frango no mercado spot, animais oriundos 
de integrações continuaram apresentando excedentes nos corredores de abate, o 
que movimentou para baixo os preços recebidos pelos criadores. 
  
            
Os preços da banana comportaram-se dentro dos padrões de variação sazonal. Com a 
intensificação do frio e redução das chuvas a formação dos cachos é retardada e 
reduz a oferta, em contrapartida o consumo cai mais que proporcionalmente, tanto 
pela aparência da banana como pela oferta de frutas concorrentes, como as frutas 
cítricas (laranja e tangerinas). 
  
            
Na segunda quadrissemana de junho de 2011, 8 produtos apresentaram alta de 
preços (6 de origem vegetal e 2 de origem animal) e 12 apresentaram queda (8 de 
origem vegetal e 4 de origem animal). 
  
  
________________________________________ 
1A fórmula de cálculo do índice 
(IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção 
agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e 
divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os 
preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das 
quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/05/2011 a 15/06/2011 e 
base = 16/04/2011 a 15/05/2011. 
2Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: <https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>.
Data de Publicação: 20/06/2011
                Autor(es): 
                Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        