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Efeito cana eleva preços Agropecuários em 7,92% na primeira quadrissemana de junho
                    
             O Índice 
Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista 
(IqPR)1,2 registrou alta de 7,92% na primeira quadrissemana de junho. 
O IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou com variação positiva de 13,22% e o 
IqPR-A (produtos de origem animal) apresentou queda de 5,22% (Tabela 
1).
 
  
            
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua 
importância na ponderação dos produtos) se tem outro cenário, com 
os índices IqPR e IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) 
fechando negativamente em 3,38% e 1,62%, respectivamente (Tabela 
1). 
  
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, primeira quadrissemana de junho de 2011.
| 
       São Paulo  | 
    
       São Paulo s/cana  | |
| 
       IqPR  | 
    
       7,92  | 
    
       -3,38  | 
| 
       IqPR-V  | 
    
       13,22  | 
    
       -1,62  | 
| 
       IqPR-A  | 
    
       -5,22  | 
    
       -  | 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
            Os 
produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: 
tomate para mesa (46,98%) cana de açúcar (24,11%), feijão (19,00%), leite B 
(6,22%) e o leite C (5,50%) (Tabela 2). 
  
            Para 
o tomate de mesa, a menor oferta decorrente das chuvas e temperaturas acima da 
média na primeira metade de maio provocou perdas de produto, que numa conjuntura 
de demanda aquecida gerou a elevação dos preços. 
  
            Para 
a cana-de-açúcar, o reposicionamento dos preços da matéria prima sucroalcooleira 
na entrada da nova safra acontece uma vez que na entressafra os preços do açúcar 
e principalmente do álcool (tanto anidro como hidratado) tiveram majorações 
expressivas. Os novos preços dos produtos finais redefiniram o novo patamar de 
preços da matéria prima na entrada da nova safra, o que explica o expressivo 
aumento verificado. Passada essa fase de ajuste as variações devem voltar à 
normalidade. 
  
            O 
feijão, dada a perspectiva de oferta menor que a demanda nos próximos meses, 
consolida-se tendência de alta já precificando a ocorrência de escassez que 
vigorará até a entrada da colheita dos primeiros plantios de 
inverno. 
  
            No 
leite B e C, a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na menor 
oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima. O aumento 
maior para o Leite B em relação ao C, o que não é comum para este período do 
ano, deve-se ao fato do aumento do custo das rações (os produtores de leite B 
são mais dependentes de insumos como o milho e a soja, que tiveram altas 
significativas nos últimos 12 meses). 
  
  
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, na primeira quadrissemana de junho de 2011.
| 
       Origem  | 
    
       Produto  | 
    
       Unidade  | 
    
       Cotações (R$)  | 
    
       Variação quadrissemanal (%)  | |
| 
       1ª Maio/11  | 
    
       1ª Junho11  | ||||
| 
       VEGETAL  | 
    
       Algodão  | 
    
       15 kg  | 
    
       107,88  | 
    
       77,64  | 
    
       - 28,03  | 
| 
       Amendoim  | 
    
       sc.25 kg  | 
    
       31,91  | 
    
       31,23  | 
    
       - 2,15  | |
| 
       Arroz  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       27,10  | 
    
       28,00  | 
    
       3,34  | |
| 
       Banana nanica  | 
    
       cx.21 kg  | 
    
       10,51  | 
    
       9,78  | 
    
       - 6,91  | |
| 
       Café  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       499,97  | 
    
       495,52  | 
    
       - 0,89  | |
| 
       Cana-de-açúcar  | 
    
       kg de ATR  | 
    
       0,4498  | 
    
       0,5583  | 
    
       24,11  | |
| 
       Feijão  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       92,52  | 
    
       110,10  | 
    
       19,00  | |
| 
       Laranja p/indústria  | 
    
       cx.40,8 kg  | 
    
       13,87  | 
    
       13,56  | 
    
       - 2,22  | |
| 
       Laranja p/Mesa  | 
    
       cx.40,8 kg  | 
    
       19,44  | 
    
       16,18  | 
    
       - 16,75  | |
| 
       Milho  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       25,24  | 
    
       24,76  | 
    
       - 1,90  | |
| 
       Soja  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       41,02  | 
    
       41,37  | 
    
       0,85  | |
| 
       Tomate p/ Mesa  | 
    
       cx.22 kg  | 
    
       30,84  | 
    
       45,33  | 
    
       46,98  | |
| 
       Trigo  | 
    
       sc.60 kg  | 
    
       30,12  | 
    
       30,15  | 
    
       0,13  | |
| 
       ANIMAL  | 
    
       Carne Bovina  | 
    
       15 kg  | 
    
       99,98  | 
    
       96,68  | 
    
       - 3,30  | 
| 
       Carne de Frango  | 
    
       Kg  | 
    
       1,76  | 
    
       1,58  | 
    
       - 10,51  | |
| 
       Carne Suína  | 
    
       15 kg  | 
    
       50,15  | 
    
       44,06  | 
    
       - 12,14  | |
| 
       Leite B  | 
    
       Litro  | 
    
       0,81  | 
    
       0,86  | 
    
       6,22  | |
| 
       Leite C  | 
    
       Litro  | 
    
       0,72  | 
    
       0,76  | 
    
       5,50  | |
| 
       Ovos  | 
    
       30 dz  | 
    
       51,02  | 
    
       44,41  | 
    
       - 12,96  | |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
  
            Os 
produtos que apresentaram as maiores quedas na primeira quadrissemana de junho 
foram: algodão (28,03%), laranja para mesa (16,75%), ovos (12,96%), carne suína 
(12,14%), carne de frango (10,51%) e banana (6,91%) (Tabela 2). 
  
            O 
algodão apresentou queda conjuntural em função do movimento de redução dos 
preços internacionais. No Brasil, além disso, os preços da pluma sofrem o efeito 
das importações de têxteis chineses feitos pela agroindústria nacional de 
vestuário e confecções e as possibilidades de ganhos financeiros nas importações 
de pluma a prazos largos e juros baixos numa realidade de juros internos 
crescentes. 
  
            
Apresentando os melhores preços dos últimos anos, a entrada da safra paulista da 
laranja aumentou a oferta de frutas, diminuindo o preço recebido pelos seus 
produtores (os quais ainda se mostram muito elevados). No caso da laranja para 
indústria, além dos patamares inferiores, as quedas foram menores, dados os 
contratos de integração firmados. 
  
            Mesmo 
com a antecipação de descartes, o baixo consumo de ovos não absorveu o volume de 
produção ofertado no mercado, reduzindo os preços recebidos pelos produtores de 
ovos paulistas. 
  
            No 
caso da carne suína, mesmo com a não existência de uma grande oferta de cevados, 
o consumo reduzido pela queda do preço da carne de frango e a concorrência da 
produção de outros estados e do Mercosul tem dificultado a colocação do produto 
paulista no mercado e balizado negativamente os preços recebidos pelos 
suinocultores. 
  
            Para 
a carne de frango, a boa oferta frente à demanda estabilizada reflete queda nas 
cotações das aves. Além de frango no mercado spot, animais oriundos de 
integrações continuaram apresentando excedentes nos corredores de abate, o que 
movimentou para baixo os preços recebidos pelos criadores. 
  
            Os 
preços da banana comportaram-se dentro dos padrões de variação sazonal. Com a 
intensificação do frio e redução das chuvas a formação dos cachos é retardada e 
reduz a oferta, em contrapartida o consumo cai mais que proporcionalmente, tanto 
pela aparência da banana como pela oferta de frutas concorrentes, como as frutas 
cítricas (laranja e tangerinas). 
  
Na primeira quadrissemana de junho de 2011, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de origem animal) e 11 apresentaram queda (7 de origem vegetal e 4 de origem animal).
_______________________________________________________________________________________________________
¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 09/05/2011 a 08/06/2011 e base = 09/04/2011 a 08/05/2011.
²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 13/06/2011
                Autor(es): 
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