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Distribuição e Representatividade das Exportações dos Agronegócios de 2009-2010, Realizadas pelas Empresas Sediadas nas Diversas Regiões Paulistas
                                 As 
exportações do Estado de São Paulo, segundo o domicílio fiscal das empresas 
exportadoras, somaram no ano de 2010 o montante de US$56,8 bilhões, com variação 
positiva de 22,0% em comparação a 2009, quando atingiu US$46,6 bilhões. A 
participação percentual do agronegócio paulista no total geral exportado pelo 
Estado se mostrou praticamente inalterada nos dois últimos anos com 39,6%, o que 
evidenciou a importância do setor na economia paulista 
(Tabela 1). 
  
Tabela 1 - Valor das 
Exportações das Empresas Sediadas, Estado de São Paulo, 2009-2010 
(US$ 
bilhão) 

  
Fonte: Elaborada pelos autores com 
base em: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. 
Banco de dados: estatística de comércio exterior. Brasília: MDIC, 2011. 
Disponível em: <http://www.mdic. gov.br//sitio/interna/index.php?area=5>. 
Acesso em: 26 jan. 2011.
            As 
exportações do agronegócio paulista totalizaram US$22,5 bilhões em 2010, com 
variação positiva de 21,6% em relação ao ano de 2009. Esse crescimento deveu-se 
a fatores como a recuperação da economia mundial devido à retomada do 
crescimento após a crise de 2008/2009 e ao aumento das cotações dos principais 
produtos agrícolas, com maior importância para as 
commodities. 
  
            A 
título de exemplo, o açúcar em bruto (principal produto na pauta das exportações 
do agronegócio paulista)2 teve um aumento significativo, tanto em 
valores quanto em volume exportado, da ordem de respectivamente 50% e de 11%. O 
café em grão, (não torrado) também apresentou bom desempenho, com elevação de 
57% no valor das vendas, assim como os produtos de bens de capital e insumos 
(24%). Os produtos florestais, suínos, aves e têxteis ficaram na faixa de 15%. 
Já para os produtos do grupo de bovídeos (carne e couro), o aumento foi de 11,8% 
em relação ao mesmo período de 2009, e o grupo de frutas (suco de laranja) 
cresceu 8,2%. 
  
            Ao se 
agregar os valores das exportações dos municípios paulistas, segundo a 
regionalização definida pela área de abrangência dos Escritórios de 
Desenvolvimento Rural (EDRs) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do 
Estado de São Paulo (SAA/SP), verificou-se que o EDR de São Paulo atuou como a 
principal região exportadora paulista, com US$22 bilhões (38,7% de participação 
no total estadual em 2010). Isso também ocorreu para os produtos dos 
agronegócios, cujas vendas externas dessa região somaram US$7,7 bilhões (34,0% 
de participação no total setorial paulista), o que representou variação positiva 
de 15,3% em comparação com o ano de 2009. A representatividade dos agronegócios 
no total exportado pelas empresas localizadas no EDR foi de 34,8%, o que 
configurou as regiões metropolitanas da Capital e da Baixada Santista como as 
mais relevantes para as exportações setoriais paulistas (Tabela 
2). 
  
            
Deve-se registrar que a área de atuação do EDR de São Paulo não consiste numa 
região agropecuária. O expressivo valor dos agronegócios exportados que decorre 
de empresas sediadas principalmente nos municípios de São Paulo e Santos, onde 
se registram as saídas (vendas) para exportação. Isso mostra a relevância da 
utilização do conceito de cadeias de produção (da roça à mesa) para entender as 
dinâmicas das agriculturas regionais, pois apenas assim se pode incorporar os 
corolários dos agrosserviços nas respectivas economias que não se explicam mais 
somente pela magnitude do segmento agropecuário da agricultura. Ademais, as 
exportações regionais, na verdade, não necessariamente representam produções 
regionais, mas produtos exportados por empresas 
regionais3. 
  
            O EDR 
de Araraquara foi a segunda região que mais exportou produtos do agronegócio em 
2010, cujas vendas no valor de US$1,8 bilhão responderam a 8,0% de participação 
nas exportações do agronegócio paulista. Contudo, com variação no crescimento de 
suas exportações de 2010 em torno de 11,5%, ficou abaixo da média do Estado 
(21,8%). Quanto à representatividade das exportações regionais do agronegócio no 
total regional exportado, em Araraquara o agronegócio representa 
74,4%. 
  
            O EDR 
de Jaú com US$1,7 bilhão de exportações agropecuárias (7,7% de participação no 
total paulista), apresentou um crescimento de 34,3% em 2010, em relação ao ano 
anterior. Nessa regional, as exportações do agronegócio refletem quase que a 
totalidade das exportações (99,2%) (Tabela 2). 
  
Os EDRs de Barretos, Lins e Ribeirão Preto vêm logo em seguida, com exportações superiores a US$1 bilhão em 2010 e participação no agronegócio paulista de respectivamente 6,3%, 6,1% e 5,0%. Sobre a representatividade, nos EDRs de Barretos e Lins o agronegócio regional representou mais de 99% nas exportações totais regionais, enquanto que em Ribeirão Preto a participação foi de 80,1% (Tabela 2).
Tabela 2 - Exportação dos 
Produtos dos Agronegócios e Total por EDR, Segundo a Sede das Empresas, 
Classificados por Importância, Estado de São Paulo, 2010 
  
Fonte: Elaborada pelos autores com base em: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. Banco de dados: estatística de comércio exterior. Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: <http://www.mdic. gov.br//sitio/interna/index.php?area=5>. Acesso em: 26 jan. 2011.
                
A presença dos agronegócios nas exportações totais de cada região mostrou que 
das 40 regiões de atuação dos EDRs, 25 delas têm importâncias percentuais 
superiores a 80%. Pela ordem tem-se Presidente Venceslau (100,0%), Assis 
(99,9%), General Salgado (99,9%), Barretos (99,8%), Jales (99,7%), Lins (99,6%), 
Jaú (99,2%), Votuporanga (99,0%), Tupã (98,9%), Catanduva (98,9%), São José do 
Rio Preto (98,0%), Dracena (97,8%), Fernandópolis (97,5%), Franca (97,0%), Avaré 
(96,9%), Araçatuba (96,7%), Presidente Prudente (96,6%), Orlândia (94,6%), 
Jaboticabal (90,9%), Ourinhos (88,5%), Andradina (84,0%), São João da Boa Vista 
(81,6%), Itapetininga (81,6%), Marília (81,0%) e Ribeirão Preto (80,1%) (Figura 
1)4. Esses indicadores mostram que as exportações dos produtos dos 
agronegócios estão crescendo em importância regional, uma vez que em 2006 eram 
20 os EDRs com representatividade acima de 80%5. 
  
Figura 1 – Distribuição 
Geográfica de Representatividade dos Agronegócios nas Exportações Totais por 
EDR, Estado de São Paulo, 2010. 
  
Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. Banco de dados: estatística de comércio exterior. Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/index. php?area= 5>. Acesso em: 26 jan. 2011.
            Ao 
analisar as exportações por grupo de mercadorias dos produtos dos 
agronegócios6, o grupo de cana e sacarídeas (açúcar e etanol) foi o 
principal dentro do agronegócio paulista, atingindo o valor de US$9,2 bilhões e 
representou 41,1% de participação estadual (Tabela 3). Na distribuição dessas 
exportações por região, verificou-se o EDR de São Paulo como o maior exportador 
do setor sucroalcooleiro (principal setor exportador dos agronegócios paulista), 
registrando vendas no valor de US$3,2 bilhões. Isso demonstra que apesar de ser 
uma região metropolitana, existem grandes empresas atuando no setor e também 
escritórios especializados em exportação localizados nessa região. No mesmo 
setor, o EDR de Jaú foi a segunda principal região exportadora (US$1,6 bilhão), 
com destaque para o município de Barra Bonita - principal município exportador 
de açúcar, assim como a sede de uma das principais usinas açucareiras paulistas 
– responsável por quase a totalidade das vendas regionais, com US$1,4 bilhão. Os 
EDRs de Ribeirão Preto e Barretos apresentaram exportações significativas no 
setor, com a soma de aproximadamente US$777 milhões cada (Tabela 
3). 
  
Tabela 3 - Exportação por Grupo de Produtos dos Agronegócios pelas Empresas Sediadas nos EDRs, Estado de São Paulo, 2010
(US$ mil) 
  
  
Fonte: Elaborada pelos autores com base em: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. Banco de dados: estatística de comércio exterior. Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/index.php?area=5>. Acesso em: 26 jan. 2011.
            O 
grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas foi responsável, no ano de 2010, por 
14,9% das exportações do agronegócio paulista, representando US$3,3 bilhões. O 
EDR de São Paulo foi também o maior exportador desse grupo (com US$2,7 bilhões), 
sendo o milho e a soja (grãos e óleos) os principais produtos desse montante. 
Das regionais do interior paulista, o EDR de Tupã exportou cerca de US$132 
milhões derivados das vendas de soja (Tabela 3). 
  
            Já o 
grupo de bovídeos apresentou exportações de US$2,7 bilhões, o que representou 
11,8% das vendas dos agronegócios. O EDR de Lins é a principal região 
exportadora, superando o valor de US$1,2 bilhão. As carnes congeladas, 
preparadas e couros foram os produtos que registraram maiores vendas nessa 
região. Em seguida apareceu a região de Barretos, com exportações de US$369 
milhões, com destaque para as carnes desossadas frescas e congeladas. O EDR de 
Franca, região especializada na produção de calçados (com base no couro do grupo 
de bovídeos), exportou US$163 milhões no ano de 2010 (Tabela 3). 
  
            Em 
2010, o quarto principal grupo em valores de exportação do agronegócio paulista 
foi o dos produtos florestais, com US$1,9 bilhão e participação em 8,4% das 
vendas do setor. Teve como as mais importantes regiões exportadoras do grupo os 
EDRs de São Paulo (US$664 milhões), Mogi das Cruzes (US$284 milhões), Mogi Mirim 
(US$219 milhões), Ribeirão Preto (US$216 milhões) e Campinas (US$155 milhões) 
(Tabela 3). Juntas, essas regiões representaram 75% das exportações desse grupo, 
tendo como o principal produto exportado pelo EDR de São Paulo a resina, e 
papéis para as demais regiões, onde estão localizadas as respectivas plantas 
industriais. 
  
            O 
grupo de frutas (que teve o suco de laranja como seu principal produto) atingiu 
um valor de exportação de US$1,9 bilhão em 2010. A região de Araraquara foi a 
mais importante deste setor, com vendas de US$1,3 bilhão. Os EDRs de Catanduva, 
Barretos e Jaboticabal quase que complementaram as exportações na totalidade 
desse grupo (Tabela 3). Nota-se aqui, que são nessas regiões onde estão 
instaladas as maiores indústrias de processamento de suco de laranja do 
país. 
  
            O 
grupo café, apresentando uma das maiores variações positivas nas exportações 
agropecuárias paulista (45% em relação ao ano anterior), atingiu vendas de 
US$1,2 bilhão em 2010. As regiões que se destacaram nesse segmento foram os EDRs 
de São Paulo (US$637 milhões), Limeira (US$227 milhões) e São João da Boa Vista 
(US$121 milhões) (Tabela 3). 
  
            
Complementando a descrição das exportações regionais do agronegócio no Estado 
de São Paulo em 2010, os demais grupos dos agronegócios (máquinas, insumos, 
suínos, aves, têxteis e outros) somaram exportações de US$2,3 bilhões, 
distribuídos em todas as regiões do Estado (Tabela 3). 
  
            Em 
linhas gerais, esses resultados mostram a importância dos agronegócios, 
principalmente no interior paulista. Os EDRs de São Paulo, Campinas e 
Pindamonhangaba constituem regiões altamente industrializadas com exportações 
significativas de outros setores da economia, especialmente os da metalurgia, 
química, automotivo, aeronaves, telefonia móvel, entre outros. Assim, a 
importância dos agronegócios na ótica da territorialidade das exportações se 
mostra muito superior a 39,6% (Tabela 1) das exportações totais quando 
computadas as vendas externas para o território paulista como um todo. Quando 
excluídas essas regiões do eixo metropolitano e ficando apenas com o interior, a 
participação setorial nas exportações das empresas sediadas no 'interior 
paulista' subiria para 64,6% do total, mostrando a face integradora da economia 
estadual na irradiação dos agronegócios de exportação. 
  
            
Interessante destacar a importância da capacidade operacional das estruturas de 
serviços transacionais financeiros na efetivação das exportações dos 
agronegócios, na medida em que as exportações das empresas sediadas em São Paulo 
venderam produtos setoriais no valor de US$18,5 bilhões em 2009 e US$22,5 
bilhões em 2010, valores estes que são superiores às exportações da produção 
paulista dos agronegócios que somaram US$15,9 bilhões em 2009 e US$20,2 bilhões 
em 20107. Isso significa que as empresas sediadas em São Paulo 
venderam, ao exterior, produtos de outras unidades da federação no valor de 
US$2,6 bilhões em 2009 e US$2,3 bilhões em 2010. 
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1Especificamente neste artigo, detalharam-se as exportações paulistas segundo a área de atuação dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), visando mostrar a importância das vendas externas dos agronegócios em relação às exportações totais de cada região. Para análise, foram utilizados os dados dos principais produtos exportados (40 no total) pelos municípios paulistas, que somados representam 91,58% do valor total exportado, o que possibilitou a criação de um banco de dados de forma a permitir agregá-los por diferentes tipos de regiões. Os dados foram coletados nos relatórios contidos no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e levam em conta a exportação segundo o domicílio fiscal da empresa exportadora, logo não se trata de exportação da produção local, mas da exportação operada por empresas sediadas no dado local.
2Resultado da pesquisa que produziu um amplo conjunto de tabelas por mercadoria, grupo de mercadorias por região e por município, que não serão publicadas pela dimensão do texto. A fonte consiste em IEA-APTA a partir de dados básicos da SECEX/MDIC (ver mais em: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC. Banco de dados: estatística de comércio exterior. Brasília: MDIC, 2011. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/index.php?area=5>. Acesso em: 06 jan. 2011.
3ANGELO, J. A.; GONÇALVES, J. S.; PINATTI, E. Distribuição e representatividade das exportações regionais dos agronegócios no Estado de São Paulo em 2007. Análises e Indicadores do Agronegócio. São Paulo, v. 2, n. 2, 2008.
4Os autores agradecem a colaboração da Técnica de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica, Maria Cristina Teixeira de Jesus Rowies, na elaboração da Figura 1.
5Op. Cit. Nota 3.
6VICENTE, J. R. et al . Sistema de importações e exportações dos agronegócios: conceituação e análise dos resultados, 1997-2001. São Paulo: APTA/SAA, 2001. 356 p. (Série Ação Apta, n. 5).
7GONÇALVES, J. S.; VICENTE, J. R Balança comercial dos agronegócios paulista e brasileiro no ano de 2010. São Paulo: IEA, jan. 2011. Disponível em: <https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto= 12041>. Acesso em: 04 mar. 2011.
Palavras-chave: comércio exterior, exportação, exportação regional, representatividade, agronegócios.
Data de Publicação: 29/03/2011
                Autor(es): 
                José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Eduardo Pires Castanho Filho (castanho@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor              

                    
                        