Para a variação acumulada no período de agosto/08 a agosto/09, os resultados dos índices mostram variações positivas para o IqPR de 1,47% e para o IqPR-V (vegetais) de 7,91%, e para o IqPR-A o acumulado ficou com variação negativa de 13,68%. Desconsiderando a cana-de-açúcar do cálculo do índice, os resultados acumulados apresentam quedas significativas e terminam o período com variações negativas: IqPR em 8,04% e IqPR-V em 3,17% (Tabela 1).
 

            Os produtos do IqPR que registraram altas no mês de Agosto, em comparação com o mês anterior, foram: tomate para mesa (101,94%), banana nanica (50,93%), laranja para indústria (29,11%), arroz (5,17%) e carne suína (4,12%) (Tabela 2).

            Em alguns produtos há efeitos sazonais e conjunturais e noutros estruturais.

            Nos conjunturais têm o caso do tomate para mesa quando o clima da última quinzena de julho (frio e chuvoso) prejudicou a produção reduzindo a oferta do produto, acarretando o aumento das cotações. Também se insere nesse contexto a banana nanica, uma vez que nos dias iniciais de agosto, o clima característico de baixa umidade relativa do ar e temperaturas altas estimula o consumo e leva a pico de preços. Por outro lado, as frutas produzidas no inverno apresentam tamanho e peso menores, configurando menor produtividade e menor oferta.

            Exemplo típico de desajuste estrutural agravado com a queda da demanda de suco de laranja tanto no plano internacional como interno têm-se o caso da laranja para indústria que apresentou a segunda maior alta, o que está refletido no comportamento dos preços é o fato de que até o momento prevalecia a variedade Hamlin e, agora, passou-se a predominar a variedade Pêra do Rio, que dada a qualidade e produtividade do suco, tem preços maiores. Ressalte-se que para os citricultores sem contrato há enormes dificuldades de entrega na usina, a qualquer preço.

            Este último fato impacta diretamente o mercado de laranja de mesa que apresentou queda de preços. Por certo vem contribuindo para isso o tradicional menor consumo de sucos nos meses de inverno. Mas nada se compara aos impactos da entrada de uma parte da laranja para indústria destinada para o consumidor, uma vez que as agroindústrias processadoras ajustaram sua produção ao patamar de demanda internacional, o que as levou a maior rigidez no cumprimento dos contratos que mantinha com citricultores e a reduzir de forma importante aquisições no denominado mercado 'spot' (livre). Desse modo para os sem contrato não há acesso a preços remuneradores.

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços em Agosto foram: carne de frango (16,71%), feijão (16,04%), laranja para mesa (9,42%), milho (6,36%) e batata (5,80%) (Tabela 2).

            O retorno às aulas de milhões de crianças em Estados que prorrogaram as férias (como medida de prevenção à gripe) não foi suficiente para recuperar os preços de alimentos consumidos na merenda escolar.

            Em Agosto, dos produtos analisados 11 apresentaram alta de preços (8 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 9 apresentaram queda (6 de origem vegetal e 3 de origem animal).

            Na comparação dos preços de Agosto de 2009 com o mesmo período do ano anterior, somente 7 produtos tiveram variações positivas e 13 variações negativas. As maiores variações positivas registradas no período foram para: tomate para mesa (173,36%), batata (35,68%), cana de açúcar (16,15%) e banana (12,79%). Já as maiores quedas foram verificadas nas cotações do feijão (54,94%), laranja para mesa (47,49%), laranja para indústria (45,80%), amendoim (40,85%), carne suína (33,95%), milho (24,48%), carne de frango (22,33%) e carne bovina (12,63%) (Tabela 2).

            Assim, se por um lado, estes recuos de preços são bons para o consumidor final que tem preços mais acessíveis para os produtos básicos do item alimentação, por outro lado mostra a descapitalização dos produtores rurais, boa parte devido à desaceleração da economia internacional, levando a queda das exportações brasileiras.

            Destacando os produtos com elevada destinação à exportação verifica-se os preços da soja (+8,30%) e da cana (+16,15%), maiores que no ano de 2008. No primeiro caso a continuidade do crescimento da economia chinesa – importante mercado para a soja brasileira- vem sustentando o patamar dos preços internacionais, realidade que também tem segurado os preços do principal produto da agroindústria canavieira – o açúcar - mas neste caso houve recuo da oferta internacional pela quebra da safra da Índia.
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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/08/2009 a 31/08/2009 e base = 01/07/2009 a 31/07/2009.

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: https://iea.agricultura.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573