Preços agropecuários: queda de 1,90% na segunda quadrissemana de Junho

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1 caiu 1,90% na segunda quadrissemana de Junho. Essa queda deve-se aos produtos de origem vegetal (IqPR-V) que apresentaram variação negativa de 3,81%, já que os produtos de origem animal (IqPR-A) tiveram alta de 2,05% (Tabela 1).

Tabela 1. Variação do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª quadrissemana de Junho de 2007.


São Paulo
São Paulo s/cana
IqPR
-1,90
0,96
IqPR-V
-3,81
-0,10
IqPR-A
2,05
-
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Essa evolução negativa do indicador global reflete a expressiva redução dos preços da cana-de-açúcar, produto que representa um terço do valor da produção agropecuária paulista. Por outro lado, a taxa de câmbio convergindo para baixo impacta, negativamente, os preços internos de produtos que se formam no mercado internacional.

            O resultado do IqPR torna-se positivo, passando para 0,96%, quando se desconsidera a cana-de-açúcar que possui grande participação na ponderação do índice. Mas o IqPR-V ainda continua negativo em 0,10%.

            Apesar das sucessivas variações negativas do IqPR nas sete últimas quadrissemanas, verifica-se uma desaceleração na queda dos preços. No caso dos produtos de origem animal (IqPR-A), nas duas primeiras quadrissemanas de junho essa variação é positiva, com a recuperação do índice em 4,45 pontos percentuais em relação ao mês de maio (Figura 1).

Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 4ª quadrissemana de Março de 2007 à 2ª quadrissemana de Junho de 2007.

 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Nesta quadrissemana, apenas cinco produtos registraram queda nos preços, todos eles do segmento vegetal: banana nanica (15,49%), algodão (7,70%), cana-de-açúcar (7,53%) e as laranjas de mesa (5,29%) e para indústria (4,39%) (Tabela 2).

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, segunda quadrissemana de Junho de 2007.

 
Origem
Produto
Preços (R$)
Variação (%)
2ª Maio/07
2ª Junho/07
VEGETAL
Algodão
44,72
41,28
- 7,70 
Amendoim
23,95
24,65
2,93 
Arroz
27,00
27,51
1,88 
Banana nanica
6,21
5,25
- 15,49 
Café
229,75
231,31
0,68 
Cana-de-açúcar 
333,15
308,07
- 7,53 
Feijão
56,13
77,62
38,30 
Laranja p/ Indústria 
12,30
11,76
- 4,39 
Laranja p/ Mesa 
18,00
17,05
- 5,29 
Milho
16,02
16,49
2,94 
Soja
27,46
28,25
2,88 
Tomate p/ Mesa
18,82
19,10
1,48 
Trigo
29,70
29,70
0,00 
ANIMAL
Carne Bovina
54,08
54,55
0,87 
Carne de Frango
1,26
1,26
0,55 
Carne Suína
31,90
32,54
1,99 
Leite B
0,55
0,57
5,26 
Leite C
0,50
0,53
6,66 
Ovos
35,66
37,62
5,49 
Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            No caso da banana nanica, o recuo no preço se deve à boa oferta do produto. A cotação do produto está chegando a um patamar baixo, ou seja, nas próximas quadrissemanas não deve sofrer uma queda acentuada.

            A cana-de-açúcar apresentou redução de 7,53% nos preços em decorrência do recuo das cotações do açúcar no mercado internacional (acirrado pelo câmbio em valorização) e da queda nos preços do álcool e do açúcar no mercado interno. Ocorre que o preço da cana-de-açúcar é função dos preços dos produtos finais produzidos por essa matéria-prima, bem como do aumento da oferta do produto nesse período de safra, além do bom nível do estoque de álcool nas usinas.

            Também como reflexo dos preços internacionais cadentes tem-se o caso do algodão (-7,70%), afetado pela valorização da moeda brasileira. As commodities com preços internacionais em alta são aquelas pressionadas pela demanda adicional para bio-combustíveis: milho para etanol (+2,94%) e soja para biodioesel (+2,88%).

            Os produtos do IqPR que apresentaram maior alta de preços foram: feijão (38,30%), leite tipo C (6,66%), ovos (5,49%) e o leite tipo B (5,26%) (Tabela 2).

            A transição entre as safras das águas e da seca explica o aumento nos preços do feijão, além do início da entrada da nova safra no mercado, que tem melhor aceitação por parte do consumidor e conseqüentemente maior valorização.

            No caso do leite, o clima prejudicou as pastagens (principal fonte de alimento para os animais), o que é mais acentuado no leite tipo C que teve um aumento maior, reduzindo a oferta. Com o início da entressafra, os preços se elevaram, mas em intensidade inferior aos preços praticados no varejo; ou seja, os laticínios aumentaram os valores recebidos nas suas vendas para a rede varejista, aproveitando-se tanto da condição oligopolística que desfrutam quanto da capacidade de fazer preços na entressafra (Figura 2). 
  
  Figura 2 - Comportamento dos preços do leite (tipo B e tipo C), Estado de São Paulo, janeiro a junho de 2007.


Fonte: Instituto de Economia Agrícola

            Em resumo, no período analisado, treze produtos apresentaram alta de preços (sete de origem vegetal e seis de origem animal), enquanto apenas cinco produtos tiveram redução (todos do segmento vegetal).
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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/05/2007 a 15/06/2007 e base = 16/04/2007 a 15/05/2007.

Data de Publicação: 21/06/2007

Autor(es): Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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