Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Maio de 2023

1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Nos cinco primeiros meses de 2023, as exportações do estado de São Paulo1 somaram US$27,13 bilhões (19,9% do total nacional), e as importações2, US$30,25 bilhões (29,9% do total nacional), registrando deficit comercial de US$3,12 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2022, houve aumento nas exportações de 3,6% e queda nas importações (-2,5%); essa conjunção de desempenhos resultou na redução do deficit
(-35,7%) no saldo da balança comercial paulista.


1.1 – Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio3, o resultado dos primeiros cinco meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+7,1%), alcançando US$10,15 bilhões, e nas importações (+6,3%), totalizando US$2,18 bilhão; com esses resultados, obteve-se superavit de US$7,97 bilhões, 7,3% superior em relação a 2022 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 37,4%, enquanto a participação das importações setoriais é de 7,2% (Figura 1).

Destaca-se que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$16,98 bilhões, e as importações, US$28,07 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$11,09 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$7,97 bilhões).


1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no acumulado de janeiro a maio de 2023 foram: complexo sucroalcooleiro (US$2,61 bilhões, sendo que desse total o açúcar representou 83,2% e o álcool etílico – etanol, 16,8%), complexo soja (US$2,14 bilhão, tendo a soja em grão 87,1% de participação no grupo), setor de carnes (US$1,21 bilhão, em que a carne bovina respondeu por 79,8%), produtos florestais (US$1,13 bilhão, com participações de 51,9% de celulose e 40,1% de papel) e grupo de sucos (US$835,00 milhões, dos quais 97,3% referentes a suco de laranja). Esses cinco agregados representaram 78,0% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sétima posição (atrás do grupo dos demais produtos de origem vegetal), com vendas de US$412,76 milhões, 68,7% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a tabela 1, de janeiro a maio de 2023, na comparação a igual período do ano de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de sucos (+25,7%), complexo sucroalcooleiro (+17,4%), florestais (+6,3%) e complexo soja (+2,8%), e queda nos grupos de carnes (-19,2%) e café (-8,6%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.



 

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista de janeiro a maio de 2023 frente ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,7%) nas exportações paulistas. No total, o grupo subiu 17,4% em valores e recuou 0,9% em volumes exportados, devido ao comportamento das menores quantidades de vendas externas do açúcar (+13,8% em valores e -3,9% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram elevações de 40,3% em volume e de 39,4% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam como principais compradores: Nigéria (9,1%), Marrocos (8,0%), Argélia e União Europeia (7,7% cada um), Coreia do Sul (7,3%), Bangladesh (5,1%), Malásia e Iraque (4,6% cada um), Arábia Saudita (4,4%) e demais países (41,5%).

O grupo composto pelo complexo soja apresentou nos primeiros cinco meses de 2023 a segunda posição na pauta do estado, desempenho positivo com elevação nos embarques (9,7%) e em valores (2,8%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresentou variação negativa de valores (-0,6%), mas com aumento em volumes (+6,3%), quando comparados ao mesmo período de 2022. A China (69,9%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Tailândia (6,7%), Irã (5,2%), Indonésia (2,8%), Índia (2,6%); União Europeia (2,4%) e os demais importadores somam 10,4%.

O grupo de carnes apresenta perdas em valores (-19,2%) e perda em volume (-0,5%) em relação ao período de janeiro a maio de 2022. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou quedas de 25,5% em valores e de 9,5% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+28,8%) e em volumes (+20,3%). A carne suína apresentou resultado positivo em valores (+93,1%) e na quantidade embarcada (+72,2%). Os principais destinos em participação são China (49,6%), Estados Unidos (13,2%), União Europeia (7,6%), Hong Kong (3,4%) e Arábia Saudita (3,1%), enquanto os demais países compradores somam 23,1% de participação.

Os produtos florestais aparecem na quarta posição na pauta paulista, com ganhos em desempenho nos cinco primeiros meses de 2023, e aumentos de 6,3% em valores e de 5,7% na quantidade em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações dos produtos de celulose, principal item do grupo, apresentaram elevação nos valores (+14,8%) e nos embarques (+15,9%). Já o papel obteve variação positiva quanto aos valores (+2,1%) e negativa em relação ao volume (-17,1%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (34,2%), seguida por União Europeia (14,9%), Estados Unidos (9,4%), Argentina (7,4%), Peru (5,5%) e Chile (5,3%). Outros países somam 23,3 % de participação.


O suco de laranja (FCOJ congelados) exibiu aumentos de 29,4% no valor e de 12,5% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas ganharam em valores (45,9%) e em volume (34,8%). Já os outros sucos de laranja não fermentados obtiveram altas de 3,5% em valores e queda de 23,1%em volumes. A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva em valores e em volume (25,7% e 22,9%, respectivamente). Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (44,6%), Estados Unidos (39,1%), China (5,3%) e Japão (4,1%); os demais compradores têm 6,9% de participação.

Para o grupo do café, os resultados apontaram queda de 8,6% nos valores e 11,0% no volume das exportações paulistas. O principal produto deste grupo é o café verde, que apresentou menor vendas externas de 16,3% em valores e de 12,1% em quantidades exportadas pelo estado; já o café solúvel exibiu crescimentos de 16,6% em valores e queda de 6,0% em volume comercializado. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 41,0% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (19,4%), Argentina (7,3%), Japão (6,8%,) Reino Unido (3,0%), Canadá (2,9%) e Coreia do Sul (2,8%); os demais países participam com 16,8%.

 

1.4 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista nos cinco primeiros meses de 2023 foram: salmões (US$168,34 milhões), papel (US$165,39 milhões) e trigo (US$159,57 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 44,8% (US$977,95 milhões) do total importado (US$2,18 bilhões).

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$34,92 bilhões nos cinco primeiros meses de 2023, com exportações de US$136,06 bilhões e importações de US$101,14 bilhões. Esse resultado apresenta aumento de 37,6% no superavit em relação ao mesmo período de 2022, quando alcançou US$25,37 bilhões (Figura 2).


 

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos cinco primeiros meses de 2023 (Figura 3) apresentaram aumento (5,8%) em relação ao mesmo período de 2022, alcançando US$67,31 bilhões (49,5% do total nacional). Já as importações aumentaram em 7,1% no período, registrando US$7,07 bilhões (7,0% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$60,24 bilhões no período, sendo 5,6% superior na comparação com o período de janeiro a maio de 2022 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$68,75 bilhões e importações de US$94,07 bilhões, produziram um deficit de US$25,32 bilhões de janeiro a maio de 2023.

 

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro de janeiro a maio de 2023 foram: complexo soja (US$32,65 bilhões, sendo a soja em grão com 81,2% de participação e 14,6% do farelo de soja), carnes (US$9,36 bilhões, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 40,5%, 45,0% e 12,2%), produtos florestais (US$6,23 bilhões, com participações de 56,2% de celulose e 27,8% de madeira), grupo sucroalcooleiro (US$4,47 bilhões, sendo que desse total o açúcar representou 86,2% e o álcool etílico – etanol, 13,6%) e cereais, farinhas e preparações (US$4,30 bilhões, dos quais o milho em grão representou 71,9% do grupo, o trigo, 15,3% e o arroz, 5,6%). Esses cinco grupos agregados representaram 84,8% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).

 

Ainda conforme a tabela 3, na comparação com os cinco primeiros meses de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque positivo para os grupos cereais, farinhas e preparações (+64,7%), complexo sucroalcooleiro (+37,3%) e complexo soja (+9,7%), enquanto os grupos produtos florestais (-7,5%) e carnes (-5,1%) apresentaram redução. Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

 

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais
produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações nos cinco primeiros meses de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (48,5%) nas exportações brasileiras. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2023, o grupo registrou ganho de 9,7% em valores e de 13,4% em volumes exportados. O desempenho da soja em grão impactou nesse resultado, com ganhos de 9,6% nos valores e de 13,9% nas quantidades exportadas. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram quedas em receitas de 9,3% e de ganhos de 24,6% na quantidade, enquanto o farelo de soja teve variações positivas de 17,7% em valores e de 9,2% em volume, A China representa 57,2% das compras em valores desse grupo, seguida por União Europeia (12,1%), Tailândia (4,8%), Argentina (3,1%) e Índia (2,2%); os demais países importadores somam 20,6%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou redução de 5,1% em valores e aumento de 5,4% em volume em relação aos cinco primeiros meses de 2022. A carne bovina teve redução em valores (-24,8%) e em volume exportado (-9,4%). Com resultado positivo mostram-se as carnes de frango (+14,5% e +10,9%) e a suína, com aumentos em valores e volume de, respectivamente, +29,0 e +16,0%. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 33,7% das compras de carnes; na sequência aparecem União Europeia (5,9%), Japão (5,0%), Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (4,7% cada um) e Estados Unidos (4,2%), enquanto os demais países somam 42,8% de participação.

O grupo de produtos florestais registrou variação negativa para valores (-7,5%) e volume exportado (-4,6%). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de +10,2% e +4,4% para a celulose (principal item do grupo), -29,7% e -16,9% para a madeira, e de -8,9% e -19,2% para o papel. A borracha apresentou desempenho positivo, com elevação nas exportações; contudo, trata-se de produto em que o país é importador, pois a

 

 

produção interna não atende totalmente à demanda do mercado brasileiro. Os principais países importadores desse grupo são China (25,8%), Estados Unidos (22,1%), União Europeia (20,2%) e Argentina (4,3%); os demais países participam com 27,6%.

No total, o grupo sucroalcooleiro subiu 37,3% em valores e 16,0% em volumes exportados, devido ao crescimento das vendas externas do açúcar (34,6% em valores e 13,4% em volume). Para o álcool, os embarques tiveram bom desempenho e apresentaram elevações de 61,3% em volume e de 58,4% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam a sequência composta por União Europeia (10,0%), Argélia (7,3%), Nigéria (7,1%), Marrocos (6,6%), Arábia Saudita (5,8%), Coreia do Sul (5,6%), Bangladesh (4,4%), Índia (4,1%) e Estados Unidos (4,0%); os demais países importadores somam 45,1% de participação.

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresentou desempenho positivo em valores (+64,7%) e em quantidades embarcadas (+63,5%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (+101,1%) e em valores (+111,0%). O arroz em grão teve resultados positivos em valores (+47,6%) e em quantidade (+40,4%), enquanto o trigo apontou reduções em valores (-11,4%) e volume (-15,5%). Os principais destinos são Japão (12,0%), Vietnã e Coreia do Sul (8,2% cada um), China (7,7%), Colômbia (5,9%), Irã (5,8%) e Indonésia (5,2%), restando 47,0% de participação para os demais países.

 

2.5 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro nos meses de janeiro a maio de 2023 foram: trigo (US$608,87 milhões, contabilizando 1,76 milhão de toneladas), papel (US$372,73 milhões), salmões (US$340,40 milhões) e malte (UU$323,46 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos que representam 43,4% (US$3,07 bilhões) do total importado (US$7,07 bilhões).

 

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou estabilidade nas exportações e ganho de 0,6 ponto percentual nas importações nos primeiros cinco meses de 2023, apontando valores de 19,9% nas exportações e de 29,9% de representatividade para as importações (Figura 5).


Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo entre os meses de janeiro a maio de 2023 representaram 15,1% em relação ao agronegócio brasileiro, alta de 0,2 p.p. ante ao mesmo período de 2022; já as importações tiveram queda (-0,3 p.p.), passando de 31,1% para 30,8% (Figura 5).

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional nos primeiros cinco meses de 2023 se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassa 50% do total nacional: sucos (84,69%), produtos alimentícios diversos (73,1%), demais produtos de origem vegetal (65,5%), complexo sucroalcooleiro (58,3%) e plantas vivas e produtos de floricultura (51,7%) (Tabela 5).



1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

 

2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

 

3Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2023.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: jun. 2023.

 

 

 

 

 

 

 

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.


 

 

 

 

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

GHOBRIL, C. N.; OLIVEIRA, M. D. M. . ANGELO, J. A. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Maio de 2023. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 6, p. 1-14, jun. 2023. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 23/06/2023

Autor(es): Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor