1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

No primeiro quadrimestre de 2023, as exportações do estado de São Paulo¹ somaram US$20,58 bilhões (19,9% do total nacional), e as importações², US$23,90 bilhões (30,1% do total nacional), registrando deficit comercial de US$3,32 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2022, houve estabilidade nas exportações e pequeno aumento nas importações (+0,5%); essa conjunção de desempenhos resultou em aumento do deficit (+4,1%) no saldo da balança comercial paulista.

1.1 – Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial do agronegócio³, o resultado dos primeiros quatro meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior, indica que o setor paulista apresentou aumento nas exportações (+4,3%), alcançando US$7,75 bilhões, e nas importações (+5,5%), totalizando US$1,73 bilhão; com esses resultados, obteve-se superavit de US$6,02 bilhões, +4,0% superior em relação a 2022 (Figura 1).

A participação das exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 37,7%, enquanto a participação das importações setoriais é de 7,2% (Figura 1).

Destaca-se que as exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio - somaram US$12,83 bilhões, e as importações, US$22,17 bilhões, gerando um deficit externo desse agregado de US$9,34 bilhões. Desta forma, conclui-se que o deficit do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$6,02 bilhões).

1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio paulista no primeiro quadrimestre de 2023 foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,95 bilhão), sendo que desse total o açúcar representou 79,5% e o álcool etílico – etanol -,  20,5%), complexo soja (US$1,55 bilhão, tendo a soja em grão 88,7% de participação no grupo), setor de carnes (US$931,76 milhões, em que a carne bovina respondeu por 78,6%), produtos florestais (US$883,40 milhões, com participações de 53,5% de celulose e 38,4% de papel), e sucos (US$682,17 milhões, dos quais 97,3% referentes a suco de laranja). Esses cinco agregados representaram 77,4% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Já o grupo de café, tradicional nas exportações paulistas, aparece na sétima posição (atrás do grupo dos demais produtos de origem vegetal), com vendas de US$331,70 milhões (69,3% referentes ao café verde).

Ainda de acordo com a tabela 1, de janeiro a abril de 2023, na comparação a igual período do ano de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de sucos (+29,4%), florestais (+7,0%), complexo sucroalcooleiro (+5,9%) e complexo soja (+1,0%), e queda nos grupos de carnes (-18,9%) e café (-9,9%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

1.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Paulista

Os dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio paulista de janeiro a abril de 2023 frente ao mesmo período do ano anterior são apresentados na tabela 2.

Desses grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação (25,2%) nas exportações paulistas. No total, o grupo subiu 5,9% em valores e recuou 10,7% em volumes exportados, devido ao comportamento das menores vendas externas do açúcar (-1,2% em valores e -15,1% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram elevações de 45,0% em volume e de 46,5% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam como principais compradores: Nigéria (10,1%), União Europeia (9,3%), Coreia do Sul (9,1%), Marrocos (8,6%), Argélia (8,3%), Malásia (5,3%), Egito (4,5%) e demais países (44,8%).

O grupo composto pelo complexo soja apresentou no primeiro quadrimestre de 2023 a segunda posição na pauta do estado, desempenho positivo com elevação nos embarques (2,4%) e em valores (1,0%). A soja em grão, principal produto do grupo, apresentou variações negativas de valores (-0,8%), mas com aumento em volumes (+0,6%), quando comparados ao mesmo período de 2022. A China (74,1%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguida de Tailândia (5,8%), Irã (5,0%), Taiwan (3,0%), União Europeia (2,4%) e Índia (2,2%); os demais importadores somam 7,5%.

O grupo de carnes apresenta perdas em valores (-18,9%) e pequeno ganho em volume (+0,1%) em relação ao período de janeiro a abril de 2022. A carne bovina, com maior contribuição no grupo, registrou quedas de 26,5% em valores e de 11,2% em volume exportado. O desempenho da carne de frango foi de expansão em valores (+40,7%) e em volumes (+26,5%). A carne suína apresentou resultado positivo em valores (+89,0%) e na quantidade embarcada (+53,5%). Os principais destinos em participação são China (48,1%), Estados Unidos (13,1%), União Europeia (7,8%), Hong Kong (3,4%) e Arábia Saudita (3,3%), enquanto os demais países compradores somam 24,3% de participação.

Os produtos florestais aparecem na quarta posição na pauta paulista, com ganhos em desempenho no primeiro quadrimestre de 2023, e aumentos de 7,0% em valores e de 8,1% na quantidade em relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações dos produtos de celulose, principal item do grupo, apresentaram elevação nos valores (+17,6%) e nos embarques (+19,5%). Já o papel obteve variação negativa quanto aos valores (-1,7%) e ao volume (-22,6%). O principal destino em participação de valores exportados é a China (33,4%), seguida por União Europeia (16,0%), Estados Unidos (9,3%), Argentina (7,6%), Peru (5,3%) e Chile (5,1%). Outros países somam 23,3% de participação.

O suco de laranja (FCOJ congelados) exibiu aumentos de 34,4% no valor e de 16,8% em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas ganharam em valores (42,5%) e em volume (30,8%). Já os outros sucos de laranja não fermentados obtiveram altas de 12,9% em valores e queda de 17,0% em volumes. A variação total das exportações do grupo de sucos foi positiva em valores e em volume (29,4% e 21,6%, respectivamente). Os maiores compradores desse grupo são União Europeia (44,2%), Estados Unidos (38,5%), China (5,3%) e Japão (4,8%); os demais compradores têm 7,2% de participação.

Para o grupo do café, os resultados apontaram queda de 9,9% nos valores e 12,3% no volume das exportações paulistas. O principal produto deste grupo é o café verde, que apresentou queda de 17,0% em valores e de 12,7% em quantidades exportadas pelo estado; já o café solúvel exibiu crescimentos de 13,3% em valores e queda de 9,5% em volume comercializado. A União Europeia é o principal destino e suas compras representam 40,2% do valor exportado. Na sequência aparecem Estados Unidos (19,1%), Japão (7,2%,) Argentina (6,9%), Reino Unido (3,4%), Coreia do Sul e Canadá (3,0% cada); os demais países participam com 17,2%.

1.4 - Importações do Agronegócio Paulista

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista no primeiro quadrimestre de 2023 foram: salmões (US$136,96 milhões), seguido de papel (US$133,10 milhões) e trigo (US$120,07 milhões). A figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 44,4% (US$765,90 milhões) do total importado (US$1,73 bilhão).

2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL

A balança comercial brasileira registrou superavit de US$23,91 bilhões nos primeiros quatro meses de 2023, com exportações de US$103,33 bilhões e importações de US$79,42 bilhões. Esse resultado apresenta aumento de 17,1% no superavit em relação ao mesmo período de 2022, quando alcançou US$20,41 bilhões (Figura 2).

2.1 - Análise Setorial do Agronegócio

Na análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2023 (Figura 3) apresentaram aumento (4,3%) em relação aos quatro primeiros meses de 2022, alcançando US$50,60 bilhões (49,0% do total nacional). Já as importações aumentaram em 12,0% no período, registrando US$5,69 bilhões (7,2% do total nacional).

O superavit do agronegócio foi de US$44,91 bilhões no período, sendo 3,4% superior na comparação com o primeiro quadrimestre de 2022 (Figura 3).

Portanto, o comércio exterior brasileiro só não foi deficitário devido ao desempenho do agronegócio, uma vez que os demais setores da economia, com exportações de US$52,73 bilhões e importações de US$73,73 bilhões, produziram um deficit de US$21,00 bilhões no primeiro quadrimestre de 2023.

2.2 - Exportações do Agronegócio Brasileiro por Grupos de Produtos

Os cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2023 foram: complexo soja (US$22,82 bilhões, sendo a soja em grão com 80,7% de participação e 14,8% do farelo de soja), carnes (US$7,26 bilhões, com as carnes bovina, de frango e suína representando desse total, respectivamente, 39,1%, 46,3% e 12,3%), produtos florestais (US$5,06 bilhões, com participações de 57,6% de celulose e 27,2% de madeira), cereais, farinhas e preparações (US$4,03 bilhões, dos quais o milho em grão representou 74,0% do grupo, o trigo, 15,9% e o arroz, 4,3%), e grupo sucroalcooleiro (US$3,28 bilhões, sendo que desse total o açúcar representou 82,7% e o álcool etílico – etanol -, 17,2%). Esses cinco grupos agregados representaram 84,0% das vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3).

Ainda conforme a tabela 3, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2022, houve importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro, com destaque positivo para os grupos cereais, farinhas e preparações (+89,2%), complexo sucroalcooleiro (+26,4%) e complexo soja (+5,6%), enquanto os grupos produtos florestais (-3,3%) e carnes (-5,0%) apresentaram redução. Essas variações nas receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes exportados.

2.3 - Exportações dos Principais Produtos do Agronegócio Brasileiro

A tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais
produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas respectivas variações nos quatro primeiros meses de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022.

Desses grupos relevantes, o grupo complexo soja é o que apresenta a maior participação (45,1%) nas exportações brasileiras. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2023, o grupo registrou ganho 5,6% em valores e de 3,3% em volumes exportados. O desempenho da soja em grão impactou nesse resultado, com ganhos de 4,6% nos valores e de 3,3% nas quantidades exportadas. Para o óleo de soja, os embarques apresentaram estabilidade em receitas com aumento de 26,1% na quantidade, enquanto o farelo de soja teve variações positivas de 13,8% em valores e de 1,1% em volume, A China representa 58,1% das compras em valores desse grupo, seguida por União Europeia (11,9%), Tailândia (4,5%), Argentina (2,3%) e Índia (2,2%); os demais países importadores somam 21,0%.

O grupo de carnes, que tem a segunda posição na pauta brasileira, apresentou redução de 5,0% em valores e aumento de 5,7% em volume em relação ao primeiro quadrimestre de 2022. A carne bovina teve redução em valores (-28,3%) e em volume exportado (-13,9%). Com resultado positivo mostram-se as carnes de frango (+20,2% e +13,5%) e a suína com aumentos em valores e volume de, respectivamente, +30,4 e +16,4%. Nesse grupo, a China se destacou como principal destino e representa 32,0% das compras de carnes; na sequência aparecem União Europeia (6,0%), Japão (5,1%), Arábia Saudita (5,0%), Emirados Árabes Unidos (4,8%) e Estados Unidos (4,3%), enquanto os demais países somam 42,8% de participação.

O grupo de produtos florestais registrou variação negativa para valores (-3,3%) e volume exportado (-0,7%). As variações de valores e volume, respectivamente, foram de +19,0% e +9,8% para a celulose (principal item do grupo), -28,6% e -13,7% para a madeira,

e de -10,3% e -21,9% para o papel. A borracha apresentou desempenho positivo, com elevação nas exportações; contudo, trata-se de produto em que o país é importador, pois a produção interna não atende à demanda do mercado brasileiro. Os principais países importadores desse grupo são China (25,7%), Estados Unidos (22,2%), União Europeia (20,4%) e Argentina (4,3%); os demais países participam com 27,4%.

O grupo de cereais, farinhas e preparações apresentou desempenho positivo em valores (+89,2%) e em quantidades embarcadas (+83,5%). O milho em grão, principal item do grupo, registrou maior exportação em volume (+144,0%) e em valores (+171,3%). O arroz em grão teve resultados positivos em valores (14,3%) e em quantidade (8,1%), enquanto o trigo apontou reduções em valores (-9,3%) e volume (-14,2%). Os principais destinos são Japão (12,8%), Coreia do Sul e Vietnã (8,7% cada), China (7,4%), Colômbia (6,2%), Irã (6,1%) e Indonésia (5,5%), restando 44,6% de participação para os demais países.

No total, o grupo sucroalcooleiro subiu 26,4% em valores e 6,8% em volumes exportados, devido ao crescimento das vendas externas do açúcar (19,8% em valores e 2,5% em volume). Para o álcool, os embarques tiveram bom desempenho e apresentaram elevações de 73,9% em volume e de 72,9% em valores, quando comparados com o mesmo período de 2022. Assim como no estado de São Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos de participação dos países. Os resultados apontam a sequência composta por União Europeia (10,8%), Argélia (7,8%), Nigéria (7,7%), Coreia do Sul (6,7%), Marrocos (6,6%), Estados Unidos (4,4%), Bangladesh (4,2%) e Malásia (3,9%); os demais países importadores somam 47,9% de participação.

2.5 - Importações do Agronegócio Brasileiro

Os principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no primeiro quadrimestre de 2023 foram: trigo (US$514,30 milhões, contabilizando 1,47 milhão de toneladas), papel (US$300,28 milhões), salmões (US$274,64 milhões) e malte (UU$259,12 milhões). A figura 4 apresenta os dez principais produtos que representam 43,2% (US$2,46 bilhões) do total importado (US$5,69 bilhões).

3 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NO BRASIL

A participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os setores da economia) apresentou queda de 0,3 ponto percentual nas exportações e ganho de 0,9 p.p. nas importações no primeiro quadrimestre de 2023, apontando valores de 19,9% nas exportações e de 30,1% de representatividade para as importações (Figura 5).

Para o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo no primeiro trimestre de 2023 representaram 15,3% em relação ao agronegócio brasileiro, mesmo valor que o registrado no mesmo período de 2022; já as importações tiveram queda (-1,9 p.p.), passando de 32,3% para 30,4% (Figura 5).

A participação do agronegócio paulista no agronegócio nacional nos primeiros quatro meses de 2023 se destacou nos seguintes grupos de produtos, cuja participação em valores ultrapassa 50% do total nacional: sucos (86,9%), produtos alimentícios diversos (72,3%), demais produtos de origem vegetal (66,9%) e complexo sucroalcooleiro (59,5%) (Tabela 5).

¹Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados, total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote sua forma final.

²Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a unidade da Federação do domicílio fiscal do importador.

³Os grupos de produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção Tabela de Agrupamentos em MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília: MAPA, 2023.  Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/AGROSTAT.html. Acesso em: maio 2023.

Palavras-chave: agronegócio, balança comercial, exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos.

 COMO CITAR ESTE ARTIGO

ANGELO, J. A.; GHOBRIL, C. N.; OLIVEIRA, M. D. M. Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2023. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 5, p. 1-14, maio 2023. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.