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Balança Comercial dos Agronegócios Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2021
1 - BALANÇA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO No primeiro quadrimestre de 2021, as exportações do Estado de São
Paulo somaram US$15,31 bilhões (18,6% do total nacional) e as importações2,
US$21,00 bilhões (32,9% do total nacional), registrando deficit
comercial de US$5,69 bilhões (Figura 1). Em relação ao mesmo período de 2020,
houve aumento nas exportações (17,3%) e nas importações (12,4%); essa conjunção
de desempenhos resultou ligeiro crescimento de 0,9% do deficit no saldo
da balança comercial paulista nos quatro primeiros meses de 2021. O Estado de São Paulo é o maior polo industrial do país e
concentra grande valor e quantidades de produtos na pauta de importação, e sua
participação na pauta brasileira corresponde a 33,0% em 2021. Além disso, as
importações são registradas no domicílio fiscal do importador. Por esse motivo,
os números de importação se mostram sempre superiores aos da exportação,
apresentando resultados deficitários na balança comercial paulista. 1.1 -
Análise Setorial do Agronegócio Na análise setorial do agronegócio, o
resultado do primeiro quadrimestre de 2021, na comparação com o mesmo período
do ano anterior, indica que o agronegócio3 paulista apresentou
aumento nas exportações (+11,6%), alcançando US$5,66 bilhões, e queda nas
importações (-4,3%), totalizando US$ 1,55 bilhão; com esses resultados,
obteve-se superavit de US$4,11 bilhões, 19,1% superior ao mesmo período
de 2020 (Figura 1). A participação das
exportações do agronegócio paulista no total do estado é de 37,0%, enquanto a
participação das importações setoriais é de 7,4% (Figura 1). Há que se destacar que as
exportações paulistas nos demais setores da economia - exclusive o agronegócio
- somaram US$9,65 bilhões, e as importações, US$19,45 bilhões, gerando um deficit
externo desse agregado de US$9,80 bilhões. Dessa forma, conclui-se que o deficit
do comércio exterior paulista só não foi maior devido ao desempenho do
agronegócio estadual, cujo saldo se manteve positivo (US$4,11 bilhões). 1.2 - Exportações do Agronegócio Paulista por Grupos
de Produtos Os cinco principais
grupos nas exportações do agronegócio paulista, no primeiro quadrimestre de
2021, foram: complexo sucroalcooleiro (US$1,78 bilhão, sendo que, desse total,
o açúcar representou 86,4%, e o álcool, 13,6%), complexo soja (US$907,13
milhões), setor de carnes (US$719,27 milhões, com a carne bovina respondendo
por 87,3%), grupo dos sucos (US$515,39 milhões, dos quais 97,0% referentes a
sucos de laranja) e produtos florestais (US$496,13 milhões, com participações
de 48,3% de papel e 36,6% de celulose). O grupo de café, tradicional nas
exportações paulistas, aparece na sexta colocação (US$239,88 milhões, dos quais
75,6% referentes ao café verde). O agregado dos cinco principais grupos
representou 78,1% das vendas externas setoriais paulistas (Tabela 1). Ainda de acordo com a tabela
1, no primeiro quadrimestre de 2021, em comparação com o primeiro quadrimestre
de 2020, houve importantes variações nos valores exportados dos cinco
principais grupos de produtos da pauta paulista, com aumentos para os grupos de
complexo sucroalcooleiro (+37,4%), carnes (+8,0%) e sucos (18,2%), e quedas
para complexo soja (-9,4%) e produtos florestais (-9,7%). Destaca-se o grupo
café, que obteve aumento de 24,9% nos valores exportados, aumentando sua
participação de 3,8% para 4,2% no agronegócio paulista. Essas variações nas
receitas do comércio exterior são derivadas da composição das oscilações tanto
de preços como de volumes exportados. 1.3 - Exportações dos Principais Produtos do
Agronegócio Paulista Os
dados de valor e volume exportados dos principais produtos dos grupos mais
relevantes do agronegócio paulista nos quatro primeiros meses de 2021 em
comparação com igual período de 2020 são apresentados na tabela 2. Desses
grupos relevantes, o sucroalcooleiro é o que apresenta a maior participação
(31,5%) nas exportações paulistas. No total, o grupo cresceu 37,4% em valores e
28,9% em volumes exportados, devido ao desempenho das vendas externas do açúcar
(40,0% em valores e 27,3% em volume). Para o álcool, os embarques apresentaram
aumentos de 51,9% em volume e de 23,0% em valores, quando comparados com o
mesmo período de 2020. Os destinos das exportações desse grupo são bem
diversificados em termos de participação dos países, e os resultados apontam
como os principais compradores Bangladesh (8,8%), Argélia (8,1%), Arábia
Saudita (8,0%), Nigéria e Indonésia (ambos com 7,3%), e Malásia (6,0%). O
grupo composto pelo complexo soja, que ocupa a segunda posição na pauta do
estado, teve no primeiro quadrimestre de 2021 desempenho negativo com queda nos
embarques (-24,2%) e em valores (-9,4%). A soja em grão, principal produto do
grupo, apresentou variações negativas de valores e volumes (-6,2% e -19,8%,
respectivamente), quando comparados com o mesmo período de 2020. A China
(76,0%) é o principal destino em termos de participação de valores, seguido da
Tailândia (6,2%). O
grupo de carnes aparece na terceira posição na pauta do estado, apresentando
aumento em valores (8,0%) e certa estabilidade em volume (-0,1%) em relação ao
primeiro quadrimestre de 2020. A carne bovina com maior contribuição no grupo
registrou aumentos de 13,3% em valores e de 10,6% em volume exportado. O
desempenho da carne de frango foi de retração em valores (-20,0%) e em volumes
(-17,0%). A carne suína apresentou elevações de 24,5% em valores e de 0,2% na
quantidade embarcada. Os principais destinos em participação são a China
(+45,2%), Estados Unidos (15,6%), Hong Kong (7,7%) e União Europeia (7,0%). O
suco de laranja (FCOJ concentrado) exibiu aumentos de 12,9% no valor e de 25,7%
em volume exportado. Para o suco NFC (não congelado), as vendas externas
cresceram em valores (+20,4%) e em volume (24,0%). A variação total das
exportações do grupo de sucos foi de +18,2% em valores e 24,3% em volume na
comparação com o primeiro quadrimestre de 2020. Os maiores compradores desse
grupo são União Europeia (64,1%), Estados Unidos (19,1%), China (4,4%) e Japão
(2,3%). Os
produtos florestais aparecem com quedas de -9,7% em valores e de -1,5% em
volume em relação ao ano anterior. O produto papel, principal item do grupo na
pauta paulista, obteve variação negativa quanto aos valores (-16,5%) e ao
volume (-8,4%). As exportações dos produtos
de celulose apresentaram quedas nos valores (-12,7%) e ligeiro acréscimo nos
embarques (+0,1%). O principal destino em participação de valores exportados é
a União Europeia (19,4%), seguida por China (16,1%), Estados Unidos (13,5%),
Argentina (6,9%) e Chile (5,1%). Para
o grupo do café, os resultados apontaram aumentos de 24,9% nos valores e de
34,4% no volume das exportações paulistas. O principal produto desse grupo é o
café verde, que registrou aumento de 36,0% em valores e 40,6% em quantidades exportadas
pelo estado, enquanto o café solúvel exibiu decréscimos de 2,3% em valores, mas
incremento de 0,4% em volume comercializado. A União Europeia é o principal
destino e suas compras representam 46,7% do valor exportado; na sequência
aparecem Estados Unidos (16,2%) e Japão (7,4%). 1.4 -
Importações do Agronegócio Paulista Os
principais produtos da pauta de importação do agronegócio paulista nos
primeiros quatro meses de 2021 foram papel (US$112,46 milhões), seguido de
trigo (US$ 99,51 milhões) e óleo de dendê ou de palma (US$79,85 milhões). A
figura 2 apresenta os dez principais produtos que representam 44,4% (US$687,00
milhões) do total importado no primeiro quadrimestre (US$1,54 bilhão). 2 - BALANÇA COMERCIAL DO BRASIL A
balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$18,24 bilhões no
acumulado de janeiro a abril de 2021, com exportações de US$82,12 bilhões e
importações de US$63,88 bilhões. Esse resultado indica aumento de 103,8% no
saldo comercial em relação ao mesmo período de 2020, quando alcançou US$8,95
bilhões (Figura 3). 2.1 - Análise Setorial do Agronegócio Na
análise setorial, as exportações do agronegócio brasileiro nos quatro primeiros
meses de 2021 (Figura 3) apresentaram aumento (+19,8%) em relação igual período
de 2020, alcançando US$36,87 bilhões (44,9% do total nacional). Já as
importações cresceram 9,4% no período, registrando US$5,01 bilhões (7,8% do
total nacional). O
superavit do agronegócio foi de US$31,86 bilhões no período, sendo 21,6%
superior na comparação com o primeiro quadrimestre de 2020 (Figura 2). A participação das exportações do agronegócio no
total nacional recuou 2,0 pontos percentuais e a das importações caiu 0,3 p.p.
no período analisado (Figura 2). Portanto, o comércio exterior brasileiro só
não foi deficitário devido ao bom desempenho do agronegócio, uma vez que os
demais setores da economia, com exportações de US$45,25 bilhões e importações
de US$58,87 bilhões, produziram um deficit de US$13,62 bilhões nos
primeiros quatro meses de 2021. 2.2 -–Exportações do Agronegócio Brasileiro por
Grupos de Produtos Os
cinco principais grupos nas exportações do agronegócio brasileiro no primeiro
quadrimestre de 2021 foram: complexo soja (US$16,02 bilhões, sendo 83,8% de
participação da soja em grãos), carnes (US$5,61 bilhões, com as carnes bovina, frango
e suína representando desse total, respectivamente, 44,9%, 37,9% e 14,6%),
produtos florestais (US$3,93 bilhões, com participações de 49,5% de celulose e
37,4% de madeira), complexo sucroalcooleiro (US$ 2,75 bilhões, dos quais 88,9%
de açúcar) e grupo de café (US$2,05 bilhões, sendo o café verde com
participação de 91,5%). Esses cinco grupos agregados representaram 82,4% das
vendas externas setoriais brasileiras (Tabela 3). Ainda
conforme a tabela 3, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2020, houve
importantes variações nos valores exportados dos principais grupos de produtos
do agronegócio brasileiro, com destaque os grupos de complexo sucroalcooleiro
(+41,9%), complexo soja (+24,2%), café (+21,4%), carnes (+5,9%) e produtos
florestais (+7,0%). Essas variações nas receitas do comércio exterior são
derivadas da composição das oscilações tanto de preços como de volumes
exportados. 2.3 - Exportações dos Principais Produtos do
Agronegócio Brasileiro A
tabela 4 apresenta os dados de valor e volume exportados dos principais
produtos dos grupos mais relevantes do agronegócio brasileiro e suas
respectivas variações no primeiro quadrimestre de 2021 em comparação com o
mesmo quadrimestre de 2020. Desses
grupos relevantes, o complexo soja, que apresenta a maior participação (43,4%),
registrou aumentos em valores (+24,2%) e no volume exportado (+2,7%) em relação
ao mesmo período do ano anterior. O principal produto desse grupo, a soja em
grão, teve elevação de 22,4% em valores e de 3,5% em volume. A China representa
62,5% das compras desse grupo, seguidos por União Europeia (13,6%) e Tailândia
(4,0%), enquanto os demais países importadores somam 19,9%. O grupo de carnes, que tem a segunda posição na
pauta brasileira, apresentou avanço de 5,9% em valores e 6,6% em volume em
relação ao primeiro quadrimestre de 2020. A carne bovina contribuiu nesse
resultado com crescimento de 5,3% em valores e 2,1% em volume exportados. Com
resultado expressivo mostra-se a carne suína (26,9% e 25,1%) e a carne de
frango (0,1% e 4,1%) com aumentos em valores e volume, respectivamente. Nesse
grupo, a China se destacou como principal destino e representa 36,2% das
compras de carnes. Na sequência aparecem Hong Kong (9,2%), Arábia Saudita (5,8%),
Japão e União Europeia (4,5% para ambos), e os demais países somam 39,8% de
participação. O
grupo produtos florestais aparece na terceira posição na pauta brasileira,
apresentando variações positivas em valores (+7.0%) e em volume exportado
(+12,7%). Destaca-se expressivo aumento do valor e volume da madeira (+38,2% e
+36,2%, respectivamente), enquanto celulose e papel apresentaram variações
negativas nas exportações nos primeiros quatro meses de 2021 quando
confrontados com igual período de 2020. Os principais países importadores desse
grupo são Estados Unidos (26,2% de participação), China (24,3%) e União Europeia
(18,1%). Para
o grupo sucroalcooleiro, os resultados do primeiro quadrimestre de 2021 foram
bastante positivos, com crescimento expressivo em valores e quantidades
embarcadas (41,9% e 34,0%, respectivamente). O açúcar exibiu bom desempenho do
grupo, com aumentos para valores (42,5%) e
volumes (32,3%) no período analisado. O mesmo pa- ra o álcool etílico, com
incrementos de 38,0% e 69,2% para valores e quantidades embarcadas, em
comparação com o primeiro quadrimestre de 2020. Assim como o Estado de São
Paulo, os destinos das exportações desse grupo são bem diversificados em termos
de participação dos países. Os resultados apontam Argélia (8,0%), Nigéria
(7,8%), Bangladesh (7,6%), Arábia Saudita (6,6%), Indonésia (6,3%), China
(5,6%) e Irã (4,4%). O
grupo do café apresenta ganho em valores (21,4%) e em quantidade (25,8%), sendo
o café verde o principal produto com variações positivas de 24,2% em valores e
de 26,8% em quantidades exportadas pelo país. Quanto às participações dos
países destinos das exportações em valores, a União Europeia representa 47,2%
desse grupo, enquanto Estados Unidos têm 18,9% e Japão, 6,6%. 2.4 - Importações do Agronegócio Brasileiro Os
principais produtos da pauta de importação do agronegócio brasileiro no
primeiro quadrimestre de 2021 foram: trigo (US$551,59 milhões), papel
(US$279,90 milhões) e malte (US$247,75 milhões). A figura 4 apresenta os dez
principais produtos que representam 41,8% do total importado (US$5,01 bilhões). 2.5 - Participação do Estado de São Paulo no Brasil A
participação paulista no total da balança comercial brasileira (todos os
setores da economia) apresentou queda de 1,3 ponto percentual nas exportações e
estabilidade nas importações no primeiro quadrimestre de 2021, na comparação
com o mesmo período do ano anterior, apontando valores de representatividade de
18,6% nas exportações e de 32,9% para as importações (Figura 5). Para
o agronegócio, as exportações setoriais de São Paulo nos quatro primeiros meses
de 2021 representaram 15,4% em relação ao agronegócio brasileiro, valor -1,1
ponto percentual inferior ao registrado no mesmo período de 2020; já as
importações tiveram queda (5,4 p.p.), passando de 35,4% para 30,9% (Figura 5). 1Estado produtor (unidade da Federação exportadora), para efeito de divulgação
estatística de exportação, é a unidade da Federação onde foram cultivados os
produtos agrícolas, extraídos os minerais ou fabricados os bens manufaturados,
total ou parcialmente. Neste último caso, o estado produtor é aquele no qual
foi completada a última fase do processo de fabricação para que o produto adote
sua forma final. 2Estado importador (unidade da Federação importadora) é definido como a
unidade da Federação do domicílio fiscal do importador. 3Os grupos de
produtos dos agronegócios podem ser vistos na opção “Tabela de Agrupamentos” de
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Agrostat. Brasília:
MAPA, 2020. Disponível em:
http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm. Acesso em:
maio 2021. Palavras-chave: agronegócio, balança comercial,
exportações, importações, comércio exterior, grupo de produtos. COMO
CITAR ESTE ARTIGO ANGELO,
J. A.; OLIVEIRA, M. D. M.; GHOBRIL, C. N. Balança Comercial dos Agronegócios
Paulista e Brasileiro, Janeiro a Abril de 2021. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 16, n. 5, maio 2021, p. 1-13. Disponível em: colocar o link do
artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.
Data de Publicação: 26/05/2021
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Marli Dias Mascarenhas Oliveira (marlimascarenhasoliveira@gmail.com) Consulte outros textos deste autor
Carlos Nabil Ghobril (nabil@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor