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Desempenho do agronegócio paulista favorece emprego no campo em 2002
O Estado de São Paulo, principal produtor agrícola do País, responde por 15,6% do valor da produção agrícola nacional em 20001. É, portanto, relevante acompanhar a evolução do mercado de trabalho no rural paulista com o intuito de proporcionar elementos de decisão para a implantação de projetos e programas para o desenvolvimento setorial2. TABELA 1 - Estimativa da População Trabalhadora Residente e
Não-Residente nas UPAs, Estado de São Paulo, junho de 2001 a Novembro de
2002 TABELA 2. Estimativa da População Trabalhadora em Atividades
Econômicas Rurais Não Agrícolas, Estado de São Paulo, 2001-2002
A recuperação do nível de ocupação nas atividades rurais certamente foi influenciada pelos indicadores positivos da agricultura, pois o valor final da produção da agropecuária do Estado em 2002 atingiu R$ 20,93 bilhões, com crescimento nominal de 20,64% em relação ao ano de 2001. Em termos reais (preços deflacionados pelo IPCA médio de 2002), o crescimento foi de 11,24%3. O comportamento favorável de importantes culturas
empregadoras de mão-de-obra, tais como a cana-de-açúcar, a laranja e com maior
destaque o café, constituiu fator preponderante para o crescimento da ocupação e
do emprego agrícola na safra 2002. ________________________________________ 1TSUNECHIRO, A. Valor da produção agropecuária dos principais estados brasileiros em 2000. Informações Econômicas, 32 (11): 27-38, nov. 2002. 2Para estimar o total de pessoas ocupadas nas
atividades rurais do Estado de São Paulo utiliza-se uma amostra probabilística
composta por 3.204 Unidades de Produção Agropecuária (UPAs), sorteada com base
no cadastro obtido no Censo Agropecuário realizado pela SAA por meio do IEA e da
CATI e conhecido por Projeto LUPA. 3MARTIN, N.B. Valor final da produção paulista em 2002
foi de R$ 20,93 Bilhões. Disponível em < http://www.iea.sp.gov.br/
>. Acesso em 10/06/2003. 4CASER, D. V. et al. Previsões e Estimativas das
Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, ano agrícola 2002/03, 5° levantamento,
junho de 2003. Disponível em < http://www.iea.sp.gov.br/
>. Acesso em 26/08/2003.
As atividades agrícolas e não-agrícolas no Estado ocuparam 1.299.458 e 1.346.661
pessoas em 2001 e 2002, respectivamente (média dos valores obtidos em junho e em
novembro). As estimativas apresentadas mostraram, portanto, recuperação da
ocupação rural em 2002, em relação a 2001, com taxa de crescimento de 3,6%. Do
total ocupado, as atividades agrícolas participaram com 90% (tabelas 1 e 2).
(1) Engloba os familiares que
auxiliam no trabalho. Categoria Residente Número Número Número Número Proprietário (1) 250.343 215.894 241.804 235.381 Administrador 18.965 25.420 Arrendatário (1) 22.093 17.074 20.535 21.490 Parceiro (1) 51.708 34.700 56.597 38.700 Assalariado(2) 205.535 200.263 222.371 234.152 Outros 22.885 17.729 Subtotal 529.679 509.781 541.307 572.872 Não-Residente Número Número Número Número Proprietário (1) 160.440 153.011 156.663 174.506 Arrendatário (1) 27.499 33.232 29.718 37.573 Parceiro(1) 15.456 13.629 18.383 18.473 Assalariado (2) 255.174 207.664 160.987 200.143 Volante 195.720 229.536 251.904 256.880 Subtotal 654.289 637.072 617.655 687.575 Total 1.183.968 1.146.853 1.158.962 1.260.447
(2)
Engloba administrador, mensalista, diarista, tratorista, etc.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral.
(1) Pessoas
residentes ou não na UPA, ocupadas em usina de açúcar, de leite, olarias, etc.
Setor Número % Número % Número % Número % Atividades Industriais
(1) 95.607 105.151 Atividades Administrativas
(2) 7.685 7.357 Prestação de Serviços
(3) 10.581 12.325 Sub Total 113.873 124.833 Atividades Industriais e
de . . . . . . . . Serviços na cidade 24.641 19.745 Total 138.514 144.578
(2) Pessoas residentes ou não na UPA, ocupadas em
empresas agroindustriais
(3) Pessoas residentes ou não
na UPA ocupadas em pesqueiros, hotelaria, turismo, etc.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral.
As médias anuais por categoria mostram boa recuperação do emprego assalariado,
com crescimento de 23,1%, em 2002, em relação a 2001. A seguir, aparecem
parceiros e arrendatários, com aumento na ocupação de 10,3% e de 7,3%,
respectivamente. Proprietários e familiares apresentaram menor percentual de
crescimento, ou seja, 2,3%. A ocupação da mão-de-obra residente apresenta
diferenças nos meses de junho e de novembro, pois proprietários, parceiros,
arrendatários e seus familiares são mais requisitados em junho, época de
colheita de café
Os indicadores de ocupação de trabalhadores não-residentes (médias anuais) foram
positivos para todas as categorias em 2002, com maior destaque para parceiros
(26,7%), volantes (19,6%) e arrendatários (10,8%). Proprietários e familiares
apresentaram menor percentual de crescimento (5,7%). A exceção foram os
assalariados, com decréscimo de 22,0%.
Na análise da evolução da agricultura paulista entre as safras 2001/02 e 2002/03, verificou-se que os índices agregados para o conjunto de culturas mostraram estabilidade de produção, acréscimo de área (4,17%) e queda na produtividade da terra (2,48%), de acordo com as informações do 5o levantamento de campo realizado em junho de 20034. Observaram-se acréscimos de área e de produção para
algodão (10,6% e 17,0%, respectivamente), milho (1,9% e 10,3%) e soja (8,7% e
5,5%). Para o arroz, foram registradas retrações de área e de produção (7,1% e
1,5%), porém com produtividade maior que a obtida na safra passada (6,0%).
Para a cana-de-açúcar de indústria, as previsões para 2002/03 são de elevação na
área (5,9%), reflexo da implantação de novas usinas, na produção (5,0%) e no
rendimento (2,4%), em relação ao ano agrícola anterior, proporcionadas pelas
condições climáticas adequadas à cultura. Para a cafeicultura, os dados
indicaram manutenção na área e forte queda no rendimento (39,0%), em
conseqüência do ciclo bianual da cultura e das condições climáticas
desfavoráveis.
A safra de laranja em São Paulo deve atingir 333,06 milhões de caixas (40,8kg),
com queda de 7,9% em relação à safra passada (de 361,7 milhões de caixas). As
causas são a estiagem nas principais regiões produtoras, ao longo do segundo
semestre de 2002, e as elevadas temperaturas em dezembro, que prejudicaram a
florada e provocaram a quebra de safra. A área plantada teve redução de 0,3%.
A partir desse quadro referencial, esperam-se alterações na ocupação de
mão-de-obra em decorrência, principalmente, das previsões menos favoráveis das
colheitas de café e de laranja. Porém, para se compor o panorama geral do
emprego agrícola 2002/2003, deverá ser considerado o desempenho das demais
atividades, dentre as quais as frutíferas e as olerícolas.
Data de Publicação: 29/08/2003
Autor(es):
Maria Carlota Meloni Vicente (carlota@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Vera Lucia Ferraz dos Santos Francisco Consulte outros textos deste autor
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