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Máquinas Agrícolas Automotrizes: Análise Do Segmento De Colhedoras1
Em 1999, considerando os fabricantes de colhedoras instalados no Brasil, o
faturamento conjunto somou R$ 1,24 bilhão, com 4.441 empregos diretos ligados ao
segmento. Apesar desses números não serem constituídos exclusivamente da
produção de colhedoras, sua importância decorre do fato de que o setor pertence
à indústria automobilística, participando em cerca de 10% do PIB.
Existe grande influência da mecanização na expansão da agricultura. A introdução
de inovações agrícolas mecânicas (e também químicas e biológicas) incrementa a
produtividade do trabalho, repercutindo positivamente sobre o ambiente
macroeconômico (inclusive sobre a demanda e a qualidade de vida urbanas).
Entre 1997 e 2000, a produção de colhedoras cresceu 14%. Em 1997, foram
produzidas 3.715 unidades e em 2000 montaram-se 4.247 máquinas. Essa mudança no
patamar da produção do ramo decorreu do aumento principalmente da demanda
interna e não das exportações (Tabela 1).
(em unidade)
Ano | | | | ||
| | ||||
1997 | 3.715 | 1.662 | 1.709 | 1.906 | |
1998 | 4.063 | 2.406 | 2.524 | 1.766 | |
1999 | 3.760 | 2.850 | 2.906 | 677 | |
2000 | 4.247 | 3.628 | 3.780 | 684 |
Fonte: ANUÁRIO (2000).
Os
países que compõem o Mercosul constituem o maior mercado de destino das
exportações de colhedoras. Em 1999, ainda que a crise cambial brasileira tenha
conturbado o ambiente de negócios, o bloco meridional representou 52% do total
destinado ao exterior. Outro mercado relevante para as exportações de colhedoras
brasileiras é a União Européia que importou 26% do total.
A produção de colhedoras é concentrada, uma vez que existem apenas três
fabricantes no País. Esse fato, entretanto, não impede que ocorram alterações na
participação relativa sobre o total da produção entre os fabricantes. Em 1999, a
New Holland (atual CNH) foi a empresa líder na venda de colhedoras, com vendas
de 1.267 máquinas, seguida de perto pela SLC-John Deere.
Existe sazonalidade nas vendas mensais de colhedoras, ocorrendo vendas menores
entre abril e novembro, com o mínimo observado em julho e as maiores vendas de
dezembro a março, com pico em fevereiro, antecedendo a colheita das principais
culturas de verão (figura 1). Há alta correlação entre o crédito agrícola de
investimento (principalmente com o Finame-agrícola) e as vendas de colhedoras no
mercado interno, calculada em 0,87% para o período 1990-99.
Fonte: Elaborada a partir de
dados básicos da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores
(ANFAVEA).
Em 2000, a balança comercial de colhedoras situou as exportações bastante acima
das importações, com 684 contra 152 equipamentos. Entretanto, ao se comparar com
os resultados de 1999, percebe-se grande aumento nas importações, de 171% (de 56
máquinas em 1999 para 152 máquinas em 2000), enquanto que as exportações tiveram
crescimento modesto. Mesmo que o resultado das importações em 1999 tenha sido
alterado por causa da desvalorização cambial do real, o pequeno crescimento
observado em 2000 sugere que o produto nacional carece de quesitos tecnológicos
e de desenho, tornando mais atraente o produto importado.
A ampliação de políticas públicas de apoio à aquisição de máquinas agrícolas
motivou o surgimento dos bancos pertencentes às montadoras, que progressivamente
têm dominado o volume de liberações de créditos de investimento para a compra de
equipamentos, especialmente de colhedoras. Prevê-se que a participação de tais
instituições aumente no transcorrer dos próximos anos.
Diversas inovações tem surgido, destacando-se aquelas induzidas pela necessidade
de ganhos de eficiência na etapa de colheita. Assim, numerosos produtores, por
estarem descapitalizados ou optarem pela não imobilização de recursos, têm
aderido à contratação de serviços de colheita. Nas regiões produtoras de grãos,
o avanço desse tipo de relação comercial somente não é maior por carência de
mão-de-obra especializada e de existência de empresas qualificadas. Por outro
lado, a diminuição das despesas, além do baixo custo fixo, tem atraído número
crescente de produtores interessados na terceirização da colheita.
O reconhecimento da eficácia da prática de agricultura de precisão acrescenta
vantagem adicional para a terceirização da colheita, devido às exigências em
capacitação técnica e de domínio das ferramentas tecnológicas de última geração.
Finalmente, os serviços de terceirização da colheita auxiliam bastante no
desafio de superar o obstáculo representando pelo envelhecimento da frota de
colhedoras existente no País.
1 Convênio USP/ESALQ/DERS e IEA-APTA/SAA. Os autores agradecem a colaboração de Fabricio Pastre. |
Data de Publicação: 05/02/2001
Autor(es):
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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