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Comportamento Do Produto Interno Bruto Do Brasil E De São Paulo, Na Década De 90
Introdução Os
anos 90s foram caracterizados por grandes transformações na economia brasileira,
ocasionadas principalmente pela liberalização comercial e financeira e também
pela implementação de políticas de estabilização. Barreiras tarifárias e não
tarifárias foram reduzidas bem como poupança externa foi atraída. Planos de
estabilização foram tentados, tendo sido o Plano Real, implementado em 1994, o
único a conseguir conter o ritmo da inflação após várias décadas de
perturbações. As comparações O
coeficiente de determinação (R2 ) da função de crescimento foi superior a 90%
para o Brasil e superior a 80% para São Paulo, o que mostra um bom ajustamento.
O teste t mostrou significância estatística a 1% para todas as taxas.
A relação entre liberalização, num contexto de estabilização, e crescimento
econômico foi alvo de controvérsia durante este período.
Esse artigo tem a finalidade de avaliar a evolução de São Paulo à luz da
evolução nacional na década de noventa. Para isso foram usados os dados do
Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo e do Brasil, total e por setores de
atividade.
Para São Paulo, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE) disponibiliza a série de dados anuais, por setor de atividade econômica, que está calculada pelo Valor Adicionado Bruto a Preço Básico constante de 1998, sendo a diferença para o PIB total a preços de mercado devido a impostos e subsídios1. Diante da inexistência de
informações detalhadas, o procedimento aqui utilizado foi o de considerar que os
impostos e subsídios são relativamente proporcionais aos três setores de
atividade. Dessa forma, foi calculado o PIB a preços de mercado, constantes de
1998, por setor de atividade econômica.
Para o Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
disponibiliza a série encadeada do índice trimestral do valor adicionado por
setor de atividade e o PIB a preços de mercado, de 1990 a 2002, onde a base de
comparação é a média de 1990=100.
Para tornar os dados nacionais comparáveis aos estaduais, os índices trimestrais
foram reponderados e anualizados através de média simples. Dessa forma foram
calculados os índices do PIB por setor de atividade com base de 1990=100.
A metodologia de análise usada foi a de comparação da taxa de crescimento anual,
estimada através do método de mínimos quadrados, para o período de 1990 a 1998,
período este em que há dados para as duas esferas.
A taxa de crescimento do PIB brasileiro foi de 3,19 %, no período de 1990-98,
conforme dados do IBGE. Os setores de atividade econômica, que compõem o PIB,
cresceram a taxas de 3,64% para agropecuária, 3,90% para indústria e 2,50% para
serviços (quadro 1).
( em % ao ano )
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*Significativo a 1%.
Fonte: Informações elaboradas a partir de dados básicos de
IBGE / SEADE.
IBGE. Contas nacionais trimestrais. Disponível http://www.ibge.net/home/estatistica/indicadores/pib/cntvolval4t01quadro5.shtm
SEADE. Contas regionais: produto interno bruto. Disponível em: http://www.seade.gov.br/titabpv98/cre/ANU99/cre99001.htm
___________________. Disponível em :
http://www.seade.gov.br/titabpv98/cre/ANU99/cre99004.htm
Em
igual período, o PIB de São Paulo apresentou crescimento de 3,20 %, de acordo
com dados do SEADE/ IBGE. Porém, os setores de atividade evoluíram de modo
diferente, ou seja, a agropecuária cresceu à taxa de 3,32 %, indústria, 2,93 % e
serviços, 3,39 %.
O que se observa é que, em São Paulo, os setores de serviços e agropecuário
evoluíram mais, relativamente ao setor industrial. No nível de Brasil,
entretanto, os setores industrial e agropecuário lideraram o crescimento no
período, tendo o setor de serviços apresentado menor crescimento. Uma explicação
para o baixo desempenho da indústria em São Paulo pode estar na dinâmica de
vários ramos da indústria de outras regiões do país que contribuíram para esse
resultado, tendo superado a indústria instalada em São Paulo. A diferença de
impostos e subsídios entre setores e/ou entre estados também pode estar na causa
deste resultado.
Pode-se frisar que, durante a década de 90, o setor agropecuário contribuiu para
o crescimento do PIB, não apenas em São Paulo como também no país como um todo.
O que pode ser questionado é se essas taxas de crescimento, tanto totais quanto
setoriais, constituem-se suficientes para promover o desenvolvimento paulista e
brasileiro tendo em vista as taxas recomendadas por organismos multilaterais.
1 A metodologia de cálculo do PIB pode ser encontrada em CONSIDERA, C. M. e MEDINA, M. H. PIB por unidade da federação: valores correntes e constantes – 1985/96. Rio de Janeiro, IPEA ,1998. 32p. (Texto para discussão n? 610) e SILVA, A. B. de O. e MEDINA, M. H. Produto Interno bruto por unidade da federação – 1985-1998. Brasília, IPEA, 1999. 19p. (Texto para discussão n? 677). |
Data de Publicação: 17/04/2002
Autor(es): Samira Aoun (samira@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor