Amendoim: 2023 mantém cenário de expansão com exportações do grão em alta e retração para o óleo


 

Na última década a expansão da produção brasileira de amendoim foi permeada pelo aumento da área plantada; tanto assim que, na safra 2012/13, eram 97 mil hectares e em 2022/23 foram 220 mil hectares plantados. Para a produção, em 2013, foram colhidas 326 mil toneladas e, em 2023, em torno de 893 mil toneladas; este resultado também foi impulsionado pelo ganho em produtividade. Nesse período, o estado de São Paulo respondeu, em média, por 90% da produção nacional1.

Em território paulista, o amendoim tem conquistado espaço importante na dinâmica socioeconômica estadual e, em 2023, alcançou a décima posição entre os 50 produtos do Valor da Produção Agropecuária Paulista, somando um total de R$2,812 bilhões2. No recorte regional, em 2022, a cultura do amendoim ocupou o terceiro lugar entre os principais produtos das regionais agrícolas de Jaboticabal e Marília, o quarto em Tupã e Dracena e o quinto principal produto na regional de Lins3.

A liderança paulista também está nas exportações; São Paulo atende, praticamente, todo o comércio externo brasileiro para as mercadorias da cadeia de produção do amendoim. Esse mercado constitui o principal canal de comercialização do amendoim e, assim como a produção, a exportação de mercadorias da cadeia de produção de amendoim também está em expansão. Ano a ano, o Brasil vem incrementando suas exportações, principalmente, a partir do amendoim descascado e do óleo de amendoim, explorar esse contexto, com ênfase no ano de 2023, consiste no objetivo deste artigo.

Em 2023 as exportações de amendoim descascado registraram alta e mantiveram o cenário de expansão construído nos últimos anos. Quando comparados ao ano de 2022, os resultados apontam incremento de 4,28% nos volumes exportados e de 33,40% para os valores, contabilizando 297 mil toneladas exportadas que somaram US$443 milhões para o amendoim em grão (Figura 1). Em 2023 as cotações foram puxadas pelo incremento de 3% nas importações mundiais do produto4.

 

Os principais destinos do amendoim em grão brasileiro ficaram concentrados em três países que responderam por 61% das exportações em 2023. A Rússia, que desde 2016 é principal destino5, respondeu por 28,31% dos volumes exportados, seguida da Argélia com 23,59% e da Holanda com 9,56%. Apesar de a Rússia ter mantido sua posição, a comparação entre os anos de 2022 e 2023 aponta redução de 11,20% nas exportações para este país que totalizaram 87 mil toneladas frente às 98 mil registradas em 2022; já para os valores, a alta ficou em 15,23%, reflexo do incremento nas cotações do produto.

Por outro lado, as exportações brasileiras foram ampliadas em 71,70% para a Argélia que somaram, em 2023, pouco mais de 67 mil toneladas e US$105 milhões, 141,77% superior ao valor alcançado em 2022. A Holanda, também, registrou aumento de 15,36% nos volumes e de 35,15% para os valores, somando em torno de 27 mil toneladas e US$42 milhões. Além desses destinos, o amendoim descascado brasileiro foi exportado para outros 87 países, sendo destaque, em 2023, a África do Sul que, praticamente, duplicou suas importações, assim como, Polônia, Reino Unido, Colômbia, Espanha e Austrália, países que se consolidam como destinos importantes para o amendoim brasileiro6 (Figura 2).

A origem das exportações do amendoim em grão posiciona municípios paulistas. Em 2023, o município de Tupã respondeu por 27,38% do total do volume exportado dessa mercadoria, seguida de Borborema com 16,85% e Parapuã com 8,57%, juntos os três municípios responderam por 52,80% das exportações de amendoim em grão. Tem destaque, ainda, Jaboticabal, Sertãozinho e Pompeia que, tradicionalmente, estão entre os principais municípios exportadores7 (Figura 3). Já o município de Dumont registrou exportações superiores aos volumes embaraçados nos anos de 2022 e 2021, encerrando 2023 com quase 24 mil toneladas exportadas.

 

Para o óleo de amendoim em bruto, o ano de 2023, registrou queda nas exportações em comparação a 2022. Quando considerados os volumes exportados, a retração foi de 36,97%, e de 34,71% para os valores, indicando cotações em alta, em torno de 56% superiores aos patamares praticados no ano de 2019 (Figura 4).

Os resultados estão alinhados, principalmente, ao comportamento da China, destino de 80% do óleo de amendoim brasileiro, que em 2023, reduziu em 40% suas importações, totalizando 68 mil toneladas, diante de 114 mil toneladas em 2022. A Itália, que respondeu por 18% das exportações, registrou retração de 20,65%, juntas China e Itália, representam 98% das exportações de óleo de amendoim bruto do Brasil, que atendeu, em 2023, outros 35 países; dentre eles, Holanda, Estados Unidos Canadá e Japão.

Além do óleo de amendoim em bruto, a mercadoria outros óleos de amendoim também têm como principais destinos China e Itália e, em 2023, somou pouco mais de 10 mil toneladas exportadas que corresponderam a US$19 milhões.

 

Catanduva, município paulista que, tradicionalmente, exporta óleo de amendoim, vem acompanhado de Itaju, município que iniciou suas operações com exportação de amendoim no ano de 2021, juntos, responderam por 54% do total exportado em óleo de amendoim no ano de 2023. Também se destacaram os municípios paulistas de Parapuã, Jaboticabal e Paraguaçu Paulista que juntos participaram de quase 30% das exportações de óleo. Petrópolis, município do Rio de Janeiro que, iniciou suas operações em 2020, se posicionou entre a lista dos principais municípios de origem das exportações brasileira de óleo de amendoim no ano de 2023, respondendo por 10,56% do total. A lista conta, ainda, com a participação de Paraíso e de Borborema, este último, município importante, também, na exportação do amendoim em grão (Figura 5).

 

Para as exportações de amendoins preparados ou conservados, o ano de 2023 apresentou alta de 12,61% nos valores e de 5,54% para os volumes exportados, totalizando mais de US$16 milhões. Esse resultado apresenta avanço considerável em relação aos anos de 2021 e 2022, quando foram mantidas exportações em torno de 7 mil toneladas e valores em torno de US$14 milhões (Figura 6). Para essa mercadoria, Chile, Estados Unidos, Peru, Ucrânia e Uruguai são os principais destinos e, juntos, somam 53% da quantidade total exportada pelo Brasil.

As informações aqui apresentadas e discutidas indicam que, apesar da retração nas exportações do óleo de amendoim entre 2022 e 2023, o ano de 2023 em comparação ao anterior, apresentou aumento de 2,39% para os valores totais das exportações brasileiras de mercadorias relacionadas à cadeia de produção do amendoim, totalizando US$642 milhões. Por outro lado, quando considerados os volumes, 2023 registrou queda de 9,92% em relação ao total das exportações em 2022. A alta nas cotações, especialmente, do amendoim descascado, contribuiu para esse resultado que, mais uma vez, reforça o momento de expansão e conjuntura favorável de evolução da cultura do amendoim e de suas contribuições para o desenvolvimento da agropecuária e da agroindústria paulista e brasileira.

  

1COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Amendoim. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras/itemlist/category/899-amendoim. Acesso em: 10 jan. 24.

 

2MONTEIRO, A. V. V. M. et al. Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado preliminar 2023. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 12, p. 1-8, dez. 2023. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16175. Acesso em: 10 jan. 2024.

 

3SILVA, J. R. da et al. Valor da Produção Agropecuária Paulista em 2022: resultado por região. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 9, p. 1-13, set. 2023. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16166. Acesso em: 10 jan. 2024.

 

4De acordo com USDA, a produção mundial de amendoim em 2022 foi estimada em 51,9 milhões de toneladas e em 2023 em 49,4 milhões de toneladas; os volumes importados previstos em 4,05 e 4,17 milhões de toneladas, respectivamente. Cabe lembrar que os principais países produtores, também são os principais consumidores de amendoim, delimitando margens de oferta. Ver: UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Foreign Agricultural Service. Production, Supply and Distribution. Custom Query. 2022 e 2023. Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/home. Acesso em: 10 jan. 2024.

 

5SAMPAIO, R. M. Amendoim: em 2022, as exportações do grão fortaleceram novos mercados, enquanto as do óleo registraram alta. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 1-7, jan. 2023. Disponível em: http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=16115. Acesso em: 10 jan. 2024.

 

6Op. cit. nota 5.

 

7Op. cit. nota 5.

 

 

 

 

 

 

Palavras-chave: mercadoria, comércio exterior, cadeia de produção, estado de São Paulo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

COMO CITAR ESTE ARTIGO

SAMPAIO, R. M. et al. Amendoim: 2023 mantém cenário de expansão com exportações do grão em alta e retração para o óleo. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 1-7, jan. 2024. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.

Data de Publicação: 30/01/2024

Autor(es): Renata Martins (rmsampaio@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Gillyene Bortoloti Consulte outros textos deste autor
Talita Tavares Ferreira (taferreira@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Leonardo Massao Nakama Consulte outros textos deste autor