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Pólos Regionais de Pesquisa: produção e valor da produção agropecuária de 1995 e 2003
O Estado de São Paulo vem se destacando pela importante participação relativa dos negócios agropecuários na economia nacional. Entre os anos de 1995 e 2003, o valor da produção (VP) apresenta um crescimento real da ordem de 36,05% (tabela 1) 1.
(1) Valores correntes (milhões de R$) Tabela 1 - Valor da Produção por Pólos de
Desenvolvimento Regional, APTA, 1995 e 2003 Centro Norte Alta Mogiana Centro Leste Centro Oeste Médio Paranapanema Centro Sul Noroeste Paulista Nordeste Paulista Sudoeste Paulista Extemo Oeste Alta Sorocabana Sedes Alta Paulista Leste Paulista Vale do Ribeira Vale do Paraiba Estado de São Paulo
(2) Valores corrigidos para 2003 pelo IPCA (milhões de R$)
Fonte: elaborada pelos autores, a partir de dados
básicos do IEA
Ao considerar o resultado alcançado pelo Estado, é essencial verificar a dimensão da produção agropecuária nas regiões, onde alavanca a economia local e gera riqueza e emprego. Com este objetivo, optou-se por situar as principais atividades agropecuárias nos Pólos Regionais Agrícolas (APTA Regional)2.
A análise do VP gerado nos Pólos Regionais no período mostra um crescimento real significativo. O Pólo da Alta Paulista apresenta a maior elevação relativa (76,89%), seguido de Alta Mogiana (62,12%), Médio Paranapanema (57,00%) e Extremo Oeste (51,01%). O Pólo Vale do Paraíba apresenta a menor elevação (2,83%).
Algumas áreas apresentam tendência inversa, como a região denominada Sede, composta pela região metropolitana e o entorno de Campinas, e o Pólo Vale do Ribeira que apresentam diminuição do VP, com índice negativo de respectivamente 11,70% e 35,31% nos períodos analisados.
Um grupo de Pólos Regionais alterna-se no ranking dos maiores VPs no Estado. Em 2003, destacam-se os Pólos do Centro Norte (Pindorama) e da Alta Mogiana (Colina) com participação de 10,08% do VP estadual. A região formada por esses dois Pólos, mais o Centro Leste (Ribeirão Preto, 9,22%) e o Centro Oeste (Jaú, 8,33%), gerou neste ano cerca de 38% do VP estadual. Estas áreas caracterizam-se principalmente pela exploração das principais atividades do Estado como a cana-de-açúcar, laranja e carnes bovina e de frango.
A cana-de-açúcar está disseminada por praticamente todo o Estado de São Paulo. As regiões citadas foram as principais produtoras em 2003, respondendo por 57,77% do VP com a cultura no Estado. A Alta Mogiana, região com resultados crescentes, tem apresentado um dos índices mais altos de incremento do VP (62,12%), principalmente devido à elevação de 71,36% na produção de cana-de-açúcar nos anos de 1995 e 2003. Neste último ano, destaca-se por produzir 19,15% do total de cana-de-açúcar do Estado, ultrapassando a produção do Pólo Centro Leste (Ribeirão Preto), com 17,55% do total, que tradicionalmente aparece como a maior produtora ( tabela 2 e figura 1).
Outras regiões também têm apresentado produção crescente de cana-de-açúcar entre os anos de 1995 e 2003, haja vista os percentuais dos Pólos da Alta Paulista (78,53%), da Alta Sorocabana (79,02%), do Extremo Oeste (95,23%), do Nordeste Paulista (55,96%) e do Noroeste Paulista (107,56%).
Igualmente, mais da metade da cultura da laranja é produzida naqueles Pólos, registrando parcela significativa do total estadual (62,01%). A principal área produtora está no Pólo Centro Norte com 26,90% do total.
A pecuária também é uma atividade disseminada no Estado e, neste grupo, aparece com alguma importância somente os Pólos Centro Oeste, com 11,46% do total da produção, e Centro Norte (5,84%).
As demais culturas que valem destacar são a soja no Pólo da Alta Mogiana, que representa 32,61% da produção estadual; a carne de frango no Centro Leste e no Centro Oeste, que participa com 28,42%; e as produções de manga e de limão no Centro Norte, de respectivamente 46,25% e 69,77% em relação ao total produzido desses itens no Estado.
O grupo que compõe os Pólos Regionais do Médio Paranapanema, Centro Sul, Nordeste Paulista e Sudoeste Paulista responde por 28,52% do total do valor de produção no Estado. Basicamente, são produtos de subsistência cultivados nesta região: 82% da batata produzida no Estado, 59% da cebola, 45% do milho, 43% do feijão e 39% da soja.
Nesta área, destacam-se os expressivos aumentos na produção das carnes de frango e bovina no Centro Sul (respectivamente de 54,92% e 39,79%) e no Nordeste Paulista (63,26% e 42,60%); da cana-de-açúcar e da batata no Nordeste Paulista (respectivamente de 55,96% e 53,82%) e no Sudoeste Paulista (56,71% e 86,26%); da carne suína no Médio Paranapanema (39,57%); da soja (534,91%), do ovo (174,49%), do milho (87,80%) e da laranja (59,97%) no Sudoeste Paulista. Reduções de produção ocorreram para a cana-de-açúcar (3,00%) no Pólo Centro Sul, o ovo (24,30%) no Médio Paranapanema e o tomate de mesa (30,29%) no Sudoeste Paulista.
O Pólo Médio Paranapanema é responsável por 31,40% da produção paulista de soja e 23,05% da carne suína. O Nordeste Paulista produz 39,68% da batata, 27,34% do café beneficiado e 58,65% da cebola, no Estado. No Sudoeste, se produz 41,95% da batata, 43,54% do feijão e 20,58% do tomate.
Já os Pólos do Noroeste Paulista, Alta Sorocabana e Extremo Oeste têm em comum a expressiva produção de carne bovina (40,66% da produção do Estado). Apesar de a produção da cana-de-açúcar na região não ser expressiva, considerando-se o total do Estado, é fato relevante a elevação significativa ocorrida entre 1995 e 2003, de 107,56% no Noroeste Paulista e de 95,23% no Extremo Oeste. Também o leite C teve crescimento importante de 49,68% e 52,00%, respectivamente, nas mesmas regiões.
A região denominada Sedes mostra tendência distinta dos Pólos Regionais. Apresenta alteração na combinação de atividades, com redução na produção de cenoura, batata, laranja, tomate e ovo e aumento na de carnes (bovina, de frango e suína), cana-de-açúcar, caqui, milho, repolho, tangerina e uva de mesa.
Os Pólos Regionais com os menores VPs do Estado estão situados no outro extremo. No ano de 2003, apresentaram o seguinte desempenho: o Vale do Paraíba contribuiu com 1,32% do total do VP estadual; o Vale do Ribeira, com 1,90%; o Leste Paulista, 4,17%; e a Alta Paulista, 4,35%. Neste grupo, destaca-se a Alta Paulista que, apesar de gerar pouco mais de R$1 milhão, apresenta a maior variação percentual do valor da produção entre 1995 e 2003 (76,89%).
O Leste Paulista indica grande diversidade de atividades, mas a produção é pouco significativa quando comparada com a dos demais Pólos Regionais do Estado. A região destaca-se nas produções de carne de frango (12,85% da produção do Estado em 2003),café beneficiado (14,39%), tomate de mesa (15,35%) e carne suína (11,55%).
Na Alta Paulista, contribuiu para a elevação do VP da região a produção de ovos, que aumentou 118,30%, de 1995 para 2003, passando de 20,36% para 37,91% do total do Estado. Outro fator importante foi o aumento das produções de cana-de-açúcar (78,53%) e de carne bovina (26,31%).
O Vale do Paraíba e o Vale do Ribeira apresentam percentuais bem menores em relação à média estadual. No Vale do Paraíba, a principal atividade (leite B) sofre desaceleração e conseqüente redução de 20,11% na produção devido às mudanças ocorridas no setor. O leite C, no entanto, tem aumento de 54,86% na produção e a pecuária bovina, por sua vez, cresce 44,66%, o que mostra um redirecionamento da atividade.
No Vale do Ribeira, além da pouca diversidade, a produção das principais atividades apresenta pequena variação, para mais ou para menos. A quantidade produzida da banana, que representou 75,91% da produção estadual em 2003, elevou-se apenas 8,61% no período analisado, enquanto a produção de tomate diminuiu 38,19%. Na pecuária, verificou-se acréscimo de 40,51% na produção, que no entanto representa apenas 1,06% do total estadual.
Os Pólos Regionais com menores valores de produção, apesar das diferenças entre elesem termos de dinamismo, têm como característica comum a pequena produção relativa das atividades, em comparação com as demais regiões do Estado.
Por fim, os dados mostram que cada região apresenta especificidades decorrentes das condições agroecológicas, históricas e de organização, o que condiciona ritmos diferenciados de desenvolvimento e de exploração agropecuária que demandam políticas públicas distintas para cada realidade.
1 Tomou-se como parâmetro o cálculo do VP de Tsunechiro et al. (2004), corrigido pelo IPCA, com base para o ano de 2003. Valor da produção agropecuária do estado de São Paulo em 2003. Informações Econômicas, São Paulo, v.34, n.3, p.49-60, mar.2004.
2 Os Pólos Regionais Agrícolas são vinculados ao Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (DDD) que compõem a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Data de Publicação: 14/09/2004
Autor(es):
Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor