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Preços Agropecuários: alta de 0,57% no fechamento do mês de abril de 2012
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 encerrou o mês de abril de 2012 em alta de 0,57%. Separado
em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) subiu 0,68%, e o
IqPR-A (produtos de origem animal) apresentou valorização de 0,27% (Tabela 1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Abril de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Índice Acumulado |
São Paulo |
São Paulo - sem cana | ||
Variação mensal Abril/12 |
Acumulado 12 meses |
Variação mensal Abril/12 |
Acumulado 12 meses | |
IqPR |
0,57% |
7,69% |
0,79% |
-5,94% |
IqPR-V |
|
9,92% |
1,36% |
-12,93% |
IqPR-A |
0,27% |
-0,68% |
? |
? |
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua
importância na ponderação dos produtos), o IqPR sobe um pouco mais e fecha em
0,79%, e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecha também
positivamente em 1,36% (Tabela 1).
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Abril de 2012.
Origem |
Produto |
Unidade |
Cotações (R$) |
Variação mensal (%) |
Variação Abril/12-Abril/11 (%) | |
Março/12 |
Abril/12 | |||||
VEGETAL |
Algodão |
15 kg |
53,79 |
52,45 |
- 2,49 |
... |
Amendoim |
sc.25 kg |
31,11 |
29,30 |
- 5,82 |
-8,60 | |
Arroz |
sc.60 kg |
31,52 |
30,57 |
- 3,00 |
10,09 | |
Banana nanica |
Kg |
0,6591 |
0,7722 |
17,16 |
54,59 | |
Batata |
sc.50 kg |
18,10 |
26,30 |
45,27 |
... | |
Café |
sc.60 kg |
387,59 |
368,51 |
- 4,92 |
-25,06 | |
Cana-de-açúcar |
kg de ATR |
0,5002 |
0,5018 |
0,32 |
24,76 | |
Laranja p/ Mesa |
cx.40,8 kg |
11,52 |
11,99 |
4,11 |
-43,46 | |
Milho |
sc.60 kg |
24,67 |
22,83 |
- 7,43 |
-10,75 | |
Soja |
sc.60 kg |
46,30 |
50,72 |
9,53 |
21,14 | |
Tomate p/ Mesa |
cx.22 kg |
15,52 |
10,86 |
- 29,98 |
-63,27 | |
Trigo |
sc.60 kg |
26,15 |
27,66 |
5,75 |
-8,14 | |
ANIMAL |
Carne Bovina |
15 kg |
94,89 |
95,33 |
0,47 |
-4,99 |
Carne de Frango |
Kg |
1,80 |
1,78 |
- 0,80 |
-0,93 | |
Carne Suína |
15 kg |
46,61 |
41,45 |
- 11,06 |
-18,41 | |
Leite B |
Litro |
0,9094 |
0,9179 |
0,93 |
14,09 | |
Leite C |
Litro |
0,8274 |
0,8415 |
1,71 |
18,55 | |
Ovos |
30 dz |
46,74 |
48,31 |
3,36 |
-5,88 | |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). |
Os
produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de abril foram: batata
(45,27%), banana nanica (17,16%), soja (9,53%), trigo (5,75%) e laranja para
mesa (4,11%) (Tabela 2).
Uma quantidade excedente de batata entre fevereiro e março, por conta do verão
seco no início de 2012, fez com que muitos produtores atrasassem suas colheitas
para o começo de abril, esperando por preços remuneradores. Daí o reajuste
verificado nesta quadrissemana.
A
retomada das compras de banana para a merenda escolar, somada às temperaturas
amenas do outono (que estimulam o consumo) propiciaram o aumento de preços
sazonal típico da fruta.
Para a soja, os recentes impulsos de desvalorização da moeda brasileira e a
manutenção da demanda chinesa, com a oferta no mercado mundial, no curto prazo,
não produz a recuperação dos estoques, ademais a menor safra do grão para 2012,
vêm garantindo preços elevados para o produto.
As
cotações para o trigo passam a ser nominais, visto que os vendedores (que estão
conseguindo exportar) estão ofertando o produto a um valor superior aos que os
compradores (estão bem abastecidos) estão dispostos a pagar. Além disto, a
desvalorização da moeda brasileira e a oficialização de compras governamentais,
através de leilões, consolidaram este quadro.
Na
laranja para mesa, a demanda para sucos com a volta às aulas, associada à menor
oferta do produto e o final da colheita de outras frutas, contribuíram para a
elevação das cotações neste período.
Os
produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: tomate
para mesa (29,98%), carne suína (11,06%), milho (7,43%), amendoim (5,82%) e café
(4,92%) (Tabela 2).
Para o tomate para mesa, após seqüência de preços elevados reverte a tendência
na gangorra de preços para uma nova seqüência de baixa.
Com o período de quaresma que reduziu o consumo de carnes, associado à
diminuição do volume exportado, gerou boa oferta no mercado interno, levando a
queda das cotações aos suinocultores. A valorização das cotações após a semana
santa foi menor que a esperada, assim os valores não voltaram ao patamar
anterior e permanece a expectativa de cotações maiores para os próximos
períodos.
A
oferta de milho neste final de safras e as pressões para que os produtores
realizassem vendas para honrar compromissos com o fim dos prazos dos
financiamentos, levou a maior disponibilidade e queda dos preços internos.
A
redução de preços do amendoim reflete a previsão de boa safra e ganhos de
produtividade, além do aumento da área cultivada, fatores que ocasionaram oferta
mais consistente levando a queda de preços.
No
café, a queda dos preços internacionais em ritmo mais acelerado, que a
desvalorização da moeda brasileira, levou à redução das cotações internas.
Em
resumo, em abril, 10 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e
4 de origem animal) e 8 apresentaram queda (6 vegetal e 2 animal).
No
acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 7,69%, patamar
sustentado pelos maiores preços da cana (+24,76%). Ausente este produto de alta
ponderação, o índice (IqPR - sem cana) se direciona para um fechamento negativo
de 5,94%. Isso fica claro quando ao se avaliar o IqPR-V (vegetais) o acumulado
tem alta de 9,92%. Sem a cana a variação fica negativa em 12,93%. Para o IqPR-A
(animais), nos últimos 12 meses o índice fecha em queda de 0,68% (Tabela
1). Isso deixa nítido o sucesso da estratégia de proteção de margens típicas
de economias de oligopólios praticadas pelos agentes econômicos da cadeia de
produção de açúcar e álcool que, na entrada da safra em abril de 2011
realinharam os preços da cana. Tanto assim que, através da análise da variação
mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses se verificam
comportamentos distintos: os produtos vegetais crescem até maio de 2011 com
salto, em decorrência do reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde
então se mostra queda abrupta em junho-julho, com manutenção de patamar até
dezembro, elevação em janeiro e queda no mês de fevereiro, e recuperação do
índice acumulado nos meses seguintes até abril de 2012 (Figura 1).
Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Abril de 2011 a Abril de 2012.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os
produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas. De abril de 2011
a junho de 2011 apresentam queda expressiva, seguida de alta puxada pela carne
bovina na entressafra e pela carne de frango com os altos preços internacionais.
Em setembro mostra queda e em outubro ascensão, numa realidade em que todos os
índices convergem para cima no novo ciclo de aumento dos preços agropecuários.
Em janeiro de 2012 mostra, contudo, forte queda puxada pelo recuo dos preços das
carnes que continua com ritmo menor em 2012 e após março mostra recuperação que
persiste em abril. (Figura 1).
O
comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado
pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram
os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária
paulista se verifica que a reversão de tendência se dá em abril de 2011, desde
quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente,
definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Note-se o
comportamento convergente de janeiro de 2012 com queda expressiva dos preços dos
produtos animais compensadas pela elevação significativa dos preços dos produtos
vegetais sem cana. Em abril de 2012 os preços animais avançam e a alta do índice
geral decorreu em puxado por este, já que o preços vegetais (sem cana) tiveram
pequena queda (Figura 2).
Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Abril de 2011 a Abril de 2012.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Na
variação de preços de abril de 2012 em relação a abril de 2011 (Tabela 2),
têm-se os maiores incrementos para: banana nanica (+54,59%), cana-de-açúcar
(+24,76%), soja (+21,14%), leite C(+18,55%), leite B(+14,09%) e arroz (+10,09%),
todos em patamares mais elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE.
Apresentaram reduções os preços: tomate para mesa (-63,27%), laranja para mesa
(-43,46%), café (-25,06%), carne suína (-18,41%), milho (-10,75%), amendoim
(-8,60%), trigo (-8,14%), ovos (-5,88%), carne bovina (-4,99%) e carne de frango
(-0,93%). Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 6 entre 16 produtos
apresenta preços atual maiores; outro conjunto de produtos preços inferiores.
Logo, a maioria dos preços agropecuários mostra queda comparativamente às
cotações do ano anterior, sendo que mostraram elevação os mais expressivos como
proporção do valor da produção agropecuária paulista. Para a maioria dos
produtos agropecuários, entretanto, os preços são menores colaborando para a
queda dos índices
inflacionários.
_____________________________________________________________________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres
modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações
diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de
Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro
últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas
(base), sendo a referência = 01/04/2012 a 30/04/2012 e base = 01/03/2012 a
31/03/2012.
2 Artigo completo com a metodologia:
Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal
de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em
2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008.
Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 04/05/2012
Autor(es):
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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