O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 fechou o mês de agosto de 2020 com alta de 3,27% em relação ao mês anterior (Tabela 1).

Observando-se o IqPR calculado separadamente para cada grupo de produto, animal (IqPR-A) e vegetal (IqPRV), tem-se a impressão que o acréscimo de 3,27%, em agosto, continuou sendo impulsionado principalmente pelos preços dos produtos de origem animal, cujo aumento no IqPR-A foi de 4,56%, ou seja, maior que o registrado para o IqPR-V, cuja alta foi de 2,78% (Tabela 1). No entanto, convém notar que, desde o boom ocorrido com o índice de preços recebidos pelos pecuaristas na primeira semana de agosto, os mesmos vêm sendo retraídos paulatinamente, ao contrário do observado para o índice de preços recebidos pelos agricultores (Tabela 1).

Em agosto (sexto mês sob impacto da covid-19), os preços recebidos pela cana-de--açúcar apresentaram queda, com relação a julho, de 1,57% (Tabela 2), o que contribuiu para conter um acréscimo maior no IqPR-V. Isso ocorre porque o preço recebido pela cana--de-açúcar tem forte influência nos preços recebidos pelos demais agricultores que optam por produtos de origem vegetal. Assim, embora o IqPR-A tenha sido maior (4,56%) que o IqPR-V (2,78%), ao retirar-se o preço recebido pela cana-de-açúcar do cálculo do índice de preços recebidos pelos demais agricultores, verifica-se que o IqPR praticamente duplica, passando de 3,27% para 6,91% (Figura 1).

Figura 1 - Comparativo dos Índices de Preços Recebidos pelo Agropecuarista e Agricultores Mensurados com e sem a Cana--de-açúcar, Agosto/2020.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nota-se que, restringindo-se a análise ao grupo de produtos de origem vegetal, o aumento de 2,78% no IqPR-V é reajustado para 9,08% quando se desconsidera o preço da recebido pela cana-de-açúcar (Figura 1). Esse acréscimo é muito superior ao observado pelo índice de preços dos produtos de origem animal (4,56%) e foi deflagrado, principalmente, pelas altas nos preços recebidos pelos produtores de tomate (+37,09%), arroz (+28,73%) banana nanica (21,22%), milho (10,96%) e café (10,29%), que chegaram a atingir 2 dígitos (Tabela 2).

O aumento do preço recebido pelo milho (10,96%) influiu rapidamente no preço recebido pelo suinocultor, que teve a maior alta dentre os produtos de origem animal (25,14%) (Tabela 2).

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA O IqPR

No acumulado de agosto/2019 a agosto/2020, todos os índices apresentaram reajustes positivos (Figura 2).

Nesse intervalo, o IqPR variou positivamente em 10 meses (Figura 2), num acúmulo de reajuste de 25,31%. Desde o mês de maio de 2020, visualizando em específico o índice animal, diagnostica-se uma subida preocupante de 2,5 vezes nos preços desse grupo de produtos, o que tem colocado o setor agropecuário numa rota de pressão inflacionária.

Nesse intervalo de 12 meses, o IqPR-V (vegetal) subiu 20,82%. Dentre os 18 produtos levantados, 15 tiveram variações positivas e 3 fecharam negativamente. Destacou-se nesse intervalo a alta do arroz (98,71%).

1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/08/2020 a 31/08/2020 e base = 01/07/2020 a 31/07/2020.

2Artigo completo com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573. Acesso em: set. 2020.

Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.

COMO CITAR ESTE ARTIGO

BINI, D. L. de C. et al. Preços Recebidos pelo Agricultor Paulista Sobem em Agosto de 2020 e Acionam o Processo Inflacionário da Economia. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 15, n. 9, set. 2020. Disponível em: colocar o link do artigo. Acesso em: dd mmm. aaaa.