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Previsões e Estimativas das Safras Agrícolas do Estado de São Paulo, Intenção de Plantio do Ano Agrícola 2018/19 e Levantamento Final Ano Agrícola 2017/18, Setembro de 2018
1
– INTRODUÇÃO A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), realizou entre 3 e 21 de
setembro de 2018 o primeiro levantamento para a safra agrícola 2018/19, que
sinaliza a provável área a ser plantada, em hectares, pelos agricultores do
Estado de São Paulo. Os dados foram obtidos pelo método subjetivo2,
que consolida e sistematiza as informações fornecidas pelos técnicos das Casas
de Agricultura nos 645 municípios paulistas. Ainda neste levantamento foram
obtidos números finais da safra agrícola 2017/18 para as culturas de inverno,
café e banana, assim como o levantamento que antecede a estimativa final para
as culturas de cana-de-açúcar e laranja. 2 – INTENÇÃO DE PLANTIO SAFRA 2018/19 Para
os sete principais produtos do plantio das águas da safra 2018/19 da
agricultura paulista, o levantamento de setembro de 2018, quando comparado ao
ano agrícola 2017/18, indica expansão de 2,7% na área cultivada, totalizando
1.651,4 mil ha (Tabela 1). Desse total a ser plantado, a principal cultura é a de
soja, com previsão de 998,8 mil ha, 4,2% maior que a safra anterior. Em seguida
está a primeira safra de milho com 425,1 mil ha, área semelhante à da safra
anterior, com acréscimo de 0,8%. Para o amendoim das águas são 138,0 mil ha,
acréscimo de 3,3%. Em relação ao feijão das águas, sua estimativa preliminar de
retração de área é de 15,5% que, se confirmada, poderá chegar a 56,4 mil ha
nesse plantio. São esperados incrementos na área plantada de batata das águas
(16,3%), resultando em 8,8 mil ha, e de 57,4% no cultivo do algodão, chegando a
13,9 mil ha, ante os 8,8 mil ha observados na safra anterior. Os
resultados do próximo levantamento (novembro/2018) serão fundamentais para a
confirmação ou revisão das estimativas de plantio das águas desta safra. 2.1 – Algodão O cultivo de algodão no estado, segundo o levantamento de intenção de
plantio da safra 2018/19, poderá repetir o mesmo comportamento de crescimento
em área na intenção de plantio do ano anterior, 57,4%, passando de 8,8 mil ha
para 13,9 mil ha. O EDR de Votuporanga lidera o crescimento na expansão de área
em decorrência da reativação da unidade de beneficiamento de algodão na região.
Essa expectativa de aumento de área nos níveis nacional e estadual se deve
principalmente às condições tanto do mercado interno quanto do externo, que
sinalizam aumento na demanda do produto. O estímulo cambial e preços em alta
parecem atuar como elementos responsáveis nesse crescimento na intenção de
plantio no país e mais acentuadamente no estado, onde a cultura estava em
declínio por não ser mais atrativa aos produtores. Para que a intenção
declarada se efetive será necessário que este quadro, aumento de preços e
câmbio favorável, se mantenha e que as condições climáticas contribuam para o
desenvolvimento da cultura nos próximos meses. O mercado interno, outro
componente desse sistema, pode tanto estimular como arrefecer as expectativas
positivas dos produtores, quanto participar decisivamente na composição desse
cenário que começa a se desenhar nesse momento. 2.2 - Amendoim das águas A
estimativa para intenção de plantio das águas do amendoim, safra 2018/19, apresentou
aumento de 3,3% da área plantada em comparação com a safra anterior, alcançando
138,0 mil ha, mantendo a tendência de expansão da cultura. Os
EDRs com previsões de maior área no Estado de São Paulo são: Jaboticabal, Tupã,
Presidente Prudente, Marília, São José do Rio Preto, Assis e Barretos. Juntos,
esses EDRs respondem por 69,5% da área plantada do estado. 2.3 – Arroz Para a cultura do arroz de sequeiro, várzea e irrigado, o
levantamento da intenção de plantio da safra 2018/19 indica retração de 1,2% na
área cultivada, prevista em 10,3 mil ha. Desse total, aproximadamente 76,0%
corresponde ao sistema irrigado de plantio, adotado na região do Vale do
Paraíba, especialmente nos EDRs de Guaratinguetá (53,3%) e Pindamonhangaba
(31,0%), que apresentam condições de cultivo favoráveis ao arroz. 2.4 - Batata das águas O levantamento de setembro relativo ao cultivo de batata das águas
refere-se à intenção de plantio. As informações obtidas nesse levantamento
apontam elevação da área cultivada para 8.817 ha, 16,3% maior em relação ao
levantamento final da safra anterior. Os principais EDRs
produtores são Itapetininga, Itapeva e Avaré, que juntos perfazem 77,7% do
total do estado. 2.5 - Feijão das águas Para o feijão das águas, a previsão de intenção de plantio
da safra 2018/19 é de 56,4 mil ha e, se confirmada, representará recuo de 15,5%
na comparação com a área plantada da safra 2017/18. Essa redução na intenção de
plantio foi verificada em duas das tradicionais regiões produtoras. São
indicadas reduções de 38% no EDR de Itapeva (principal região), e de 30% no EDR
de Itapetininga. Um dos motivos dessa queda pode ser atribuído aos preços pouco
remuneradores recebidos pelos produtores que devem optar pelo cultivo de outras
culturas como a soja e o milho. Por outro lado, o EDR de Avaré apresenta
expansão de 27% de área, passando de 15,8 mil para 20,1 mil ha. O próximo
levantamento a ser realizado em novembro de 2018 trará números mais concretos
para essa safra. 2.6 - Milho (primeira safra) O levantamento de setembro pesquisa a intenção de plantio das
culturas de verão. Em relação ao milho de 1ª safra (irrigado e não irrigado), estima-se
que a área de plantio deve ser semelhante à do ano anterior, com variação
positiva em 0,8%. A concorrência com a soja ainda é o principal motivo que
impede a expansão do milho de 1ª safra no estado. Ressalta-se que esses
resultados devem ser considerados com cautela, pois esse levantamento considera
a intenção dos agricultores em plantar a cultura. 2.7 - Soja O levantamento de intenção de plantio da cultura da soja indica um
acréscimo de 4,2% na área destinada ao cultivo. Com isso, estima-se
preliminarmente, para o próximo ano safra, que aproximadamente 1 milhão de ha
sejam plantados com soja no estado. A contínua evolução de área em São Paulo
está relacionada à rentabilidade da cultura frente a outros cultivos de verão. 3 – PREVISÕES DA
SAFRA AGRÍCOLA PARA CANA-DE-AÇÚCAR, CEBOLAS E LARANJA, SAFRA 2017/18 O levantamento de setembro de 2018 traz estimativas preliminares
que antecedem o final da safra paulista de 2017/18 para as culturas da
cana-de-açúcar, cebola de muda e plantio direto e da laranja (Tabela 2). 3.1 - Cana-de-açúcar O levantamento de setembro é o penúltimo desse ano para a safra da
cana para indústria. Com isso, mantém-se o cenário de queda na produção do
produto no estado em 2,7%, apesar da área ter permanecido estável, com variação
positiva de 0,1%. A produtividade foi de 77,8 toneladas por ha, menor em 3,2%
quando comparada ao ano anterior. Essa queda ocorreu devido ao período seco
(abril a junho) mais rigoroso que nos anos anteriores e à menor renovação de
canaviais. Nesse ano, a área nova foi 5,3% inferior à da última safra. O cultivo de cana no estado é muito bem distribuído nas regiões
Central, Oeste e Norte. Entretanto, os EDRs de Barretos, Orlândia e Ribeirão
Preto se destacam e concentram uma área total (produção e nova) de
aproximadamente 23% e respondem pela produção de 21% da cana paulista. 3.2 - Cebola de muda e plantio direto Conforme o levantamento para cebola cultivada em
plantio direto em 2018, a área cultivada será de 2.565 ha, 23,8% superior que a
safra anterior, com uma produção de 121.743 t, e produtividade de 47,5 t/ha. A cebola de muda tem área de 2.119 ha, 8,7% menor,
com produção de 79.801 t e produtividade de 37.660 kg/ha. Os principais EDRs
produtores são: Itapeva, Sorocaba e Jaboticabal, que juntos cultivam mais de
85% do total do estado. 3.3 – Laranja Em setembro de 2018 foi
realizado o quarto e penúltimo levantamento da safra agrícola 2017/18 para a
cultura da laranja. Estima-se, preliminarmente, uma produção de 339,8 milhões
de caixas de 40,8 kg (13.864 mil t), 4,7% superior ao volume produzido na safra
2016/17 (324,5 milhões de caixas de 40,8 kg) e 2,7%
abaixo do previsto no levantamento anterior, realizado no campo em junho de
2018.
Esses números incluem tanto as frutas comerciais (indústria e mesa) quanto os
frutos provenientes de pomares não expressivos economicamente acrescidas das
perdas relativas ao processo produtivo e às de colheita. A produtividade
agrícola está prevista, para esta safra, 2,2% superior que a obtida na safra
agrícola anterior. Quanto à área total plantada de 457,6 mil ha
(que inclui área com plantas ainda não produtivas), o levantamento prevê área
cultivada maior em 2,6% relativamente ao ano agrícola anterior. A estimativa final desses resultados será conhecida
por meio do levantamento de novembro. 4 - ESTIMATIVAS FINAIS DA SAFRA 2017/18 Na pesquisa efetuada em setembro, foram também obtidos números
finais da safra agrícola 2017/18 para as culturas de inverno (batata e feijão),
banana, café, milho da segunda safra, trigo e triticale, disponíveis na tabela
3 para o total do estado. 4.1 – Banana A
estimativa final da safra 2017/18 da bananicultura
apontou redução de área e produção em relação ao ano anterior de 0,2% e 7,8%,
respectivamente, resultado de uma produtividade na safra 2017/18 inferior à de
2016/17. A produção paulista se encontra muito concentrada no EDR de
Registro, que representa 67,9% do total do estado, seguido pelos EDRs de São
Paulo (5,6%), Jales (4,0%), Avaré (3,2%) e Pindamonhangaba (2,2%). 4.2 - Batata de inverno O levantamento final
para a batata de inverno apontou redução tanto na área plantada quanto na
produção em relação à safra anterior, 4,7% e 4,6% respectivamente; a área
passou de 15,0 mil ha para 14,3 mil ha, e a produção passou de 462,7 para 441,3
mil t, com a produtividade praticamente estável em torno de 30.810 kg/ha. 4.3 – Café No quinto e último levantamento de
estimativa final de safra 2017/18 de café no Estado de São Paulo, houve ligeira
variação na produção (+0,36%), frente ao levantamento anterior de junho de
2018, confirmando colheita de 5,84 milhões de sacas de 60 kg (350,1 mil t) de
café beneficiado, nos 200,6 mil ha de lavouras produtivas dos 211,7 mil ha
cultivados, com produtividade média de 29,1 sc./ha. Essa expressiva quantidade
colhida concentrou-se em quatro regiões cafeeiras: EDRs de Franca, São João da
Boa Vista, Marília e Ourinhos, representando cerca de 80% da safra paulista. Frente
ao resultado da safra 2016/17 (4,50 milhões de sacas), a produção final da
safra 2017/18 foi 29,6% superior, devido à bienaliedade característica dessa
lavoura. 4.4 - Feijão de inverno Em
setembro de 2018, há o encerramento da safra 2017/18 do feijão de inverno
(irrigado e sem irrigação). O resultado final apresentou certa estabilidade em
relação à safra passada: a área cultivada cresceu 0,3%, enquanto a produção de
75,6 mil t registrou queda de 1,2%, por conta da menor produtividade (-1,6%).
Vale destacar que o cultivo do feijão irrigado representa aproximadamente 80%
da área com essa tecnologia. Assim, consolidando
os números finais das três safras (águas, seca e de inverno) do ano agrícola
2017/18 no Estado de São Paulo, na comparação com a safra 2016/17, o cultivo do
feijão apresentou ligeiro recuo de 0,8% de área (112,9 mil ha), aumentos de
1,6% na produção (279,4 mil t de quantidade colhida) e de 2,5% na produtividade
média com 2.476 kg/ha (ou 41,3 sc. 60 kg) (Tabela 4). 4.5 - Milho safrinha O levantamento de setembro de 2018
traz os números finais da cultura de milho safrinha nesse ano safra. O aumento
de área em produção em 12,5%, passando de 440,7 mil ha para 495,7 mil ha
mostrou que os agricultores estavam esperançosos com o plantio da cultura. Entretanto,
as condições climáticas observadas entre maio a julho prejudicaram o
desenvolvimento da cultura e, com isso, observou-se queda de 26,6% no volume
produzido, devido a uma produtividade 34,8% menor em relação ao ano anterior.
Os EDRs de Assis, Itapeva e Ourinhos responderam por 60,0% da área destinada à
cultura, mas essas três regiões juntas totalizaram pouco mais de 34% da
produção estadual. Esse resultado foi influenciado pela baixa produtividade
registrada na região de Assis, com colheita de aproximadamente 48 sc./ha
(Tabela 5). 4.6 - Trigo e triticale A produção de trigo paulista na atual safra foi
prejudicada pelas condições instáveis de clima para o desenvolvimento da
cultura no estado. Além disso, problemas fitossanitários completaram os
possíveis agentes responsáveis por resultados negativos na safra atual. O
resultado negativo na produção e na produtividade, respectivamente de 12,3% e
de 10,9% inferiores em relação à safra passada, reforça a ideia de que
realmente estes fatores comprometeram a cultura do trigo paulista. Em relação à
área cultivada, o decréscimo foi de 1,5%, ou seja, praticamente a mesma área do
ano safra anterior, mas com resultados bem diferentes. Esse quadro na produção
paulista se assemelha ao previsto no Paraná, principal Estado produtor, que,
segundo fontes do setor, teve sua safra comprometida pela condição climática
desfavorável e pela intercorrência de problemas fitossanitários. O setor de
beneficiamento do trigo se viu diante de um impasse, e sua captação de trigo
via mercado externo encontrou câmbio valorizado com preços mais elevados,
enquanto o produto no mercado interno, em menor volume, resultou em maior
valorização. A cultura do triticale finaliza a safra com área 4,0% inferior,
produzindo 4,8 mil t, 25% inferior à safra de 2017, com decréscimo de
rendimento na ordem de 20,9%. As informações também estão disponibilizadas nas tabelas
6, 7 e 8 por EDR, e nas tabelas 9, 10 e 11 por RA e RM. ________________________________________ 1Os autores agradecem aos técnicos do
DEXTRU, das Casas de Agricultura, e diretores dos EDRs, da Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral (CATI), pelo desempenho no levantamento. Agradecem
também as contribuições dos pesquisadores científicos Celso Luis Rodrigues
Vegro (café), Katia Nachiluk (cana), Waldemar Pires Camargo Filho (cebola e
batata), o apoio técnico de Talita Tavares Ferreira, de Irene Francisca Lucatto
e da equipe do Núcleo de Informática para os Agronegócios do IEA. 2Entende-se
por método subjetivo a coleta e a sistematização de dados fornecidos pelos
técnicos das Casas de Agricultura, em função de seu conhecimento regional e/ou
da coleta de dados de forma declaratória, fornecida pelo responsável pela
unidade de produção, em cada um dos 645 municípios do Estado de São Paulo. 3Os
produtos sorgo granífero das águas e da seca compõem o cálculo do indicador,
mas não participam da tabela 1. Palavras-chave: previsão de safras, área e produção, Estado de São Paulo,
estatísticas agrícolas, intenção de plantio, safra agrícola 2017/18.
Data de Publicação: 23/11/2018
Autor(es):
Felipe Pires de Camargo (fpcamargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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