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Dispêndio com Cesta de Alimentos Aumenta no Município de São Paulo em Setembro de 2018
No mês de setembro de 2018, o levantamento mensal de preços de alimentos
no mercado varejista de São Paulo, realizado pelo Instituto de Economia
Agrícola (IEA), mostrou um acréscimo de 0,58% no dispêndio familiar com
alimentos em relação ao mês de agosto na capital paulista. Os indicadores de
produtos de origem animal (IPCMA) e vegetal (IPCMV) marcaram praticamente o
mesmo valor. O grupo animal variou 0,58% e o de produtos vegetais apontou
variação de 0,57% em relação ao mês anterior (Figura 1). A inflação de setembro medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) foi de 0,48%2. Se considerarmos esse valor
nacional para comparação com a variação da cesta de mercado calculada pelo IEA,
conclui-se que, na média, os preços dos alimentos na capital paulista subiram
um pouco acima da inflação. Na figura 1, observa-se a variação dos itens que compõem cada subgrupo
dos agrupamentos de produtos animais e vegetais. Em relação à origem animal, as
carnes variaram positivamente em 2,44%, com destaque para o aumento de preços
de cortes bovinos, como o acém, e o significativo aumento da carne de frango em
5,13%. Segundo o setor de carnes3, a indústria bovina tende a seguir
com margens de lucro positivas, ainda beneficiadas pela demanda externa e
também por preços médios mais altos no Brasil. Além disso, com a proximidade
das festividades de fim de ano, o consumo no mercado doméstico deve melhorar.
Em contrapartida, no setor de aves o cenário é de margens pressionadas pela
queda nos embarques e custos elevados, seja por causa da tabela de fretes ou
pelos valores dos grãos utilizados na ração. Nos leites e derivados, verifica-se redução de 3,03% nos preços médios,
com especial destaque para o leite longa vida com queda de 6,53% no dispêndio
familiar. A desvalorização do produto
é atribuída a retração no consumo e aos elevados estoques no atacado paulista.
Há expectativa que esse cenário se mantenha para o próximo mês, dado que, com o
final do período seco a produção tende a aumentar4. Nos produtos de origem
vegetal, verifica-se um aumento expressivo do subgrupo frutas, com destaque
para a subida de preços do limão tahiti, impulsionada pela baixa
oferta, proveniente de novas floradas que ainda não atingiram o calibre e a
coloração demandados pelo setor in natura5.
Por outro lado, frutas de consumo significativo nas famílias paulistanas como a
banana e a laranja iniciam período de safra o que deve forçar a uma redução do
índice desse agrupamento nos próximos meses. Nas hortaliças, houve redução de dispêndio em 0,27%. A cebola, com
preços em queda de 6,01%, foi o destaque positivo para o consumidor. Entre os
motivos para a redução nos seus preços médios está a boa oferta do produto, com
o fornecimento a partir da colheita em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e no
próprio Estado goiano e paulista6. No caso da cenoura, houve uma
baixa oferta do produto no mercado paulista em setembro, entretanto, essa
situação pode se inverter em outubro porque deve haver aumento da oferta devido
ao ciclo produtivo da cultura. Dos produtos básicos, dois deles chamaram a atenção dos analistas em
setembro: o arroz e o pão francês. O primeiro continua com pressão nos preços
devido a menor oferta7, e a variação mensal foi de quase 5%,
impactando as famílias paulistanas, dado que, este produto é um dos de maior
peso na cesta de mercado. Em relação ao pão francês, derivado da farinha de
trigo, o levantamento realizado nos últimos meses mostra instabilidade nos
preços devido aos resultados finais de produção no ano e a variabilidade da
cotação do dólar. COMO INTERPRETAR A FIGURA 1 Na figura estão dispostos os seguintes resultados: 1) Índice total, que equivale ao Índice de Preços da
Cesta de Mercado Total (IPCMT), divulgado mensalmente pelo Instituto de
Economia Agrícola (IEA), é obtido pelo cálculo de variação de preços no mês
atual em relação ao anterior, ponderados pela sua importância na cesta de
mercado das famílias paulistanas; 2) Índice por grupos, que
equivale ao Índice de Preços da Cesta de Mercado de Produtos de Origem Animal
(IPCMA) para os produtos de origem animal, e ao Índice de Preços da Cesta de
Mercado de Produtos de Origem Vegetal (IPCMV) para os produtos de origem
vegetal. É calculado de forma análoga ao índice total; a diferença é que é
composta por produtos conforme a origem, animal ou vegetal; 3) Indicadores por
subgrupos, que são calculados seguindo a mesma regra dos anteriores. O objetivo
é indicar a contribuição do subgrupo na formação dos índices por grupos e
total; e 4) Variação por produtos,
cujo objetivo é mostrar quais produtos tiveram maior influência na formação do
índice no mês. _______________________________________ 1Um
bom trabalho de acompanhamento de preços necessita de uma correta coleta de
preços no campo e, por isso, o autor reconhece o fundamental trabalho realizado
pelos técnicos Andréia Brazão, Cristina Almeida Paes e Valdecir Luchiari na
coleta diária de preços em centenas de equipamentos varejistas. Também agradece
o apoio na consolidação dos dados do assessor técnico Daniel Kiyoyudi Komesu. 2INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Índice de preços ao consumidor amplo (IPCA). Rio de Janeiro:
IBGE, 2018. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/precose-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=destaques>.
Acesso em: out. 2018. 3EXPORTAÇÃO
e preços favorecem carne bovina, analisa BB. Campinas: Notícias Agrícolas, set.
2018. Disponível em:
<https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/carnes/222613-exportacao-e-preco-favorecem-carne-bovina-analisa-bb.html>.
Acesso em: out. 2018. 4APÓS
aumentos sucessivos, preço do leite cai em setembro. São Paulo: Jornal da USP,
set. 2018. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/apos-aumentos-sucessivos-preco-do-leite-cai-em-setembro/>.
Acesso em: out. 2018. 5REDUÇÃO
da oferta eleva preço do limão tahiti em mais de 100%. Brasília: AGROEMDIA,
set. 2018. Disponível em:
<https://agroemdia.com.br/2018/09/28/reducao-da-oferta-eleva-preco-do-limao-tahiti-em-mais-de-100/>.
Acesso em: out. 2018. 6CONAB mostra que cebola segue com preços
baixos enquanto exportação cresce mais de 300%. Campinas: Notícias agrícolas,
set. 2018. Disponível em:
<https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/hortifruti/221711-conab-mostra-que-cebola-segue-com-precos-baixos-enquanto-exportacao-cresce-mais-de-300.html>.
Acesso em: out. 2018. 7PREÇO
do arroz deve subir com a menor oferta. Cachoeira do Sul: Planeta arroz, set.
2018. Disponível em:
<https://www.planetaarroz.com.br/noticias/17476/_Precos_do_arroz_devem_subir_com_a_menor_oferta_>.
Acesso em: out. 2018. Palavras-chave: varejo, preços, índices alimentos, munícipio de São Paulo.
Data de Publicação: 22/10/2018
Autor(es): Vagner Azarias Martins (vagnermartins@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor