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Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo: resultado final, 2017
O Instituto de Economia
Agrícola (IEA) estima, anualmente o valor da produção agropecuária paulista (VPA),
apresentando os resultados econômicos das principais atividades do setor, tendo
em vista disponibilizar informações que possam servir para subsidiar tomadas de
decisão nos diversos segmentos da economia, sejam do setor privado ou
governamental. O cálculo foi elaborado a
partir de dados de produção e preços de cadeias de produção animal e vegetal de
50 produtos selecionados, levantados pela Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral, juntamente com o IEA (IEA/CATI), ambos da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo. Os dados de produção são obtidos de cinco
levantamentos anuais por município de previsões e estimativas de safra1, 2. Os preços
são extraídos do Banco de Dados do IEA3. Os dos produtos olerícolas
e os de frutas, excetos os de batata, cebola, mandioca para mesa e tomate,
assim como os de banana, laranja e tangerina são da Companhia de Entreposto e
Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP)4, ponderados por variedades
para cada espécie e decompostos a partir dos preços de venda do atacado. Os
preços são os médios mensais recebidos pelos produtores de janeiro a dezembro. Os produtos foram sistematizados e classificados em
cinco grupos, de acordo com suas características: Produtos para Indústria,
Produtos Animais, Frutas Frescas, Grãos e Fibras e Produtos Olerícolas. Até 2016 os Produtos Florestais (madeira de
eucalipto, madeira de pínus e resina de pínus) se constituíam em um sexto grupo
que não será considerado neste trabalho pois a metodologia para obtenção dos
dados, referentes aos produtos desse grupo, está sendo revista. Este grupo, na
média dos últimos três anos, tem representado 4,6% do VPA total do estado. As variações de VPA de 2017 relativas a 2016 foram
calculadas com base em índices de preços e de quantidades elaborados pela
fórmula de Fisher (base 2016= 100)5. O cálculo do VPA de São Paulo em 2017 resultou em
76,2 bilhões de reais, 0,96% superior ao obtido no ano anterior, entretanto,
quando deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)6,
verifica-se queda nos preços, em termos reais, de 2,02% (Tabela 1). . Entre os produtos selecionados, 32 apresentaram
preços menores que os do ano anterior, dos quais sete situam-se entre os dez de
maior VPA no ranking estadual. O
preço médio da carne bovina, em 2017, produto cujo VPA se manteve na 2ª
colocação, apresentou redução de 8,67% e implicou redução de 9,26% no VPA,
visto que a produção é ligeiramente menor (0,64%). A carne de frango que no ano
anterior encontrava-se na 3ª colocação, com o preço reduzido em 10,38% caiu
para o 4º lugar, cedendo a posição para laranja para indústria, basicamente em
função de aumento de 24,57% na produção da fruta. A soja manteve-se em 5º lugar
mesmo com uma redução de preço de 14,28%, da mesma forma, o milho manteve-se na
sétima colocação apesar da queda de 34,09% no seu preço. Ambos tiveram seus
respectivos VPAs parcialmente compensados por aumentos de produção de 14,72% e
20,25%, respectivamente. Entre os dez primeiros produtos do ranking, os que apresentaram maiores
quedas de VPA foram café beneficiado e banana. O primeiro caiu da 6ª para a 9ª
colocação, face a uma redução de 6,44% no preço e de 25,82% na produção, motivada pela bienalidade registrada,
principalmente no cinturão francano (intensificada pela adoção bastante
disseminada de podas de condução), maior região produtora paulista que
apresentou redução de 54,0% na colheita estimada. A banana manteve-se na
10ª posição, mas seu VPA acusou redução de 20,19%, decorrente de menor preço
recebido pelos produtores (21,66%). Dois produtos
apresentaram redução de preço superior a 50%, batata e feijão, respectivamente,
de 57,25% e 50,01% e, embora tenham registrado ganhos de produção em valores
absolutos menores que dos preços, consequentemente houve quedas acentuadas no ranking do VPA, o da batata (49,27%)
perdeu seis posições e o do feijão (38,02%) quatro. Comportamento este reflexo de picos de preços altos ocorridos em
2016, para ambos os produtos. O grupo de Produtos para Indústria, em 2017,
respondeu por 51,48% do VPA total do estado, sendo que só a cana-de-açúcar
respondeu por 40,84% do total, 3,6 pontos percentuais a mais que em 2016
(37,21%). Somente os grupos de Produtos para Indústria e o grupo de Frutas
Frescas apresentaram crescimento de VPA, respectivamente de 9,12% e 3,19%. No
caso do primeiro, muito em função da cana-de-açúcar, devido à sua expressiva
participação no VPA total do estado e também em função do aumento na produção
de laranja para indústria (24,57%). Nesse
grupo, a mandioca para indústria foi o produto que apresentou o maior
crescimento do VPA (61,73%), basicamente decorrente da recuperação dos preços
depois de um longo período de preços baixos, deslocando-se da 21ª para a 20ª
posição em 2017. No grupo das Frutas Frescas o aumento do VPA foi
puxado por sete das quinze frutas consideradas, sendo que algumas delas
encontram-se bem posicionadas entre os 50 produtos considerados no estudo, caso
da laranja para mesa que ocupou a 11ª colocação, resultado de uma elevação de
38,01% em seu VPA. Para o pêssego para mesa, fruta deste grupo que teve na
safra 2017 as maiores quedas de preço (49,07%), de produção (33,94%) e,
consequentemente, no valor da produção (66,36%), teve como principal razão o
clima adverso. As frutas não se desenvolveram corretamente, produzindo frutos
pequenos o que reduz muito a remuneração do produtor, embora a qualidade da fruta
esteve muito boa, quanto à coloração e sabor. A planta não vegetou
suficientemente e houve problema na floração apesar da ocorrência de clima
frio, que os pomares necessitam, mas ocorreu em época errada. Outro fator foi a
umidade relativa baixa que prejudicou a polinização do fruto. A banana
manteve-se na mesma posição que a de 2016, contudo o atual VPA foi 20,19% menor,
decorrente do recuo de seus preços (21,66%), que esteve atrelado à baixa
demanda pela fruta, principalmente por conta da qualidade. Temperaturas mais
baixas no início do 2º semestre de 2017 afetaram a aparência da casca (chilling), o tamanho dos cachos e o
calibre das bananas, embora a safra tenha sido ligeiramente acima da anterior
(1,88%). As maiores quedas de preços foram verificadas nos
grupos de Grãos e Fibras e de Olerícolas, respectivamente de 26,44% e 26,03%.
Em ambos os casos, as quedas nos VPAs (13,50% e 22,42%) foram parcialmente
compensadas por aumentos de produção, mais no grupo dos Grãos e Fibras,
notadamente decorrentes das elevações das produções de milho e soja, em
decorrência das condições climáticas favoráveis, que também beneficiaram os
demais componentes deste grupo. Exceção feita à cultura do triticale que nesta
safra os produtores optaram por plantar outras culturas como trigo, aveia e
milho safrinha. Entre as doze olerícolas incluídas no estudo, somente três
apresentaram aumento de VPA, pimentão (20,10%), cebola (11,07%) e mandioca para
mesa (6,83%). Com exceção da cebola, em que o aumento verificado no preço médio
compensou parcialmente a queda de produção, causada pela menor área plantada,
já que as condições climáticas foram favoráveis à cultura, não comprometendo a
produtividade, os outros dois experimentaram aumentos de preço e de produção. O grupo de produtos animais, mesmo tendo apresentado
uma queda de 4,28% no VPA, continua na 2ª colocação entre os cinco considerados
neste trabalho, respondendo por 24,18% do VPA total do estado. Entre os
produtos desse grupo, o ovo de galinha, fonte de proteína alternativa à carne
bovina, galgou duas posições, da 8ª para a 6ª, resultado de aumento de preço e
de produção. Leite, mel e casulo também tiveram aumentados seus respectivos
VPAs, evoluindo posições, na grade de produtos considerados. A carne suína
perdeu duas posições, da 19ª para 21ª, refletindo provavelmente queda de
consumo, consequência do fraco desempenho da economia, uma vez que seus
produtos são de alto valor. O crescimento de 9,21% em seu preço foi
praticamente neutralizado pela queda de 8,72% na produção. O casulo, matéria-prima
para produção de seda, foi o produto que apresentou o maior crescimento de VPA,
73,79%, deslocando-se da 50ª para 49ª posição em 2017, percentual elevado
justificado pelo fato de o ano anterior ter sido de perdas expressivas. Este
resultado é decorrente, principalmente, dos ganhos de produção (73,03%,
relativamente à safra passada), atividade em franca expansão na agricultura
familiar, por não exigir grandes áreas de amoreira. Nos últimos anos, vem se registrando
valorização da matéria-prima por parte das indústrias de fiação, devido à falta
dela para a produção dos fios de seda. Pela importância que ocupa no Estado de São Paulo,
com a exclusão do VPA da cana-de-açúcar, o VPA estadual totaliza R$45,1
bilhões, redução de aproximadamente 5,0%, comparado com 2016. A cultura da
cana-de-açúcar, ainda principal atividade do Estado, em 2017 produziu 2,63% a mais
de toneladas, com ganhos de 7,97% nos preços recebidos pelos produtores,
resultando em VPA de R$ 31,1 bilhões que representa 40,84% do total estadual. 1BUENO, C. R. F.; GHOBRIL, C. N. Estimativa da produção
animal no Estado de São Paulo. Análises e
Indicadores do Agronegócio, São
Paulo, v. 13, n. 15, p. 1-6, maio 2018. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14457>. Acesso em: maio
2018. 2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Conjuntura:
previsão de safras. São Paulo: IEA, 2017. Disponível em:
<http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/previsao2.html>. Acesso em:
maio 2018. 3_____. Banco de
dados. São Paulo: IEA. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: maio 2018. 4COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO -
CEAGESP. Banco de dados. São Paulo:
CEAGESP. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br/>. Acesso em: maio 2018. 5HOFFMANN, R. Estatística
para economistas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991. 430 p. 6INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSITICA - IBGE. Sistema nacional de índices de preços ao
consumidor. Rio de Janeiro: IBGE.
Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultseriesHist.shtm>. Acesso em: maio 2018. Palavras-chave: valor da
produção agropecuária, Estado de São Paulo.
Data de Publicação: 28/05/2018
Autor(es):
José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Paulo José Coelho (pjcoelho@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Denise Viani Caser (dcaser@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor