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IqPR de Fevereiro de 2018: alta de 0,16%
O Índice de
Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2, que mede a
variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas, registrou pequena alta de
0,16% em fevereiro/2018 na comparação com janeiro/2018. Separado por grupos de
produtos, o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) caiu 0,51% e o IqPR-A
(produtos de origem animal) subiu 1,66% (Tabela 1). Nesta mesma tabela são
apresentadas as variações do final de janeiro/2018 e das quatro quadrissemanas
de fevereiro/2018 para os índices calculados com a cana-de-açúcar e sem a
cana-de-açúcar. Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do
índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) teve alta de 1,31%,
ou seja, 1,15 ponto percentual maior que o IqPR (com cana) e o IqPR-V sem cana
variou positivamente em 0,86%, ou seja, 1,37 ponto percentual superior ao
IqPR-V com cana (Tabela 1). O preço da tonelada da cana-de-açúcar no campo em fevereiro
apresentou queda de 1,25% (Tabela 2), novamente influenciado pelos menores
preços do açúcar tanto no mercado nacional quanto no internacional3.
Com relação ao período de fevereiro de 2017 a fevereiro de 2018, a cana
apresentou uma queda de 10,33% (Tabela 2). Já os preços praticados no
período de março de 2016 a fevereiro de 2018 (Figura 1) foram influenciados
pelo preço do açúcar no mercado internacional e deverão continuar interferindo
tendo em vista o elevado estoque do produto no mercado mundial. Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores
altas nas cotações do mês de fevereiro/2018 em relação a janeiro/2018 foram,
pela ordem: tomate para mesa (51,71%), ovos (19,67%), banana nanica (10,60%),
trigo (7,06%) e algodão (5,455) (Tabela 2). Para o tomate para mesa, segundo informações obtidas
com os técnicos de campo da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, enfermidades que acometeram os tomateiros pela alta umidade nesse
período de chuvas de verão reduziram a produtividade dos plantios, o que elevou
seus preços. Nos últimos dois meses, o produto valorizou 67,68% no campo
paulista (Figura 2). Para os ovos, o aumento da
demanda no tradicional período da quaresma, quando muitos religiosos se abstêm
do consumo de carnes, apresenta-se como principal motivo do reajuste recebido
pelas granjas paulistas. Num movimento de inversão após queda em janeiro, o
acumulado dos últimos dois meses apresenta valorização de 1,74% (Figura 2). Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de
preços no período foram laranja para indústria (-20,20%), feijão (-10,70%),
carne suína (-8,57%), arroz (-5,75%) e laranja para mesa (5,02%) (Tabela 2). Para a laranja para indústria, a baixa demanda do
produto processado é a principal justificativa para a alta queda do produto
entregue nas beneficiadoras. Formado por cartel - segundo julgamento do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) - que administra com baixa
competição a captação dos fornecedores, a análise a partir dos esto- ques
disponíveis pelas empresas processadoras tem se tornado o desafio para quem
estuda o setor. Segundo os dados levantados diariamente pelo Instituto de
Economia Agrícola (IEA), no bimestre o produto acumula queda de 17,33% em
terras paulistas (Figura 2). Estoques oriundos da safra
anterior em volumes considerados altos e oferta ascendente, fruto da expansão
da colheita em Estados como Minas Gerais e Goiás inverteram a curva de preços
do feijão carioca para baixo em fevereiro de 2018. Mesmo assim, considerando a
baixa disponibilidade do produto em janeiro/2018, no acumulado dos últimos dois
meses o produto cotado nas regiões paulistas apresentou valorização de 11,53 %
(Figura 2). Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de
fevereiro, 7 produtos apresentaram alta de preços (5 de origem vegetal e 2 de
animal), outros 11 apresentaram queda (8 vegetais e 3 animais) e um produto não
apresentou variação (batata - vegetal). ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES PARA
O IQPR COM CANA No período de março/2017 a fevereiro/2018, o IqPR
apresentou a maior alta no mês de março/2017, de 3,92% (quando os produtos
vegetais apresentaram alta de 5,57% puxados principalmente por tomate para
mesa, feijão carioca, laranja para indústria e cana-de-açúcar: esse último
produto, o mais importante na configuração do índice subiu 3,88%)4.
Já a maior queda, de 3,65%, aconteceu em junho/2017, novamente induzida pelo
IqPR-V (com as quedas das laranjas – para indústria e para mesa -, batata e
tomate para mesa)5. No caso do IqPR-A, o maior aumento (de 2,67%)
ocorreu no mês de agosto/2017 (quando a carne bovina subiu 6,37%) e a maior
baixa (de 3,24%) aconteceu no mês de junho/2017 (momento no qual a carne bovina
recuou 6,62%)6 (Figura 3). O IqPR apresentou
variações positivas nos meses de: março/2017, outubro/2017, dezembro/2017 a
fevereiro/2018, e variações negativas de abril/2017 a setembro/2017 e novembro/2017
(Figura 3). No acumulado dos
últimos 12 meses (fevereiro/2017 a fevereiro/2018), todos os índices
apresentaram variação negativa: o IqPR (geral) ficou em –5,13%, o IqPR-V
(vegetal) com –5,43% e o IqPR-A (animal) com –4,94% (Figura 4). Apesar da maioria absoluta dos produtos apresentar
queda no acumulado deste intervalo, o fato do tomate para mesa ter se
valorizado 130,17% (maior variação) impediu uma queda mais acentuada para o
IqPR e IqPR-V. Já o IqPR-A fechou com valor negativo um pouco menor no
acumulado, em virtude principalmente da menor retração do preço da carne bovina
(produto de maior peso no índice animal) e que teve a menor queda. Pode-se
perceber que o IqPR e o IqPR-V têm tido o mesmo comportamento nos últimos 12
meses, alterando somente as magnitudes das variações acumuladas. Isso, contudo,
não ocorre com IqPR-A (Figura 2). Reforçando a
análise, apresenta-se a comparação dos preços de fevereiro/2018 em relação a
fevereiro/2017. Ao relacionar os resultados das variações, observa-se uma
grande discrepância entre número de produtos com valores positivos e negativos
(3 e 16 produtos respectivamente). Apresentaram variações positivas, apenas:
tomate para mesa (130,17 %), trigo (9,67 %) e algodão (3,10%). Os demais
produtos perderam valor em ______________________________________________________ 1A fórmula de
cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da
produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os
preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência =
01/02/2018 a 28/02/2018 e base = 01/01/2018 a 31/01/2018. 2Artigo completo
com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: 12 mar.
2018. 3INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Cotações de
fechamento de produtos agropecuários mercado interno e internacional. São
Paulo: IEA, 2018. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov. 4_____. Conjuntura. Quadrissemana: base de
dados de 2017. São Paulo: IEA, 2017. Disponível em:
<http://www.iea.agricultura.sp.gov.br/out/Quadrissemana2.php?codTipo=1&ano=2017>. Acesso em: 2 mar. 2018. 5Op. cit. nota 4. 6Op. cit. nota 4. Palavras-chave: IqPR, índice, preços
recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
suas cotações, que pela ordem são: laranja para mesa (-45,99%), laranja para
indústria
(-32,46%), carne suína (-31,11%), amendoim (-28,68%), banana nanica (-24,66%),
arroz
(-19,72%), feijão (-15,98%), batata (-15,29%), café (-14,15%), ovos (-13,49%),
cana-de-açúcar (-10,33%), leite cru refrigerado (-10,31%), carne de frango
(-5,65%), milho (-4,02%), soja (-1,92%) e carne bovina (-1,39%).
br/precosdiarios/Variacoes.aspx>. Acesso em: 12 mar. 2018.
Data de Publicação: 26/03/2018
Autor(es):
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Katia Nachiluk (katia.nachiluk@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Rejane Cecília Ramos Consulte outros textos deste autor