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Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: queda de 0,88% em abril de 2017
O Índice de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) registrou queda de 0,88% no mês de abril/2017 na comparação com o mês de março/2017. Separados por grupo de produtos, destaque foi a inexistência de variação no IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal com cana-de-açúcar). Já o IqPR-A (grupo de produtos de origem animal) encerrou o mês com queda de 2,84%. Na tabela 1 são apresentadas as variações do final de março/2017 e das quatro quadrissemanas de abril/2017 para os índices calculados com a cana-de-açúcar e sem a cana-de-açúcar. Quando a cana-de-açúcar (que em abril teve queda na tonelada no campo de 1,92%) (Tabela 2) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) registra queda de 0,04%, ou seja, 0,84 ponto percentual acima do IqPR com cana. (Tabela 1). Essa queda de preço na cana-de-açúcar no mês em questão em relação ao mês de março está relacionada à qualidade da matéria-prima, que apresentou menor quantidade de açúcar total recuperável (ATR) por tonelada colhida. Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores elevações nas cotações do mês de abril/2017 em relação a março/2017 foram, pela ordem: batata (96,18%), tomate para mesa (24,29%) e feijão com 10,50% (Tabela 2). No que se refere à batata e ao tomate, a alta perecibilidade desses produtos justificam efeitos gangorra influenciados diretamente pelas ações climatológicas. Para a batata em específico, a subida em seus preços está relacionada aos descartes do produto feito pelos produtores em março (devido aos preços que atingiram patamares abaixo dos custos de produção), o que gerou regularização da oferta em abril e um melhor valor pago aos bataticultores. Já o tomate de mesa, devido ao amadurecimento concentrado da produção principalmente na região de Mogi Mirim, teve seus preços elevados num patamar remunerador para os agricultores. Apesar de manutenção de alta de preços do feijão no resultado deste mês, esta tendência perdeu força desde o mês anterior, com o período de colheita da segunda safra. O valor da saca de feijão com esta alta ficou em R$169,62, ainda bastante distante da média dos 12 últimos registros mensais de preços levantados pelo IEA que foi de R$267,18. Mantidas as previsões de aumento de produção da segunda safra, pode ocorrer queda nos preços, com uma dinâmica que depende das estratégias de colocação desta produção no mercado. A qualidade do produto, frente aos ofertados da safra anterior, também é responsável por este comportamento de preços. Já os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços no mês de abril/2017 foram: laranja para mesa (-16,25), carne suína (-11,31%) e milho (-11,19%) (Tabela 2). A safra 2016/17 de laranja foi a menor dos últimos anos tendo como consequência os maiores preços praticados da fruta nos últimos anos. Portanto, nos últimos meses, a laranja estava sempre entre os produtos que apresentaram maiores altas. Com o início da safra 2017/18, estima-se que ela seja maior que a passada, gerando uma maior oferta da fruta num encaminhamento de queda de 16,25% na laranja de mesa e de 8,69% na laranja de indústria. A queda na laranja de mesa está atrelada, além do aumento da oferta do produto, ao menor consumo devido aos dias mais frios de outono. A carne suína, que apresentou queda significativa dos preços no mês passado (em março caiu 10,91%), continua sofrendo retração em suas cotações e neste mês reforça-se o declínio em suas cotações na ordem de -11,31%. O motivo desse movimento continua sendo principalmente o recuo da demanda em virtude das informações “desastrosas” divulgadas pela operação “Carne Fraca” da Policia Federal e que foi maximizado pelos comentários, compartilhamento e sátiras, tanto da impressa, como de pessoas comuns nos meios digitais. Mais uma vez, o efeito “manada” foi verificado3,4. Ademais as quedas das cotações da carne suína e bovina (esta última caiu -3,29%) não apresentaram reações muito significativas em função de os mercados permanecerem aguardando a retomada da normalidade. No mês de abril (primeiro mês completo após a operação “Carne Fraca”) apresentou-se queda nas exportações de carnes de 13,3%. Contudo, boa parte dos países que restringiram importações já retomou as compras de carne brasileira, outros, porém, ainda mantém as barreiras. Já os preços do milho caíram 11,19% em abril devido à retomada da produção em relação aos números das safras anteriores. Aumento da área e da produtividade, somadas às condições climáticas favoráveis ampliaram a oferta do produto. Reforçam esse indicativo os preços baixos no mercado internacional e a desvalorização do dólar que desencorajam a exportação. Como insumo visualiza-se uma demanda estável pelo produto no setor de carnes que se mantém sem grandes alterações e também justifica a baixa de preços no mercado doméstico. Em resumo, dos 19 produtos analisados no mês de abril, 8 produtos apresentaram alta de preços (6 de origem vegetal e 2 de animal) e 11 apresentaram queda (8 vegetais e 3 de origem animal). - ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES No acumulado dos últimos 12 meses (abril/2016 a abril/2017), o IqPR (geral) apresenta alta de 15,18%, por conta da forte valorização do IqPR-V (vegetal) que subiu de 22,15%. Com tendência de desvalorização, o IpPR-A (animal) apresentou queda de -0,87% no período (Tabela 1 e Figura 1). Reforçando essa análise, apresenta-se a comparação dos preços de abril/2016 em relação a abril/2017. Ao relacionar os resultados das variações mostra-se que oito produtos recuaram em suas cotações: batata (-62,22%), milho (-40,82%), soja (-15,91%), carne bovina (-11,81%), trigo (-10,80%), amendoim (-10,22%), carne de frango (-7,50%) e café (-0,01%). No grupo de origem animal, apresentaram elevações de preços: carne suína (27,86%), ovos (23,82%) e leite cru resfriado (22,30%). No grupo de produtos vegetais, os percentuais reajustados aconteceram, na seguinte ordem: laranja para mesa (88,53%), tomate para mesa (79,46%), banana nanica (60,52%), laranja para indústria (57,52%), cana-de-açúcar (20,66%), arroz (17,96%) e o algodão (9,12%) (Tabela 2). Sendo assim, 10 dos 18 produtos apresentaram altas significativas, acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP)5, que nos últimos 12 meses apresentou queda de -1,19%. Enfatiza-se que com variação negativa, somente o café teve queda menor que o IPP. __________________________________________________ 1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/04/2017 a 30/04/2017 e base= 01/03/2017 a 31/03/2017. 2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: maio 2017. 3MUCHNIK, L.; ARAL, S. TAYLOR, S. J. Social influence Bias: a randomized experiment. Science, Washington, Vol. 341, Issue 6146, pp. 647-651, Aug. 2013. Disponível em: <http://science.sciencemag.org/content/341/ 4BOND, R. M. et al. A 61-million-person experiment in social influence and political mobilization. Nature, Vol. 489, Issue 7415, pp. 295-298, Sept. 2012. Disponível em: <http://www.nature.com/nature/journal/v489/ 4O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos. Palavras-chave: IqPR, índice, preços recebidos, índices agrícolas, variações, indicadores.
6146/647>. Acesso em: maio 2017.
n7415/full/nature11421.html>. Acesso em: maio 2017.
Data de Publicação: 19/05/2017
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Ana Victoria Vieira Martins Monteiro (ana.monteiro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Maximiliano Miura (maximiliano.miura@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Priscilla Rocha Silva Fagundes (prsfagundes@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Rejane Cecília Ramos Consulte outros textos deste autor