Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sobe 1,38% em Novembro de 2016

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1, 2 (que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas) encerrou o mês de novembro de 2016 em alta de 1,38% na comparação com o mês outubro/2016, quando registrou queda -0,10%. Na decomposição dos grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) subiu 2,74%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) registrou baixa de -1,65% (Tabela 1).

 


 

Na tabela 1 são apresentados os resultados das variações dos índices entre a última semana de outubro/2016 e as quadrissemanas de novembro/2016. Observa-se que o IqPR (geral) e o IqPR-V tiveram o mesmo comportamento de alta, com a aceleração dos índices durante as quatro quadrissemanas de novembro/2016, fechando positivamente. Essa alta de 1,38% do IqPR é por conta do aumento do grupo de produtos vegetais (2,74%), uma vez que o IqPR-A (animal) apresentou comportamento inverso, com o recuo dos índices em todas parciais, passando de uma variação negativa de -0,67% no final de outubro/2016 para uma queda de -1,65% no fechamento de novembro/2016, com destaque para a queda dos preços do leite, ainda nesse grupo, apenas a carne suína registrou alta no mês.



Quando a cana-de-açúcar (que em novembro/2016 teve o preço da tonelada no campo reajustado em 2,80%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos produtos, o IqPR (geral sem cana) apresenta uma leve alta de 0,23% (Tabela 1), demonstrando o peso da cultura canavieira no índice geral.

Os produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de novembro/2016 foram laranja para indústria (15,88%), café (12,35%), laranja para mesa (11,07%), cana (2,80%) e carne suína (2,77%) (Tabela 2).

Para a laranja para mesa, a alta (11,07%) pode ser atribuída à redução de quantidade ofertada ao mercado, contrariando, porém, o padrão estacional, em decorrência de maior envio da fruta para processamento para a indústria de suco, que também passou a pagar mais (15,88%) em um ano com menor previsão de colheita. Registre-se ainda que, em novembro, sempre se espera (no varejo) um aumento de preço da fruta fresca em relação ao mês anterior, pela maior procura no consumo com dias mais quentes.

Para o café, foi registrado alta de 12,35% no seu preço médio mensal, reflexo da quebra da safra da variedade conillon no Estado do Espírito Santo, que influenciou na valorização das cotações dessa commoditie no mercado internacional bem como no Brasil.

Mesma situação para o preço da cana-de-açúcar que, depois do aumento de 1,93% em outubro/2016, continuou a subir nesse mês (2,80%), reflexo da valorização do açúcar no mercado internacional com a menor safra da cana na Índia, associada ao final da safra no Brasil com a redução do corte para processamento.

Os produtos que apresentaram quedas mais expressivas de preços no mês de novembro/2016 foram feijão (29,97%), batata (8,61%) e leite cru resfriado (8,29%) (Tabela 2).

Para o feijão, em novembro/2016 as cotações caíram quase 30%, seguindo a tendência de queda iniciada no mês de outubro/2016, quando recuou 25%. Esse resultado reflete a maior disponibilidade do produto ofertado com a antecipação do plantio do período das águas, motivado pela situação de mercado verificada nos meses de junho a setembro/2016.

Pelo segundo mês consecutivo, os preços pagos aos produtores de leite recuaram no Estado de São Paulo, por conta da maior produção. Contribuiu para esse resultado a melhora das condições do pasto e o recuo do preço do milho que é a base da ração animal.

Em resumo, no mês de novembro/2016, oito produtos apresentaram alta de preços (sete de origem vegetal e apenas um de origem animal), nove tiveram queda (seis de origem vegetal e três de origem animal) e um produto (carne de frango) não teve variação de preços em relação ao mês anterior. O amendoim ficou sem cotação em novembro devido à falta do produto.

 

ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES

No acumulado dos últimos 12 meses (novembro/2015 a novembro/2016), os três índices apurados registram alta nas variações. Para o IqPR (geral), o acumulado foi de 23,27%, devido à forte valorização do IqPR-V (vegetal) que acumulou alta de 30,02%. Já o IpPR-A (animais) acelerou no período 5,73% (Tabela 1 e Figura 1). 

Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor da tonelada no campo teve variação positiva de 20,76% na comparação com novembro de 2015), os índices acumulados apresentaram valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 26,64%, enquanto o IqPR-V (sem cana) sobe para 51,47%. Esses números mostram que, no acumulado destes 12 meses, grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem superiores aos da cana-de-açúcar (Tabela 1).

Na figura 1 se observam as variações acumuladas mensalmente (base 100 = novembro/2015) dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De um modo geral, apresentam praticamente o mesmo comportamento com crescimentos de novembro/2015 até o mês de março/2016, reflexo da desvalorização do real frente ao dólar. Para o mês de abril/2016, nota-se certa estabilidade no IqPR, e volta a acelerar nos meses de maio e junho/2016, puxados pelos produtos vegetais e pela recuperação dos produtos de origem animal (carnes, ovos e leite).

  

No mês de julho/2016, com o índice mensal negativo dos produtos vegetais (único registrado no período analisado), o IqPR acumulado recua, retomando, porém, o crescimento a partir de agosto até novembro, pressionados pelas elevações dos produtos vegetais, e só não foi maior devido ao índice negativo dos produtos de origem animal verificado nos últimos três meses (Figura 1).

Comparando os preços entre novembro/2016 e novembro/2015, os produtos que tiveram maiores variações foram: laranja para indústria (109,68%), banana nanica (101,70%), laranja para mesa (96,73%), arroz (30,55%), feijão (21,93%), leite cru resfriado (21,08%), café (20,87%), cana-de-açúcar (20,76%), milho (16,07%), algodão (10,49%), ovos (9,46%), arroz (33,79%), batata (28,03%), milho (27,57%), ovos (20,23%) e algodão (8,16%) subiram acima do Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (alta de 6,02% no mesmo período)3. Abaixo do patamar desse indicador que aponta a atualização dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: carne bovina (1,38%) e carne de frango (0,26%) (Tabela 2). Apresentaram quedas no acumulado dos 12 últimos meses: tomate para mesa (-19,56%), batata (-16,53%), trigo (14,81%), soja (-4,11%) e carne suína (-0,38%) (Tabela 2).



______________________________________________________

1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/11/2016 a 30/11/2016 e base = 01/10/2016 a 31/10/2016.

 

2Artigo completo com a metodologia. PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v. 38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573>. Acesso em: dez. 2016.

 

3O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste em uma medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços comprados pelos agricultores. Ele é composto por produtos de natureza industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis, lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos.

Data de Publicação: 14/12/2016

Autor(es): José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Antonio Ambrósio Amaro (amaro.pingo@gmail.com) Consulte outros textos deste autor