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Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista: alta de 2,64% em setembro de 2016
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2
(que mede a variação dos preços recebidos pelos produtores paulistas)
encerrou o mês de setembro de 2016 com alta de 2,64% na comparação com o mês
anterior, puxada principalmente pelos reajustes nos valores da cana-de-açúcar,
laranja (indústria e mesa) e banana. Na decomposição dos grupos de produtos, o
IqPR-V (produtos de origem vegetal) fechou em 4,39%, enquanto o IqPR-A
(produtos de origem animal) terminou o mês com baixa de -2,60% (Tabela 1). Na tabela 1 são apresentados os resultados das
variações dos índices entre a última semana de agosto/16 e as quadrissemanas de
setembro/16. Visualiza-se que nesse período o IqPR apresentou ascensão de 0,84
ponto percentual. Já ao se analisar as 4 quadrissemanas do mês de setembro
observa-se que o IqPR (geral) apresentou certa estabilidade, iniciando em 2,42%
e finalizando em 2,64%. Porém, separados por grupo de produtos, os índices de
produtos vegetal e animal tiveram comportamentos opostos, com o IqPR-V (vegetal)
acelerando em suas variações, enquanto o IqPR-A (animal) registra queda,
ajudando a segurar o índice geral. Quando
a cana-de-açúcar (que em setembro/16 teve o preço da tonelada no campo
reajustado em 4,02%) é excluída do cálculo do índice na ponderação dos
produtos, o IqPR (geral sem cana) sobe menos, numa variação positiva de 1,15%
(Tabela 1). Os
produtos do IqPR que apresentaram as maiores altas nas cotações do mês de
setembro/16 foram: laranja para indústria
(21,05%), banana nanica (18,19%) e laranja para mesa (17,48%) (Tabela 2). Para
laranja, a junção de uma menor oferta (captada no levantamento parcial
realizado em junho/16 da previsão de safras pelo IEA/CATI)3, aliada à
maior captação das fábricas de suco, tem escasseado o produto, valorizando
tanto o preço da fruta, que é direcionado para a indústria, quanto para o
mercado in natura. No
caso da banana nanica, problemas climáticos (geadas) geraram perdas na produção
que elevaram o preço do quilo do produto desde a comercialização no campo até
às gôndolas dos supermercados. Os
produtos que apresentaram quedas mais expressivas de preços no mês de
setembro/16 foram: batata (22,47%), tomate para mesa (15,63%), trigo (15,57%),
ovos (12,17%) e milho (8,55%) (Tabela 2). O
aumento da oferta da batata com pico da safra de inverno coloca o produto em
seu terceiro mês de elevada queda nos preços recebidos pelos produtores, o que
reduziu as margens dos produtores num contexto, agora, bem próximo ao
vivenciado no mesmo período do ano anterior[A1] . Em
resumo, no mês de setembro/16, 9 produtos apresentaram alta de preços (8 de
origem vegetal e 1 de origem animal) e 10 apresentaram queda (6 de origem
vegetal e 4 de origem animal) (Tabela 2). ACUMULADO DOS ÚLTIMOS 12 MESES Retirado o produto cana-de-açúcar (cujo valor
da tonelada no campo teve variação positiva de 20,07% na comparação com
setembro de 2015), os índices acumulados encerraram o último mês de 2016 com
valorizações maiores: o IqPR (sem cana) vai para 36,22%, enquanto o IqPR-V (sem
cana) sobe para 63,53%. Esses números mostram que no acumulado destes 12 meses
grande parte dos produtos vegetais teve variações em seus preços bem superiores
aos da cana-de-açúcar (Tabela 1), puxados principalmente pelo feijão, banana,
batata, amendoim, laranja (mesa e indústria), milho e arroz. Na figura 1 observam-se as variações acumuladas mensalmente e
dos índices mensais dos três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A). De um modo geral,
ambos apresentam praticamente o mesmo comportamento com crescimentos de
outubro/15 até março/16, reflexo da desvalorização do real frente ao dólar que
ampliou as possibilidades de exportação do setor, e por outro lado os custos de
produção encareceram com o uso de insumos importados. Fatores, como aumento dos
combustíveis e tarifas de energia elétrica, também contribuíram para o aumento
dos custos que foram repassados aos produtos. Para o mês de abril/16, nota-se
certa estabilidade no IqPR, com a volta de seu crescimento nos meses de maio e
junho/16 puxado principalmente pelos produtos vegetais e pela recuperação dos
produtos de origem animal (carnes, ovos e leite). No mês de julho/16, com o índice mensal negativo dos produtos
vegetais, o IqPR acumulado recua, porém, volta a subir nos meses de agosto e
setembro, puxado pelas elevações dos produtos vegetais (principalmente frutas),
e só não foi maior devido ao índice negativo dos produtos de origem animal,
agora em setembro (Figura 1). Esse movimento de alta a partir de maio/16 é
reflexo do clima, com períodos de estiagem (abril/maio) e de geadas (junho e
julho), que afetou a produção de muitos produtos (como feijão, frutas, milho e
leite). Comparando-se os preços entre setembro/16 e
setembro/15, tomate para mesa (-12,06%) e carne suína (-5,88%) apresentaram
quedas em suas cotações. Com altas significativas, banana nanica (158,81%),
feijão (147,70%), laranja para mesa (79,15%), laranja para indústria (78,95%),
amendoim (72,22%), milho (49,66%), leite cru resfriado (39,12%), ovos (33,76%),
arroz (33,69%), cana-de-açúcar (20,07%), trigo (13,85%), café (11,25%), algodão
(10,40%), batata (8,87%) e carne de frango (8,41%) subiram acima do Índice de
Preços Pagos pelos Produtores (IPP), calculado pelo Instituto de Economia
Agrícola (alta de 7,85% no mesmo
período)4. Abaixo do patamar desse indicador que aponta os reajustes
dos custos de produção, estão as variações das seguintes culturas: soja (5,91%)
e carne bovina (3,54%) (Tabela 2). _______________________________________________ [1]A fórmula de
cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da
produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas
pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas
comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços
médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/09/2016 a
30/09/2016 e base = 01/08/2016 a 31/08/2016. 2Artigo completo
com a metodologia: PINATTI, E. et al. Índice quadrissemanal de preços recebidos
pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.
38, n. 9, p. 22-34, set. 2008. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/tec3-0908.pdf>. Acesso em:
out. 2016. 3ANGELO, J. A. et al. Previsões e
estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2015/16,
junho de 2016. Análises e Indicadores do
Agronegócio, São Paulo, v. 11, n. 8, ago. 2016. Disponível em:
<http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-54-2016.pdf>. Acesso em: out.
2016. 4O Índice de Preços Pagos pelos Produtores (IPP) consiste numa
medida de caráter geral das variações nos preços dos insumos e serviços
comprados pelos agricultores. O Índice é composto por produtos de natureza
industrial (como adubos, defensivos, vacinas, medicamentos, combustíveis,
lubrificantes e outros), produtos de natureza agrícola (como sementes, mudas e
adubos vegetais e animais), máquinas e equipamentos.
No acumulado dos últimos 12 meses
(setembro/15 a setembro/16), os três índices apurados registram altas nas
variações. Para o IqPR (geral) o acumulado foi de 27,86% devido à forte
valorização do IqPR-V (vegetal) que acumulou alta de 32,95%. Já o IpPR-A
(animais) acelerou no período 13,13% (Tabela 1, Figura 1).
Data de Publicação: 20/10/2016
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor