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Cotações do Robusta Impulsionam a Curva Futura do Café
O mercado de juros futuros praticado na BM&F-Bovespa
confirma a expectativa dos investidores de que nos próximos meses haverá queda
dos juros básicos da economia. Tal posicionamento decorre, em parte, da queda
dos índices de inflação divulgados pelas instituições que monitoram o
comportamento dos preços. O arrefecimento da escalada inflacionária pode
receber um impulso adicional caso a revisão da política de preços dos
combustíveis for efetivamente implementada. Mesmo considerando o elevado
patamar em que ainda se encontram, a queda no índice de juros futuros favorece
as aplicações em commodities (Figura
1). As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova
York, para a posição de setembro de 2017 na média da quarta semana de setembro
de 2016, situaram-se em US$160,81/lbp. Tal cotação, efetuadas as devidas
conversões, representaria valor de US$212,63/sc., que a média de cotações para
o dólar futuro de set./2017 (R$3,57/US$) alcaçaria R$759,09/sc. Comparativamente, a média de preços recebidos
pelos cafeicultores de Franca em setembro de 2016 foi de R$499,00/sc.2,
constatando-se que há expressivo resíduo entre a cotação futura e o preço
recebido, legitimando estratégias de hedge
naquele mercado, pois há vantagem financeira significativa embutida nessa
decisão (Figura 2). As cotações médias semanais do café robusta na Bolsa
de Londres fundamentam a explicação para a disparada nas cotações médias
internacionais do arábica. Em setembro de 2016, o mercado futuro de robusta
exibiu pressão altista com médias semanais no mês sendo superadas semana a
semana. A elevação média situou-se em torno dos US$¢4,00/lbp, impulsionado as cotações
para patamares acima dos US$¢90,00/lbp.
Escassez global do produto devido à queda da safra brasileira (mais expressiva)
e em menor escala também da vietnamita e da indonésia deverão causar deficit de suprimento do produto acima
das 3 milhões de sacas, incrementando assim suas cotações (Figura 3). Ao menos no Brasil, os
industriais do segmento (torrefadores e solubilizadores) iniciaram
processo de substituição do conilon no blend
por arábicas mais baixos. Em pleno pico de oferta do produto no país, seus
preços ainda não exibem a escassez de robusta nos mercados (interno e
internacional). A expectativa para os próximos meses, com a aproximação da
entressafra no Brasil, é de que essas cotações passem a refletir essa condição
do mercado. A evolução da posição líquida dos contratos
negociados em Nova York demonstra forte interesse dos fundo e grandes
investidores nos contratos de café. Fundos de índices e pequenos investidores,
também, exibem posição líquida comprada. Os investidores manterão o mercado
pressionado na medida em que o suprimento não deve ser satisfatório nesse e no
próximo ano (Tabela 1). Com
estoques globais beirando limites técnicos (três meses de suprimento), associada a um mercado demandante para o produto, a atual
escassez de oferta poderá gerar estímulos aos competidores do Brasil nesse
mercado, fato que contribuiu na produção de distorções que afetaram o segmento
em períodos passados. Crendo que as mudanças climáticas introduzem ainda
maiores incertezas quanto ao suprimento futuro, espera-se forte volatilidade
nas cotações futuras no atual e próximo trimestre. _______________________________________ 1O autor agradece o trabalho de
sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à
Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio
Caldeira Franco. 2INSTITUTO DE
ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados.
São Paulo: IEA. Disponível em: <http://ciagri.iea. Palavras-chave: mercado futuro
de café, contratos futuros, Bolsa de Valores.
sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>. Acesso em: out. 2016.
Data de Publicação: 14/10/2016
Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor