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Recuperação dos Preços de Mandioca Industrial em 2016
A produção nacional de mandioca em 2016, segundo
estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deverá se
situar em 22,3 milhões de toneladas, acusando, portanto, queda de 2,2%
relativamente ao ano anterior, distante ainda dos patamares verificados nos
seis primeiros anos do último decênio, quando na média a produção anual foi de 25,7
milhões de toneladas, antes da severa estiagem na região Nordeste, nos anos de
2012 e 2013. Observando-se os dados de área do último decênio, verifica-se que,
anualmente, a diferença entre área plantada e área colhida é menor que 4%,
exceto em 2008, quando foi de 9,6%. Entretanto, nos dois últimos anos do
decênio, 2014 e 2015, a diferença foi respectivamente de 41% e 30%,
evidenciando perdas expressivas nas lavouras instaladas1. Historicamente, os Estados do Paraná, da Bahia e do
Pará encontram-se entre as três primeiras colocações no ranking da produção brasileira de mandioca, com volumes anuais de
produção em torno de 4,0 milhões de toneladas em cada estado. Entre eles, o Estado
do Paraná se destaca pela existência de um parque industrial processador de
raiz de mandioca bem desenvolvido, que o coloca como maior produtor de amido de
mandioca do país, com 70% da produção brasileira da fécula, seguido pelo Estado
de Mato Grosso do Sul, e São Paulo na terceira colocação. Segundo a Associação
Brasileira da Indústria de Amido de Mandioca, as três unidades da federação
respondem por 99% da produção de fécula de mandioca2. Os Estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e
Mato Grosso do Sul destacam-se também pela produção de farinha de mandioca,
cuja atividade é de caráter predominantemente empresarial, enquanto nos outros
estados da federação a produção de farinha é mais artesanal, mais voltada ao
abastecimento local e de subsistência. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do
IBGE, de julho, estima a produção baiana de mandioca na safra 2016 em 2,1
milhões de toneladas, 13% acima do resultado da safra anterior, mas ainda bem
abaixo dos 3,6 milhões de 2011, quando começou o declínio3. A
produção paranaense também deverá ser menor, conforme o mesmo levantamento, de
4,1 milhões de toneladas em 2015 para 3,7 na safra 2016. A produção paraense
também deverá se reduzir, de 4,7 milhões de toneladas para 4,2 milhões de
toneladas, embora continue liderando o ranking
da produção nacional. Em São Paulo, o Levantamento de Estimativas e
Previsão de Safra de junho, do Instituto de Economia Agrícola e Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (IEA/CATI), estima uma queda de área total de
mandioca industrial de 11,6%, situando-a em 51,08 mil hectares e consequente
queda de 12% na produção de 2016, que, portanto, deverá ser de 988,39 mil
toneladas, comparativamente ao resultado do ano anterior4.
Ressalta-se que a área nova, no mesmo levantamento, acusa uma queda de 16%. Os preços recebidos pelos produtores paulistas de
mandioca estiveram deprimidos por um período longo e iniciaram um movimento de
recuperação apenas em novembro de 2015. A ascensão dos preços se mostra
consistente, como pode se verificar na figura 2. Esse fato pode ser em parte
atribuído à alta dos preços do milho desde o último trimestre de 2015, produto
concorrente, principalmente como fonte de amido demandado por diversos setores
industriais, mas também como farinha de milho. A elevação dos preços recebidos
está sendo repassada para o mercado atacadista, que já se encontra em níveis
bem elevados (Figura 3). As condições de seca na região Nordeste também
contribuem para uma perspectiva de preços mais elevados. Contudo, o fim do El
Niño e a formação de um La Niña de baixa intensidade indicam que a chuva deve
retornar à região Nordeste, o que pode arrefecer o ímpeto do movimento de alta
de preços nos próximos meses e impedir que os mesmos atinjam os níveis
altíssimos verificados em 20135. Nessa conjuntura, a expectativa é de que ocorra
recuperação da área cultivada com mandioca industrial no Estado de São Paulo na
safra 2016/17, cujo plantio deverá se intensificar a partir desse mês de
setembro. __________________________________________________ 1INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -
IBGE. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola: pesquisa mensal de
previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil. Rio de Janeiro:
IBGE, jul. 2016. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao 2ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE AMIDO DE MANDIOCA
- ABAM. Banco de dados. Paraná:
ABAM. Disponível em: <http://www.abam.com.br/index.php>. Acesso em: set.
2016. 3Op. cit. nota 1. 4INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA.
Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso
em: set. 2016. 5PEGORIM, J. Nordeste:
tendência para a primavera 2016. Climatempo, São Paulo, 26 set. 2016.
Disponível em: <http://www.climatempo.com.br/noticia/2016/09/26/nordeste-tendencia-para-a-primavera-2016-0407>. Acesso em: 29 set. 2016. Palavras-chave: mandioca
industrial, farinha de mandioca, cadeia produtiva da mandioca.
_Agricola_[mensal]/Fasciculo/lspa_201607.pdf>.
Acesso em: 23 ago. 2016.
Data de Publicação: 10/10/2016
Autor(es): José Roberto Da Silva (josersilva@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor