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Setor Agropecuário Paulista Reduz em 3% o Número de Empregos Formais em 2012
Os dados recentemente divulgados sobre o emprego
formal em 2012 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)1, por
meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)2, evidenciaram
que o Estado de São Paulo gerou 2,8% postos de trabalho, resultado alcançado
principalmente pelos setores de comércio e serviços, que juntos criaram mais de
400 mil empregos formais (Tabela 1). Porém, o setor agropecuário paulista registrou
queda de 3% nos vínculos ativos formais em relação ao ano anterior. Em 2012
foram registrados 350.444 vínculos ativos com carteira assinada, resultado
inferior ao de 2011, de 361.435. Tabela 1 - Total de
Empregos Formais por Setores Econômicos, Estado de São Paulo, 2011 e 2012 Setores econômicos 2011 2012 % em 2012 Var. % Indústria 2.954.962 2.944.039 21,4 -0,4 Construção civil 694.208 680.771 4,9 -1,9 Comércio 2.620.402 2.712.364 19,7 3,5 Serviços 6.781.772 7.095.923 51,5 4,6 Agropecuária1 361.435 350.444 2,5 -3,0 Total 13.412.779 13.783.541 100,0 2,8 1Neste texto toma-se o devido
cuidado em expressar corretamente esses números, uma vez que na organização dos
dados pelo MTE, a atividade “Atividade de Apoio à Produção Florestal” é
excluída do setor agropecuário e transferida para o setor do serviços, enquanto
“Atividades Paisagísticas” é inserida no setor agropecuário quando na verdade é
uma atividade do setor de serviços. Os ajustes foram feitos pelos autores. Fonte: Elaborada pelos autores a
partir de dados da RAIS/MTE. O setor agropecuário paulista, até o ano de 2006,
era o quarto na geração de empregos, quando então perdeu posição para a construção
civil3. As informações da RAIS indicam que o setor está na quinta e
última posição no Estado de São Paulo e representa 2,5% do total de empregos
com carteira assinada. Há de se resssaltar que o trabalho informal e a ocupação
da agricultura familiar não são computados pela RAIS (e não é o objetivo dessa
fonte de informação). Portanto, deve-se ter em mente que a importância deste
setor econômico para geração de emprego, renda e ocupação de trabalhadores é
maior do que se deduz pelo levantamento formal, embora não se possa afirmar com
rigor a quanto monta essa diferença. Segundo relatório do MTE sobre o desempenho do
emprego formal em 20124 para todos os setores econômicos no
território nacional, é ressaltado que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 teve
um crescimento de 0,9%, inferior quando comparado ao de 2011, com crescimento
de 2,7%. Estes indicadores mostram o desaquecimento da economia brasileira. O
MTE aponta que o crescimento do PIB em 2012 foi impulsionado pela expansão da
demanda interna, especialmente pelo consumo familiar, que contribuiu com 1,85%
para a taxa de crescimento do PIB, alavancado pelo aumento da massa salarial.
Com isso, houve no Brasil um aumento de 2,5% no total de empregos formais em relação
a 2011, ou seja, 1.148 milhão de novos postos de trabalho. O ano de 2011 foi
mais bem sucedido, pois haviam sido criados 2.242 milhões de empregos, 5,1% a
mais do que o registrado em 2010 e, conforme o Ministério divulgou, em 2011 foi
atingida a segunda maior marca em toda a série histórica da RAIS. Em relação ao desempenho do setor agropecuário
paulista comparado às outras unidades da Federação, o Estado de São Paulo é o
que tem maior número de empregos formais, 23,4% do total no setor agropecuário
brasileiro. Destaca-se a região centro-sul, com concentração superior a 50% de
registros em carteira (Tabela 2). Nos estados mais distantes do centro-sul, a
participação torna-se muito menor, evidenciando que deve haver um grande número
de trabalhadores brasileiros sob a condição da informalidade e a qual os Ministérios
Público e do Trabalho coíbem e erradicam por meio de ações ao longos dos
últimos anos. Em relação às perdas de potencial de trabalho no
setor agropecuário paulista, o cultivo da cana-de-açúcar poderia ser a
principal explicação pela queda do número de empregos formais, uma vez que a
intensificação da mecanização na colheita dela tem provocado profunda
reestruturação no mercado de trabalho rural e eliminação de um contingente de seus
cortadores. Ao mesmo tempo, os dados da RAIS evidenciam que esta atividade
econômica aumentou 3.361 postos de trabalho. O aumento refere-se principalmente
à demanda por outras ocupações no sistema produtivo, como tratoristas, ligadas
diretamente ao cultivo da cana-de-açúcar, sendo esta a ocupação que substitui
os trabalhadores manuais na colheita (Tabela 3). Além disso, o cultivo da
cana-de-açúcar continua a ser a atividade econômica
agropecuária que mais gera empregos no Estado de São Paulo. Somente ela é
responsável por 24,2% do total de empregos no setor. Tabela 2 - Total de
Empregos Formais no Setor Agropecuário por Unidades da Federação, 2011 e 2012 Setores econômicos 2011 2012 % Var. % São Paulo 361.435 350.444 23,5 -3,0 Minas Gerais 273.879 262.777 17,6 -4,1 Paraná 104.730 104.735 7,0 0,0 Mato Grosso 95.059 99.356 6,7 4,5 Bahia 99.110 95.863 6,4 -3,3 Goiás 83.837 86.624 5,8 3,3 Rio Grande do Sul 84.715 82.064 5,5 -3,1 Mato Grosso do Sul 67.064 66.156 4,4 -1,4 Pará 49.499 53.159 3,6 7,4 Santa Catarina 46.541 43.242 2,9 -7,1 Pernambuco 45.054 42.868 2,9 -4,9 Espírito Santo 33.281 31.922 2,1 -4,1 Maranhão 26.142 25.448 1,7 -2,7 Ceará 24.183 24.716 1,7 2,2 Rio de Janeiro 22.604 21.821 1,5 -3,5 Tocantins 17.155 16.987 1,1 -1,0 Rio Grande do Norte 14.995 14.709 1,0 -1,9 Sergipe 13.842 13.070 0,9 -5,6 Paraíba 14.702 12.321 0,8 -16,2 Rondônia 10.919 11.358 0,8 4,0 Piauí 8.506 9.065 0,6 6,6 Alagoas 9.747 8.940 0,6 -8,3 Distrito Federal 7.093 7.171 0,5 1,1 Amazonas 3.252 3.112 0,2 -4,3 Acre 3.067 3.058 0,2 -0,3 Roraima 1.136 1.235 0,1 8,7 Amapá 1.086 959 0,1 -11,7 Total 1.522.633 1.493.180 100,0 -1,9 Fonte: Elaborada pelos autores a
partir de dados da RAIS/MTE. Tabela 3 - Atividades
Econômicas do Setor Agropecuário, Estado de São Paulo, 2011 e 2012 CNAE 2.0 2011 2012 % Var. % Cultivo de cereais 7.221 7.033 2,0 -2,6 Cultivo de algodão herbáceo e de outras fibras de lavoura
temporária 1.685 1.475 0,4 -12,5 Cultivo de cana-de-açúcar 81.272 84.633 24,2 4,1 Cultivo de fumo 6 6 0,0 0,0 Cultivo de soja 2.748 2.840 0,8 3,3 Cultivo de oleaginosas de lavoura temporária, exceto soja 1.434 1.436 0,4 0,1 Cult. de plantas de lavoura temporária não especificadas
anteriormente 12.475 11.079 3,2 -11,2 Horticultura 8.825 9.103 2,6 3,2 Cultivo de flores e plantas ornamentais 11.995 11.998 3,4 0,0 Cultivo de laranja 66.831 51.362 14,7 -23,1 Cultivo de uva 1.315 1.301 0,4 -1,1 Cultivo de frutas de lavoura permanente, exceto laranja e uva 9.329 9.433 2,7 1,1 Cultivo de café 16.222 15.966 4,6 -1,6 Cultivo de cacau 6 28 0,0 366,7 Cult. de plantas de lavoura permanente não especificadas
anteriormente 3.182 3.384 1,0 6,3 Produção de sementes certificadas 1.441 1.520 0,4 5,5 Produção de mudas e outras formas de propagação vegetal,
certificadas 2.221 2.090 0,6 -5,9 Criação de bovinos 46.730 45.440 13,0 -2,8 Criação de outros animais de grande porte 3.007 2.867 0,8 -4,7 Criação de caprinos e ovinos 476 470 0,1 -1,3 Criação de suínos 2.643 2.331 0,7 -11,8 Criação de aves 21.281 21.062 6,0 -1,0 Criação de animais não especificados anteriormente 1.593 1.822 0,5 14,4 Atividades de apoio à agricultura 34.492 41.169 11,7 19,4 Atividades de apoio à pecuária 3.818 3.677 1,0 -3,7 Atividades de pós-colheita 388 372 0,1 -4,1 Caça e serviços relacionados 3 5 0,0 66,7 Produção florestal - florestas plantadas 12.102 10.439 3,0 -13,7 Produção florestal - florestas nativas 898 839 0,2 -6,6 Atividades de apoio à produção florestal 4.298 3.395 1,0 -21,0 Pesca em água salgada 662 713 0,2 7,7 Pesca em água doce 90 88 0,0 -2,2 Aqüicultura em água salgada e salobra 173 173 0,0 0,0 Aqüicultura em água doce 573 895 0,3 56,2 Total 361.435 350.444 100,0 -3,0 Fonte: Elaborada pelos autores a
partir de dados da RAIS/MTE. A perda de postos de trabalho no setor
agropecuário ocorreu principalmente no cultivo de citros. Esta atividade em
2011 absorvia 66.831 postos de trabalho formais e, em 2012, caiu para 51.362, ou
seja, uma perda significativa de 15.469 postos de trabalho. Isso é uma consequência
da crise no setor da laranja ocorrida na safra 2012/13, na qual muitos
produtores, frente aos baixos preços recebidos, aumento nos custos de produção
e dificuldade de escoar a produção optaram por deixar a fruta no pomar, aumentando
os problemas fitossanitários e até a erradicação completa de pomares5. Apesar deste ano ruim para o cultivo da laranja,
essa atividade ainda é a segunda mais importante no setor agropecuário paulista
(14,7% dos empregos formais), seguida da criação de bovinos, que representa 13%
do total de postos de trabalho. O setor agropecuário paulista é composto de 34
atividades econômicas. No ano de 2012, 20 dessas atividades apresentaram
crescimento no número de empregos, como cultivo da soja, produção de sementes
certificadas, pesca de água salgada e cana-de--açúcar, conforme já citado. Um
destaque é “atividades de apoio à agricultura”, que registrou um aumento de
19,4% em relação a 2011. Esta atividade corresponde às empresas que terceirizam
a mão de obra (formal) para estabelecimentos rurais com atividades agrícolas
como café, laranja e outras. Isso evidencia que muitos estabelecimentos
preferem diminuir seus custos de produção que envolve pagamento de salário, e
assim optam pela terceirização de mão de obra, que é um processo comum em
outros setores econômicos. É o caso, por exemplo, da administração pública
(terceirização de limpeza e segurança). Em relação à geração de empregos nas 15 Regiões
Administrativas (RA) do Estado de São Paulo, 8 delas apresentaram expansão no
emprego formal, como é o caso de Araçatuba, com aumento de 23,6% por conta da
criação de bovinos e expansão da cana-de--açúcar (Tabela 4). Já as regiões de
Campinas e Sorocaba, que juntas concentram cerca de 34% do emprego formal,
tiveram queda no número de empregos. Em Campinas, em que se destaca a produção
de laranja, uma possível explicação para a queda no número de empregos pode ser
creditada à crise. Mas há de se considerar também que essas duas regiões são
bastante desenvolvidas nos outros segmentos da economia, oferecendo o atrativo
do emprego urbano, mais bem remunerado, e por isso o setor agropecuário acaba
por perder esses postos de trabalho. Esta é a primeira divulgação realizada pelo
Instituto de Economia Agrícola sobre os dados da RAIS 2012 relativa ao emprego
formal no setor agropecuário. Ainda que os dados para esse setor informem um
aspecto negativo na geração de empregos, há de se ressaltar o dinamismo
positivo observado nas atividades agropecuárias e nas regiões paulistas que
expandem o crescimento de empregos. A RAIS tem importante função para quantificar,
dimensionar, subsidiar e direcionar políticas públicas para a geração de
emprego e renda no país, bem como minimizar as disparidades sociais (setoriais
e regionais). Não apenas é possível obter informações setoriais, como estas
analisadas aqui, mas também propicia entender a dinâmica do emprego por
municípios e outras abrangências geográficas. Tabela 4 - Total de
Empregos Formais no Setor Agropecuário por Regiões Administrativas, Estado de São
Paulo, 2011 e 2012 Regiões Administrativas 2011 2012 % Var. % Araçatuba 14.409 17.807 5,1 23,6 Barretos 26.584 27.343 7,8 2,9 Bauru 25.295 20.343 5,8 -19,6 Campinas 68.892 62.573 17,9 -9,2 Central 27.300 27.999 8,0 2,6 Franca 14.725 15.158 4,3 2,9 Marília 32.921 31.866 9,1 -3,2 Presidente Prudente 13.488 13.127 3,7 -2,7 Registro 7.031 7.103 2,0 1,0 Ribeirão Preto 14.879 15.541 4,4 4,4 São José dos Campos 9.998 9.424 2,7 -5,7 Santos 832 891 0,3 7,1 São Paulo 10.973 10.308 2,9 -6,1 São José do Rio Preto 31.833 33.549 9,6 5,4 Sorocaba 62.275 57.412 16,4 -7,8 Total 361.435 350.444 100,0 -3,0 Fonte: Elaborada pelos autores a
partir de dados da RAIS/MTE. ____________________________________________________ 1Os dados do
Ministério do Trabalho e Emprego tomam por base o número de vínculos nos
estabelecimentos no dia 31 de dezembro de 2012, e foram divulgados ao público
no dia 11/10/2013. O tempo considerável neste ano envolve todo o processo de
coleta e depuração dos dados. Quanto ao tempo de coleta, os estabelecimentos
declarantes têm até o dia 31 de março do ano seguinte para prestar essas
informações ao MTE. Informa-se também que a RAIS se constitui em um censo do
emprego formal em todo o território brasileiro, o que demanda tempo de
processamento dos dados. 2Os dados estão
disponíveis pelo Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho. Acesso
disponível mediante cadastro prévio do usuário ao Programa. MINISTÉRIO DO
TRABALHO E EMPREGO - MTE. Bancos de
dados. Brasília: MTE. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso
em: 13 out. 2013. 3FREDO, C. E.;
BEZERRA, L. M. C. Emprego formal no setor agropecuário do Estado de São Paulo:
uma comparação entre homens e mulheres. Informações
Econômicas, São Paulo, v. 42, n. 3, maio/jun. 2012. 4MINISTÉRIO DO
TRABALHO E EMPREGO - MTE. Relação anual
de informações sociais. Brasília: MTE, 2012. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/portal-mte/rais/>. Acesso em: 13 out. 2013. 5BAPTISTELLA, C.
da S. et al. 2012: difícil ano para a laranja. Análises e Indicadores do Agronegócio. São Paulo, v. 7, n. 12, dez.
2012. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto Palavras-chave: emprego formal, mercado de
trabalho rural, RAIS.
2011/2012
em 2012
2011/2012
em 2012
2011/2012
em 2012
2011/2012
=12510>. Acesso em: 13 out. 2013.
Data de Publicação: 05/11/2013
Autor(es):
Carlos Eduardo Fredo (cfredo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Alceu De Arruda Veiga Filho Consulte outros textos deste autor
Malimiria Norico Otani (maliotani@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor