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Preços Agropecuários: alta de 2,45% no fechamento do mês de setembro de 2013
O Índice
Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 (que mede a variação de preços recebidos
pelos produtores paulistas), encerrou o mês de setembro de 2013 em alta de 2,45%,
puxado principalmente pelo IqPR-A (grupo de produtos de origem animal), que teve
forte valorização de 7,48%. Já o IqPR-V (grupo de produtos de origem vegetal) registrou
variação positiva de 0,78% (Tabela 1). Quando a cana-de-açúcar (que em setembro teve variação de +0,25%)
é excluída do cálculo do índice devido a sua importância na ponderação dos
produtos, os índices seguem a mesma tendência altista quando da presença deste
produto, porém com maior intensidade. O IqPR sobe para 4,84% e o IqPR-V
registra variação positiva de 1,98% (Tabela 1). Os produtos
do IqPR que registraram as maiores altas no mês de setembro foram: banana nanica (40,22%), carne de frango (20,87%),
carne suína (10,34%), soja (8,47%), milho (6,85%), laranja para indústria
(6,34%) e amendoim (6,25%). Seguem com alta, mas em menor escala: carne bovina
(4,38%), leite C (4,00%), leite B (2,82%), trigo (1,43%), algodão (0,88%),
laranja para mesa (0,53%) e cana de açúcar (0,25%) (Tabela 2). A alta nas
cotações da banana no período é decorrente do inverno rigoroso e seco que
prejudicou o desenvolvimento da fruta. No mês de
setembro, os preços das carnes de frango e suína continuaram em alta, seguindo
o forte ritmo do mês anterior. Essas altas decorrem da demanda aquecida pelo
mercado e da menor oferta dos produtos, em parte, devido às baixas cotações
verificadas nos meses de abril a julho/13, que desestimulou a reposição dos
animais pelos produtores. Na soja, com
uma menor estimativa de produção nos Estados Unidos e estoque baixo, e
exportações crescentes, principalmente para a China, favoreceram a alta do
produto no mercado internacional neste mês, recuperando a queda do preço no mês
anterior. A queda dos preços da batata é decorrente
da boa oferta do produto, com a produção normalizada depois da quebra
verificada no período de maio a julho, devido a problemas climáticos. O mesmo ocorre para o tomate de mesa, principalmente
por conta da grande quantidade ofertada pela região de Campinas, que nesta
época do ano é a maior região produtora do Estado de São Paulo, levando a queda
de seus preços. No
caso do feijão, o recuo das cotações acontece com a colheita da safra de
inverno. Em resumo, em
setembro, 14 produtos apresentaram alta de preços (9 de origem vegetal e 5 de
origem animal) e 6 apresentaram queda (5 vegetais e 1 de origem animal). Acumulado nos últimos
12 meses No acumulado dos últimos 12 meses (setembro/12 a setembro/13),
o IqPR registrou variação negativa de 0,51% influenciado pela queda do IqPR-V (
produtos vegetais) que no período fechou em -5,94%. Já o IqPR-A (animal),no
acumulado valorizou 16,78%. Sem o produto cana-de-açúcar (cujo valor do ATR
teve variação negativa de 8,60%), os índices tiveram valorização: o IqPR sobe para
7,78% e o IqPR-V (vegetais) diminui a perda mas fecha negativamente em -2,04%
(Tabela 1). IqPR (linha azul contínua) e IqPR sem
a cana (linha azul tracejada) (Figura 1), mesmo apresentando a mesma linha de
tendência, o índice sem a cana apresentou valorização de 7,8% ante a
desvalorização de -0,5% do índice geral, resultando em diferença de 8,3 pontos
percentuais. O mesmo efeito ocorre para os índices de produtos vegetais: IqPR-V
(linha verde continua) com recuo de 5,94% e IqPR-V sem cana (linha verde tracejada)
com -2,04% apresenta recuperação de 3,9 pontos percentuais. Isso mostra como os
preços agropecuários paulistas são fortemente influenciados pelos preços da
cana-de-açúcar. Na figura 1 é possível visualizar a evolução dos produtos
vegetais. Nos meses de outubro e novembro de 2012, ancorados pelas
desvalorizações das laranjas e da inversão nos preços da soja, o IqPR-V cai de
maneira mais acentuada neste bimestre. Em dezembro, estes índices voltam a ter
ascensões devido ao reajuste da demanda ocasionada pelas festas de final
de ano e continua subindo até abril/13, com as altas dos produtos perecíveis
(tomate, batata e feijão). De maio a junho o índice acumulado volta a cair
influenciado pelas quedas dos preços desses mesmos produtos (perecíveis) e da
cultura do milho, e mantém-se estabilizados (na baixa) em agosto e setembro/13. No caso dos produtos animais (IqPR-A), o acumulado nos
últimos 12 meses registrou alta de 16,78%. O indicador mostra comportamento
ascendente de outubro/12 até fevereiro/13, com a elevação dos custos da ração
animal e os consequentes aumentos de preços para carne suína, seguida dos ovos
e da carne de frango. De março até maio/13 apresentam-se forte queda com as
desvalorizações das carnes suína e de frango. E a partir de julho até
setembro/13 os produtos desse grupo têm forte valorização e sobem mais de 18
pontos percentuais, puxados pelas altas dos preços das carnes (bovina, suína e
frango) e dos leites (C e B) (Figura 1). Esse comportamento deve encarecer as
vendas no varejo e consequentemente aumentar o custo de vida da população, no
item alimentação. Apresentaram aumentos em patamares mais elevados que a
inflação acumulada para os últimos 12 meses, medida pelo IPCA-IBGE (6,09%, agosto/13):
banana nanica (70,85%), trigo (43,87%), laranja para mesa (40,01%), algodão (29,24%),
ovos (24,28%), leite B (24,19%), carne suína (20,47%), carne de frango
(18,34%), leite C (17,90%) e carne bovina (8,71%). Em menor expressão variou
também positivamente a batata (4,36%), o arroz (3,10%) e a laranja para
indústria (0,05%) (Tabela 2). Apresentaram reduções de preços os seguintes produtos:
tomate para mesa (77,25%), café (29,40%), milho (25,17%), feijão (21,34%), soja
(19,01%), amendoim (16,53%) e cana-de-açúcar (8,60%), (Tabela 2). Ao analisar as variações acumuladas nos períodos mensais de
2013 (Tabela 3), nota-se que o IqPR está em ritmo de queda desde o período de
março/12 a março/13 e passando para negativo nos períodos de julho a setembro
(2012/13). Essa queda se deve aos produtos vegetais, principalmente pela cana-de-açúcar.
Quando se exclui a cana (IqPR-V sem
cana), o índice, apesar de ainda positivo, segue a mesma tendência. Daí a
evidencia da difícil situação que se encontram os produtores paulistas principalmente
de café, laranja, milho e cana, com preços em queda. Já os produtos de origem
animal (IqPR-A), as variações acumuladas vem se sustentando em alta durante o
ano de 2013. ¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres
modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações
diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de
Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro
últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas
(base), sendo a referência = 01/09/2013 a 30/09/2013 e base = 01/08/2013 a 31/08/2013.
Data de Publicação: 09/10/2013
Autor(es):
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor