Preços Agropecuários: alta de 1,68% no fechamento do mês de junho de 2012

                O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de junho de 2012 em alta de 1,68%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal) subiram 1,26% e 2,81%, respectivamente (Tabela 1).
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Junho de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.

Índice Acumulado

São Paulo

São Paulo - sem cana

Variação mensal Junho/12

Acumulado 

12 meses

Variação mensal Junho/12

Acumulado 

12 meses

IqPR

1,68% 

0,06%

1,61%

1,54%

IqPR-V

1,26%

-2,18%

0,41%

-3,84-%

IqPR-A

2,81%

5,01%

-

-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola


            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), o IqPR registra alta de 1,61%, e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecha positivamente, porém em menor proporção com 0,41% (Tabela 1).
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Junho de 2012.



            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de junho foram: tomate para mesa (58,43%), batata (30,92%), ovos (12,23%) e carne de frango (8,82%) (Tabela 2).
 

            No tomate para mesa, a ocorrência de chuvas (inclusive de granizo) que reduziram a oferta nas regiões produtoras nas últimas semanas e a colheita de variedades mais valorizadas provocaram acentuada elevação de preços.
 

            A elevação dos preços da batata reflete o efeito das chuvas extemporâneas que dificultam a colheita do tubérculo e seu transporte ao mercado, associada à entrada de variedade mais valorizada.
 

            O reajuste nos preços dos ovos deu-se em virtude de uma menor produção no período, ajustando assim a oferta ao consumo e recuperando a defasagem das cotações do produto.
 

            Para a carne de frango, a redução do alojamento de pintinhos e assim ocasionando o ajuste da produção, em relação ao consumo no mercado interno, associada aos bons resultados das exportações resultaram na elevação das cotações.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: laranja para mesa (25,06%), feijão (11,95%), banana nanica (10,20%) e café (7,24%) (Tabela 2).
 

            A falta de mercado para laranja para indústria (combinação de grande safra com queda nas exportações e existência de grandes estoques de suco) deixou poucas alternativas para o citricultor e derruba o preço da laranja para mesa, soma-se ainda, a diminuição do consumo in-natura por partes dos consumidores nessa época do ano com temperaturas mais baixas.
 

            As baixas temperaturas prejudicam a qualidade da banana e reduzem a propensão ao seu consumo, levando à tradicional queda de preços nesta época do ano.
 

            A entrada plena da safra da seca do feijão provocou a redução de seus preços, situação que se agrava com o excesso de umidade da leguminosa (que reduz a qualidade) no período de colheita.
 

            No café, a queda dos preços no mercado interno seguiu o comportamento de baixa das cotações da commodity no mercado internacional, que recuaram fortemente no começo de junho. Mesmo com a recuperação das cotações, no final do mês, não foi suficiente para reverter o quadro de baixa (variação negativa) em junho.
 

            Em resumo, em junho, 10 produtos apresentaram alta de preços (7 de origem vegetal e 3 de origem animal) e 9 apresentaram queda (6 vegetal e 3 animal).
 

            No acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra leve alta de 0,06%. Esse resultado é reflexo dos diferentes desempenhos dos grupos de origem dos produtos, enquanto o IqPR-V (vegetais) o índice acumulado tem queda de 2,18%, o IqPR-A (animais) registra alta no período de 5,01% (Tabela 1).
 

            Desconsiderando a cana do calculo acumulado, o IqPR tem alta de 1,54% nos últimos 12 meses, e o IqPR-V apresenta queda e fica em -3,84% (Tabela 1).Isso mostra que grande parte dos produtos vegetais tiveram perdas nos últimos 12 meses.
 

            Nos produtos vegetais, as laranjas para mesa e indústria, batata, algodão, amendoim, café e feijão tiveram quedas de preços no mês de julho de 2011, que influenciaram fortemente na queda dos índices do IqPR-V e IqPR-V sem-cana, mantendo-se nesse patamar até dezembro. Em janeiro de 2012 houve uma recuperação seguida de novas quedas, porém nos meses de maio e junho nota-se ligeira recuperação dos índices, mesmo assim no acumulado dos 12 meses esses índices registram-se perdas ficando abaixo da linha base 100 (Figuras 1 e 2). Ainda nas figuras é possível visualizar que o comportamento dos preços em geral (IqPR e IqPR sem-cana) seguem na mesma direção, porém em menor proporção, compensados pela evolução dos produtos de origem animal no período.
 

Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Junho de 2011 a Junho de 2012.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).



            Os produtos animais (IqPR-A) mostram desempenho errático com idas e vindas, acumulando alta de 10 pontos percentuais de junho até dezembro de 2011. Em janeiro de 2012 apresenta, contudo, forte queda puxada pelo recuo dos preços das carnes. No mês de março há recuperação deste indicador com as valorizações dos leites, ovos e carne de frango. Em abril o índice exibe estabilidade, seguido de nova queda em maio e recuperação em junho com as valorizações da carne de frango e ovos (Figuras 1 e 2).
 

Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Junho de 2011 a Junho de 2012.


Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


 


            Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 11 entre 19 produtos apresentam preços atual maiores em junho de 2012, e outro conjunto de 8 produtos tiveram preços inferiores. Assim, na variação de preços de junho de 2012 em relação a junho de 2011 (Tabela 2), têm-se os maiores incrementos para: feijão (47,14%), banana nanica (41,26%), soja (35,03%), arroz (26,44%) carne de frango (14,91%), batata (9,78%), leite C (9,39%) - todos em patamares mais elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE, além da carne suína (4,60%) e leite B (4,49%) e ovos (2,74%).
 

            Apresentaram reduções os seguintes preços: laranja para mesa (45,80%), algodão (36,51%), café (28,17%), tomate para mesa (22,61%), milho (21,06%), trigo (4,45%), carne bovina (2,77%) e cana-de-açúcar (1,59%).
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¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/06/2012 a 30/06/2012 e base = 01/05/2012 a 31/05/2012.

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

Data de Publicação: 05/07/2012

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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