Preços Agropecuários: alta de 0,73% no fechamento do mês de março de 2012

 

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de março de 2012 em alta de 0,73%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V (produtos de origem vegetal) teve queda de 0,40%, enquanto o IqPR-A (produtos de origem animal) apresentou valorização de 3,77% (Tabela 1).
 

Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Março de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.

Índice Acumulado

São Paulo

São Paulo - sem cana

Variação mensal Março/12

Acumulado 

12 meses

Variação mensal Março/12

Acumulado 

12 meses

IqPR

0,73%

6,44%

1,80%

-9,47%

IqPR-V

-0,40%

8,71%

-0,35%

-18,26%

IqPR-A

3,77%

-1,99%

-

-

 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua importância na ponderação dos produtos), o IqPR sobe um pouco mais e fecha em 1,80%, já o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) fecha negativamente em 0,35% (Tabela 1).
 

Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Março de 2012.

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação mensal (%)

Variação Mar/12-Mar/11 (%)

Fevereiro/12

Março/12

VEGETAL

Algodão

15 kg

57,13

53,79

- 5,85 

... 

Amendoim

sc.25 kg

33,37

31,11

- 6,76 

11,67 

Arroz

sc.60 kg

32,37

31,52

- 2,64 

10,65 

Banana nanica

Kg

0,64

0,66

3,07 

78,97 

Batata

sc.50 kg

21,59

18,10

- 16,16 

... 

Café

sc.60 kg

449,22

387,59

- 13,72 

- 21,60 

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,5026

0,5002

- 0,48 

27,86 

Feijão

sc.60 kg

149,61

158,00

5,61 

78,33 

Laranja p/ Indústria

cx.40,8 kg

...

...

...

...

Laranja p/ Mesa 

cx.40,8 kg

10,42

11,52

10,56 

- 57,56 

Milho

sc.60 kg

25,08

24,67

- 1,63 

- 7,44 

Soja

sc.60 kg

42,80

46,30

8,18 

6,79 

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

14,57

15,52

6,48 

- 60,01 

Trigo

sc.60 kg

26,29

26,15

- 0,54 

- 6,19 

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

96,55

94,89

- 1,72 

- 6,32 

Carne de Frango

Kg

1,58

1,80

13,94 

- 11,44 

Carne Suína

15 kg

51,11

46,61

- 8,81 

- 5,06 

Leite B

Litro

0,9083

0,9094

0,13 

14,99 

Leite C

Litro

0,8194

0,8274

0,97 

22,55 

Ovos

30 dz

41,20

46,74

13,44 

- 1,38 

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).

 

            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de março foram: carne de frango (13,94%), ovos (13,44%), laranja para mesa (10,56%), soja (8,18%) e tomate para mesa (6,48%) (Tabela 2).
 

            A aproximação da Páscoa reativou as compras do frango no atacado, elevando os preços recebidos pelos granjeiros. Contudo, cabe ressaltar que neste patamar o preço do produto é um dos mais baixo dos últimos dois anos.
 

            A alta do preço dos ovos é decorrente do aumento de consumo, em virtude do período de quaresma, acentuando-se com a aproximação da sexta-feira santa. Com o final do período religioso, a tendência é que o produto sofra uma redução das suas cotações.
 

            Na laranja para mesa, a demanda para sucos com a volta às aulas, associado à menor oferta e o final da colheita de outras frutas, contribuíram para a reversão do quadro de queda de preços, continuando a apresentar elevação neste período.
 

            Para a soja, a falta de chuvas prejudicou o desenvolvimento dos grãos. Isso gerou uma baixa oferta da commoditie em toda a América do Sul, reajustando os preços recebidos pelos produtores agrícolas.
 

            Os preços do tomate apresentaram recuperação em relação às baixas cotações do mês anterior, em função de melhora de qualidade do produto.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: batata (16,16%), café (13,72%), carne suína (8,81%), amendoim (6,76%) e algodão (5,85%) (Tabela 2).
 

            A menor pluviosidade elevou a produção das lavouras de batata na safra das águas, o que não confirmou as expectativas de alta dos preços para o mês de março. Enfatiza-se que esta redução somente não se acentuou devido ao fato de que alguns produtores retardaram suas entregas no aguardo de melhores cotações.
 

            No café, os preços internacionais impactam as cotações internas levando a sua redução.
 

            O período de quaresma, quando reduz-se o consumo de carnes, associado a redução do volume exportado, gerou boa oferta no mercado interno, levando a queda das cotações ao suinocultores. A expectativa do mercado é que esta tendência de queda se reverta no próximo mês.
 

            A redução de preços do amendoim reflete a previsão de boa safra e ganhos de produtividade, além do aumento da área cultivada, fatores que ocasionaram oferta mais consistente levando a queda de preços.
 

            No caso do algodão, face à perspectiva de alteração da realidade das últimas safras, em vista da redução das diferenças entre suprimento e demanda (e num cenário em que a crise pode afetar o consumo), os agentes que adquirem a pluma estão reticentes em realizar volumes substanciais de negócios. De outro lado, os produtores capitalizados seguram o que ainda detêm na esperança de alta dos preços. Nessa queda de braço, os preços recebidos têm recuado.
 

            Em resumo, em março, 9 produtos apresentaram alta de preços (5 de origem vegetal e 4 de origem animal) e 10 apresentaram queda (8 vegetal e 2 animal).
 

            No acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 6,44%, patamar sustentado pelos maiores preços da cana (+27,86%). Ausente este produto de alta ponderação, o índice (IqPR - sem cana) se direciona para um fechamento negativo de 9,47%. Isso fica claro quando ao se avaliar o IqPR-V (vegetais) o acumulado tem alta de 8,71%. Sem a cana a variação fica negativa em 18,26%. Para o IqPR-A (animais), nos últimos 12 meses o índice fecha em queda de 1,99% (Tabela 1). Isso deixa nítido o sucesso da estratégia de proteção de margens típicas de economias de oligopólios praticadas pelos agentes econômicos da cadeia de produção de açúcar e álcool que, na entrada da safra em março de 2011 realinharam os preços da cana. Tanto assim que, através da análise da variação mensal dos índices de preços agropecuários nos últimos 12 meses se verificam comportamentos distintos: os produtos vegetais crescem até maio de 2011 com salto, em decorrência do reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde então se mostra queda abrupta em junho-julho, com manutenção de patamar até dezembro, elevação em janeiro e queda no mês de fevereiro, e recuperação do índice acumulado em março (Figura 1).
 

Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Março de 2011 a Março de 2012.


            Os produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas. De abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne de frango com os altos preços internacionais. Em setembro mostra queda e em outubro ascensão, numa realidade em que todos os índices convergem para cima no novo ciclo de aumento dos preços agropecuários. Em janeiro de 2012 mostra, contudo, forte queda puxada pelo recuo dos preços das carnes que continua com ritmo menor em 2012 e março começa a mostrar uma recuperação. (Figura 1).
 

            O comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária paulista se verifica que a reversão de tendência se dá em abril de 2011, desde quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente, definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Note-se o comportamento convergente de janeiro de 2012 com queda expressiva dos preços dos produtos animais compensadas pela elevação significativa dos preços dos produtos vegetais sem cana. Em março de 2012 os preços animais avançam e a alta do índice geral decorreu em puxado por este, já que o preços vegetais (sem cana) tiveram pequena queda (Figura 2).
 

Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Março de 2011 a Março de 2012.


 



            Na variação de preços de março de 2012 em relação a março de 2011 (Tabela 2), têm-se os maiores incrementos para: banana nanica (+78,97%), feijão (+78,33%), cana-de-açúcar (+27,86%), leite C (+22,55%), leite B (+14,99%), amendoim (+11,67%), arroz (+10,65%) e soja (+6,79%) todos em patamares mais elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE. Apresentaram reduções os preços: tomate para mesa (-60,01%), laranja para mesa (-57,56%), café (-21,60%), carne de frango (-11,44%), milho (-7,44%), carne bovina (-6,32%), trigo (-6,19%), carne suína (-5,06%) e ovos (-1,38%). Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 8 entre 17 produtos apresenta preços atual maiores; outro conjunto de 9 produtos preços inferiores. Logo, a maioria dos preços agropecuários mostra queda comparativamente às cotações do ano anterior, exceto, principalmente arroz, feijão e leite, produtos da alimentação básica.
____________________________________
¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/03/2012 a 31/03/2012 e base = 01/02/2012 a 29/02/2012.

²Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

 

Data de Publicação: 10/04/2012

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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