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Preços Agropecuários: alta de 0,54% no encerramento do mês de janeiro de 2012
O Índice Quadrissemanal de Preços
Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 encerrou o mês de
janeiro de 2012 em alta de 0,54%. Separado em grupos de produtos, o IqPR-V
(produtos de origem vegetal) apresentou aumento de 3,84%, enquanto o IqPR-A
(produtos de origem animal) teve forte variação negativa de 8,28% (Tabela
1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Janeiro de 2012 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Índice Acumulado |
São Paulo |
São Paulo - sem cana | ||
Variação mensal Janeiro/12 |
Acumulada 12 meses |
Variação mensal Janeiro/12 |
Acumulada 12 meses | |
IqPR |
0,54% |
13,43% |
0,60% |
-2,20% |
IqPR-V |
|
18,68% |
10,21% |
-4,50% |
IqPR-A |
-8,28% |
-1,86% |
? |
? |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua
importância na ponderação dos produtos), os índices fecham o mês de janeiro com
variações positivas: o IqPR em 0,60% e o IqPR-V em 10,21% (cálculo somente dos
produtos vegetais) (Tabela 1).
Os
produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de janeiro foram:
batata (91,10%), feijão (35,05%), tomate para mesa (24,12%) e laranja para
indústria (5,55%) (Tabela 2).
A
alta vertiginosa do preço da batata se deve ao final da safra atual e à
perspectiva de escassez conjuntural acirrada, em virtude das dificuldades de
colheita e transporte para o mercado, ocasionadas pelas chuvas, que deixam o
solo encharcado e as estradas vicinais alagadas.
No
feijão, a menor oferta gerada pela quebra de safra (estimada em mais de 10% nas
regiões que fornecem produtos nesta época do ano) e a perspectiva de que apenas
o início da colheita da próxima safra irá normalizar o mercado vêm impulsionando
os preços para cima.
O
tomate, por ser solanácea perecível tal como a batata, caracteriza-se pela alta
amplitude de variação conjuntural nos preços: com a impossibilidade de formação
de estoques, gera-se uma oferta excessiva de curto prazo, que leva à gangorra de
preços em comparação aos momentos de entressafra. Neste final de safra, as
perdas ocasionadas pelas chuvas reforçaram o declínio da oferta do produto,
aumentando os preços recebidos pelos produtores.
Na
laranja para indústria, a desvalorização cambial e a entrada da entressafra
levaram a preços mais elevados face às disposições contratuais.
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Janeiro de 2012.
Origem |
Produto |
Unidade |
Cotações (R$) |
Variação mensal (%) |
Variação Jan/12-Jan/11 (%) | |
Dez/11 |
Jan/12 | |||||
VEGETAL |
Algodão |
15 kg |
55,71 |
54,53 |
- 2,13 |
-44,75 |
Amendoim |
sc.25 kg |
35,62 |
32,65 |
- 8,36 |
5,72 | |
Arroz |
sc.60 kg |
30,78 |
30,24 |
- 1,74 |
-4,35 | |
Banana nanica |
cx.21 kg |
14,29 |
13,72 |
- 4,00 |
29,73 | |
Batata |
sc.60 kg |
12,87 |
24,59 |
91,10 |
9,29 | |
Café |
sc.60 kg |
482,10 |
480,01 |
- 0,43 |
18,48 | |
Cana-de-açúcar |
kg de ATR |
0,5016 |
0,5037 |
0,42 |
33,75 | |
Feijão |
sc.60 kg |
122,89 |
165,96 |
35,05 |
142,42 | |
Laranja p/ Indústria |
cx.40,8 kg |
9,80 |
10,34 |
5,55 |
-29,17 | |
Laranja p/ Mesa |
cx.40,8 kg |
11,52 |
10,89 |
- 5,52 |
-50,75 | |
Milho |
sc.60 kg |
25,08 |
26,29 |
4,81 |
7,32 | |
Soja |
sc.60 kg |
41,13 |
42,43 |
3,16 |
-7,62 | |
Tomate p/ Mesa |
cx.22 kg |
22,40 |
27,81 |
24,12 |
19,87 | |
Trigo |
sc.60 kg |
25,97 |
26,03 |
0,23 |
-3,24 | |
ANIMAL |
Carne Bovina |
15 kg |
99,34 |
97,34 |
- 2,01 |
-3,06 |
Carne de Frango |
Kg |
2,13 |
1,60 |
- 25,27 |
-19,29 | |
Carne Suína |
15 kg |
58,00 |
53,71 |
- 7,41 |
-4,54 | |
Leite B |
Litro |
0,9256 |
0,9126 |
- 1,40 |
13,27 | |
Leite C |
Litro |
0,8424 |
0,8216 |
- 2,48 |
18,17 | |
Ovos |
30 dz |
44,49 |
40,55 |
- 8,86 |
9,58 | |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). |
Os
produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: carne de
frango (25,27%), ovos (8,86%), amendoim (8,36%) e carne suína (7,41%) (Tabela
2).
Na
carne de frango, o final do período de festas produziu recuo da demanda e
consequente queda nas cotações. Todavia, em virtude da quantidade de aves
estocadas, remanescentes do período anterior, em janeiro de 2012 o declínio foi
mais acentuado que em anos precedentes.
No
ovo, a perspectiva de mercado foi a mesma: numa associação entre o período de
férias que reduziu a demanda e a passagem das festas do final de ano que reduziu
os volumes utilizados nas agroindústrias de confeitaria, massas e panificação,
apresenta-se novamente uma queda nos preços recebidos pelos
granjeiros.
No
amendoim, a entrada da produção da segunda etapa de colheita da safra das águas
formou perspectivas de oferta mais consistente nesta primeira fase do ano, o que
levou a queda de preços do produto no campo.
Na
carne suína, verifica-se de forma mais direta a retração da procura numa
conjuntura de oferta elevada (inclusive com ofertas de outros estados do suíno
já abatido). Ademais, a comparação de preços se dá com o pico da demanda na
segunda metade de dezembro.
Em resumo, em janeiro de
2012, 8 produtos (todos de origem vegetal - alguns com variações exacerbadas)
apresentaram alta de preços. 12 produtos tiveram seus preços reduzidos, sendo 6
vegetais e todos os de origem animal.
No acumulado dos últimos 12
meses, o IqPR registra alta de 13,43%, patamar sustentado pelos maiores preços
da cana (+33,75%). Ausente deste produto de alta ponderação, o índice (IqPR-sem
cana) se direciona para um fechamento negativo de 2,20%. Isso fica claro quando
ao se avaliar o IqPR-V (vegetais) o acumulado tem alta de 18,68%. Sem a cana a
variação fica negativa em 4,50%. Para o IqPR-A (animais), nos últimos 12 meses o
índice fecha em queda de 1,86% (Tabela 1). Isso deixa nítido o sucesso da
estratégia de proteção de margens típicas de economias de oligopólios praticadas
pelos agentes econômicos da cadeia de produção de açúcar e álcool que, na
entrada da safra em março de 2011 realinharam os preços da cana. Tanto assim
que, através da análise da variação mensal dos índices de preços agropecuários
nos últimos 12 meses se verificam comportamentos distintos: os produtos vegetais
crescem até maio de 2011 com salto, em decorrência do reposicionamento da cana
na entrada da safra. Desde então se mostra queda abrupta em junho-julho, com
manutenção de patamar até dezembro e elevação em janeiro (Figura
1).
Figura 1. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com Cana-de-Açúcar, Janeiro de 2011 a Janeiro de 2012.
Os
produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas, de novembro de
2010 a abril de 2011. De abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda
expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne
de frango com os altos preços internacionais. Em setembro mostra queda e em
outubro ascensão, numa realidade em que todos os índices convergem para cima no
novo ciclo de aumento dos preços agropecuários. Em janeiro mostra, contudo,
queda abrupta puxada pelo recuo dos preços das carnes (Figura
1).
O
comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado
pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram
os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária
paulista se verifica que a reversão de tendência se dá em março de 2011, desde
quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente,
definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Verifique-se que
a queda abrupta de junho para julho definiu o ajuste dos preços próximo ao
patamar verificado no mesmo período do ano passado - desde quando as mudanças
são menos pronunciadas, mas com nítido viés de alta nos meses recentes. Note-se
o comportamento convergente de janeiro de 2012 com queda expressiva dos preços
dos produtos animais compensadas pela elevação significativa dos preços dos
produtos vegetais sem cana (Figura 2).
Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Janeiro de 2011 a Janeiro de 2012.
Na
variação de preços de janeiro de 2012 em relação a janeiro de 2011 (Tabela 2),
têm-se os maiores incrementos para: feijão (+142,42%), cana-de-açúcar (+33,75%),
banana nanica (+29,73%), tomate para mesa (+19,87%), café (+18,48%), leite C
(+18,17%), leite B (+13,27%), ovos (+9,58%), batata (+9,29%), milho (+7,32%) e
amendoim (+5,72%), sendo que com exceção do amendoim todos em patamares mais
elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE. Apresentaram reduções os preços
da laranja para mesa (-50,75%), algodão (-44,75%), laranja para indústria
(-29,17%), carne de frango (-19,29%), soja (-7,62%), carne suína (-4,54%), arroz
(-4,35%), trigo (-3,24%) e carne bovina (-3,06%). Em síntese, nos últimos 12
meses, um conjunto de 11 entre 20 produtos componentes do índice apresenta
preços atual maiores; outro conjunto de 9 produtos tem preços inferiores. Logo,
na totalidade, os preços agropecuários mostram viés de alta comparativamente às
cotações do ano anterior, em especial nos principais produtos da agropecuária
paulista.
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1 A fórmula de cálculo
do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção
agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e
divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os
preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das
quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/01/2012 a 31/01/2012 e
base = 01/12/2011 a 31/12/2011.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 07/02/2012
Autor(es):
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor