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Preços Agropecuários têm alta de 1,85% no encerramento do mês de novembro
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 encerrou o mês de novembro de 2011 em alta de 1,85%. O
IqPR-V (produtos de origem vegetal) e o IqPR-A (produtos de origem animal)
registraram variações positivas, respectivas de 1,20% e 3,58% (Tabela
1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Novembro de 2011 e Acumulado nos Últimos 12 Meses.
Índice Acumulado |
São Paulo |
São Paulo - sem cana | ||
Variação mensal Novembro/11 |
Acumulada 12 meses |
Variação mensal Novembro/11 |
Acumulada 12 meses | |
IqPR |
1,85% |
15,19% |
2,90% |
-1,97% |
IqPR-V |
|
19,33% |
2,13% |
-8,87% |
IqPR-A |
3,58% |
3,19% |
- |
- |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice (devido a sua
importância na ponderação dos produtos), os índices fecham o mês de novembro com
variações positivas: o IqPR em 2,90% e o IqPR-V em 2,13% (cálculo somente dos
produtos vegetais) (Tabela 1).
Os
produtos do IqPR que registraram as maiores altas no mês de novembro foram:
laranja para mesa (14,86%), feijão (7,71%), amendoim (7,62%), carne bovina
(5,91%), laranja para indústria (5,82%) e arroz (5,04%) (Tabela
2).
Na
laranja de mesa a entressafra e os primeiros dias quentes revertem as
expectativas para os preços, que agora tendem a elevar-se com a entrada do verão
num horizonte até o começo da próxima safra. Os preços da laranja para indústria
também mostram viés de alta no final da colheita pois estão impactados pela
desvalorização cambial que afetam os contratos.
No
feijão o atraso do plantio da safra das águas por fenômenos climáticos cria
escassez conjuntural em novembro e possivelmente em dezembro, levando a preços
ascendentes cuja expectativa de reversão depende dos volumes e do momento em que
efetivamente inicie a oferta da safra das águas.
No
amendoim, os preços elevados em pleno plantio refletem a escassez relativa do
produto neste período do ano, numa tendência que será estendida até o prenúncio
da próxima colheita.
Nas
carnes de frango e bovina verificam-se incrementos das vendas externas numa
situação de atraso na oferta interna. No caso do frango, pela não reposição de
quantidade suficiente de pintos para garantir aumento da produção; na carne
bovina, a redução do número de animais para o abate associada à proximidade das
festas de final do ano contribuem para esta tendência e impactam os
preços.
No
arroz, dado que o abastecimento interno dá-se principalmente pela importação de
produto, nesse período do ano, devido à inviabilidade de carregar estoques com a
magnitude da taxa de juros vigente, as majorações derivam dos movimentos do
câmbio.
Os
produtos que apresentaram as maiores quedas de preços neste mês foram: banana
nanica (6,28%), batata (5,75%), algodão (4,41%) e café (2,82%) (Tabela
2).
Na
banana verifica-se que após o pico de preços em setembro-outubro, o aumento da
temperatura e das chuvas acelera a formação dos cachos e antecipa a produção, ao
mesmo tempo também cresce a competição com demais frutas levando a preços em
queda.
Na
batata, o viés de alta da quadrissemana anterior não se sustentou pela entrada
de maior quantidade de produto, o que interrompeu o ciclo de recuperação de
preços recebidos pelos produtores.
Os
casos do algodão e da soja refletem, além dos impactos diretos da crise
econômica nos preços dessas commodities, em especial a crise europeia que pode
afetar a demanda levando a comportamentos de cautela dos importadores, em
especial europeus.
No
café ocorre uma acomodação dos preços internacionais com reflexos no mercado
interno, contudo sem uma indicação nítida de tendência, tanto assim que nas
últimas semanas os preços subiram, em especial dos de robusta.
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Novembro de 2011.
Origem |
Produto |
Unidade |
Cotações (R$) |
Variação mensal (%) |
Variação Nov/11-Nov/10 (%) | |
Outubro/11 |
Novembro/ 11 | |||||
VEGETAL |
Algodão |
15 kg |
59,18 |
56,57 |
- 4,41 |
|
Amendoim |
sc.25 kg |
34,59 |
37,23 |
7,62 |
11,66 | |
Arroz |
sc.60 kg |
28,46 |
29,90 |
5,04 |
-11,87 | |
Banana nanica |
cx.21 kg |
14,85 |
13,91 |
- 6,28 |
7,10 | |
Batata |
sc.60 kg |
26,24 |
24,73 |
- 5,75 |
-34,20 | |
Café |
sc.60 kg |
477,22 |
463,78 |
- 2,82 |
38,62 | |
Cana-de-açúcar |
kg de ATR |
0,4951 |
0,4984 |
0,67 |
38,71 | |
Feijão |
sc.60 kg |
99,33 |
106,99 |
7,71 |
-14,34 | |
Laranja p/ Indústria |
cx.40,8 kg |
8,40 |
8,89 |
5,82 |
-37,52 | |
Laranja p/ Mesa |
cx.40,8 kg |
10,02 |
11,51 |
14,86 |
-43,16 | |
Milho |
sc.60 kg |
26,34 |
26,15 |
- 0,74 |
18,49 | |
Soja |
sc.60 kg |
43,05 |
42,07 |
- 2,28 |
-4,01 | |
Tomate p/ Mesa |
cx.22 kg |
30,54 |
29,74 |
- 2,64 |
127,33 | |
Trigo |
sc.60 kg |
27,39 |
27,26 |
- 0,48 |
-1,40 | |
ANIMAL |
Carne Bovina |
15 kg |
96,47 |
102,17 |
5,91 |
-6,26 |
Carne de Frango |
Kg |
1,97 |
2,07 |
4,67 |
13,04 | |
Carne Suína |
15 kg |
51,93 |
52,98 |
2,01 |
-19,93 | |
Leite B |
Litro |
0,95 |
0,95 |
- 0,75 |
15,24 | |
Leite C |
Litro |
0,88 |
0,86 |
- 1,66 |
19,85 | |
Ovos |
30 dz |
42,16 |
41,50 |
- 1,56 |
14,59 | |
Fonte: Instituto de Economia
Agrícola (IEA). |
Em
resumo, em novembro, 9 produtos apresentaram alta de preços (6 vegetal e 3 de
origem animal) e 11 apresentaram queda (8 vegetal e 3 animal).
No
acumulado dos últimos 12 meses, o IqPR registra alta de 15,19%, patamar
sustentado pelos maiores preços da cana (+38,71%), que ausente leva o índice
(IqPR-sem cana) para um fechamento negativo de 1,97%. Isso fica claro quando se
avalia o IqPR-V (vegetais), onde o acumulado tem alta de 19,33% e sem a cana
fica com variação negativa de 8,87%. Para o IqPR-A (animais), nos últimos 12
meses o índice fecha em alta de 3,19% (Tabela 1). Isso deixa nítido o
sucesso da estratégia de proteção de margens típicas de economias de oligopólios
praticadas pelos agentes econômicos da cadeia de produção de açúcar e álcool
que, na entrada da safra em março de 2011 quando realinharam os preços da cana.
Tanto assim que, através da análise da variação mensal dos índices de preços
agropecuários nos últimos 12 meses verificam-se comportamentos distintos: os
produtos vegetais crescem até maio de 2011 com salto, em decorrência do
reposicionamento da cana na entrada da safra. Desde então se mostra queda bruta
em junho-julho, com manutenção de patamar desde então (Figura
1).
Figura 1. Evolução do Índice
Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Com
Cana-de-Açúcar, Novembro de 2010 a Novembro de 2011.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os
produtos animais mostram desempenho errático com idas e vindas, de novembro de
2010 a abril de 2011. De abril de 2011 a junho de 2011 apresentam queda
expressiva, seguida de alta puxada pela carne bovina na entressafra e pela carne
de frango com os altos preços internacionais. Em setembro mostra queda e em
outubro ascensão, numa realidade em que todos os índices convergem para cima no
novo ciclo de aumento dos preços agropecuários (Figura 1).
O
comportamento dos preços agropecuários paulistas foi fortemente influenciado
pelo preço da cana de açúcar, cujos reajustes na entrada da safra pressionaram
os índices para cima. Quando se exclui esse principal produto da agropecuária
paulista verifica-se que a reversão de tendência dá-se em março de 2011, desde
quando os preços dos produtos vegetais revelam nítida trajetória descendente,
definindo o comportamento dos preços em geral na mesma direção. Verifique-se que
a queda abrupta de junho para julho definiu o ajuste dos preços próximo ao
patamar verificado no mesmo período do ano passado - desde quando as mudanças
são menos pronunciadas, mas com nítido viés de alta nos meses recentes
(Figura 2).
Figura 2. Evolução do Índice Acumulado Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista Sem Cana-de-Açúcar, Novembro de 2010 a Novembro de 2011.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Na
variação de preços de novembro/11 em relação a novembro/10 (Tabela 2), têm-se os
maiores incrementos para: tomate para mesa (+127,33%), cana-de-açúcar (+38,71%),
café (+38,62%), leite C (+19,85%), milho (+18,49%), leite B (+15,24%), ovos
(+14,59%), carne de frango (+13,04%), amendoim (+11,66%) e banana nanica
(+7,1%): todos em patamares mais elevados que a inflação medida pelo IPCA-IBGE.
Apresentaram reduções os preços da laranja para mesa (-43,16%), laranja para
indústria (-37,52%), a batata (-34,2%), a carne suína (-19,93%), o feijão
(-14,34%), o arroz (-11,87%), a carne bovina (-6,26%), a soja (-4,01%) e o trigo
(-1,4%). Em síntese, nos últimos 12 meses, um conjunto de 10 entre 19 produtos
componentes do índice apresenta preços atuais maiores, e um outro conjunto de 9
produtos têm preços inferiores. Logo, na totalidade, os preços agropecuários
mostram viés de alta comparativamente às cotações do ano anterior.
_____________________________________________________________
1A fórmula de cálculo do
índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção
agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e
divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os
preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das
quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 01/11/2011 a 30/11/2011 e
base = 01/10/2011 a 31/10/2011.
2 Artigo completo com a
metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice
quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu
comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9,
p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 05/12/2011
Autor(es):
Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor