Preços Agropecuários: queda de 4,72% na segunda quadrissemana de julho

            O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR)1,2 registrou queda de 4,72% na segunda quadrissemana de julho de 2011. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) também fechou com variação negativa de 7,33% e o IqPR-A (produtos de origem animal) subiu 2,30% (Tabela 1).
 
 

Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Julho de 2011.

São Paulo

São Paulo s/cana

IqPR

-4,72 

-2,11 

IqPR-V

-7,33 

-6,83 

IqPR-A

2,30

-

Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


 

            Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR permanece negativo mas com intensidade pouco menor e fecha em 2,11%, o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) sofre leve variação e encerra negativamente em 6,83%.Verifica-se as elevações dos preços dos produtos animais, dada os recordes dos preços internacionais de carne de frango com reflexos internos e a entressafra que aumentou os preços dos lácteos (Tabela 1).
 
 

Tabela 2 – Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana - Julho de 2011.


 
 

Origem

Produto

Unidade

Cotações (R$)

Variação quadrissemanal (%)

2ª Junho/11

2ª Julho/11

VEGETAL

Algodão

15 kg

75,55
69,25
-8,33

Amendoim

sc.25 kg

30,79
30,02
-2,48

Arroz

sc.60 kg

28,09
26,76
-4,72

Banana nanica

cx.21 kg

9,81
9,95
1,50

Batata

sc.60 kg

35,01
34,17
-2,41

Café

sc.60 kg

490,29
461,42
-5,89

Cana-de-açúcar 

kg de ATR

0,5455
0,5040
-7,60

Feijão

sc.60 kg

108,17
109,21
0,96

Laranja p/indústria

cx.40,8 kg kg

13,60
12,34
-9,23

Laranja p/Mesa 

cx.40,8 kg

15,76
12,37
-21,52

Milho

sc.60 kg

24,98
25,79
3,27

Soja

sc.60 kg

41,77
40,90
-2,08

Tomate p/ Mesa

cx.22 kg

46,22
31,46
-31,94

Trigo

sc.60 kg

30,26
30,84
1,91

ANIMAL

Carne Bovina

15 kg

96,10
94,89
-1,26

Carne de Frango

Kg

1,57
1,67
6,56

Carne Suína

15 kg

42,21
41,98
-0,54

Leite B

Litro

0,88
0,92
5,30

Leite C

Litro

0,77
0,81
5,96

Ovos

30 dz

44,96
47,49
5,61
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).


            Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: carne de frango (6,56%), leite C (5,96%), ovos (5,61%), leite B (5,30%) e milho (3,27%). (Tabela 2).
 

            Os preços internacionais da carne de frango atingiram patamares recordes superando aqueles até então considerados inalcançáveis ocorridos em 2008. Com isso os impactos nos preços internos se mostram de elevação substantiva na torrente da tendência de exportações mais remuneradoras.
 

            As elevações dos preços dos ovos espelham a reversão das baixas sucessivas verificadas nas semanas anteriores, o que recoloca os preços do produto em tendência crescente dada a necessidade de maior tempo para recomposição dos plantéis na avicultura de corte.
 

            Nos leites (B e C), a redução da quantidade e qualidade das pastagens reflete na menor oferta dos produtos, o que tem pressionado as cotações para cima. Numa realidade de demanda aquecida, as pressões de demanda desse produto essencial se revelam em preços crescentes.
 

            No milho estão se manifestando as elevações dos preços internacionais numa realidade em que as exportações brasileiras incrementaram-se de forma consistente nos últimos meses, o que numa conjuntura de demanda aquecida impulsiona os preços para cima.
 

            Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de julho foram: tomate para mesa (31,94%), laranja para mesa (21,52%), laranja para indústria (9,23%), algodão (8,33%), cana-de-açúcar (7,60%) e café (5,89%) (Tabela 2).
 

            A normalização da produção do tomate de mesa após problemas climáticos ocorridos entre maio e junho contribuiu para reversão da tendência dos preços que passaram a refletir condições de oferta que atendem a demanda. Sendo assim, os desajustes conjunturais se revelam numa autêntica gangorra de preços face às questões climáticas que alteram a dinâmica da produção gerando fases de escassez com preços altos seguidas de realidades inversas, típicas de produtos perecíveis.
 

            Na laranja de mesa a redução expressiva dos preços revela uma realidade distinta do ano passado. Uma safra dentro da normalidade, numa conjuntura de recuo dos preços internacionais levou à tendência de redução dos preços internos. A não sinalização internacional com poucas compras das agroindústrias no mercado livre levou ao pareamento dos preços da laranja para indústria e da laranja para mesa.
 

            No algodão duas ocorrências levam a preços cadentes, o recuo dos preços internacionais com a normalização da oferta pelas principais nações e o aumento das importações chinesas de têxteis acabados o que impacta para baixo os preços da matéria prima.
 

            A cana–de–açúcar consiste na matéria prima para a produção de açúcar e energia (notadamente álcool) cuja remuneração da unidade comercializada (tonelada de cana) se dá pelo preço associado ao rendimento agroindustrial (expresso em açúcar total recuperável). Com o início da safra o preço da matéria prima recua na contramão do alto preço do álcool combustível, o que conduz às expectativas de elevação do valor da matéria-prima no decorrer da safra.
 

            A queda dos preços do café reflete recuo das cotações internacionais nas últimas semanas cujos movimentos foram exacerbados na economia nacional pelo câmbio sobrevalorizado.
 

            No período analisado, 8 produtos apresentaram alta de preços (4 origem vegetal e 4 de origem animal) e 12 apresentaram queda (10 vegetal e 2 animal). 

 

_________________________________________________________________________

¹A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 16/06/2011 a 15/07/2011 e base = 16/05/2011 a 15/06/2011.
 

² Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573

 


 

Data de Publicação: 21/07/2011

Autor(es): Luis Henrique Perez Consulte outros textos deste autor
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