Segunda Estimativa de Safra Cafeeira Paulista, 2011/12

 

 

1- Introdução


                Este relatório apresenta os resultados do levantamento amostral, no Estado de São Paulo, segunda campanha de previsão da safra de café arábica 2011/12. Informações como: área; quantidade a ser colhida; parque produtivo (produção e formação); época de concentração da colheita; perfil da mão de obra ocupada na lavoura é pormenorizado no relatório. A pesquisa é resultado de trabalho conduzido entre Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e o Instituto de Economia Agrícola (IEA), ambos últimos pertencentes à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo dentro da Carta Acordo firmado em 2011.
     

                A metodologia baseou-se em desenho de amostra probabilística estratificada dos informantes listados no Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agropecuária 2007/08 (SÃO PAULO, 2011), que declararam explorar lavoura de café. A estratificação seguiu dois critérios:
     


      a) geográfico segundo principais cinturões de localização da lavoura; e

      b) dimensional segundo tamanho do parque cafeeiro medido em hectares.
       
       

                Ressalta-se que para o atual ano cafeeiro a segmentação da localização dos cinturões cafeicultores foi alterada na tentativa de conseguir maior homogeneidade entre os estratos geográficos e obter estatísticas de domínio (Escritórios de Desenvolvimento Rural-EDR) com interesse para os trabalhos da CATI (Anexo 1).
     

                Os dados vinculam-se ao ano cafeeiro da safra investigada, ocorrendo suas coletas entre abril 2011 mediante aplicação de questionário estruturado no estabelecimento amostrado em que se situa a produção agrícola.


 

2 - Apresentações dos Resultados – análise econômica

                A opção metodológica em aprofundar a estratificação regional, permitiu apuração mais detalhada dos dados para cada cinturão cafeeiro identificado. O melhor detalhe das regiões, quando corretamente agregados, propicia a produção de mais tenazes estimativas para o Estado, objetivo último de todo o esforço conduzido.
     

                Em abril de 2011, no Estado de São Paulo, ocorreram os trabalhos de levantamento da segunda estimativa de safra de café 2011/12. Foram visitadas 619 unidades de produção agrícola (cafeeiras) nos oito cinturões identificados na população. A produção paulista de café arábica foi estimada neste levantamento em 3.475.073 sacas de café beneficiado, montante muito similar as 3.423.895 sacas contabilizadas em primeira estimativa produzida em janeiro desse ano (Tabela 1). A perfeita convergência das estimativas denota a alta qualidade o esforço empreendido pela equipe de coordenação e pelos técnicos responsáveis. 

       

    Tabela 1 – Estimativas da Safra Cafeeira 2010, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011

     
    Fonte: CONAB/CATI/IEA.

                O resultado confirma, mais uma vez, a tipicidade do ciclo bienal da lavoura cafeeira ao exibir 25,45% de diminuição na quantidade produzida frente ao ciclo anterior.
     

                A área total de lavouras de café no território paulista foi estimada em 181.987 hectares. Subtraindo-se os 13.704 hectares de áreas em formação, portanto, sem produção, a área em produção, no ciclo 2011/12, atinge os 168.283 hectares. Considerando apenas a área em produção, a produtividade estimada das lavouras paulistas poderá alcançar a média de 20,65 sc/ha. Na safra anterior, 2010/11, a estimativa de produtividade média das lavouras superou os 26,51sc./ha, evidenciando que a corrente safra é efetivamente caracterizada como ciclo de baixa.
     

                Frente à estimativa de janeiro o incremento apenas marginal da área em produção associado ao importante aumento na área em formação, contribuiu para que o parque cafeeiro paulista exiba trajetória de expansão significativa no número estimado de covas. No atual levantamento, foram contabilizados 513,03 milhões de covas, com expansão de 4,36% frente as 490,64 milhões de estimadas na campanha anterior. A tendência de revigoramento do parque produtivo paulista já havia sido salientada e os números atuais confirmam tal hipótese. Ademais, enquanto a densidade de cultivo da área em produção é de 2.774 plantas por hectare, nas lavouras em formação esse indicador atinge as 3.373 pl/ha evidenciando incremento médio de 600 pl/ha. Portanto, a expansão da cafeicultura paulista ocorre sob a diretriz de aumento marginal da área associado à forte introdução de tecnologia no parque já instalado, reproduzindo, aparentemente, aquilo que observa para os mais importantes cultivos desse país.
     

                A acentuada estiagem ocorrida em 2010, em especial, motivou muitos cafeicultores a podarem suas lavouras e/ou talhões no atual ciclo. Nessa campanha, particularmente, foram estimadas 427 unidades de produção agropecuária, representando 5.807 hectares de lavouras, sob manejo de safra zero.
     

                O reflexo desse processo de intensificação da área produtiva combinado com a pequena expansão em área e modernas tecnologias de manejo (podas) conduzirão nos próximos ciclos, inapelavelmente, ao aumento da produção e produtividade no Estado, o que é altamente desejável no contexto de acentuadíssima escassez global do produto.
     

                Em abril de 2011, o estoque de café depositado nas propriedades, cooperativas e armazéns contabilizava apenas 369 mil sacas. No primeiro quadrimestre do ano, o movimento de comercial foi muito intenso uma vez que em janeiro estavam em estoque 1,7 milhões de sacas (comercialização de 1,33 milhões de sacas no período). Esse acentuado ritmo de transações combinado com as elevadas cotações praticadas nas praças de comercialização indica que os cafeicultores paulistas estão em processo de recomposição da renda e potencialmente aptos a investir nas lavouras.
     

                Os indicadores de baixos estoques conjugado com o ciclo de baixa, caso se reproduzam nacionalmente, podem levar o mercado a acentuado estresse empurrando mais para o alto as já elevadíssimas cotações do produto.
     
     

    2.1- Ocupação de mão de obra
     

                O total de pessoas ocupadas (exceto volantes) na cafeicultura paulista em abril de 2011 foi de 51.497 pessoas, de acordo com pesquisa CONAB/CATI/IEA. A categoria de trabalho proprietário e familiares (residentes e não residentes nas UPAs) predominou com 24.799 pessoas, ou seja, 48,2% do total empregado. Assalariados somaram 20.732 pessoas (residentes e não residentes nas UPAs) correspondendo a 40,3% do total. As categorias arrendatários e parceiros e seus familiares (residentes e não residentes nas UPAS) totalizaram 1.617 e 4.350 pessoas, respectivamente, representando 11,5% (Anexo 2).
     

                As regiões de São João da Boa Vista e Franca são as que possuem a maior participação no total ocupado no Estado de São Paulo com 11.882 e 10.106 pessoas (23,1% e 19,6% respectivamente). A seguir estão as regiões de Araraquara, Botucatu, Campinas, Jaú, Limeira, Mogi-Mirim e Ribeirão Preto com 5.344 (10,4%) e a região Bragança Paulista com 4.988 (9,7%). As demais regiões cafeicultoras do Estado sumarizam 19.177 pessoas.
     

                O trabalho volante foi estimado em dias/homem, ou seja, dias de serviços realizados pela categoria e totalizou em abril, para o Estado, 1.424.398 dias/homem sendo utilizados, principalmente, nas operações de esparramação, arruação e limpeza do carreador. A região de São João da Boa Vista ocupou 431.728 dias/homem (30,3%) do Estado devido a sua topografia ondulada (cafeicultura de montanha). A segunda região foi a de Ourinhos e Avaré que ocupou 370.139 dias/homem (26,0%). Nesta região destaca-se a alta concentração de cafeicultores que utilizam tecnologia de descascamento do café cereja, o que implica em maior emprego de mão de obra.
     
     

    2.2 - Regiões Produtoras


                  O Estado de São Paulo foi estratificado em sete cinturões produtores com mais um contendo os demais municípios não tipicamente cafeicultores (ANEXO 1).
       
       

      2.2.1 – Alta Mogiana de Franca

                    Na safra 2011/12, estima-se colher no principal cinturão paulista a quantidade de 1.058.801 sacas de café beneficiado (Tabela 2). Frente à safra anterior em que se obteve 1.668.249 sacas, constata-se diminuição na oferta regional de mais de 600 mil sacas no corrente ciclo. A área total sob lavouras de café saltou dos 51,5 mil hectares contabilizados em janeiro, para os 55,9 no atual. Sob maior área e com produção significativamente menor, o resultado não pode ser outro, senão o de queda da produtividade estimada que atingiu apenas as 20,9 sc./ha, contra as mais de 32 sc./ha do ciclo anterior.
      Tabela 2 – Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Alta Mogiana de Franca, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011

      Fonte: CONAB/CATI/IEA.
       
       
       
       
                      Aproximadamente, 38% das áreas em formação no Estado, encontram-se no cinturão francano. A densidade de cultivo média estimada para as áreas em formação foi de 3.990 pl/ha, ou seja, 600 pl/ha acima da média do Estado das áreas congêneres e 1.200 pl/ha além da média das área total em produção paulistas. Assim, está-se diante de plantios adensados com tecnologia de ponta sendo empregada.
                        O padrão empresarial com que as lavouras são habitualmente conduzidas nessa região permite prever que a concentração regional da oferta tende a se ampliar com maior quantidade procedente desse pólo produtor.
             
             

            2.2.2 – Montanhas da Mantiqueira de São João da Boa Vista e Mogi Mirim

                          A produção esperada para a safra 2011/12 na região da mantiqueira de São João da Boa Vista foi estimada em 1.009.398 sacas beneficiadas. A menor severidade da estiagem ocorrida em 2010 nesse cinturão possibilita, nessa safra, uma produção muito similar aquela observada na maior região produtora do Estado (Tabela 3).
                            As lavouras de café recobrem área de 44.273 hectares, sendo que aquelas em condição economicamente produtiva somam 42.250ha. Trata-se do segundo mais importante cinturão cafeeiro do Estado e a produção somente conseguiu superar os 1 milhão de sacas, em decorrência da elevada produtividade próxima das 24 sc/ha.
              Tabela 3 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Montanhas da Mantiqueira de São João da Boa Vista, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011
              Fonte: CONAB/CATI/IEA.
                              Nesse cinturão são encontrados talhões com cafezais de elevada idade e demandando tecnologias de manejo que os revigore. Por essa razão é nesse cinturão que se situam 2.573ha de cafezais sob safra zero dos 5.807ha nesse manejo no Estado. Tal procedimento agronômico prepara essas lavouras uma maior produtividade que deve ser amparada por outros investimentos (adubação, calagem, tratos fitossanitários) que as atuais boas cotações permitem ao cafeicultor realizar.
                   
                   

                  2.2.3 – Montanhas da Mantiqueira de Bragança Paulista

                                No cinturão bragantino temos uma realidade em muito similar a observada da outra metade da Mantiqueira Paulista com cafezais já antigos e em largos espaçamentos. Com área estimada em 7.727ha de cafezais, dos quais 7.095ha em produção, esse cinturão deverá ofertar 106.238 sacas de café beneficiado. O diagnóstico dessa região revela que existe potencial para um salto na produção, desde que seja empregada a tecnologia agronômica disponível, visando incrementar a baixa produtividade observada de15sc./ha (Tabela 4).
                     

                                Sinal dessa intensificação já pode ser observado pela densidade de cultivo das áreas em formação que contém 3.000pl/ha enquanto nas áreas em produção essa densidade não alcança as 2.200pl/ha. 


                     
                     

                  Tabela 4 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Montanhas da Mantiqueira de Bragança Paulista, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011
                  Fonte: CONAB/CATI/IEA.
                     

                    2.2.4 – Sudoeste Paulista de Ourinhos e Avaré

                                  O cinturão cafeeiro de Ourinhos e Avaré recobre área de 18.203ha com cafezais, dos quais 16.432ha em produção. A colheita estimada para esse cinturão poderá alcançar os 337.476 sacas de café beneficiado com produtividade média de 20,53sc./ha (Tabela 5).
                       

                                  A baixa produtividade comumente verificada nesse cinturão é parcialmente compensada com o esforço dos cafeicultores em obter padrões elevados de qualidade para a bebida. O descascamento de café cereja é tecnologia bastante empregada e a região consegue colocar em destaque nacional e internacional a excelência da bebida obtida pelos cafeicultores desse cinturão (o prêmio illy de qualidade para espresso em 2011 foi conquistado por cafeicultor de Tejupá, município pertencente da EDR de Ourinhos).
                       

                                  Os 1.032 ha sob manejo de podas (safra zero) é indicativo de que existe empenho dos cafeicultores em promover salto da produtividade e, consequentemente, da produção obtida. Ademais, os talhões em formação já se aproximam das 3.000pl/ha com aumento substancial na densidade média de plantas frente as áreas atualmente em produção.


                           
                    Tabela 5 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Sudoeste Paulista de Ourinhos-Avaré, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011
                    Fonte: CONAB/CATI/IEA.
                       

                      2.2.5 – Espigão de Garça/Marília

                                    O espigão cafeeiro de Garça/Marília recobre área de 26.985ha com cafezais, dos quais 26.046ha em produção. A colheita estimada para essa região poderá alcançar os 442.612 sacas de café beneficiado, com produtividade média de 18,15sc./ha (Tabela 6).
                         

                                    O rigor da estiagem ocorrida no segundo semestre do ano anterior abaixou a produtividade dessa região, que somente não foi maior devido à extensa área de cafezais sob irrigação nesse espigão.
                         
                         

                        2.2.6 - Espigão de Alta Paulista de Dracena
                         

                                    Na Alta Paulista de Dracena os cafezais recobrem área de 7.920ha com cafezais, dos quais 7.063ha em produção. A colheita estimada para essa região poderá alcançar os 151.545 sacas de café beneficiado, com produtividade média de 21,5sc./ha (Tabela 7).
                         

                                    Nesse cinturão a alternativa de cultivo do robusta começa a atrair os cafeicultores e com algum apoio governamental em crédito e treinamento, poderá resultar em diversificação da cafeicultura paulista, com o revigoramento desse cinturão especializando na espécie mais apropriada para suas condições edafoclimáticas.
                           

                      Tabela 6 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Garça/Marília, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011
                      Fonte: CONAB/CATI/IEA.
                        Tabela 7 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Alta Paulista de Dracena, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011
                               
                              Fonte: CONAB/CATI/IEA.

                           

                          2.2.7 - Central Paulista e Campineira

                                        A região denominada Central Paulista e Campineira a mancha cafeeira recobre área de 11.889ha com cafezais, dos quais 10.192ha em produção. A colheita estimada para essa região poderá alcançar os 217.446 sacas de café beneficiado, com produtividade média de 21,3sc./ha (Tabela 8). 
                             
                             

                            Tabela 8 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Central Paulista e Campineira, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011

                                 
                                Fonte: CONAB/CATI/IEA.

                                 
                                 
                                 
                                        Essa região produtora foi fragmentada pela penetração da cana de açúcar, restando lavouras isoladas e desprovidas de serviços de apoio à lavoura. Com as formidáveis cotações alcançadas ao longo dos últimos doze meses exercerá enorme influência sobre as decisões de cultivo dos agricultores, sendo a cafeicultura uma das possibilidades mais atraentes. Os agentes públicos devem monitorar tais intenções de plantio visando orientar agronomicamente tais iniciativas.
                             
                             

                            2.2.8 – Demais regiões
                             

                                        As demais regiões paulistas reúnem área em café de 9.124ha com cafezais, dos quais 8.494ha em produção. A colheita estimada para essas outras áreas poderá alcançar os 121.557 sacas de café beneficiado, com produtividade média de 14,3sc./ha (Tabela 9). 

                             
                             
                             

                          Tabela 9 - Estimativa da Safra Cafeeira 2011/12, Demais Regiões, Estado de São Paulo, 2o Levantamento, Abril de 2011 

                          Fonte: CONAB/CATI/IEA.


                                      Nessas demais regiões encontram-se aquelas lavouras com mais baixa tecnologia empregada. Todavia, identificar tais lavouras e promover planejadamente seu revigoramento, poderia propiciar elevada produção com geração de renda e bem estar social, refletindo-se em melhor desenvolvimento agrícola.
                           

                          ____________________________________________

                          Referências bibliográficas
                           

                          SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008.

                          Palavras-chave: previsão de safra, café, ocupação de mão de obra.

                            

                          Anexo 1
                          Figura A.1.1 – Localização Geográfica dos Cinturões Cafeeiros, Estado de São Paulo, 2011.
                          Fonte: Elaborada pelos autores.



                           
                           

                          Anexo 2
                          Tabela A.2.1 - Estimativa do Número da População Residente e Não Residente por Categoria de Ocupação nas Regiões Cafeeiras do Estado de São Paulo, Abril de 2011 

                          Fonte: CONAB/CATI/IEA.
                           
                           
                           

                          Data de Publicação: 10/05/2011

                          Autor(es): Antônio José Torres (torres@cati.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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                          Celma Da Silva Lago Baptistella (csbaptistella@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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