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Preços Agropecuários: alta de 4,52% na terceira quadrissemana de setembro
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 continuou registrando alta na terceira quadrissemana de
setembro de 2010, de 4,52%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) encerrou com
elevação de 3,76%, e o IqPR-A (produtos de origem animal) fechou com alta
expressiva de 6,42% (Tabela 1).
Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana de Setembro de 2010.
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua
importância na ponderação dos produtos, tanto o IqPR e quanto o IqPR-V
(cálculo somente dos produtos vegetais) fecham, positivamente e com maior
intensidade, em 7,95% e 9,41%, respectivamente (Tabela 1). Isso mostra que a
queda dos preços da cana-de-açúcar (0,39%) tem impactos relevantes na renda da
agropecuária paulista, reflexo tanto do ponto de vista da ocupação do espaço
territorial, como na renda bruta e nas exportações da agricultura
estadual.
Tabela 2 – Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 3ª Quadrissemana - Setembro de 2010.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: algodão (27,19%), feijão (22,82%), laranja para mesa (20,68%), trigo (19,35%), milho (17,51%), carne de frango (13,92%) e tomate para mesa (9,04%) (Tabela 2).
No algodão, os reduzidos estoques internacionais associados à produção brasileira não suficiente para atender a pressão de demanda, decorrente da economia em crescimento, pressionam os preços internos da fibra para cima, tendência que persistirá até a entrada de produto em volumes substanciais no mercado internacional possibilitando importações.
Para o feijão a estiagem prolongada ocasionou perdas na produção e atrasou o plantio do feijão novo, em especial nas principais regiões produtoras do Sul-Sudeste.
Na laranja de mesa, as pressões da demanda da agroindústria citrícola no mercado livre de laranja in natura, numa conjuntura de produção menor na presente safra, associada à elevação do consumo com os primeiros dias mais quentes deste segundo semestre, pressionaram as cotações da fruta, elevando preços.
No trigo, milho e soja (esta última com ascensão de 5,00% nos preços recebidos), problemas climáticos de seca na Austrália, Rússia e Ucrânia e a nova estimativa americana com redução na produtividade do milho apesar da safra recorde, elevaram os preços no mercado internacional e criaram expectativas no mercado financeiro de aposta na alta dos alimentos no mercado futuro. Esses preços continuam com perspectivas de alta, nas principais bolsas formadoras dos preços internacionais que, nas condições brasileiras, superam a valorização cambial, aliviando no curto prazo os impactos da política cambial.
Os aumentos para a carne suína e de frango se devem à elevação dos custos de produção, em virtude dos aumentos dos preços do milho e da soja (usados na alimentação destes animais) e, do crescimento da demanda pelos consumidores no varejo pelo fato de serem produtos substitutos da carne bovina, estando esta última com cotações em ascensão em função de um período de entressafra com estiagem prolongada, que reduziu a oferta de boi gordo. Ademais na carne de frango, as vendas externas deram impulso mais decisivo aos preços internos.
No caso do tomate de mesa, a variação positiva do preço decorreu das baixas temperaturas verificadas no final de julho e inicio de agosto que afetaram o desenvolvimento dos frutos. Entretanto os preços atuais estão bem abaixo dos preços recebidos no mesmo período do ano passado (55% menor).
Os produtos que apresentaram quedas de preços na terceira quadrissemana de setembro foram: batata (17,47%), ovos (4,00%), leite tipo C (0,67%) e cana-de-açúcar (0,39%) (Tabela 2).
Os preços da batata apresentam queda acentuada, em decorrência da maior entrada desse produto no mercado no momento atual, diferente das altas cotações que ocorreram no segundo trimestre. Mais uma vez manifesta-se a gangorra de preços, típica dos mercados de perecíveis agropecuários em conjunturas de volatilidade, derivadas de fenômenos climáticos.
A oferta de ovos vem acompanhando os movimentos da demanda com suprimento maior que o consumo, seja doméstico seja na agroindústria de panificação, levando a quedas dos preços.
A queda de preços do leite C em plena entressafra é devida à maior oferta do produto no mercado nacional ocasionada pela importação do produto, principalmente do Uruguai, processo de importação facilitado pela preferência do consumidor pelo leite longa vida, o que afeta o mercado de lácteos líquidos.
Figura 1 - Evolução dos índices quadrissemanais de preços agropecuários, 1ª quadrissemana de fevereiro de 2010 à 3ª quadrissemana de setembro de 2010.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola.
O comportamento da evolução dos índices quadrissemanais de preços mostra crescimento acentuado para os três índices (IqPR, IqPR-V e IqPR-A) desde o inicio de agosto, com altas de preços para maioria dos produtos. Este movimento atual é bem diferente, em relação aos dois surtos altistas anteriores deste ano de 2010 (final de fevereiro- início de março e final de maio-início de junho) que refletiram pressões pontuais de escassez de oferta de produtos como a cana, laranja, feijão e tomate (Figura 1).
No período analisado, 16 produtos apresentaram alta de preços (12 origem vegetal e 4 de origem animal) e 4 apresentaram queda (2 origem vegetal e 2 origem animal).
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1A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a referência = 24/08/2010 a 23/09/2010 e base = 24/07/2010 a 23/08/2010.
2 Artigo completo com a
metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice
quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu
comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9,
p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 28/09/2010
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor