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Preços Agropecuários: queda de 2,59% na segunda quadrissemana de julho
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 registrou queda de 2,59% na segunda quadrissemana de julho
de 2010. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) também fechou com variação
negativa de 4,55% e o IqPR-A (produtos de origem animal) encerrou em alta de
2,28% (Tabela 1).
Tabela 1. Variação Percentual do IqPR, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Julho de 2010.
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua importância na ponderação dos produtos, o IqPR e o IqPR-V (cálculo somente dos produtos vegetais) encerram negativamente em 1,16% e 4,43%, respectivamente (Tabela 1).
Tabela 2 – Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, 2ª Quadrissemana de Julho de 2010.
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os produtos do IqPR que registraram altas nesta quadrissemana foram: banana nanica (15,76%), algodão (6,55%), café (6,14%), ovos (4,09%), carne frango (3,73%) e carne bovina (2,80%) (Tabela 2).
A oferta reduzida de banana tem afetado os preços, estando esta ocorrência associada à continuidade de baixas temperaturas (com a redução na umidade do ar) que vêm retardando o crescimento da fruta desde o final de maio, prolongando o tempo necessário à formação dos cachos de banana e gerando a escassez que provoca aumento nos preços.
No caso do algodão, os preços respondem à queda dos estoques internacionais e à quebra da safra dos cerrados, principal região produtora brasileira, que atingiu até 20% em razão da seca.
Para o café, a oferta de um produto de melhor qualidade junto a um aumento da demanda internacional tem elevado seus preços.
Os ovos vêm passando por processo de recuperação dos preços que estiveram muito baixos e que agora tendem a recompor o patamar da mesma época de 2009. Essa melhora nos preços, aliada à redução dos custos com o principal insumo da avicultura de postura (o milho), coloca o primeiro semestre de 2010 entre os de melhor rentabilidade nos últimos dez anos.
Na carne de frango, a variação positiva mostra de um lado a recuperação dos preços praticados nos meses anteriores e, de outro, corresponde a uma resposta ao aumento dos preços do substituto representado pela carne bovina.
A baixa oferta de boi gordo nas praças de comercialização paulistas tem pressionado os frigoríficos do estado de São Paulo a pagarem mais pela arroba da carne bovina.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços na segunda quadrissemana de julho foram: tomate para mesa (40,46%), batata (18,26%), feijão (16,44%), laranja para mesa (6,24%), cana-de-açúcar (4,64%) e carne suína (3,96%) (Tabela 2).
Para o tomate de mesa, na esperada reversão da tendência de alta, os preços se ajustam à maior entrada de produto, em movimentos tanto para cima como para baixo, com variações de amplitude elevada.
Os preços da batata derivam da diferença do alto valor cotado no início da safra (começo de maio) com os valores menores das últimas semanas, em decorrência da maior entrada de produto no mercado desta olerícola.
No feijão, conforme esperado, as colheitas do final da safra das secas (que em muitas regiões tiveram plantios atrasados por limitações climáticas) e da produção da safra de inverno, reverteram as tendências dos preços, no sentido da diminuição.
Na laranja de mesa, trata-se de efeito do pico da safra dessa fruta, quando a oferta amplia-se de forma expressiva, tanto assim que também aponta baixa os preços da laranja para indústria.
Para a cana-de-açúcar, a redução dos preços da ATR reflete o aumento da moagem na safra 2010/11.
Na carne suína, o decréscimo das exportações acarretou aumento da oferta da carne, no mercado doméstico, principalmente, oriunda do sul do país e somados os baixos preços das carnes de frango e da bovina contribuíram para a redução dos valores pagos ao produtor de suíno paulista.
No período analisado, 6 produtos apresentaram alta de preços (3 origem vegetal e
3 de origem animal), 13 apresentaram queda (10 vegetal e 3 animal) e o preço do
trigo não teve variação.
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1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres
modificada, ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações
diárias de preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de
Preço. As variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro
últimas semanas (referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas
(base), sendo a referência = 16/06/2010 a 15/07/2010 e base = 16/05/2010 a
15/06/2010.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 21/07/2010
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor