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Preços Agropecuários: queda de 1,20% na quarta quadrissemana de abril
O
Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista
(IqPR)1,2 encerrou o mês de Abril de 2010 com variação negativa de
1,20%. O IqPR-V (produtos de origem vegetal) registrou queda de 2,23%, enquanto
que o IqPR-A (produtos de origem animal) encerrou em alta de 1,37% (Tabela
1).
Quando a cana-de-açúcar é excluída do cálculo do índice, devido a sua
importância na ponderação dos produtos, os índices IqPR e IqPR-V
(cálculo somente dos produtos vegetais) terminaram o mês também negativamente e
com quedas mais acentuadas fechando em 2,33% e 5,84%, respectivamente (Tabela
1).
Tabela 1 - Índice Quadrissemanal de
Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista, Abril de 2010 e Acumulado nos
Últimos 12 Meses.
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12 meses |
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12 meses | |
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Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Para a variação acumulada nos últimos 12 meses, os resultados registraram expressivas variações positivas para o IqPR de 23,46% e o IqPR-V (vegetais) de 32,25%. Para o IqPR-A (animais) o acumulado fechou positivamente em 1,49%.
Desconsiderando a cana-de-açúcar no cálculo acumulado dos índices, o IqPR fica estável e fecha em 21,34% e o IqPR-V tem significativa alta e encerra em 40,65% (Tabela 1), puxados pelo principalmente pelo preço do feijão que de abril de 2009 a abril de 2010 subiu 83,18% (Tabela 2).
Tabela 2 - Variações das Cotações dos Produtos, Estado de São Paulo, Abril de 2010.
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Algodão |
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50,06 |
54,95 |
9,77 |
... |
Amendoim |
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25,32 |
27,53 |
8,75 |
52,41 | |
Arroz |
|
35,13 |
34,17 |
-2,74 |
-12,24 | |
Banana nanica |
|
11,18 |
11,66 |
4,28 |
28,89 | |
Batata |
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... |
... |
... |
... | |
Café |
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258,39 |
261,17 |
1,08 |
2,65 | |
Cana-de-açúcar |
|
347,76 |
349,20 |
0,42 |
25,61 | |
Feijão |
|
92,50 |
116,25 |
25,68 |
83,18 | |
Laranja p/ Indústria |
|
9,43 |
8,20 |
-13,09 |
... | |
Laranja p/ Mesa |
|
21,58 |
16,55 |
-23,31 |
46,26 | |
Milho |
|
14,67 |
14,82 |
1,04 |
-14,30 | |
Soja |
|
32,70 |
32,43 |
-0,83 |
-26,40 | |
Tomate p/ Mesa |
|
38,58 |
31,13 |
-19,32 |
13,29 | |
Trigo |
|
23,88 |
23,10 |
-3,28 |
-24,72 | |
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Carne Bovina |
|
75,81 |
79,87 |
5,35 |
3,57 |
Carne de Frango |
|
1,53 |
1,41 |
-7,71 |
-11,72 | |
Carne Suína |
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50,87 |
51,09 |
0,43 |
11,28 | |
Leite B |
|
0,78 |
0,81 |
4,30 |
12,38 | |
Leite C |
|
0,72 |
0,74 |
2,89 |
17,75 | |
Ovos |
|
39,01 |
38,33 |
-1,76 |
-14,49 | |
Fonte: Instituto de Economia Agrícola (IEA). |
Os produtos do IqPR que registraram as maiores altas nesta quadrissemana foram: feijão (25,68%), algodão (9,77%), amendoim (8,75%), carne bovina (5,35%) e leite B (4,30%). (Tabela 2).
Os preços recebidos pelos produtores paulistas de feijão continuam na sua escalada de alta. O abastecimento metropolitano de feijão no Brasil dá-se por safras complementares e seqüenciais durante o ano que iniciam com a colheita dos plantios das águas catarinenses, paranaenses e depois paulistas. No período de colheita da safra das águas os preços não estiveram remuneradores e desestimularam (ou atrasaram) os plantios da safra subseqüente do período das secas, em especial em São Paulo e Paraná, gerando escassez que catapultaram os preços. E de imediato até a colheita da safra da seca em curso e o plantio da safra de inverno, nada indica possibilidade de haver refluxo desta escalada altista. Ressalte-se que nessa gangorra agora o consumidor paga mais caro, mas a renda agropecuária bruta não se mostra maior.
No caso do algodão, os preços internacionais dispararam dada a redução dos estoques, com o que os preços internos subiram mais que a valorização cambial. A oferta menor que o consumo da agroindústria têxtil brasileira deverá manter viés de alta para os preços da pluma nos próximos meses, dado o patamar da safra nacional que somente poderá ser redimensionada para cima no próximo ciclo produtivo.
No amendoim, os preços mais altos derivam dos impactos da redução da safra nacional dada a queda estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) em 22,9% em relação à anterior, efeitos esses acentuados pela conjuntura de expansão econômica com reflexos sobre a demanda e pelo incêndio que provocou a perda de cerca de 400 mil de sacas na cidade de Herculândia.
Na carne bovina, decorrente da pressão de demanda derivada da recuperação econômica e do emprego, da aceleração de novos contratos de exportação acrescentada ao fato de que no atual momento os pastos ainda sofrem pouco os efeitos da estiagem do outono, os preços recebidos pelos pecuaristas se mantêm em alta. Essa conjuntura ainda não tem estimulado os pecuaristas a realizarem confinamentos de maior número de animais, o que acontecerá nos próximos meses.
No leite B, o movimento altista vem do setor varejista via transmissão para os elos a montante do fluxo produção-consumo de lácteos, num processo de repasse gradual dos reajustes (através dos contratos produtor-agroindústria) fruto da perda de qualidade das pastagens que se acentuará com a falta de chuvas no outono-inverno. Este fator indica elevada possibilidade de continuidade do ciclo de alta do produto.
Os produtos que apresentaram as maiores quedas de preços em abril foram: laranja para mesa (23,31%), tomate para mesa (19,32%), laranja para indústria (13,09%), carne de frango (7,71%) e trigo (3,28%) (Tabela 2).
Na laranja de mesa, a pressão para baixa dos preços se manifesta em função do final do verão, quando se reduz o consumo de sucos caseiros, na mesma medida que surge maior oferta pela entrada da safra. Isso num contexto em que na laranja para indústria, a entrada da safra, os preços internacionais e a valorização cambial indicam preços em queda. O comportamento dos preços se mostra preocupante por estar indicando enorme similaridade para conformar realidade de preços não remuneradores como a realidade vivida no ano de 2009, numa situação em que a história se repetiria como tragédia para os citricultores.
A queda do preço do tomate reflete a entrada dos novos plantios. Estimulados pelos altos preços do início de março, produtores de várias regiões ampliaram suas produções de tomate, o que deve levar a nova queda acentuada de preços. Outro fator que contribui para queda do preço foi a diminuição do consumo devido ao alto preço no mercado varejista.
Na carne de frango, a ampla oferta e a queda da remuneração das exportações pela valorização cambial, aliada à oferta de carne bovina barata, impulsionaram os preços para baixo. Por outro lado, os menores preços da carne de frango refletem a redução dos custos de produção derivada dos preços de milho e soja que continuam em patamares muito baixos.
No caso do trigo, no exato momento em que se inicia o plantio da safra nacional os preços recuam frente a uma conjuntura de valorização cambial e oferta não restrita no mercado internacional. Esse fato pode formar expectativas pouco animadoras para o plantio do trigo brasileiro, cujos impactos poderão ser dimensionados de forma adequada na entrada do segundo semestre quando a área plantada e o andamento da safra estarão dados.
No período analisado, 12 produtos apresentaram alta de preços (8 origem vegetal e 4 de origem animal) e 7 apresentaram queda (5 vegetal e 2 animal).
_______________________________
1 A fórmula de cálculo do índice (IqPR) é a de Laspeyres modificada,
ponderada pelo valor da produção agropecuária paulista. As cotações diárias de
preços são levantadas pelo IEA e divulgadas no Boletim Diário de Preço. As
variações são obtidas comparando-se os preços médios das quatro últimas semanas
(referência) com os preços médios das quatro primeiras semanas (base), sendo a
referência = 01/04/2010 a 30/04/2010 e base = 01/03/2010 a
31/03/2010.
2 Artigo completo com a metodologia: Pinatti, E.; Sachs, R.C.C.; Angelo, J.A.; Gonçalves, J.S. Índice quadrissemanal de preços recebidos pela agropecuária Paulista (IqPR) e seu comportamento em 2007. Informações Econômicas, São Paulo, v.38, n.9, p.22-34, set.2008. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=9573
Data de Publicação: 05/05/2010
Autor(es):
José Alberto Angelo (jose.angelo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
José Sidnei Gonçalves (sydy@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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Danton Leonel de Camargo Bini (danton.camargo@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Eder Pinatti (pinatti@iea.sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor