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Defensivos Agrícolas: expectativas conservadoras para o mercado
Nos
oito primeiros meses de 2009 (período base da análise), as vendas totais de
defensivos agrícolas no Brasil atingiram R$6,527 bilhões, contra R$6,604 bilhões
no mesmo período do ano anterior, ou seja, decréscimo de 1% segundo estimativas
do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
(SINDAG).
Na
análise das classes de produto do segmento, constatou-se que os herbicidas e os
inseticidas apresentaram resultados econômicos declinantes para a indústria no
período (frente ao ano anterior), enquanto que o contrário foi observado para
fungicidas, acaricidas e "outros".
Os
herbicidas responderam por 42,1% do valor das vendas de defensivos. O
faturamento foi de R$2,749 bilhões no período (decréscimo de 8%). Verificou-se
queda nos mercados de milho safra, cana-de-açúcar, algodão, soja e pastagens,
enquanto houve crescimento para milho safrinha, arroz e café.
A
classe dos fungicidas apresentou acréscimo nas vendas de 12,9% (em termos de
valor), passando de R$1,365 bilhão para R$1,541 bilhão, no referido período.
Isso se deve principalmente ao bom desempenho na comercialização para as
culturas da soja, feijão, tomate, batata e algodão. Registra-se, porém, retração
no mercado de milho safrinha.
As
vendas de inseticidas, que representaram 28,1% do valor total, acusaram
decréscimo de 4,3% (R$1,834 bilhão nos oito primeiros meses de 2009 em relação
ao R$1,916 bilhão no mesmo período de 2008). Observou-se queda de vendas para
cana-de-açúcar e milho safra. Em contrapartida, houve crescimento no mercado de
soja.
A
comercialização de acaricidas movimentou R$123 milhões no período, valor 5,1%
superior, em termos nominais, ao registrado até agosto de 2008 (R$117 milhões),
destinando-se principalmente para a cultura da laranja. Na classe "outros", que
engloba antibrotantes, reguladores de crescimento, espalhantes adesivos e óleo
mineral, registrou-se incremento de 28% nas vendas.
Na
análise das relações de troca vigentes no Estado de São Paulo, constatou-se que,
em agosto de 2009, a cultura da soja apresentou relações de troca mais
favoráveis, quando comparada com agosto do ano anterior, ou seja, melhora do
poder aquisitivo dos produtores para compra de defensivos agrícolas. Porém, as
culturas do algodão em caroço, café, feijão das águas, laranja e milho
apresentaram relações de troca desfavoráveis no referido período.
Em
2008, as vendas totais de defensivos agrícolas no Brasil em valor cresceram 24%
em relação ao ano anterior, totalizando R$12,7 bilhões, de acordo com dados do
SINDAG. Em termos de quantidade física, foram vendidas 673.892 toneladas de
produto comercial (acréscimo de 12,3% em relação a 2007), correspondendo a
312.637 toneladas de princípio ativo (incremento de 2,8%, no período) (Figura
1).
Figura 1 - Quantidade Vendida de Defensivos Agrícolas e Ingrediente Ativo, em Produto Comercial, Brasil, 2004-2008.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos do SINDAG.
O maior incremento em 2008 foi observado na classe dos herbicidas, com 31,6% em relação ao ano anterior, perfazendo R$5.764 milhões. Foi seguido dos inseticidas, com aumento de 23%, dos fungicidas (16,4)%, dos "outros" (9,9%) e dos acaricidas (5,1%).
O consumo de defensivos em 2008 aumentou em relação ao ano anterior, principalmente nas culturas do feijão, soja, trigo, milho, batata, cana-de-açúcar, amendoim, arroz irrigado e pastagens.
A soja é a principal consumidora de defensivos no Brasil, sendo responsável por 45,8% da quantidade vendida em produto comercial em 2008. No segundo lugar aparece o milho (14,7%) e, em seguida, cana-de-açúcar (7,5%), algodão herbáceo (6,3%), citrus (5,8%) e café (3,4%). Essas seis culturas somaram 83,5% do valor comercializado nesse ano. Considerando as vendas para tratamento de sementes de soja, algodão e milho, a participação desse conjunto de culturas passa 84,4% do valor total comercializado.
No exame do comportamento das vendas, em termos de valor (em dólares) por unidade da Federação, o Estado do Mato Grosso ocupou a primeira posição (18,9%), seguido de Paraná (16,1%), São Paulo (15,7%), Rio Grande do Sul (11,7%), Goiás (9,3%), Minas Gerais (7,6%), Bahia (5,4%) e Mato Grosso do Sul (5,3%). As demais unidades da Federação, juntas, responderam por 10%.
A comercialização de defensivos agrícolas em 2008 seguiu o padrão sazonal, com a concentração das vendas no segundo semestre, simultaneamente ao plantio das culturas de verão, que receberam 68,5% do faturamento total (Figura 2).
Figura 2 - Estimativa de Venda Mensais de Defensivos Agrícolas, Brasil, 2007-2008.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados básicos do SINDAG.
A previsão do setor é de que as vendas em 2009, em valores reais, fechem em 5% abaixo do ano anterior, ou na melhor das hipóteses, no mesmo nível do ano anterior. Entretanto, se a mensuração for efetuada com base dolarizada, a queda esperada nas vendas deverá ser em torno de 15% a 20%. Para a safra de verão 2009/10, existem expectativas de aumento de área da cultura da soja que, se for acompanhada de maior emprego de tecnologia, poderá gerar resultados promissores para o segmento. Também para o café são boas as expectativas de maior emprego de defensivos. Por outro lado, as projeções não são favoráveis para as culturas do milho, do algodão e do feijão.
Palavras-chave: mercado de defensivos agrícolas.
Data de Publicação: 20/10/2009
Autor(es):
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor