A produção e a exportação brasileiras de carne de frango tiveram suas trajetórias crescentes perturbadas pela crise financeira originada nos EUA em setembro de 2008.

            O efeito da crise financeira foi maior sobre a produção do que sobre a exportação, de forma que o porcentual médio mensal da exportação sobre a produção que vinha crescendo de 29% em 2006, para 32% em 2007 e para 33% em 2008, chegou a 35% nos primeiros quatro meses de 2009 (Figura 1). Com a abertura das exportações para a China, que já começaram, esse percentual pode vir a se manter este ano.

            O auge da produção brasileira de carne de frango costuma ocorrer nos últimos meses do ano, em função do aumento do consumo que ocorre com as festas de fim de ano. Em 2008 foi diferente, pois a produção máxima, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Pintos (APINCO), ocorreu em novembro, 997 mil t, e a seguir já houve decréscimo para 976 mil t em dezembro, 890 mil t em janeiro, 780 mil t em fevereiro, numa tentativa de preservar o preço e a rentabilidade do setor, evitando a superoferta no mercado doméstico em decorrência da redução das exportações. Em março, a produção cresceu para 862 mil t, mas houve nova redução em abril, para 830 mil t de carne de frango.

            A coordenação da cadeia foi muito bem-sucedida no sentido de controlar o volume produzido, tanto é que o preço médio ao produtor do frango, levantado no Estado de São Paulo pelo IEA/CATI, que havia caído 7%, de R$1,80 em setembro para R$1,67 em outubro, em novembro já se recuperou para R$1,74, e ficou oscilando entre R$1,68 e R$1,80 de dezembro até abril.

            Em 2008 o recorde mensal de exportação ocorreu em maio, 361,3 mil t exportadas, segundo a Associação Brasileira de Exportadores de Frango (ABEF). Nos meses seguintes, o resultado foi da ordem de 315 a 330 mil t, sendo que só em novembro se observa redução expressiva da exportação, para 235 mil t. A partir daí já ocorreu uma retomada, com exportações de 267mil t em dezembro, 274 mil t em janeiro, 263 mil t em fevereiro (mês mais curto), 306,5 mil t em março e 330 mil t em abril.

            Nos primeiros quatro meses de 2009 o volume exportado foi 4% maior que o exportado no mesmo período do ano anterior, porém o valor exportado caiu 14%, em função de preço médio 17% menor.

            Com a abertura, no mês de maio, do mercado da China, que pode vir a absorver cerca de 500 mil t de frango brasileiro por ano, as perspectivas do setor melhoram muito, inclusive porque os preços que estão sendo negociados, de US$2.000/t de asas e coxas e US$3.000/t de peito, são bastante superiores aos preços médios verificados nas exportações brasileiras do primeiro quadrimestre, US$1.399/t, ou mesmo aos preços médios das exportações de 2008, US$1.691/t.

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