Máquinas agrícolas expectativas de novo recorde de produção, vendas e emprego

            Os oito primeiros meses de 2003 evidenciam continuidade dos incrementos de produção e vendas de máquinas agrícolas. A produção de máquinas agrícolas apresentou crescimento de 13,7% (com produção total de 38.288 máquinas), frente a igual período de 2002, percentual similar ao observado para o total das vendas (12,8%).
            Todavia, as vendas no mercado interno tiveram desempenho arrefecido em função do término dos recursos destinados ao MODERFROTA e da relativa demora para a renovação dos créditos disponíveis para o programa por parte do Governo Federal. Com a queda de vendas no mercado interno, a produção foi efetivamente sustentada pelo movimento de exportações que entre janeiro a agosto de 2003 atingiu 12.586 máquinas contra apenas 7.021 em igual período do ano anterior (tabela 1).

TABELA 1 - Produção, vendas e exportação de máquinas agrícolas automotrizes, Brasil, 2001 e 2002, janeiro a agosto de 2002 e 2003
(em unidade)

Item
2001
2002
Janeiro a agosto
b/a * 100
d/c * 100
(a)
(b)
2002 ( c )
2003(d)
Trator de roda
Produção
34.781 
40.352 
26.172 
30.604 
16,0
16,9
Vendas no mercado interno
28.203 
33.217 
21.187 
20.337 
17,8
-4,0
Exportação
5.814 
7.945 
5.301 
9.653 
36,7
82,1
Total das vendas
34.017 
41.162 
26.488 
29.990 
21,0
13,2
Colhedoras
Produção
5.196 
6.851 
3.986 
5.421 
31,9
36,0
Vendas no mercado interno
4.098 
5.648 
3.267 
3.298 
37,8
0,9
Exportação
1.202 
1.199 
770 
1.999 
-0,2
159,6
Total das vendas
5.300 
6.847 
4.037 
5.297 
29,2
31,2
Máquinas agrícolas1
Produção
44.339 
52.010 
33.662 
38.288 
17,3
13,7
Vendas no mercado interno
35.523 
42.568 
26.970 
25.768 
19,8
-4,5
Exportação
8.246 
10.443 
7.021 
12.586 
26,6
79,3
Total das vendas
43.769 
53.011 
33.991 
38.354 
21,1
12,8
1 Inclui cultivador motorizado, trator de esteira, trator de roda, colhedora e retroescavadeiras.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA (www.anfavea.org.br)

            No segmento de tratores de rodas, a produção somou 30.604 tratores entre janeiro a agosto de 2003, contabilizando crescimento de 16,9%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As exportações também foram igualmente surpreendentes, com crescimento de 82,1%.
            Lamentavelmente, as vendas para o mercado interno apresentaram ligeiro recuo (-4,0%), em decorrência da curta interrupção das novas contratações via incentivos do MODERFROTA no começo do novo governo. No final de junho de 2003, o governo federal, finalmente liberou R$ 2 bilhões para o programa, compreendendo julho de 2003 a junho de 2004. Para o subperíodo julho a outubro desse ano, seriam disponibilizados apenas R$ 447 milhões, valor esse considerado insuficiente pelas lideranças do segmento.
            Contrariamente aos itens anteriores analisados, as colhedoras tiveram ligeiro aumento nas vendas para o mercado interno (0,9%). Sabe-se que para esse tipo de máquina existe sazonalidade nas vendas, sendo o primeiro semestre mais importante do que o segundo (coincidindo com o período de colheita das principais culturas de grãos).
            Também as exportações mantiveram tendência de forte elevação (159,6%). Assim, as vendas totais foram bastante positivas, com crescimento de 31,2% no período janeiro a agosto.
            Desde 1999, percebe-se aumento das exportações com persistente incremento no saldo cambial nas transações efetuadas. Em 2002, o segmento teve saldo recorde de exportações, atingindo US$ 642 milhões. Todavia, apenas entre janeiro e julho de 2003 esse valor já soma US$ 559 milhões. Espera-se que o ano seja encerrado com exportações de máquinas de mais de US$ 850 milhões (figura 1).

Figura 1 – Exportações de máquinas agrícolas automotrizes, Brasil, 1999 a 2003

* acumulado até julho de 2003.
Fonte: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA)

            Tanto o retorno das importações argentinas quanto a expansão da demanda por parte dos países pertencentes ao NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) devem continuar favorecendo esses resultados. Ademais, commodities agrícolas que experimentam momento favorável nos mercados internacionais estimulam as decisões privadas no sentido de adquirir/renovar frota de máquinas agrícolas. Por fim, recentes acordos comerciais podem vir a favorecer as exportações para novos mercados como os celebrados com Peru e Venezuela.
            Outro fato a ser destacado é o crescimento do número de empregos gerados pelo segmento. Em julho de 2002, todas as montadoras de máquinas juntas ocupavam 9.709 trabalhadores. Transcorridos 12 meses, o montante de postos de trabalho já alcança 10.593, ou seja, crescimento de 9,1% no período, o que é bastante expressivo, pois, excetuando-se as atividades relacionadas aos agronegócios, a realidade é de desemprego generalizado na economia brasileira.
            O incremento no número de empregos deve acentuar-se ainda mais nos próximos meses. A montadora CNH, por exemplo, pretende transferir sua filial australiana para a cidade de Piracicaba/SP, especializada na montagem de colhedoras de cana-de-açúcar. Com isso, a unidade paulista triplicará em curto prazo a produção e certamente ampliará a demanda por novos trabalhadores.
            Outra novidade relativa ao segmento foi o anúncio de que o Banco do Brasil1 passará a financiar a aquisição de máquinas agrícolas usadas, valendo-se de recursos do PRONAF e do PROGER. A linha de financiamento do PRONAF atenderá produtores familiares com renda bruta anual entre R$ 10 mil e R$ 40 mil, com limites de financiamento entre R$ 5 mil e R$ 18 mil. Podem ser financiados tratores e equipamentos com até 10 anos de fabricação, adquiridos de empresas credenciadas e que forneçam garantia do bem de pelo menos um ano. O financiamento tem prazo de oito anos com cinco de carência e juros de 4% ao ano.
            Já o PROGER atenderá produtores com até R$ 80 mil de renda bruta e os limites de financiamento são de até R$ 48 mil. Nesse segundo caso, o prazo de pagamento é de oito anos com três de carência e juros de 7,25% ao ano. 

1 Banco do Brasil www.bb.gov.br

Data de Publicação: 08/09/2003

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
Célia Regina Roncato Penteado Tavares Ferreira Consulte outros textos deste autor