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Café: difícil consenso
Os
preços do café reverteram a tendência em abril, iniciando a recuperação nos
diferentes mercados internacionais. No mercado de Nova Iorque, a cotação do
arábica (Contrato C, segunda posição) teve uma alta de 7,98% na posição de
julho. No mercado da Bolsa de Londres, o preço do robusta aumentou apenas 1,41%.
Na BM&F, o arábica atingiu alta de 13,25%, enquanto o preço composto diário
da OIC foi de 4,19% a mais (gráfico 1). Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes
mercados de futuros, 2001 a 2003
Fonte: Gazeta Mercantil
Essa
alta nos cafés arábicas indica a expectativa do mercado quanto à pequena safra
brasileira que está sendo colhida, entre 28 e 32 milhões de sacas. A
conseqüência é a menor oferta desses cafés nos próximos meses, uma vez que mesmo
os demais países produtores de arábicas indicam safras menores para o atual
ano-safra.
É importante destacar que a tendência é haver instabilidade nas cotações dos
cafés arábicas, uma vez que a partir de maio aumentam os riscos de geadas no
Brasil, tornando as bolsas muito especulativas e intensificando as flutuações de
preços do produto.
Os cafeicultores brasileiros também estão enfrentando valorização do real em
relação ao dólar de 13,84 % no mês de abril, fazendo com que os preços recebidos
pelos produtores crescessem apenas 2,69% no mesmo mês. Esses dois fenômenos,
juntos, afetam os negócios, pois os produtores estão recebendo menos reais por
saca exportada, dificultando as transações com os exportadores (gráfico 2).
Todavia, mesmo com as instabilidades das cotações de café em mercados de futuros
nos últimos 12 meses, verifica-se alta acumulada menos expressiva, de apenas
16,47% nas cotações médias mensais para o café arábica na BM&F, de 12,39% na
bolsa de Nova Iorque para o arábica e de 43,84% para o robusta na de Londres.
Gráfico 2.- Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café no Estado de São Paulo, período de 2000 a 2003
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
De
igual maneira, quando se avalia a trajetória dos preços de café recebidos pelos
produtores, em reais, nos últimos 12 meses, verifica-se que cresceram 52,35%.
Mas é importante destacar que, desde outubro de 2002, se tem mantido os mesmos
patamares de preços, o que tem trazido enorme insatisfação aos produtores e às
cooperativas, que pressionam o governo para implementar leilões de opções para
setembro e novembro, no sentido de elevar os preços do produto.
Existe, porém, enorme dificuldade na definição dos preços de contrato de opção,
em função da instabilidade do câmbio e da indefinição da disponibilidade de
recursos governamentais para o programa. Esta situação está freando a
comercialização do produto a partir de abril, o que deverá dificultar o
cumprimento das metas de exportações futuras.
Exportações do agronegócio café no primeiro trimestre
As
exportações brasileiras de café (verde mais solúvel) apresentaram excelente
desempenho no primeiro trimestre de 2003 frente a igual período de 2002.
Particularmente, o café robusta teve incremento superior a 100% nos embarques
(enquanto o arábica cresceu apenas 16,1% ou 693 mil sacas).
Também cresceram os embarques de café solúvel (13,2%), com volume de 77.500
sacas de incremento. Em temos de receitas cambiais, os embarques ocorridos
permitiram ganho adicional de US$ 109,8 milhões, sendo possível estimar que, ao
término do ano, o agronegócio alcance receita próxima a US$ 1,6 bilhão (tabela
1).
TABELA 1 – Desempenho das exportações brasileiras de
café
(em sacas de 60 kg e US$ mil)
Período | | | |||||
| | | | | | ||
Jan.mar/2003 | 875.079 | 4.991.568 | 5.866.647 | 662.609 | 6.529.256 | 368.001 | |
Jan.mar/2002 | 437.103 | 4.297.728 | 4.734.831 | 585.109 | 5.319.940 | 258.210 |
As
exportações de café torrado e torrado e moído também tiveram excelente
desempenho. Muito embora tenha-se observado ligeiro declínio nos volumes
embarcados, as receitas tiveram crescimento superior a 100% no primeiro
trimestre de 2003 (tabela 2).
Tal notícia deve ser comemorada. Como tem sido amplamente divulgado, o governo, por meio da Agência de Promoção das Exportações (APEX) 1 em parceria com o setor privado (SINDICAFESP 2 e ABIC 3), está
empenhado em aumentar o valor agregado das exportações de café, através da
dinamização das transações envolvendo o torrado e moído.
TABELA 2 – Desempenho das exportações brasileiras de café torrado e moído
Período | | | | | ||
Jan. | 5.646 | 9.436 | 67,12 | 204 | 715 | 250,49 |
Fev. | 10.452 | 4.117 | (60,61) | 393 | 453 | 15,27 |
Mar. | 3.409 | 3.137 | (7,98) | 160 | 365 | 128,12 |
Total | 19.507 | 16.690 | (14,44) | 757 | 1.533 | 102,51 |
1 APEX: www.apexbrasil.com.br
2 Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo (SINDICAFESP): www.sindicafesp.com.br
3 Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC): www.abic.com.br
4 CECAFÉ www.cecafe.com.br
Data de Publicação: 14/05/2003
Autor(es):
Nelson Batista Martin (nbmartin@uol.com.br) Consulte outros textos deste autor
Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@sp.gov.br) Consulte outros textos deste autor
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